FUTEBOL PAULISTA NÃO É MAIS AQUELE

                          Cadê a Portuguesa? Cadê o Guarani? Cadê o Comercial de Ribeirão Preto? E o Juventus? E o Taubaté? E o América de São José do Rio Preto? E a Inter de Limeira? Epa! Não vi o nome de nenhum deles na tabela do Campeonato Paulista desse ano. Fui conferir novamente a tabela. Não estão no campeonato muitos dos times do meu imaginário dos tempos que o futebol era algo que nos apaixonávamos, era chamado de tempos românticos.

                          Lembro-me que para enfrentar o Juventus, time modesto, mas que crescia diante dos grandes, a gente ficava torcendo para que ele não justificasse mais uma vez o apelido “Moleque Travesso”, derrotando com frequência o Corinthians. Aliás, tudo quanto era time endurecia contra o Corinthians, inclusive o Santos. Aliás, acho que o próprio Pelé deve muito de sua carreira gloriosa ao Corinthians. Por exemplo: Certa vez em 1963, fui assistir a um Santos x Corinthians no Pacaembu. Nesse dia Pelé marcou quatro gols.  Novo jogo contra o Corinthians e o Pelé marcou mais dois gols. O Santos virou um verdadeiro tabu na era Pelé. Não conseguia vencer de jeito nenhum. Pelé podia estar nas piores fases, que contra o Corinthians voltava a ser gênio. O Corinthians o reanimava. Até eu chegou o dia 6 de março de 1968 e foi quebrado o tal tabu. A festa corintiana foi grande. Lá no Bar “Cu do Padre”, pois ele ficava atrás da igreja de Pinheiros, a festa não teve hora para acabar.

                          Então, continuo lembrando dos times daqueles tempos. Tinha a Portuguesa Santista, que costumava encarar o Santos e até vencer, em plena era Pelé (uma coisa que muitos não sabem: Neymar passou pela Portuguesa Santista). O Jabaquara, também de Santos, chamado Jabuca, foi ficando ruinzinho e caindo de divisão em divisão, até chegar à série D, que hoje se chama segunda divisão. Falando em Jabaquara, ele tinha o apelido de Leão do Macuco (referindo-se ao bairro de sua sede, em Santos). O Taubaté era chamado de Burro da Central. Naqueles tempos em que as cidades paulistas eram identificadas pela linha ferroviária que as serviam, Taubaté ficava no roteiro da Central do Brasil, daí o “da Central”. Burro porque no campeonato da segunda divisão de 1954, quando ele estava com um timaço, venceu o Comercial de Ribeirão Preto por 6 x 3, mas perdeu os pontos porque escalou, “burramente”, um jogador irregular. Mas mesmo assim foi campeão, passou para a primeira divisão e adotou o burro como mascote.

                          E já que citei o Comercial, há cidades que perderam clássicos de grande rivalidade, como é o caso de Ribeirão Preto, onde a cidade ficava toda ouriçada em dia de Come-Fogo, quer dizer, Comercial x Botafogo. Em Campinas, havia o “Derby”, Ponte Preta x Guarani. E quem não se lembra da Ferroviária de Araraquara nos anos 60, era um verdadeiro celeiro de craques. Quantos jogadores saíram da cidade morada do sol, para brilhar nos grandes centros esportivos, como por exemplo, Dudu, Nei, Galhardo, Faustino, Pio, Peixinho, Rosan, Téia, Bazani e tantos outros.

                         Vendo os times que disputam a série A, encontrei um tal de Red Bull Brasil. Cacete!, pensei. Isso é nome de empresa, não de time. Fui ver, é de Campinas. Mas quem torce para um time com um nome desses? Já o Audax-SP, que também não sabia nem de onde é, fui ver e soube que é de Osasco, surgiu como Pão de Açúcar e mudou de nome. Continua com nome de empresa, né? Pode ser bom, mas não me atrai. Porém, não são só esses times que me causaram estranheza. Água Santa, que diabo de nome de time é esse? Procurei saber e vi que é de Diadema, surgiu numa rua chamada Água Santa.

                         Procurei saber por onde andam outros times que disputaram pra valer o campeonato paulista e hoje nem ouço falar deles. E concluo lembrando que muitos times do interior que tiveram bons momentos agora estão lá pela série B ou C, quer dizer, pelos meus critérios, segunda ou terceira divisão. Fora o Guarani, que chegou a campeão brasileiro, há times que surpreenderam, como o Bragantino, a Internacional de Limeira, o São Caetano… E fora eles, o Rio Preto, o Velo Clube de Rio Claro, o São José (de São José dos Campos), a Esportiva de Guaratinguetá, o Paulista de Jundiaí, o Marília, o Santo André e outro que eu apreciava muito, o Noroeste de Bauru.

                         Enfim, são muitas dezenas de times de um campeonato que merece respeito, vencido 29 vezes pelo Corinthians, 22 pelo Palmeiras, 22 pelo Santos e 21 pelo São Paulo. Ah… Estou me prometendo há muito e ainda não fiz isso: hei de assistir a um jogo do Juventus, na rua Javari. Alguém me acompanha até à Mooca? Quem sabe num clássico da série B, contra a Portuguesa… Dois times que têm a minha simpatia.

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