COPA de 1950

                         A Segunda Guerra Mundial, iniciada em setembro de 1938, terminou em 1945 com a rendição japonesa. O projeto de disputar a Copa do Mundo de quatro em quatro anos, sempre acalentado por Jules Rimet não foi abandonado. Durante o conflito, com base na sede na neutra Suíça, o presidente da FIFA manteve os contatos possíveis. Finda a guerra, a retomada iria começar na América do Sul, como tudo se iniciara em 1930. Agora, seria o Brasil.

                        Dia 25 de julho de 1946, quando o Brasil candidatou-se sediar a Copa do Mundo de 1950. Aliás, o Brasil foi o único país que candidatou-se, pois a Europa castigada pela guerra não apresentou nenhum candidato. Com a aprovação, começaram então os preparativos. Primeiro passo foi a construção de um novo estádio, que a princípio se chamaria Estádio Municipal Maracanã, nome do rio que corre, estreito nas suas proximidades. Depois passou a chamar-se Estádio Mário Filho, mas popularmente fico conhecido por Maracanã. A pedra fundamental foi lançada no dia 20 de janeiro de 1948 e a construção teve início no dia 2 de agosto de 1948.

                         Depois de dois anos, ou seja, dia 16 de junho de 1950, ele foi inaugurado, num jogo amistoso entre as seleções carioca e paulista. O placar foi de 3 a 1 para os paulistas e o primeiro gol no Maracanã foi marcado por Didi, o criador da “folha seca” e que naquela época jogava no Fluminense. Mesmo ainda inacabado, o Maracanã recebeu um grande público no dia 24 de junho de 1950, para assistir a abertura do mundial, que pela primeira vez era disputado no Brasil, motivo de muita alegria em todo o país.

                        Assim que o Brasil foi confirmado como organizador da Copa de 1950, começaram os preparativos. Foi sugerida uma fórmula diferente de disputa ou seja, 16 países, em quatro grupos de quatro, disputavam a fase inicial, em jogos em que a vitória valeria dois pontos e o empate um. Os quatro primeiros de cada grupo seriam os finalistas e jogariam entre si para decidir o título pelo total de pontos ganhos na etapa final. A fórmula de disputa foi aceita sem grandes debates e a FIFA declarou abertas as inscrições.

                         E assim, Jules Rimet partiu em busca de inscrições, como já fizera 20 anos antes. Os primeiros momentos foram animadores. Havia muitas promessas e apenas uma garantia, a Inglaterra que até então não havia participado de nenhuma Copa se inscreveu e assumiu o compromisso de comparecer na disputa. Com ela também se inscreveram os países do Reino Unido, Escócia, País de Gales e Irlanda. Todo o esforço rendeu a inscrição de 34 países, em primeira manifestação. Com este número foram programados dez grupos, de onde sairiam os 15 participantes do turno final, ao lado do Brasil que já estava garantido por ser o anfitrião.

ELIMINATÓRIAS

                         Três países da América do Sul desistiram da competição: Argentina, Peru e Equador. Na Europa, problemas políticos impediram as inscrições de Áustria, Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia e Checoslováquia. Do lado ocidental, a Bélgica e a Holanda também não confirmaram suas inscrições.

                         Dia 25 de junho de 1949 teve início a eliminatória para a Copa do Mundo de 1950 e o primeiro jogo foi Suécia e República da Irlanda (Eire). Depois de inúmeros jogos e algumas desistências, finalmente ficou conhecido quais seriam os países que iriam disputar aquele mundial. Seria realizada com apenas 13 países, pois Escócia, Turquia e Índia, embora classificadas acabaram desistindo da competição. Sendo assim, ficaram; 6 de Europa e 7 Americanas. As 13 seleções foram divididas em quatro grupos. As três vagas das seleções desistentes não foram ocupadas nem remanejadas. Por isso, dois grupos tiveram quatro seleções, um grupo teve três países e o quarto grupo foi disputado apenas por duas seleções. Os melhores da cada grupo avançaram para a fase final e fizeram um quadrangular de turno único.

JOGOS DA PRIMEIRA FASE

GRUPO 1

24-06-1950

Brasil 4 x 0 México
25-06-1950 Iugoslávia 3 x 0

Suíça

28-06-1950

Brasil 2 x 2 Suíça
28-06-1950 México 1 x 4

Iugoslávia

01-07-1950

Brasil 2 x 0 Iugoslávia
02-07-1950 México 1 x 2

Suíça

                        O Brasil estreou dia 24 de junho goleando a seleção mexicana por 4 a 0 na abertura do mundial. Este foi o ponto de partida, deste dia em diante a euforia começou a tomar conta dos brasileiros, à medida que as vitórias iam acontecendo, mais aumentava a certeza que levantaríamos aquele tão ambicionado título. Este jogo foi realizado no Maracanã e depois de uma exibição de gala, com dois gols de Ademir de Menezes, um de Jair da Rosa Pinto e outro de Baltazar, o Brasil passava com certa facilidade pelo seu primeiro adversário.

                         No dia seguinte à abertura do mundial, a Iugoslávia venceu a Suíça por 3 a 0 jogando em Belo Horizonte no estádio Independência. Quatro dias depois de sua estréia, a seleção brasileira voltou a campo. Desta vez, em São Paulo, para enfrentar a Suíça. O estádio do Pacaembu ficou lotado com 45.000 espectadores que viram o Brasil, com a linha média do São Paulo F. C. (Ruy, Bauer e Noronha) no lugar dos jogadores cariocas do primeiro jogo, tropeçar no empate de 2 a 2. Os gols brasileiros foram anotados por Baltazar e Alfredo que havia substituído Jair da Rosa Pinto, enquanto que para a Suíça, Fanton marcou os dois gols.

                         No dia 28 de junho a Iugoslávia venceu o México por 4 a 1. Este jogo foi disputado em Porto Alegre, no estádio dos Eucalíptos, que pertencia ao Internacional. Com esta vitória a Iugoslávia assumia a liderança do grupo 1. No dia 1 de julho, Brasil e Iugoslávia se enfrentaram no Maracanã, que estava quase lotado, a final, este seria um jogo muito importante, pois quem vencesse estaria classificado para a próxima fase. A equipe brasileira se mostrou em grande forma e encantou seu imenso público, mostrando-se superior em todos os momentos do jogo. Ademir de Menezes e Zizinho fizeram os gols da classificação. O placar não diz o que foi o jogo, pois numa tarde inspirada, nossa seleção fez uma exibição de gala, cujo ataque exigiu sensacionais defesas do goleiro iugoslavo, que foi inclusive apontado como o melhor jogador em campo. No dia 2 de julho, México e Suíça jogaram só para cumprir tabela. O jogo foi na cidade de Porto Alegre, no estádio do Eucalíptos e a Suíça venceu por 2 a 1. E assim, as duas seleções se despediram daquele mundial, assim como a Iugoslávia já havia feito no dia anterior.

GRUPO 2

25-06-1950

Inglaterra 2 x 0 Chile
25-06-1950 Espanha 3 x 1

Estados Unidos

29-06-1950

Espanha 2 x 0 Chile
29-06-1950 Estados Unidos 1 x 0

Inglaterra

02-07-1950

Espanha 1 x 0 Inglaterra
02-07-1950 Chile 5 x 2

Estados Unidos

                           No dia seguinte à abertura da Copa, jogando no Maracanã a Inglaterra fazia sua estréia em Copas do Mundo, uma vez que não havia participado nas três edições anteriores. E começou bem, venceu o Chile por 2 a 0. Ainda no mesmo dia, a Espanha que era a franca favorita foi surpreendida no primeiro tempo, mas virou o placar e venceu os Estados Unidos por 3 a 1. Este jogo foi realizado em Curitiba, no estádio Dorival de Brito. O árbitro da partida foi o brasileiro Mário Vianna.

                          Nos demais jogos deste grupo não houve nenhuma novidade, com exceção é claro, da vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra por 1 a 0 no estádio Independência, em Belo Horizonte. Esta derrota inglesa foi a grande surpresa da Copa (até aquele momento), e foi a notícia de maior destaque em todo o mundo. E a surpresa foi realmente muito grande, pois no próximo compromisso dos americanos, sofreram uma goleada de 5 a 2 para os chilenos. Este jogo foi disputado em Recife e serviu apenas para cumprir tabela, uma vez que a Espanha já estava classificada para a outra fase . Ainda neste grupo, vale lembrar que o jogo entre Espanha e Chile, o árbitro da partida foi o brasileiro Gama Malcher.

GRUPO 3

25-06-1950

Suécia 3 x 2 Itália
28-06-1950 Suécia 2 x 2

Paraguai

02-07-1950

Itália 2 x 0

Paraguai

                       A Itália que chegou naquele mundial como bicampeã, foi surpreendida pela Suécia em pleno estádio do Pacaembu, perdendo por 3 a 2. Mas três dias depois foi a vez da Suécia ser surpreendida pelo fraco Paraguai num empate em 2 a 2. Este jogo foi no estádio Dorival de Brito, em Curitiba. E para fechar este grupo, a Itália venceu o Paraguai por 2 a 0. E com estes resultados, a Suécia estava classificada para a fase seguinte.

GRUPO 4

02-07-1950

Uruguai 8 X 0

Bolívia

                        Com este resultado, o Uruguai mostrou que veio para este mundial a fim de conquistar seu segundo título, pois goleou de forma impiedosa a fraca seleção da Bolívia por 8 a 0, com quatro gols do atacante Schiafino. Este jogo foi realizado em Belo Horizonte, no estádio Independência. Neste grupo houve somente um jogo, e com este resultado o Uruguai estava classificado para a outra fase, a qual teria início no dia 9 de julho.

QUADRANGULAR FINAL 

                                  Encerrada a primeira fase, as quatro seleções classificadas foram; Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai. Como jogos simultâneos e não eliminatórios no Rio de Janeiro e São Paulo, estas quatro seleções começaram a disputa para se saber quem seria o grande campeão daquele mundial.

09-07-1950

Brasil 7 x 1 Suécia
09-07-1950 Uruguai 2 x 2

Espanha

13-07-1950

Brasil 6 x 1 Espanha
13-07-1950 Uruguai 3 x 2

Suécia

16-07-1950

Suécia 3 x 1 Espanha
16-07-1950 Brasil 1 x 2

Urugua

                          No dia 9 de julho, no Maracanã foi quebrado, mais uma vez, o recorde mundial de venda de ingressos. 141.000 pessoas pagaram para ver Brasil e Suécia. O árbitro inglês Arthur Ellis dirigiu o espetáculo, palavra usada pela maioria da crônica para a vitória brasileira sobre os suecos por 7 a 1. Com quatro gols de Ademir de Menezes, dois de Chico e um de Manéca, o Brasil goleou de forma implacável a Suécia, que marcou seu gol de honra através de Anderson. Neste mesmo dia, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, a invicta Espanha ficou apenas no empate em 2 a 2 com o Uruguai, depois de estar perdendo quase até o final. Obdulio Varela e Gigghia marcaram para os uruguaios e Basora marcou os dois gols espanhóis.

                         Chegava o dia 13 de julho. O Maracanã outra vez superava o recorde mundial de público com os 155.000 pagantes que viram o Brasil “esmagar” a Espanha por 6 a 1, aos gritos de “Olé” do público nas arquibancadas, que cantavam em coro a marchinha carnavalesca “Touradas em Madri”. Os gols brasileiros foram anotados por; Jair da Rosa Pinto (2), Chico (2), Zizinho e Zarra contra, enquanto que para a Espanha, Igoa marcou o único tento. Depois dessa vitória, ninguém mais duvidava que a Taça Jules Rimet ficaria no Brasil, afinal, tínhamos o maior estádio do mundo, a melhor seleção do mundo, o artilheiro da Copa, o grande Ademir de Menezes com 9 gols, tudo isto nos dava a certeza que seríamos campeões. Enquanto isso, lá no Pacaembu, o Uruguai eliminou a Suécia, vencendo por 3 a 2, com dois gols de Gigghia e um de Júlio Perez, enquanto que para a Suécia marcaram Palmer e Sundqvist.

                        Chegava finalmente o grande dia, 16 de julho de 1950, dia em que o mundo ficaria conhecendo o campeão da 4ª Copa do Mundo. No Pacaembu Espanha e Suécia iriam jogar para decidir quem ficaria em 3º lugar uma vez que ambos não tinham mais chance de conquistar o título. E nesta disputa, a Suécia levou a melhor vencendo por 3 a 1, gols de Johnsson, Mellberg e Palmer, enquanto que para a Espanha, Zarra marcou o único tento. Enquanto isso no Maracanã, os sul-americanos Brasil e Uruguai iriam decidir o título. Mas antes de falarmos do jogo propriamente dito, vamos relembrar alguns fatos que ocorreram naquele dia antes do juiz apitar o início da partida.

                         O time brasileiro foi obrigado a levantar bem cedo para assistir a uma longa missa, depois de muitos discursos de vitória, parecia que o jogo já havia terminado e que nós já éramos os campeões. Ao saírem da missa, os jogadores tiveram um grande assédio por parte da imprensa e torcedores. Como era ano de eleição, teve jogador que foi levado para passear. A seleção, então, não teve sossego e tranqüilidade. Jogadores receberam camisa, corte de terno, relógios e lustres. Dentro do bar do Vasco da Gama, na concentração em São Januário, jogadores deram autógrafos como “campeões do mundo”. Assinaram bolas, faixas, fotos, todo tipo de coisa. Houve até uma promessa que quem fizesse o primeiro gol receberia um terreno, perto do Leblon. Quem fizesse o primeiro gol do Brasil contra o Uruguai iria ganhar uma televisão, uma novidade, na época.

                         Houve uma reunião entre os jogadores, para discutir a divisão de prêmios que eram oferecidos à seleção. Decidiu-se que ia se fazer um leilão dos objetos. Pelo seguinte; havia no grupo jogadores que não tinham condições físicas ou técnicas de jogar. Como não jogavam, corriam o risco de não receber prêmios. Então, combinou-se com a “diretoria”, formada por Augusto, Nilton Santos, Castilho e Noronha, o seguinte: tudo o que cada um recebesse seria leiloado. Houve então, uma pequena desavença sobre como é que se ia dividir um lustre de cristal, oferecido por uma loja. Os jogadores saíram da concentração para o Maracanã às onze e quarenta e cinco.

                        Ao se aproximarem do estádio, o ônibus quebrou e os jogadores precisaram descer para empurrar. Chegaram ao estádio em torno de uma hora da tarde. Quando chegaram ao vestiário, encontraram colchão para todo mundo se deitar no chão. Os jogadores queriam logo entrar em campo e acabar com aquela ansiedade que tomava conta de todos. O Brasil entrou em campo com a seguinte formação; Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer e Bigode; Danilo e Jair da Rosa Pinto; Friaça, Ademir de Menezes, Zizinho e Chico. O Uruguai jogou com; Máspoli, Matias, Gonzáles, Tejera, Gambetta, Obdúlio Varela, Rodrigues e Andrade; Gigghia, Júlio Perez, Miguez, Schiaffino e Moran.

                       Finalmente começou o jogo e o primeiro tempo terminou empatado em 0 a 0. Veio o segundo tempo e o gol brasileiro saiu logo no primeiro minuto de jogo. O Maracanã enlouquece. Friaça, o autor do gol também. Naquele momento os jogadores brasileiros eram os deuses, mesmo porque o empate já dava o título ao Brasil. No entanto, a fibra dos uruguaios não deixou que o Brasil comemorasse por muito tempo, pois Schiaffino empatou a partida. Quando faltavam nove minutos para o término da partida, um ataque uruguaio pela direita levou Gigghia até quase a linha de fundo, com Bigode cercando-o firmemente.

                      Quando todos esperavam, como  no primeiro gol, um cruzamento, Gigghia disparou um tiro a meia altura bem na direção do canto em que estava Barbosa, o goleiro do Brasil. A bola passou no pequeno espaço entre o poste esquerdo e o corpo de Barbosa. Silêncio sepucral no imenso estádio, eu diria até um silêncio ensurdecedor. Quando o árbitro inglês George Reader, apitou o final da partida, todos procuravam entender o que estava acontecendo. Os 200 mil torcedores ali presentes estavam inertes em seus lugares. Dirigentes, jornalistas, jogadores e torcedores brasileiros choravam e se lamentavam. Era muito tarde para perceber que haviam menosprezado a seleção uruguaia. E assim dessa maneira, o Uruguai liderado pelo temperamental Obdúlio Varela, sagrava-se bicampeão do mundo, uma vez que já havia ganho a Copa de 30 disputada em sua própria casa. Por muitos e muitos anos, a decepção daquela derrota marcaria profundamente o torcedor brasileiro.

                     Como se não bastasse a derrota, o jogador Bauer da seleção canarinho ainda teve que passar por outro momento difícil naquele dia fatídico de 16 de julho. Como era certa a vitória brasileira, uma grande festa já estava preparada para depois da partida. Sendo assim, Bauer fora convencido por um repórter da revista “O Cruzeiro”, a devolver a passagem de volta, do Rio de Janeiro para São Paulo, à estação ferroviária, a fim de permanecer no Rio para as comemorações do título. No final catastrófico da partida, o jornalista desapareceu. Bauer só conseguiu embarcar em um trem, graças ao falecido narrador esportivo Geraldo José de Almeida, que viajava naquele trem. Restou ao nosso Bauer, somente um lugar no chão do trem.

                         Aquela derrota transformou o Brasil num verdadeiro dia de finados para o nosso futebol. Um lance que marcou para sempre um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro, Moacir Barbosa. Para o resto de sua vida, aquela tragédia permaneceu viva na memória de Barbosa. Nunca deixaram que ele apagasse o lance fatal. Duzentos mil torcedores comprimidos no Maracanã e a lembrança de todo estádio em silêncio, pessoas imóveis, caladas, tristes, cheias de espanto e sem acreditar naquele gol que permanece até hoje.

                         Barbosa foi culpado? Acho que não. Não se pode culpar um único jogador por uma derrota. Entretanto, a justiça dos torcedores foi cruel no seu veredicto. Barbosa foi condenado por um crime que não cometeu. Ele que estava a pouco menos de dez minutos para se transformar em herói, de repente, passou a ser um eterno e desacreditado vice-campeão. Barbosa morreu praticamente sozinho. Pobre e amargurado. Ficou marcado por uma suposta falha no gol de Gigghia, na final da copa de 50. Desprezado e insultado por meia dúzia de imbecis, passou a ser perseguido. Os próprios jogadores perdoaram Barbosa, mas a culpa pela derrota continuou sendo creditada principalmente a ele, mesmo depois de décadas. Aquela geração de Barbosa, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Chico, Manéca e Ademir de Menezes, ficou com o carimbo de perdedora.

                         Tudo por causa de um tropeço. Fatal, cruel e injusto. E Barbosa, por ser negro, goleiro e humilde, se transformou no seu maior símbolo. Certa vez, os administradores do Maracanã resolveram trocar as traves de madeira por outras mais modernas, de ferro. Barbosa ficou com as velhas e, talvez numa forma de apagar de vez os restos do amargo passado, queimou-as num churrasco com amigos e ex-companheiros de Seleção Brasileira. Não adiantou. Barbosa jamais se livrou daquela dor, daquele fantasma inescrupuloso… E, em 1993, poucos anos antes de morrer, disse uma das frases mais emblemáticas e verdadeiras sobre a hipocrisia no futebol brasileiro e na sociedade em geral. “No Brasil, a pena de morte por um crime é de 30 anos. Há 43 pago por um crime que não cometi”  Nada mais verdadeiro. Jair da Rosa Pinto só não se conformava com uma coisa: não ter ganho a Copa de 50, e sempre dizia; “Isso eu vou levar para a cova, mas, lá em cima, perguntarei para Deus por que perdemos o título mais ganho de todas as Copas, desde 1930”.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL

                         A campanha do Brasil nesta Copa foi a seguinte: Disputamos 6 partidas, vencemos 4, contra o México por 4×0, contra a Iugoslávia por 2×0, contra a Suécia por 7×1 e contra a Espanha por 6×1. Empatamos uma contra a Suíça por 2×2 e perdemos uma, justamente a final para o Uruguai por 2×1. Em 1950 o Brasil ainda possuía 50% da população totalmente analfabeta, no entanto o amor pela seleção canarinho era de 100%. As esperanças brasileiras eram grandes, pois possuía uma grande seleção de futebol. O Maracanã que até hoje é considerado o maior estádio do mundo, foi construído especialmente para esta Copa. Esta foi a primeira Copa que foi adotada a numeração na camisa. Foi também a última em que o Brasil usou uniforme branco com frisos azuis.

Os jogadores brasileiros que participaram desta Copa, foram os seguintes:

Goleiros: Barbosa e Castilho

Zagueiros: Augusto – Juvenal – Nilton Santos – Nena – Bigode – Noronha

Meias: Bauer – Danilo – Rui – Eli – Jair da Rosa Pinto

Atacantes: Ademir de Menezes – Baltazar – Chico – Friaça – Alfredo – Manéca –

Adãozinho – Rodrigues – Zizinho

Técnico: Flávio Costa

Seleção do Uruguai – Campeão da Copa de 1950
SELEÇÃO BRASILEIRA – 1950      –     Em Pé: Barbosa, Augusto, Danilo, Juvenal, Bauer e Bigode      –     Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir de Menezes, Jair da Rosa Pinto e Chico

Deixe uma resposta