A MAIOR VIRADA DO FUTEBOL PAULISTA

                           Em 1927 Guarani e Santos se preparavam para a disputa do Campeonato Paulista e um amistoso foi combinado entre eles para o dia 10 de abril, estreia do artilheiro Feitiço com a camisa do Santos Futebol Clube. Feitiço que foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1923, 1924 e 1925 pelo São Bento da Capital.

                           Nesse jogo o Guarani terminou o primeiro tempo perdendo de 5 a 1 mas no segundo tempo o Guarani de forma extraordinária acabou virando e vencendo a partida por 6 a 5 naquela que é a “Maior Virada do Futebol Paulista” e a “Segunda Maior do Brasil”, nesse jogo onde o estreante Feitiço do Santos quebrou a perna do zagueiro Joca do Guarani que voltava a jogar depois de uma fratura na mesma perna e que quase o inutilizou para o futebol. Para relembrar trazemos um resumo desse jogo, que passou a ser mais uma das inúmeras histórias do nosso futebol.

                           Magnifica, sob todos os aspectos, foi aquela tarde esportiva no campo da Vila Belmiro. Uma enorme concorrência, em que se destacavam lindo grupo de senhoritas da elite santista, compareceu ao local, afim de presenciar aquele jogo amistoso. Era uma tarde ensolarada na baixada santista, um dia convidativo para assistir uma partida de futebol. E foi com este pensamento que os torcedores do Peixe se dirigiram ao estádio Urbano Caldeira, que está localizado na vila mais famosa do mundo, a Vila Belmiro, na cidade de Santos. Outro motivo para o torcedor alvinegro prestigiar sua equipe, era que naquele dia fazia sua estreia com a camisa santista o atacante Feitiço, que já havia sido artilheiro por três vezes no Campeonato Paulista.

                           Pelo Santos ele foi o artilheiro do Paulistão em 1929, 1930 e 1931. Realmente era um craque de bola. Seu nome de batismo é Luiz Macedo, mas ganhou o famoso apelido de Feitiço devido a uma torcedora que quando o via jogar nos campos da várzea paulistana, sempre dia “O Luizinho quando joga parece que tem feitiço nos pés”. Pelo Santos Feitiço fez 151 jogos e marcou 214 gols.

                           Mas voltemos ao jogo que entrou para a história. Neste dia o Santos jogou com; Ballio, Bilú e David; Renato, Júlio e Hugo; Omar, Camarão, Feitiço, Araken Patuska e Siriri. Um ataque que punha respeito a qualquer adversário. Do outro lado o Guarani jogou com; Camisola, Orlando e Jóca; Barbarema, Rafael e Joaquim; Paulo, Roberto, Aristides, Nenê e Robertinho. O árbitro da partida foi Tedesco, jogador do Palestra Itália e o público foi de dez mil torcedores.

                            E finalmente começa o jogo. O atacante Araken Patuska estava num dia iluminado, pois marcou três gols num prazo de 27 minutos. Sendo o primeiro aos 7, o segundo aos 11 e o terceiro aos 27 minutos. Omar marcou o quarto aos 29 e Hugo aos 39. O Guarani chegou a marcar um gol na primeira etapa através de Paulo aos 19 minutos. Final do primeiro tempo, Santos 5×1 Guarani.

                            Depois do descanso regulamentar, veio o segundo tempo.  A torcida santista fazia a festa nas arquibancadas, primeiro pelo placar daquele jogo e segundo porque o time era muito bom, principalmente seu ataque, tanto é que naquele ano de 1927, em 29 jogos que disputou, marcou 172 gols. No entanto o campeão paulista daquele ano foi o Palestra Itália que também tinha um timaço.

                             Logo aos 9 minutos o Guarani marcou seu segundo gol através do seu meia direita  Roberto, aliás, foi um belíssimo gol. Dois minutos depois o mesmo Roberto marcou o terceiro gol bugrino. Foi o suficiente para os campineiros se entusiasmarem e acharem que dava para encarar o Peixe, mesmo lá dentro da Vila. E isso se confirmou aos 17 minutos, quando Paulo marcou o quarto gol. Não percamos a contagem. Nesse momento estava Santos 5×4 Guarani. Chegávamos aos 33 minutos de jogo e acontece uma falta a favor do Guarani. O meia Roberto chutava forte e não deu outra, bola no barbante santista. Tudo igual no marcador 5×5. Os jogadores santistas não estavam acreditando naquilo que estava acontecendo, e quanto a torcida santista nem preciso falar.

                            Quando faltavam 12 minutos para o término da partida, Robertinho, o ponta esquerda do time visitante, com um chute enviesado, marca pela sexta vez para o time bugrino.  Feitiço continua a jogar com brutalidade, pondo fora de campo dois elementos do Guarany. Depois de alguns minutos, o arbitro, que agiu com correção, apitava o final de jogo, com a Victoria do Guarany, por 6 a 5. Lembrando sempre que o Guarani jogou todo segundo tempo com apenas dez jogadores, pois o zagueiro Jóca fraturou a perna e como naquela época não era permitido fazer substituições, o jeito foi terminar o jogo com dez jogadores. Por tudo isso o jogo foi considerado a maior virada do futebol paulista. Por tudo isso, esse jogo passou a ser a Maior Virada de Placar do Futebol Paulista.

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