A NUMERAÇÃO NAS CAMISAS

                   Uma grande novidade do futebol internacional, a mais de cem anos, foi a numeração nas camisas dos jogadores. A primeira partida com numeração na camisa de jogadores ocorreu em 1911, na Austrália. Foi num jogo local em Sydney, que ambas as equipes de “soccer”, Sydney Leichardt e HMS Powerfull usaram numerações diferentes em suas costas pela primeira vez na história do futebol mundial.

                   Após esta apresentação, no ano seguinte (1912), as equipes de Nueva Gales del Sur (Austrália) foram obrigadas a usar a novidade em Torneios oficiais. Sendo assim, o uso da numeração nas costas dos jogadores, é um invento australiano e não britânico, como se vem dizendo desde 1930.

                   A numeração na Europa surgiu em 1928, na Inglaterra, na partida Arsenal x Hillsborough. A ideia partiu do treinador do Arsenal, Herbert Chapmann, que buscava uma maneira fácil e prática de identificar seus comandados. Depois propagou-se para o Continente Europeu, estando sempre em moda a numeração. Em 1933 se tornou “item obrigatório” pela federação inglesa, a pedido das emissoras de Rádio.

                   Em muitos campeonatos do velho mundo, até 84 anos atrás, foram usados os números nas costas do jogador de futebol, tal como ocorria com os jogadores de Rugby. Todavia, na Copa do Mundo de 1938, já havia saído da moda. Aliás, a FIFA, não exigia nenhuma numeração de jogadores no certame mundial, e jamais havia pensado nisso. No entanto, houve uma época em que era justificável tal novidade, época em que era permitida a substituição de jogadores.

                  Com esse hábito, a confusão que se fazia com a entrada e saída de jogadores não era pouca. Inclusive, não sendo muito útil a numeração quando se tratava de campeonato local. Os jogadores eram identificados facilmente em campo. O mesmo não acontecia no campeonato brasileiro de seleções onde, muitas vezes, o público local não conhecia os visitantes.

                   Em 1939 a International Board recomendou a utilização da numeração. A primeira competição internacional em que a recomendação passou a valer foi a Copa do Mundo de 1950, no Brasil. Quem trouxe a novidade para o Brasil foi a equipe do Chelsea, de Londres/ING, em 1929. Jogou no Rio de Janeiro e em São Paulo com os seus jogadores tendo um número pregado às costas.

                   Há 89 anos, portanto, passamos a conhecer a inovação das equipes com número em seus uniformes. Mas que passou desapercebido por nós. Salvo equívoco nosso, o Fluminense foi o primeiro clube brasileiro a utilizar a numeração em suas camisas. Foi em um jogo no estádio do Pacaembu. Depois de anos, por proposta da Federação Paulista de Futebol, adotou-se a utilização da tal novidade no campeonato Nacional de Seleções Estaduais de 1947.

                   Até então não havia qualquer preferência por número. Até um tal de Pelé, aos 17 anos, eternizar a camisa 10 em 1958, transformando o número em sinônimo de craque. Além de Pelé, outros jogadores usaram a 10 e se consagraram: Rivelino, Maradona, Zico, Ademir da Guia, Raí entre tantos outros que deram alegrias para seu torcedor.

                   Para o Mundial de 1994, nos Estados Unidos, a Fifa obrigou as equipes a colocar o número também na frente das camisas, além do nome nas costas, o que facilita muito a vida de locutores esportivos e fotógrafos ao tentar identificar os jogadores em campo. Hoje nós vemos nas camisas de futebol números maiores, como 25, 33, 83… isso vai desde homenagear alguém ou algo a apenas uma superstição mesmo. O atacante Gabriel Jesus usava a 33 no Palmeiras e continua com essa numeração no Manchester City, em referência a idade de Jesus quando foi crucificado.

                   Um exemplo de camisa que a numeração ficou gravada é o goleiro aposentado Marcos, eterno camisa 12 do Palmeiras, que marcou a vida dos palmeirenses, sendo chamado de Santo.

                   Somente 36 anos depois de ser fundado, o Corinthians entrou em campo com todos os seus atletas numerados. Foi no dia 22 de dezembro de 1946, em um amistoso contra o River Plate de Di Stéfano, no Estádio do Pacaembu. Os argentinos venceram por 2×1. No entanto, os números nas camisas sumiram nos jogos seguintes, e voltaram a aparecer no Campeonato Paulista de 1948, quando a Federação Paulista obrigou todos os clubes participantes a usar números nas costas dos uniformes. Somente na Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil, os uniformes com números se tornaram populares, e então se criou a mística das camisas sete, nove, dez, onze…

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