FINAL DA COPA DE 1950

                    Tudo começou no dia 25 de julho de 1946, quando o Brasil candidatou-se a sediar a Copa do Mundo de 1950. Aliás, o Brasil foi o único país que candidatou-se, pois a Europa castigada pela guerra não apresentou nenhum candidato. Em 1950, o Brasil ainda possuía 50% da população totalmente analfabeta, no entanto, o amor pela seleção brasileira era de 100%. Para este mundial o nosso técnico Flávio Costa, convocou os seguintes jogadores: Goleiros: Barbosa e Castilho. – Zagueiros: Augusto, Juvenal, Nena, Bigode, Noronha e Nilton Santos. – Meias: Bauer, Danilo, Rui, Eli, Jair da Rosa Pinto e Zizinho. – Atacantes: Ademir de Menezes, Baltazar, Chico, Friaça, Alfredo, Manéca, Adãozinho e Rodrigues.

                   Dezesseis países se classificaram para este mundial, no entanto, três acabaram desistindo, Escócia, Turquia e também a Índia, que não veio pois a Fifa proibiu de jogarem descalços, sendo assim, participaram os seguintes países: Bolívia, Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, México, Iugoslávia, Paraguai, Suécia, Suíça e Uruguai.

                   O Brasil fez sua estreia dia 24 de junho goleando o México por 4×0. Quatro dias depois empatou com a Suíça em 2×2 no Pacaembu. Dia 1 de julho jogando no Maracanã, derrotou a Iuguslávia por 2×0. Com esta vitória o Brasil estava classificado para a próxima fase e seu adversário seria a Suécia. Com o Maracanã recebendo um grande público nossa seleção atropelou seu adversário, 7×1.

                   Dia 13 de julho e o Brasil mais uma vez deu um show de bola, ao vencer a Espanha por 6 a 1, aos gritos de “Olé” do público da arquibancada, que cantava em coro a marchinha carnavalesca “Touradas em Madri”. Depois dessa vitória, ninguém mais duvidava que a Taça Jules Rimet ficaria no Brasil, afinal, tínhamos o maior estádio do mundo, a melhor seleção do mundo, o artilheiro da Copa, o grande Ademir de Menezes com 9 gols, tudo isto nos dava a certeza que seríamos campeões.

                   Chegava finalmente o grande dia, 16 de julho de 1950, dia em que iríamos conhecer o campeão da quarta Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai. Mas antes de falarmos sobre o jogo propriamente dito, vamos relembrar alguns fatos que ocorreram naquele dia antes do juiz apitar o início da partida. O time foi obrigado a levantar bem cedo para assistir a uma longa missa, depois de muitos discursos de vitória, parecia que o jogo já havia terminado e que nós já éramos os campeões. Ao saírem da missa, os jogadores tiveram um grande assédio por parte da imprensa e torcedores. A seleção, então, não teve sossego e tranquilidade.

                   Jogadores receberam camisa, corte de terno, relógios e lustres, deram autógrafos como “campeão do mundo”. Assinaram bolas, faixas, fotos, todo tipo de coisa. Houve até uma promessa que quem fizesse o primeiro gol do Brasil contra o Uruguai iria ganhar uma televisão, uma novidade, na época. Os jogadores saíram da concentração para o Maracanã às onze e quarenta e cinco. Ao se aproximarem do estádio, o ônibus quebrou e os jogadores precisaram descer para empurrar. Chegaram ao estádio em torno de uma hora da tarde e o jogo começaria às 16:00hs.

                   Finalmente começou o jogo e o primeiro tempo terminou empatado em 0 a 0. Veio o segundo tempo e o gol saiu logo no primeiro minuto de jogo. O Maracanã enlouquece. Friaça, o autor do gol também. Naquele momento os jogadores brasileiros eram os deuses, mesmo porque o empate já dava o título ao Brasil. No entanto, a fibra dos uruguaios não deixou que o Brasil comemorasse por muito tempo, pois Schiaffino empatou a partida.

                    Quando faltavam nove minutos para o término da partida, um ataque uruguaio pela direita levou Gigghia até quase a linha de fundo, com Bigode cercando-o firmemente. Quando todos esperavam, como no primeiro gol, um cruzamento, Gigghia disparou um tiro a meia altura bem na direção do canto em que estava Barbosa, o goleiro do Brasil. A bola passou no pequeno espaço entre o poste esquerdo e o corpo de Barbosa. Silêncio sepucral no imenso estádio, eu diria até, um silêncio ensurdecedor.  Quando o árbitro inglês George Reader, apitou o final da partida, todos procuravam entender o que estava acontecendo. Os 200 mil torcedores ali presentes estavam inertes em seus lugares.

                     Dirigentes, jornalistas, jogadores e torcedores brasileiros choravam e se lamentavam. Era muito tarde para perceber que haviam menosprezado a seleção uruguaia.  E assim dessa maneira, o Uruguai liderado pelo temperamental Obdúlio Varela, sagrava-se bi-campeão do mundo. Por muitos e muitos anos, a decepção daquela derrota marcaria profundamente o torcedor brasileiro.

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