A DECISÃO QUE LEVOU DOIS DIAS PARA ACABAR

Tudo começou em 1937, quando o Corinthians sagrou-se campeão paulista ao derrotar o Palestra Itália por 1×0 gol de Teléco, que também foi o artilheiro da competição com 15 gols. Mas a história desse jogo começou um dia antes. Teleco que era o titular absoluto do time corintiano, não poderia jogar por uma lesão no braço, sendo assim, o seu reserva imediato Zuza foi escalado para essa partida. Mas Zuza desmaiou ao saber da responsabilidade de substituir o centroavante. Desta forma, Teléco entrou no sacrifício e marcou, de cabeça, o gol da vitória por 1 a 0 no Parque Antárctica, no dia 14 de novembro de 1937.

                  Durante a disputa do Paulistão de 1937, o Corinthians perseguiu o Palestra Itália ponto a ponto. Então, chegara a hora da verdade. A três jogos do final da competição, os dois arqui rivais iriam se enfrentar em uma partida com ares de fina antecipada. E com uma vantagem para os alviverdes: o jogo seria disputado no Parque Antártica.

                  Depois de sagrar-se campeão paulista em 1937, o Corinthians partiu em busca do bicampeonato estadual de sua história, o que seria o seu terceiro bicampeonato, uma vez que já havia conquistado os títulos de …….

                 Como naquele ano de 1938 o calendário foi mais apertado devido à Copa do Mundo e ao Campeonato Brasileiro de Seleções, o Campeonato Paulista teve seu formato alterado: as 11 equipes participantes se enfrentariam em sistema de pontos corridos, mas em turno único. Seriam apenas 10 rodadas; ao final delas, quem tivesse somado mais pontos seria o campeão. Como sofreu diversas interrupções, a disputa acabou se estendendo até abril de 1939.

                  O início do Corinthians no campeonato foi bem ruim: nas quatro primeiras partidas, foram três empates e apenas uma vitória. Em um torneio tão curto, parecia que não teria tempo para reagir e recuperar os pontos perdidos, mas a partir da quinta rodada o time engrenou. Com as sucessivas vitórias e as derrapadas dos concorrentes diretos ao título, o time conseguiu alcançar a liderança.

                  Quis o destino que o adversário do Corinthians na última rodada fosse o vice-líder São Paulo, exatamente o único time com chances matemáticas de tirar o título do alvinegro de Parque São Jorge. Com dois pontos a menos na tabela, o Tricolor precisava vencer para forçar um jogo-desempate – lembrando que naquela época a vitória valia dois pontos, e não três, como hoje, e que não eram usados critérios de desempate, como saldo de gols ou número de vitórias. Já ao Corinthians, um empate bastava para colocarmos a mão na taça.

                   Na partida decisiva, realizada no Parque São Jorge em 23 de abril de 1939, o técnico corintiano Armando Del Débbio escalou a seguinte equipe; Barcheta, Jango e Carlos; Tião, Brandão e Sebastião; Lopes, Servilio, Teléco, Carlito e Carlinhos. Enquanto o treinador são-paulino Vicente Feola mandou a campo os seguintes jogadores; Pedrosa, Agostinho e Iracino; Fiorotti, Damasceno e Felipelli; Mendes, Armandinho, Elyseo, Araken e Paulo. O árbitro da partida foi Thomaz dos Reis Cardoso de Almeida e o jogo foi realizado no estádio Alfredo Schuring, mais conhecido como Parque São Jorge, que pertencia ao Corinthians.

                    Logo no inicio do jogo, o São Paulo abriu o placar aos dois minutos através do jogador Mendes, mas o jogo precisou ser interrompido ainda no primeiro tempo, aos 21 minutos, devido a um verdadeiro dilúvio que caiu sobre a capital paulista. Como não havia a mínima condição de continuar o jogo, pois o gramado não oferecia a menor condição, o término do jogo foi marcado para outro dia.

                    Dois dias depois, com os portões abertos, em 25 de abril, a partida foi reiniciada para completar os 69 minutos que faltavam e o resultado persistia até os 20 minutos do segundo tempo, quando o atacante corintiano Carlito empatou o jogo – segundo alguns, com um gol de mão. Apesar de toda a reclamação, o gol foi validado pela arbitragem, e o empate em 1×1 deu ao Corinthians mais um título paulista, o 10º de sua história – e invicto, com seis vitórias e quatro empates.

                    E a torcida ainda tirou um sarro na comemoração: “É com o pé, é com a mão, o Corinthians é campeão!”, em alusão ao canto dos torcedores do Palestra Itália nas conquistas do clube no futebol e no basquete. Corinthians bicampeão, pela terceira vez. E no ano seguinte chegaria ao inédito “tri-tri”, pois pela terceira vez conquistaria o tricampeonato paulista, uma vez que já havia conquistado em 1922, 23 e 24 depois em 1928, 29 e 30 e depois em 1937, 38 e 39.

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