A QUEBRA DE UM LONGO JEJUM

                   Há mais de 40 anos, o S. C. Corinthians Paulista comemorava mais um título estadual, mas não foi um título qualquer, foi um título que entrou para a história do clube, pois naquele dia 13 de outubro de 1977, estava completando 22 anos, 8 meses e 7 dias que a Fiel Torcida Corintiana não soltava o grito de “É Campeão”.

                   O adversário do alvinegro era a Ponte Preta de Campinas, que na época tinha um grande time e um grande treinador. O título seria decidido quem fizesse 4 pontos, ou seja, uma vitória e um empate. Chegada o dia da primeira partida e ao torcida corintiana estava presente ao Morumbi empurrando seu time como sempre fez. Logo aos 14 minutos, Palhinha arrancou em velocidade rumo ao gol do adversário. O goleiro Carlos saiu para fechar o ângulo, Palhinha chutou com força, a bola bateu no joelho do goleiro, voltou no rosto do atacante e dali para dentro do gol. A equipe corintiana soube segurar a pressão da macaca principalmente no segundo tempo até o arbitro Dúlcídio apitar o final do jogo.

                   Chegava o dia 9 de outubro, dia da segunda partida, onde um empate bastava para o Timão. Era um domingo ensolarado na capital paulista e neste dia o Morumbi recebeu o maior público de sua história, 138.032 pagantes e 8.050 menores. A movimentação no Parque São Jorge começou cedo, com a missa das 10 horas na capela dedicada ao santo protetor do clube, o São Jorge, que lotou de pessoas. No lado de fora, carros com bandeiras do time e fogos de artifício estouravam nas imediações do clube.

                   Começa o jogo e aos 42 minutos, Vaguinho deu um passe de calcanhar para Geraldão. O zagueiro da Ponte, Oscar, ficou parado pedindo impedimento. O auxiliar não assinalou nada e Romeu lançou de volta para Vaguinho livre para marcar na saída de Carlos: 1 a 0. Mas na segunda etapa, Dicá cobrando falta e Rui Rey viraram o placar e tudo ficou para a terceira partida, que aconteceria na quinta feira seguinte, dia 13 de outubro de 1977.

                   Neste dia o Corinthians jogou com; Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Técnico: Osvaldo Brandão, o mesmo do último título em 1954. Já o técnico José Duarte, da Ponte Preta, mandou a campo; Carlos, Jair, Oscar, Polozzi e Angelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rey e Tuta (Parraga).

                   O Corinthians começou levando perigo logo aos 4 minutos, com uma bola na trave de Luciano sobre a meta de Carlos. Aos 16 minutos, o centroavante da macaca, Rui Rey foi expulso, após uma jogada em que ele levou a bola com a mão, o arbitro apitou a falta e Rui se direcionou para o juiz com gestos e palavrões quando foi advertido com o cartão amarelo. Mesmo assim continuou reclamando com o arbitro que o puniu com o cartão vermelho.

                   Aos 36 minutos do segundo tempo, Zé Maria apareceu livre pela direita e tentou cruzar, mas o lateral da Ponte, Angelo, cortou com a mão. Dulcídio apitou falta e o próprio Zé Maria ficou para a cobrança. Levantou para dentro da área, onde Basílio desviou de leve; a bola sobrou para Vaguinho que, de pé esquerdo, chutou a bola no travessão; seguindo a jogada, a bola voltou para Wladimir, que vindo de frente, cabeceou para o zagueiro Oscar tirar também de cabeça; na sobra, a bola ficou com Basílio que arrematou de pé direito, á meia altura, no lado esquerdo do goleiro Carlos, onde a bola encontrou as redes.

                    Era o gol do título, da queda do jejum de conquistas de 22 anos, 8 meses e 7 dias de sofrimento. Mais de 22 anos de bolas chutadas na trave, nas mãos dos goleiros, bolas perdidas pela linha de fundo. Mas naquela noite, o pé angelical de Basílio apareceu na grande área. Incontáveis chutes se perderam pelas noites de 22 anos.  Mas aquele chute de Basílio não foi perdido. A bola passou por Polozzi e bateu na rede da Ponte. Basílio foi para a galera. A torcida foi para o céu. Um gol sofrido. Chorado. Suado. Raçudo. Veio, como não poderia deixar de ser, de modo sofrido, Corinthians Campeão!!!. Há 22 anos a camisa preta e branca não botava uma faixa de campeão no peito.

                   Milhares de bandeiras se agitavam ao vento do Morumbi numa festa em que o torcedor é o dono do espetáculo. Corintiano de fé é tudo isso, e muito mais. Não há como explicar os mistérios desta mística. A partir daí, surge um novo Corinthians. Acabaram-se os traumas e o time volta a ser o bom e velho vencedor, chegando até a conquistar uma Libertadores e dois mundiais.

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