MUNDIAL DE CLUBES DE 1992 – São Paulo F.C. campeão

                    A partir da década 1980, quando a Copa Intercontinental se tornou Copa Toyota, a UEFA passou a obrigar os clubes europeus a assinarem um contrato, antes de entrarem na Copa dos Campeões da Europa, segundo o qual eles seriam obrigados a disputar a Copa Toyota (mesmo se não quisessem) ao vencerem a Copa dos Campeões da Europa, e caso não disputassem a Copa Toyota, sofreriam sanções pesadas por quebra de contrato. Esses fatos pesaram na decisão do Barcelona de disputar a Copa Toyota de 1992 contra o São Paulo, sendo que o clube espanhol chegou a cogitar não disputar a competição naquele ano. A Copa Europeia/Sul-Americana de 1992 foi a 13.ª edição da Copa Europeia/Sul-Americana, disputada em 13 de dezembro de 1992. A final foi realizada no Estádio Olímpico de Tóquio, no Japão, entre o campeão sul-americano São Paulo e o campeão europeu Barcelona.

                   O São Paulo conquistou o direito de disputar a Copa Intercontinental depois de se sagrar campeão da Libertadores de 1992. Naquele ano, o São Paulo deu muita sorte nos cruzamentos não enfrentou nenhum time de grande destaque. Começou vencendo o Nacional do Uruguai nas oitavas-de-final. O adversário das quartas-de-final foi o Criciúma. Nas semifinais, o São Paulo enfrentou o Barcelona do Equador. A final foi contra os argentinos do Newell’s Old Boys: cada time ganhou uma partida por 1 x 0 e o título foi disputado nos pênaltis: 3 x 2 para o São Paulo.

                   Um público de 105 mil pessoas viu essa final no Morumbi! Depois do título, teve aquela invasão de campo, que foi uma coisa de louco. Mas valia tudo, porque foi um título que marcou época para o São Paulo e para o futebol brasileiro.”. O São Paulo jogou no sábado, ganhou do Palmeiras por 4 a 2 e viajou para o Japão em seguida. Tiveram uma semana para trabalhar para o Mundial

JOGO DO TÍTULO

                   O São Paulo chegou ao Japão em 1992 para a disputa do Mundial Interclubes como mero franco-atirador frente à equipe do Barcelona da Espanha. Segundo os jornais espanhóis da época, o time brasileiro não teria muita chance contra o time Catalão, e entraria nervoso para a partida. Mas esse nervosismo tão abordado pelos espanhóis não tomou conta dos brasileiros, que chegaram ao Estádio Nacional bastante alegres e confiantes na vitória. Sem duvida, o Barcelona era um grande time a ser batido, a base do time era a Seleção Espanhola, sem contar ainda com as presenças do craque Búlgaro Stoichkov, o dinamarquês Laudrup e o grande zagueiro holandês Koeman.

                  Para este jogo o técnico Telê Santana mandou a campo os seguintes jogadores; Zetti, Vitor, Adilson, Ronaldão e Ronaldo Luiz; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho), Cafu e Raí; Muller e Palhinha. Do outro lado o técnico Johann Cruyff do Barcelona escalou a seguinte equipe; Zubizarreta, Ferrer, Guardiola, Ronald Koeman e Bakero (Goicoechea); Eusébio, Witschge, Stoichkiov e Michael Laudrup; Amor e Beguiristain (Nadal).

PRIMEIRO TEMPO

                  Os 60 mil torcedores que se faziam presentes no estádio viram logo de cara um Barcelona aguerrido, em que Stoichkov abriu logo o marcador aos 12 minutos da etapa inicial, em um lance inesperado pela defesa são-paulina, o búlgaro em uma decida de ataque percebeu o goleiro Zetti um pouco adiantado e chutou com perfeição no ângulo superior do goleiro brasileiro e fez 1×0 para os espanhóis. Não deu para o goleiro Zetti saltar, a bola tomou a curva por trás do zagueiro, viajou, pegou efeito, ele não teve reação para saltar e, mesmo que eu saltasse, não ia chegar. A bola passou longe do seu alcance. Foi triste para os brasileiros tomar um gol naquela hora Após o gol, parecia que o Barcelona iria dominar o jogo, e se cumprir o que dizia os jornais da Espanha.

               Depois do gol do Barcelona o time do técnico Telê Santana não ficou acanhado por causa do resultado negativo, impôs um ritmo forte e foi pra cima do time do técnico Johann Cruyff, e, a recompensa veio aos 27 minutos ainda do primeiro tempo: Muller recebeu uma bola na ponta-esquerda do campo a uns 10 metros da linha de fundo, deu um drible desconcertante no lateral-direito Ferrer que ficou quase sentado no chão e cruzou a bola pra área a meia altura, Raí então como sempre oportunista jogou o corpo na bola, e meio de barriga conseguiu fazer o gol e empatar o jogo em um momento importante, e dar uma nova chance ao time brasileiro.

                Final do primeiro tempo São Paulo 1×1 Barcelona. No intervalo daquele jogo decisivo, o capitão do time tricolor conversou com o grupo e ressaltou o diferencial da equipe. “O Barcelona pode ter o mesmo preparo físico que o nosso, uma técnica também parecida, mas eles não têm esta união, esta cumplicidade, este gostar um do outro. Com certeza eles não têm isso” – falou Raí.

SEGUNDO TEMPO

               No segundo tempo a jogo ficou tenso para os dois lados, ambas as equipes perderam grandes chances de gols, mas o São Paulo mais aguerrido em campo assumiu o controle do jogo, com um futebol mais firme, mais confiante. Até que Palhinha sofreu uma falta do volante Amor a 5 metros da área do Barcelona, Raí juntamente com Cafu se preparou pra bater a falta, com o apito do juiz Raí rolou pra Cafu que esse só segurou e o mesmo Raí chutou no ângulo direito do goleiro Zubizarreta, fazendo 2×1 para o São Paulo aos 34 minutos. Com esse gol o Tricolor estava com uma mão na taça. Faltando pouco tempo para acabar, Telê sentiu que o São Paulo precisava voltar ao jogo. Ao seu lado, Moracy Santana lhe avisou que havia apenas dez minutos. O Barcelona, abatido, ainda tentou lançar-se ao ataque.

               Para a torcida do São Paulo, entretanto, esses instantes derradeiros estavam levando horas, dias, semanas, meses para passar. A partir daquele momento, o que valia era o coração forte. E isso o time brasileiro tinha de sobra. Durante os cinco minutos finais, o esquadrão são-paulino segurou o ímpeto do Barcelona. Faltava muito pouco. Aos 40, o volante Toninho Cerezo cedeu lugar a Dinho. Com isso, o técnico são-paulino reforçou a marcação.

               Aos 44, o capitão Raí começou a suplicar pelo fim do jogo. Mas ainda existia tempo para Cafu prender a bola na ponta-direita do ataque tricolor. Então o arbitro Loustau se aproximou do lateral. Experiente, Cafu pediu falta. Mas o arbitro foi mais enfático: pediu-lhe a bola. Finalmente, estava terminado a batalha, São Paulo 2×1 Barcelona. O sonho se tornou realidade. A conquista foi um sonho realizado por todos do São Paulo e nunca vai ser esquecido pelo jogador daquela  partida.

                 Os jogadores se abraçaram. Pintado chorou no centro do gramado. Zetti também não segurou a emoção e foi as lagrimas. Telê sorriu e foi abraçado por todos os atletas. Naquela altura, o campo já tinha sido invadido por torcedores. Enquanto isso, a capital paulista explodia em gritos de emoção. Eram os primeiro minutos de uma festa que duraria muito tempo para terminar, ou seja, naquele momento o mundo era vermelho, branco e preto.

                 Este jogo aconteceu dia 13 de dezembro de 1992, no Estádio Nacional, Tóquio (Japão), que recebeu neste dia um público de 60.000 pessoas. O árbitro da partida foi o argentino Juan Carlos Loustau, que aplicou cartão amarelo aos jogadores; Ronaldão e Toninho Cerezo, do São Paulo F.C. e aos jogadores Beruiristain, Ferrer e Goicoechea do Barcelona. Apesar de a imprensa mundial colocar o time tricolor, vamos dizer assim, como “coadjuvantes de luxo” de um oponente soberbo e arrogante, que possuía em suas fileiras estrelas como Koeman, Michael Laudrup e Stoichkov, além é claro do legendário Johann Cruyff como técnico, do outro lado haviam onze guerreiros impulsionados por milhões de corações que, do outro lado do Oceano Atlântico, batiam descompassados.

                 A conquista do Tricolor em 1992, fez o técnico holandês Johan Cruyff se render aos brasileiros, que disse antes da partida; “se for para ser atropelado, que seja por uma Ferrari”. Segundo o depoimento do lateral Cafu, o técnico holandês foi simplesmente arrogante e disse ainda “o time deles naquele período, que é completamente diferente do Barcelona de hoje, era um time arrogante. Isso pelo que nós ouvimos deles e pela arrogância com que eles entraram em campo, achando que iam ganhar do São Paulo fácil”. Apesar da soberba de seu comandante, os jogadores do Barcelona já tinham uma prova da capacidade do São Paulo. Haviam sido goleados por 4 a 1 pelo brasileiros em agosto de 1992, na final do Torneio Teresa Herrera, em La Coruña.

               Quando o árbitro argentino levantou o braço, mais uma vez se exorcizava o tal “complexo de vira-lata” dos brasileiros. O São Paulo F.C. mostrava a superioridade sobre a soberbia européia. A Avenida Paulista, a avenida do campeão do Mundo, se tingia com as três cores do Tricolor Paulista e, como uma cena final, já cansado pela hora avançada, víamos os magos Raí e Muller levantarem os troféus da monstruosa batalha. Enfim, o grande São Paulo Futebol Clube, campeão da América, era sim o grande campeão do Mundo!

                 Depois dessa conquista, o São Paulo ficou muito grande, por todas as competições que disputou e conquistou. Até então todos viam a Libertadores como algo normal. Estava tudo bem, mesmo se não vencesse. Depois, mudou tudo. Não podemos jamais esquecer a importância do técnico Telê Santana nesta conquista, pois ele sempre foi rigoroso e gostava que o time jogasse para frente e, antes de qualquer coisa, que jogasse bem. E foi o que aconteceu, o time entrou focado naquele jogo e mesmo o adversário sendo o poderoso Milan que possuía grandes craques, os jogadores são-paulinos mostraram sua garra e deram a grande alegria para sua imensa torcida ao conquistar o primeiro título mundial da história do clube. Depois ainda vieram mais dois títulos, em 1993 e 2005, mas o primeiro foi e será sempre lembrado pelo torcedor do Tricolor Paulista.

Em pé: Adilson, Zetti, Ronaldão, Vitor, Pintado, Ronaldo Luiz e Toninho Cerezo    –   Agachados: Muller, Palhinha, Cafu e Raí

 

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