FUTEBOL FEMININO NO BRASIL

                   Se a prática do futebol já era motivo de polêmica, maior ainda seria a do futebol feminino. Hoje o futebol feminino é visto com orgulho por parte dos brasileiros, pois nossa seleção feminina é considerada uma das melhores do mundo, tendo inclusive uma jogadora que já foi considerada a melhor do mundo por diversas vezes. Estamos falando da jogadora Marta, que chegou a defender o times do Santos, mas que teve seu grande sucesso jogando na Suécia.

                  Além de Marta, temos outras jogadores que fizeram com que o futebol feminino no Brasil passasse a ser visto com admiração e respeito por parte dos marmanjos, principalmente aqueles machistas que achavam que só eles podiam praticar essa modalidade esportiva. Jogadoras como Formiga, …..
Sobre o futebol feminino foi feito uma pesquisa, na qual acabou revelando alguns dados sobre qual seria a primeira partida de futebol feminino no Brasil. Nessa pesquisa, descobriu pistas de jogos entre mulheres entre 1908 e 1909. Mas o que entrou para a história foi um jogo entre homens e mulheres em 1913, num evento beneficente para construção de um hospital da Cruz Vermelha para crianças pobres, que foi inaugurado em 1917.

                  Atendendo ao discurso médico, que pregava que as pessoas praticassem esportes, os jornais divulgavam o evento anunciando que “as mulheres podem até jogar futebol”. Só que, nas edições dos dias seguintes, foi informado que a “Madame Lili” da escalação era, na realidade, um homem com vestido, peruca e maquiagem. Na verdade, o time “feminino” era formado por jogadores do Sport Club Americano, campeão paulista daquele ano, vestidos de mulher, misturados a “senhoritas da sociedade”.
Outro jogo de interesse histórico ocorreu em 1921, entre senhoritas dos bairros Tremembé e Cantareira, na zona norte de São Paulo. Essa partida foi noticiada pelo jornal A Gazeta (depois passou a chamar-se A Gazeta Esportiva) como uma atração “curiosa”, quando não “cômica”, em meio às festas juninas. Isso porque, naquele tempo, as mulheres tinham um papel secundário no esporte em geral e no futebol em particular. Em geral, limitavam-se à torcida e a concursos de madrinhas de clubes. Em campo, no máximo, davam o pontapé inicial ou disputavam tiros livres.

                Na realidade, apesar dos avanços, havia muita resistência de setores mais conservadores da sociedade contra o futebol feminino. Basta observar que até mesmo Coelho Neto, apesar de ser um grande defensor do futebol, escreveu o seguinte, na imprensa, em 1926: “Certamente ninguém exigirá da mulher que jogue o football ou o rugby, que esmurre antagonistas como o boxe, que arremesse barras de ferro, que se engalfinhe em luta romana. Há exercícios que lhe não são próprios e que lhe seriam prejudiciais, não só à beleza como à saúde e até a sujeitariam ao ridículo”.

                 Pior que isso: segundo Antônio Carlos Nogueira de Oliveira, a primeira partida de futebol feminino em São João da Boa Vista (SP) mereceu excomunhão da Igreja Católica, pelo Padre Antônio David. Isso em 1952.

                 Salvo engano, em 03 de novembro de 1940 ocorreu o que me parece ter sido a primeira arbitragem feminina no futebol brasileiro foi em Petrópolis. Naquele dia, o Serrano FC organizou um festival em que a partida principal foi um jogo de futebol feminino de duas equipes cariocas e a preliminar foi um jogo entre marmanjos do Serrano e do América.

                 Nessa preliminar, como o árbitro se indispôs com ambas as equipes (incrível, era um amistoso…), a jogadora Margarida Soares assumiu o apito e levou o jogo até o fim, sem novas reclamações (muitos anos depois, em vez de “a Margarida”, a arbitragem brasileira contou com “o Margarida”, Jorge José Emiliano dos Santos). Depois, ainda participou da partida principal, na qual ainda teve fôlego para entusiasmar a torcida com suas “formidáveis escapadas e correção nas fintas e arremates”, segundo a Tribuna de Petrópolis.

                  Nesse mesmo ano, antes do jogo, o Decreto-lei nº 3.199, de 14.04.1941, em seu art. 54, dispunha que “às mulheres não se permitirão a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Esse artigo foi regulamentado em 1965 pelo Conselho Nacional de Desportos, cuja Deliberação n° 7 dizia que: “não é permitida a prática feminina de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo, halterofilismo e baseball”. Essa proibição acabou revogada em 1979, pela Deliberação n° 10.

Deixe uma resposta