DOIS JOVENS QUE NOS DEIXARAM PREMATURAMENTE

                     Há  mais de 50  anos atrás, dois jogadores do Corinthians morreram num só dia. Isto aconteceu dia 28 de abril de 1969, quando o lateral direito Lidu e o ponta esquerda Eduardo vieram a falecer depois de um trágico acidente automobilístico na Marginal do Tiete.

                   O Campeonato Paulista de 1969 teve início dia 15 de fevereiro e na primeira partida do Corinthians, venceu a Portuguesa Santista por 2 a 0. Depois venceu o São Bento de Sorocaba por 4 a 0, o São Paulo por 4 a 2, o XV de Piracicaba por 5 a 0, enfim, o time estava embalado e era mais um ano em que o torcedor corintiano tinha muita esperança de que o famoso jejum de títulos fosse acabar, pois seu último título paulista havia sido em 1954.

                   E o time continuava vencendo. Passou pela Portuguesa de Desportos por 3 a 2, pelo Palmeiras por 2 a 0, pelo Santos também por 2 a 0 e por todos os adversários que enfrentou no primeiro turno. Dia 23 de abril começou o segundo turno e o Corinthians continuava irresistível, venceu a Portuguesa Santista por 3 a 1 em plena Vila Belmiro.

                  Chegava então o dia 27 de abril de 1969 e a tabela marcava para a segunda rodada, São Bento de Sorocaba versus Corinthians, lá na Manchester Paulista, no Estádio Umberto Reali. Era um domingo e neste dia o técnico corintiano Dino Sani, mandou a campo os seguintes jogadores; Lula, Lidu, Ditão, Luiz Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivelino; Paulo Borges, Tales, Bene (Servilio) e Eduardo. O primeiro tempo terminou empatado em 0 a 0. Logo a um minuto de jogo do segundo tempo, Bene abriu o placar, mas oito minutos depois, Carlinhos empatou e assim terminou o jogo, Corinthians 1×1 São Bento.

                  Terminado o jogo, a delegação corintiana retornou a capital paulista. Lidu e Eduardo que eram grandes amigos, resolveram ir jantar no restaurante Recreio Chácara Souza, em Santana, um local que já frequentavam algum tempo. Quando terminaram o jantar já era madrugada e os dois entraram no Fusca de cor castor que pertencia ao lateral Lidu para irem embora.

                   Quando entraram na Marginal do Tiete, que ainda estava em construção, e sem iluminação, Lidu que dirigia o carro, não viu que haviam guias jogadas no asfalto e, passando por cima delas, capotou o carro, dando várias cambalhotas e espatifou-se no chão, perto da ponte da Vila Maria, jogando Lidu e Eduardo fora do veículo, sofrendo ambos fratura de crânio, roubando do Corinthians dois titulares, que faleceram antes de dar entrada ao pronto-socorro de Santana.

                   Antes, porem, os corpos foram saqueados por pessoas sem alma e coração, objetos, como relógios, correntes e carteiras, foram levados. O presidente do Corinthians Wadi Helu e o diretor Elmo Franchini foram os primeiros a chegar ao pronto-socorro. Enquanto os familiares das vitimas eram avisados, os corpos mutilados foram levados para o necrotério do instituto médico legal.

                  Os primeiros jogadores a chegarem ao necrotério foram Paulo Borges e esposa, juntamente com Dino Sani. Depois vieram Rivelino e seu pai Nicola. Depois da missa de corpo presente as caixas funerárias foram cerradas e os carros seguiram viagem. O corpo de Eduardo seguiu para Guanabara, onde seria enterrado no cemitério do Caju. O corpo de Lidu foi  levado para Presidente Prudente, sua terra natal. Foi uma grande comoção naquela segunda-feira cinzenta e de muita garoa na capital paulista daquele dia 28 de abril de 1969. Como dizia Fiori Gigliotti, o céu estava carrancudo e caíam lágrimas.

                  Com a morte dos dois atletas, a diretoria do Corinthians foi à Federação Paulista de Futebol para inscrever outros dois para substituí-los. Mas, a Federação informou que para isto, seria necessário uma reunião com o Conselho Arbitral, para saber se eles aprovavam ou não, pois como o campeonato já estava no segundo turno e as inscrições para novos atletas havia se encerrado, a Federação nada podia fazer. Então foi marcada a tal reunião. Para que fosse aprovado o pedido do Corinthians, a votação teria que ser aprovada por unanimidade. Todos os presentes concordaram com a inclusão, menos um. Era o Sr. Delfino Facchina, presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras.

                  Com isto, o Corinthians terminou o campeonato com dois jogadores a menos. Aquela atitude do Palmeiras deixou o presidente corintiano Wadi Helu tão irritado, que disse; Esta é uma atitude de “Porco”. Na partida seguinte entre os dois clubes que ocorreu dia 11 de maio, a torcida do Corinthians soltou um suíno no gramado do Morumbi com a camisa do Palmeiras antes da partida começar. Enquanto o animal corria, a Fiel Torcida Corintiana começou a gritar “Poooorco, poooorco”.

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