PAULISTÃO de 1953

               O São Paulo sagrava-se campeão paulista de 1953. Isto aconteceu dia 24 de janeiro de 1954, véspera do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. Foi um campeonato que teve 15 participantes, sendo eles; (por ordem da classificação final) São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Portuguesa de Desportos, Guarani, Ponte Preta, Santos, XV de Piracicaba, Comercial, Linense, XV de Jaú, Ypiranga, Juventus e Portuguesa Santista.

              Segundo o regulamento, os participantes se enfrentariam todos contra todos, em campeonato de pontos corridos disputado em turno e returno. Em caso de empate em pontos na primeira colocação ao final do torneio, haveria um jogo desempate. O último colocado seria automaticamente rebaixado à Segunda Divisão. Os 3 últimos colocados logo após o último, fariam um triangular em turno único, onde o último colocado também seria rebaixado. E foi assim que aconteceu, o Nacional foi automaticamente rebaixado pois foi o último colocado e os três últimos colocados depois do Nacional eram; Ypiranga, Juventus e Portuguesa Santista e no triangular da morte, a Portuguesa Santista foi a outra rebaixada.

               Depois do bi – campeonato Paulista de 48/49, conquistado com extrema superioridade, todos imaginavam que o São Paulo conquistaria o tri em 50, mas não conseguiu levar o caneco. A decepção pela perda foi grande, pois era praticamente o mesmo time do bi de 48/49, era tido como franco favorito e não levou, coisas do futebol! O efeito 50 demorou um pouco a ser assimilado pelo Tricolor Paulista, que só voltou a ser campeão em 1953, após grande reformulação feita no elenco, começando por Leônidas da Silva que pendurou as chuteiras os 36 anos, já com o joelho baleado devido a seguidas contusões.

COMEÇA O CAMPEONATO

               As equipes vieram fortes aquele ano, o Corinthians era o atual bicampeão paulista e campeão do Torneio Rio-São Paulo daquele ano de 53. Faltando seis rodadas para o término do campeonato, os três grandes da capital estavam disputando ponto a ponto. Até que o São Paulo teve um tropeço, foi diante da Portuguesa de Desportos, quando perdeu por 1 a 0, com isto deu esperança ao Corinthians que vinha logo atrás. Mas para isso ele precisava vencer todos os jogos que restavam e torcer para mais um tropeço do Tricolor. No entanto, uma semana depois o Corinthians também perdeu para a Portuguesa de Desportos por 4 a 3 e praticamente disse adeus ao campeonato daquele ano. Sobrou o Palmeiras apenas como adversário ao São Paulo.

               Para alegria da torcida tricolor, no dia 17 de janeiro de 1954, Corinthians e Palmeiras se enfrentaram e deu Corinthians 2 a 1, com dois gols de Carbone para o alvinegro e Rodrigues para o alviverde. Com isto, o Palmeiras ficou 4 pontos distante do São Paulo, sendo que ainda haviam 6 em disputa. Na antepenúltima rodada, que aconteceu dia 24 de janeiro de 1954, a tabela marcava Palmeiras versus Portuguesa de Desportos no Parque Antarctica e Santos versus São Paulo na Vila Belmiro. Ou seja, uma vitória Tricolor e um tropeço do Palmeiras, o São Paulo seria o campeão antecipado daquele ano. Em São Paulo o clássico terminou empatado em 2 a 2, com isto o alviverde chegou aos 41 pontos e podendo chegar no máximo aos 45, enquanto que o São Paulo se vencesse o Peixe, chegaria aos 46, ou seja, ninguém mais o alcançaria e seria o campeão daquele ano.

O JOGO DO TÍTULO  

               Para este jogo o técnico Antoninho do Santos, mandou a campo os seguintes jogadores; Barbosinha, Gueguê e Cássio; Pascoal, Formiga e Zito; Del Vecchio, Valter, Hugo, Vasconcelos e Tite. Do outro lado, o técnico Jim Lopes do São Paulo escalou a seguinte equipe; Poy, De Sordi, Mauro, Pé de Valsa e Alfredo Ramos; Bauer e Negri; Maurinho, Albella, Gino e Teixeirinha. Neste dia o Tricolor fez uma partida extraordinária e venceu por 3 a 1, gols de Maurinho, Albella e Negri, sagrando-se campeão paulista com duas rodadas de antecedência. No primeiro gol do jogo marcado por Maurinho, após cobrança de falta a bola bateu na trave e morreu no fundo das redes do arqueiro Santista. Estava aberto o caminho para a grande vitória. Maurinho que também foi muito importante na conquista do titulo de 1957 contra o Corinthians, naquele jogo que ficou conhecido como a noite das garrafadas.

               Depois o Tricolor ainda venceu dois clássicos. O primeiro foi contra o Corinthians no dia 31 de janeiro no Pacaembu. Foi um clássico morno, pois jogavam somente para cumprir tabela, mas o São Paulo não queria deixar que os corintianos carimbassem a faixa de campeão, então entraram em campo dispostos a vencer. E não deu outra, venceu por 3 a 1, com gols de Negri, Teixeirinha e Gino, enquanto que Luizinho marcou o único tento alvinegro. Neste jogo o goleiro corintiano Cabeção defendeu um pênalti cobrado por Negri.

               E na última rodada, dia 7 de fevereiro, o São Paulo enfrentou o Palmeiras. Foi outro jogo amistoso, mas os alviverdes queriam carimbar a faixa de campeão, uma vez que ficaram em segundo lugar na competição. Mas não conseguiram, pois perderam por 2 a 1, gols de Maurinho e Teixeirinha para o Tricolor e Humberto Tozzi para o Palmeiras. O Campeonato Paulista de 1953 terminou com o São Paulo com 50 pontos, enquanto que o Palmeiras que foi o vice, com 43 pontos. O artilheiro do campeonato foi Humberto Tozzi do Palmeiras com 22 gols, seguido por Maurinho do São Paulo com 18.

             Neste campeonato tivemos 210 jogos e foram marcados 772 gols, o que nos dá uma média de 3,68 gols por jogo. O São Paulo que foi o campeão, disputou 28 jogos e venceu 24. Empatou 4 e perdeu somente duas vezes, já no segundo turno e foram para o Linense por 4 a 1 no dia 13 de dezembro e para a Portuguesa de Desportos por 1 a 0 no dia 3 de janeiro de 1954.  O Tricolor fez uma campanha espetacular, pois dos seis clássicos que disputou, venceu todos. Não aplicou nenhuma goleada daquelas que chamasse a atenção, a não ser aquela da primeira rodada em que venceu o Comercial por 6 a 1, mas foram vitórias importantes e que ajudaram a somar pontos.

             O time começou o campeonato de 1953 embalado com uma goleada sobre o Comercial por 6 x 1 e terminou, campeão, com uma vitória de 3 x 1 sobre o Santos, no dia 24 de janeiro de 1954. Foram 24 jogos com apenas duas derrotas. O ataque marcou 70 gols e a defesa sofreu apenas 21.O time campeão de 1953 era formado por: Poy; De Sordi e Mauro; Pé de Valsa, Bauer e Alfredo; Maurinho, Gino, Albella, Negri e Teixeirinha. Além do Campeonato Paulista, o time conquistou ainda a Taça dos Campeões Estaduais, disputada entre os campeões paulista e carioca. O São Paulo venceu o Flamengo duas vezes: 3 x 1 no Rio de Janeiro e 1 x 0 em São Paulo.

RESUMO DESSA CONQUISTA

               O time titular campeão paulista de 1953, foi bem diferente daquele que conquistou o bi-campeonato em 1948/49; Leônidas da Silva foi embora e somente três jogadores permaneceram: o zagueiro Mauro, o centro-médio Bauer e o ponta-esquerda Teixeirinha. Também chegaram Ranulfo, Gino, Pé de Valsa e Maurinho. Os outros foram contratados praticamente a partir de 1952, embora alguns tenham vindo antes. O técnico também era novo, o Argentino Jim Lopez, um pugilista que no futebol brasileiro havia feito um bom trabalho na Portuguesa e no Juventus. A equipe tinha ainda outros 3 argentinos: o goleiro Poy (ex-Banfield), o atacante Albella (ex-Banfield) e o meia-direita Juan José Negri (ex-River Plate). Naquela época o futebol argentino já exportava jogadores para o mundo todo, bem a frente do Brasil.

             Com nova cara e de certa forma fortalecido pelo vice-campeonato do ano interior; o São Paulo iniciou o campeonato de 1953 de maneira fulminante, com uma goleada de 6 a 1 no Comercial. O empate com o XV de Piracicaba e as magras vitórias por 1 a 0 sobre o Juventus e Ponte Preta (os três primeiros no Pacaembu), pelas 3ª, 5ª e 6ª rodadas fizeram tremer as bases, mas a partir dos 3 a 0 em Campinas sobre o então invicto Guarani, o São Paulo deslanchou. Terminou o primeiro turno com apenas 1 ponto perdido (aquele empate com o XV de Piracicaba), seis a menos que o segundo colocado, o Palmeiras.

            A Campanha do segundo turno não foi tão boa, a derrota para a Portuguesa na nona rodada, diminuiu para 2 pontos a diferença para o Palmeiras, que ao contrário, estava melhor no segundo turno do que no primeiro turno. Na 11ª rodada, o Palmeiras perdeu para o Corinthians e para o São Paulo e ganhou do Guarani aumentando a diferença para 4 pontos, deixando claro que 1953, era o ano tricolor. O Título por antecipação veio na 12ª rodada, que era a antepenúltima rodada, com a vitória de 3 a 1 sobre o Santos na Vila Belmiro e o empate do Palmeiras com a Portuguesa. O arremate ficou por conta das vitórias sobre o Corinthians e o Palmeiras nas duas últimas rodadas.

BARBA, CABELO E BIGODE

               Em 1953, o São Paulo fez “barba, cabelo e bigode” como se dizia naquela época. Ganhou, além do estadual, dois outros títulos também valorizados naquela época, o de aspirantes e taça dos campeões estaduais, um tira teima dos vencedores dos estaduais de São Paulo e Rio. O Adversário carioca foi o Flamengo que caiu por 3 a 1 no Maracanã e no Pacaembu por 1 a 0. Outra curiosidade dessa fase foi estampada na Revista do Globo, Rio de Janeiro, que considerou o São Paulo como o campeão do IV Centenário de São Paulo, pelo fato de o jogo do título com o Santos ter sido realizado dia 24 de Janeiro de 1954, em plena comemoração do aniversário de 400 anos da cidade. Outro fato curioso do time campeão: 3 dos seus 11 titulares e seu técnico eram argentinos. Parabéns São Paulo F.C. pelo 7º titulo paulista, contando aquele de 1931, quando ainda chamava São Paulo da Floresta.

SÃO PAULO F.C.  CAMPEÃO PAULISTA DE 1953  –  Em Pé: Alfredo, De Sordi, Pé de Valsa, Poy, Mauro e Bauer    –   Agachados: Maurinho, Abella, Gino, Negri e Teixeirinha.

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