PAULISTÃO de 1949

                  Em 1949, o São Paulo F.C. conquistou o sexto título de sua história. E foi de uma forma espetacular, pois, das vinte e duas partidas que disputou, perdeu somente duas e sagrou-se campeão com uma rodada de antecedência. No ano anterior já havia conquistado o título paulista de uma forma espetacular, onde disputou 20 partidas e venceu 16, sendo várias delas com belíssimas goleadas, como aquela contra o Juventus por 8 a 0. E como não houve praticamente nenhuma mudança no elenco, o bicampeonato não foi tão difícil de conquistar, pois os jogadores estavam entrosados e foram passando feito um rolo compressor por cima dos adversários. Eram jogadores que já haviam brilhado na nossa seleção ou que ainda iriam brilhar, caso de Leônidas da Silva que inclusive foi o artilheiro da Copa de 38 na França com 8 gols e que ajudou nossa seleção a ficar em terceiro lugar na competição. Ele chegou ao Tricolor em 1942, depois de uma belíssima passagem pelo Flamengo.

                 Tinha também Mauro Ramos de Oliveira, que ainda era jovem, mas já demonstrava uma grande categoria, tanto é que participou do mundial de 58 na Suécia e no mundial de 62 no Chile chegou a ser o capitão da equipe. Tinha ainda um trio que encantou a todos; Rui, Bauer e Noronha, inclusive os três participaram da Copa de 50 aqui no Brasil, Bauer chegou a ser chamado de “o monstro do Maracanã”, devido as suas brilhantes participações com a camisa canarinho. E tinha ainda o ponta direita Friaça, que não foi por acaso que foi o artilheiro do campeonato com 24 gols. No ano seguinte ele viveria um momento impar em sua vida, pois na derrota para o Uruguai por 2 a 1, foi dele o único gol brasileiro. Tudo isto sem falarmos que o time era comandado por Vicente Feola, que também havia sido campeão paulista com o Tricolor no ano anterior. Feola que também iria entrar para a história do futebol brasileiro nove anos depois, quando comandou a nossa seleção na Copa de 58 na Suécia e conquistamos o nosso primeiro título mundial.

               O Campeonato Paulista de 1949, contou com 12 equipes assim relacionadas; (conforme a classificação final) São Paulo, Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Santos, Ypiranga, Corinthians, Portuguesa Santista, XV de Piracicaba, Jabaquara, Juventus, Nacional e Comercial da Capital. Naquele ano tivemos várias goleadas, como por exemplo; o Corinthians venceu o Nacional por 5 a 1 e o XV de Piracicaba também por 5 a 1. O Palmeiras venceu o Comercial por 5 a 2, o Santos venceu o Comercial por 8 a 2 e o Juventus por 8 a 0. A Portuguesa de Desportos venceu o Nacional por 5 a 0, a Portuguesa Santista por 4 a 1, o Santos por 5 a 3, o Nacional por 6 a 2, o Comercial por 5 a 1 e o Palmeiras por 4 a 1.

               O São Paulo aplicou várias goleadas, como por exemplo; Venceu o Comercial por 7 a 2, o Jabaquara por 4 a 1, o Palmeiras por 5 a 1, o Juventus por 8 a 2 e no Ypiranga por 5 a 1. Isto no primeiro turno, pois no segundo turno as goleadas continuaram. Venceu o Jabaquara por 4 a 0, o Ypiranga por 5 a 1, o Comercial por 4 a 0, o Palmeiras por 4 a 2, o Nacional por 5 a 0 e o Santos por 3 a 1. Tivemos também outras goleadas que merecem registro, como aquela do Ypiranga sobre o Comercial por 7 a 1, o Jabaquara sobre o Comercial 5 a 2, o XV de Piracicaba sobre a Portuguesa de Desportos por 4 a 1, o XV de Piracicaba sobre o Nacional por 10 a 1, a Portuguesa Santista sobre o Nacional por 4 a 0, e sobre o XV de Piracicaba também por 4 a 0, o Ypiranga sobre o Santos por 6 a 2, e o Jabaquara sobre o Nacional por 6 a 2. Tivemos também alguns resultados interessantes, como por exemplo os dois empates por 4 a 4, o primeiro foi entre Corinthians e Portuguesa de Desportos e o segundo entre Juventus e Portuguesa de Desportos. Realmente foi um campeonato com muitos gols.

               Pela primeira vez na história do Campeonato Paulista, um clube campeão da Segunda Divisão ascendia à elite do futebol paulista e disputava o campeonato. Era o XV de Piracicaba, que fazia sua estreia após ser o campeão na Séria A-2 do ano de 1948. E não fez feio, pois ficou em 8º lugar. E foi também pela primeira vez que o último colocado foi rebaixado para a Segunda Divisão. Foi o Comercial da Capital (e não aquele de Ribeirão Preto) que dos 22 jogos que disputou somou somente 10 pontos. Venceu somente 3 partidas, empatou 4 e perdeu 15. Marcou 29 gols e sofreu 63. Estava então institucionalizado o acesso e o descenso no futebol paulista e que se manteria até os dias de hoje, com um pequeno intervalo nos campeonatos de 1989 e 1990.

              Mais uma vez a competição foi disputada por pontos corridos e o Tricolor perdeu apenas 2 partidas em 22 disputadas, chegando a penúltima rodada precisando apenas de um empate diante do Santos no estádio do Pacaembu. As duas derrotas foram para o Santos no dia 14 de agosto e para o XV de Piracicaba na terceira rodada do segundo turno. Com a reestruturação feita no ano anterior e a entrada fulminante de Friaça na ponta-direita, o “Esquadrão de Aço” disputou em 1949 mais uma grande temporada (seria a última).

             O bi-paulista veio sem contestação, com 16 vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas, oito pontos perdidos a menos que o segundo colocado, o Palmeiras. O Título foi ganho por antecipação na penúltima rodada, com um tranqüilo 3 a 1 sobre o Santos. O grande jogo do campeonato, entretanto, tinha sido realizado quatro rodadas antes, contra o Palmeiras. A diferença entre os dois times na classificação era de apenas 2 pontos, O São Paulo, líder, em queda (havia perdido 3 pontos nos 3 jogos anteriores) e o Palmeiras, vice-líder, com esperanças renovadas. O São Paulo fez 3 a 0 logo de cara (o terceiro gol foi aos 18 minutos). O Palmeiras ainda diminuiu no fim do primeiro tempo, e na segunda etapa fez 3 a 2, mas o Tricolor reagiu e faltando 30 segundos para o término da partida  fechou o placar com 4 x 2.

            Os  gols do Tricolor foram anotados por Remo (2), Friaça e Ponce de Leon, enquanto que para o alviverde marcaram Bóvio e Canhotinho. Este jogo aconteceu dia 23 de outubro. Com esta vitória o campeonato estava praticamente liquidado, embora ainda faltassem cinco jogos para terminar a competição. Mas depois disso o São Paulo derrotou o Nacional por 5 a 0, empatou com a Portuguesa de Desportos em 1 a 1, venceu o Juventus por 1 a 0 e na penúltima rodada iria enfrentar o Santos, caso vencesse seria o campeão paulista daquele ano. No dia seguinte a vitória sobre o Palmeiras, O jornal “O Esporte”, em texto assinado por Jorge Rodrigues Mello, chamou a vitória de “triunfo consagrador”.

O JOGO DO TÍTULO

               Este jogo aconteceu dia 20 de novembro de 1949 e o palco mais uma vez foi o velho Pacaembu. O árbitro da partida foi Godfrey Sunderlan e para esta partida o técnico Vicente Feola mandou a campo os seguintes jogadores; Mário, Savério, Mauro Ramos de Oliveira, Rui e Noronha; Bauer e Remo; Friaça, Ponce de Leon, Leônidas da Silva e Teixeirinha. Do outro lado o técnico santista Osvaldo Brandão escalou a seguinte equipe; Chiquinho, Charreta, Dinho, Nenê e Alfredo; Pascoal e Odair; Alemãozinho, Juvenal, Antoninho e Pinhegas.

               Aos 25 minutos da primeira etapa o São Paulo abriu o marcador através do ponta esquerda Teixeirinha. Seis minutos depois Friaça aumentou o placar e assim terminou o primeiro tempo. Na etapa complementar, Friaça fez o terceiro gol aos 19 minutos e quando faltavam apenas um minuto para terminar o jogo, Alemãozinho fez o gol de honra do Santos. Final de jogo, São Paulo 3×1 Santos e o Tricolor conquistava dessa maneira o seu bicampeonato paulista. Na última rodada o São Paulo enfrentou o Corinthians, mas somente para cumprir tabela, pois o título já estava ganho. Este jogo foi no dia 11 de dezembro. O time tricolor foi o mesmo que derrotou o Santos, enquanto que o Corinthians jogou com; Bino, Newton e Belfare; Idário, Touguinha e Hélio; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Nelsinho e Noronha. Os gols do Tricolor foram marcados por Friaça (2) e Leônidas da Silva, enquanto que para o alvinegro de Parque São Jorge marcaram; Cláudio (2) e Luizinho.

SETENTA GOLS MARCADOS

               O Campeonato Paulista de 1949, teve 132 jogos e foram marcados 529 gols, uma média de 4,01 gols por jogo, sendo que 70 foram do São Paulo. Friaça, contratado naquele ano, foi o artilheiro do campeonato com 24 gols, sete a mais que o segundo colocado. Ele fez quase 30% dos gols de um ataque arrasador, com 70 gols em 22 jogos, média de 3.2 gols por jogo. Leônidas foi o segundo artilheiro, com 14 gols, seguido por Teixeirinha com 10, Ponce de León com 2, Afonso com 2, Bauer com 2 e Noronha com 1. Em diversas das 16 vitórias conquistadas no campeonato, o time passou verdadeiramente como um rolo compressor pelos adversários. A defesa do mesmo modo se portou magnificamente, sofrendo apenas 23 gols. No campeonato por pontos corridos, mais uma vez a regularidade premia o melhor. O São Paulo teve campanha muito regular, chegou ao seu antepenúltimo jogo com 8 pontos de vantagem sobre o vice-líder Palmeiras (36 a 28).

               Com a reestruturação feita no ano anterior e a entrada fulminante de Friaça na ponta direita, o Esquadrão de Aço disputou em 1949 mais uma grande temporada. O São Paulo só voltaria a ganhar outro título paulista em 1953 com apenas três titulares remanescentes: Mauro, Bauer e Teixeirinha. Em 1949, o São Paulo ganhou também o tira-teima entre os campeões do estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, ao vencer o Botafogo por 2 a 1, o Vasco da Gama que na época era a base da seleção brasileira por 2 a 1 e bateu também os visitantes Arsenal de Londres, que era o atual campeão inglês por 1 a 0 e o Malmeo, campeão suíço por 6 a 0. Realmente o ano de 1949 foi espetacular para o Tricolor Paulista. Enfim, a década de 40 realmente foi excelente ao São Paulo F.C., pois conquistou cinco títulos paulista e a partir daí, ninguém mais duvidou da sua grandeza fulgurante.

SÃO PAULO F.C. CAMPEÃO PAULISTA DE 1949   –   Em pé: Rui, Savério, Mauro, Mário, Bauer e Noronha      –    Agachados: Friaça, Ponce de Leon, Leônidas da Silva, Remo e Teixeirinha

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