A CORÉIA DO NORTE NAS COPAS DO MUNDO

                     Tudo começou no dia 19 de julho de 1966, ou seja, dia em que a Coreia do Norte concretizou uma das maiores zebras da história das Copas, ao bater a Itália, bicampeã do mundo por 1 a 0. Placar que também serviu para mudar o panorama do futebol italiano por mais de uma década.

                     Quatro dias depois, a Coreia estava em campo novamente, agora para enfrentar outra seleção europeia, Portugal, que tinha como astro, o atacante Eusébio, considerado o maior ídolo do futebol português, juntamente com Cristiano Ronaldo. Mas além dele a seleção portuguesa naquele ano era espetacular, cuja base era o poderoso Benfica. Eles estavam mais animados do que nunca, pois dias antes tinham eliminado o Brasil – então bicampeão mundial e que perdeu para Portugal por 3 a 1, mesmo com Pelé em campo.

                      O jogo começou e com apenas 25 minutos a Coreia já vencia Portugal por 3×0. Depois os portugueses reagiram e Eusébio marcou dois gols. E assim o primeiro tempo terminou com a vitória da Coréia do Norte por 3×2. Estava se desenhando como uma das maiores zebras de todas as Copas. O mundo inteiro estava sem entender o que estava acontecendo, principalmente o técnico da seleção portuguesa, o Sr. Otto Glória.   

 O placar apontava 3 a 2 para a Coreia e os portugueses tiveram a sensação de que o marcador estava barato se fosse levado em conta o passeio tático aplicado pelos coreanos. O treinador brasileiro Otto Glória que naquela Copa dirigia Portugal, estava bem furioso, irritado e tudo mais o que vocês possam imaginar. Numa situação dessa, o homem não tinha condição alguma de orientar o time taticamente. E partiu para a bronca.

                      Otto Glória tirou a gravata, pendurou no cabide e não disse boas coisas aos seus jogadores. Agarrou alguns jogadores pelo colarinho e falou: “Quando eu chegar ao Brasil vão me cortar o pescoço. Não vou dar tática alguma. Tratem de virar esse resultado”, e bateu a porta. Os jogadores olharam um para o outro e disseram que o homem tinha razão. Coincidência ou não, os portugueses comeram a bola no segundo tempo. Com o sangue nos olhos e encarando cada dividida como se fosse uma final de Copa do Mundo, deu tudo certo.

                     Num dia inspirado, o craque Eusébio marcou mais dois gols e virou o placar. Já quase no fim do jogo, José Augusto ainda marcou o quinto gol português e assim Portugal conseguiu virar o marcador e venceu o jogo por 5×3. Foi um jogo eletrizante, que ao final, os jogadores foram aplaudidos de pé pelo público que lotava o estádio Goodison Park, em Liverpool, Inglaterra.

                     Veio então a Copa de 2010 e lá estavam novamente frente a frente Portugal e Coréia do Norte. Mas desta vez a zebra nem deu as caras, pois o time português simplesmente atropelou os coreanos vencendo por 7×0.  Dias antes a Coréia já havia perdido para o Brasil por 2×1 e na última rodada os coreanos mais uma vez foram derrotados, agora pela Costa do Marfim por 3×0, ou seja, foi uma participação medíocre, com três derrotas, doze gols sofridos e só um marcado.

                      Contra o Brasil, a seleção asiática teve bom desempenho, segurou os favoritos e perdeu por apenas 2 a 1. Após o revés para o time de Dunga, as autoridades do país decidiram transmitir ao vivo a partida da Coreia do Norte contra Portugal através da televisão estatal, um fato inédito em um evento de Copa do Mundo. O vexame contra os lusos parece não ter agradado Kim Jong-il.

                      Quando chegaram em seu país, os jogadores coreanos sofreram um castigo que é impossível de imaginar-se. Eles tiveram que ficar seis horas em posição de sentido e ouvindo insultos da população em frente ao Palácio da Cultura Popular de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, foi uma grande humilhação para os jogadores da seleção nacional após a campanha na Copa do Mundo da África do Sul. O treinador da equipe, Jong Hun Kim, teve um destino diferente, mas também pouco elogiável. Ele teve que realizar trabalhos forçados.

                      Os detalhes da recepção nada festiva da delegação norte-coreana no retorno ao país natal foram divulgados pelo jornal italiano La Repubblica, que obteve as informações através da agência de notícias Radio Free Asia e o mundo inteiro ficou chocado com aquilo. A delegação foi castigada por cometer o ‘delito’ de trair a confiança do líder comunista Kim Jong-il. Somente Jong Tae-se, estrela da equipe, foi perdoado por ter chorado durante a execução do hino nacional da Coreia do Norte, antes do confronto contra a seleção brasileira.

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