Dia 26 de abril comemora-se o “Dia do Goleiro”, a posição mais difícil e complicada do futebol. O velho ditado diz que onde o goleiro pisa nem grama nasce. O goleiro, por excelência, é um atleta diferente de todos, enquanto os outros jogam com os pés, ele é o único que pode utilizar as mãos. Os outros jogadores correm atrás da bola e dos adversários, ele permanece estático, guarnecendo o seu arco. Os demais buscam o gol, objetivo maior do futebol, ele, ao contrário, cuida de evitar, a todo o custo que o objetivo não seja alcançado. Dizem que no futebol a posição mais ingrata é a de goleiro. E ser goleiro significa ser um jogador de dois extremos. Uma sequência de defesas espetaculares pode fazer deste um herói, por outro lado se falhar cai em desgraça. Esta tão instável posição que já revelou no passado inúmeros talentos, tanto ou mais que nos dias de hoje.
Assim como o Dia da Sogra, quase ninguém se lembra de comemorar o Dia do Goleiro. Portanto, nada mais justo do que prestar essa homenagem ao jogador que na maioria das vezes (a não ser quando é o goleiro do nosso time), impede o grito de gol das torcidas mundo afora. Aquele que se impõe como o próprio contra-senso do futebol, capaz das defesas mais improváveis aos frangos mais humilhantes. Chamado também de arqueiro, guarda-metas ou guarda-redes, herói ou vilão, é personagem singular no campo de jogo. Se antigamente ser goleiro era para quem não sabia jogar na linha, atualmente fala-se em vocação para atuar “debaixo dos paus”, na linguagem dos boleiros.
Há casos de goleiros que não saem da nossa memória. Como não se lembrar dos italianos Dino Zoff e Buffon. Do russo Yashin, do alemão Seep Mayer, do uruguaio Mazurkiewicz, do inglês Banks e de tantos outros por esse mundo a fora. As lembranças de Taffarel pegando pênaltis em 94 e 98 comprovam que já há algum tempo, o Brasil, outrora criticado por não revelar bons goleiros, mudou essa imagem. Basta verificar a quantidade e a qualidade de goleiros brasileiros atuando em campos estrangeiros. Não é de hoje que o Brasil vem produzindo magníficos goleiros: Castilho, Gilmar, Manga, Leão, Oberdan, Felix, Raul, Taffarel, Marcos, Rogério Ceni, Dida, Valdir, Waldir Perez… Desde Barbosa, nosso goleiro em 1950, até os dias de hoje, o Brasil evoluiu muito na posição, podendo ser considerado hoje um celeiro destes jogadores.
A escolha de uma posição em uma equipe de futebol significa assumir responsabilidades. Quando alguém assume a função de goleiro, inúmeras dificuldades devem ser superadas, tais como: os diversos e exaustivos treinamentos, a incompreensão do torcedor diante de uma falha, a necessidade de autodisciplina, o controle emocional e a solidão. Esse integrante, de fundamental importância em uma equipe de futebol, treina diária e intensamente e deve estar preparado para entender às críticas da torcida, bem como ser rigoroso consigo mesmo, disciplinado em suas ações e atitudes dentro e fora do campo, devendo controlar suas emoções utilizando-as adequadamente, a fim de maximizar o nível de seu desempenho.
Num passado não muito distante, o goleiro tinha em seu favor as balizas de madeira em forma retangular, as quinas ajudavam quando a bola chocava-se na baliza e na maioria das vezes não entrava ao gol. Extraídas as quinas, as novas balizas roliças, ao contrário das antigas, conspiram contra os goleiros. As bolas que eram de couro marrom e mais pesadas foram trocadas por uma de cor branca, mais leve e revestida por uma substância impermeável.
Ser goleiro é ser herói e vilão. Ser goleiro não é tarefa fácil. Em campo, é o jogador que parece andar na contramão das emoções proporcionadas pela partida. Enquanto todos querem ver as redes balançando, ele precisa fazer de tudo para que isso não aconteça. No esporte aonde a alegria é fazer o gol, para o goleiro é estragar a alegria de quem busca o gol. Ser goleiro está muito além de apenas ficar debaixo das traves, dando seu sangue, levando bolada na cara, e salvando o time; Ser goleiro é ser herói, é saber levar gols e não se deprimir com isso, pelo contrario, tentar melhorar cada vez mais, e saber admitir que errou em vez de ficar se lamentando e dizendo que são perseguidos por todos e que a culpa é sempre sua.
Ser goleiro é saber abaixar a cabeça para seus erros, é jogar um jogo coletivo de forma quase individual e depois de uma grande defesa, ainda que não lhe agradeçam, é saber que ele é tão importante quanto o atacante. Enfim, ser goleiro é ser o coração do time, mesmo num jogo onde o principal objetivo você deve evitar. E como já diz o velho ditado, em um jogo de futebol, existe um goleiro e 10 coadjuvantes. No futebol é o atacante na frente, zagueiro atrás, goleiro e Deus no gol.