ROGÉRIO: bicampeão carioca pelo Botafogo em 1967 e 1968

                  Rogério Hetmanek nasceu dia 2 de agosto de 1948, na cidade do Rio de Janeiro-RJ. Jogou no Botafogo e Flamengo do Rio de Janeiro e no Santos F.C. Foi convocado para a Copa de 70, mas uma lesão muscular, às vésperas da competição, implicou em seu corte do selecionado e foi aí que para completar o grupo, Zagallo chamou o goleiro Leão, a pedido do goleiro Felix, que achava bom ter três goleiros numa competição tão importante como aquela. Rogério estava tão integrado ao grupo de jogadores brasileiros naquela Copa que acabou remanejado para a função de olheiro dos adversários. Desde aquela época mostrava-se comunicativo e pormenorizava detalhes observados. Começou sua carreira no Botafogo em 1966, quando o Fogão formou um ataque sensacional; Rogério, Gerson, Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo César Caju e encerrou no Flamengo em 1974. Depois que encerrou sua brilhante carreira, viro Pastor. É um homem dotado de muita inteligência e sabedoria, qualidades essas adquiridas na Igreja Messiânica, da qual ele é o presidente.

BOTAFOGO

                  Sua estréia no time da estrela solitária, aconteceu dia 1 de novembro de 1966, quando Botafogo e Atlético Mineiro empataram em 0 a 0 num jogo amistoso realizado no Estádio do Mineirão. Neste dia o Botafogo jogou com; Manga, Joel, Zé Carlos, Dimas (Paulistinha) e Rildo; Leônidas (Nei Conceição) e Gerson; Zélio (Rogério), Sicupira, Humberto e Helinho. Seu primeiro gol pelo time de General Severiano, assim como o último, foram contra o Bangu, nas vitórias de 2 a 1 e 5 a 0 respectivamente.

                 Rogério fez parte de uma das mais respeitáveis linhas de frente do Botafogo do Rio no biênio 1967/68, culminando com a conquista do bicampeonato estadual. Desse quinteto, só Rogério não integrou o grupo de jogadores tricampeões mundiais pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, no México. Recuperado da contusão que o tirou da Copa, voltou ao Botafogo e a torcida regozijou-se com o seu futebol hábil e veloz. O arranque era impressionante. Com passadas largas chegava facilmente ao fundo do campo ou fechava em diagonal rumo ao gol adversário. O estilo era semelhante ao de Renato Gaúcho, que fez sucesso no Grêmio e principais clubes cariocas.
O apelido de Rogério Ventilador foi decorrente dos movimentos com o braço quando driblava. Propositalmente ou não, muitas vezes mantinha seus marcadores distantes.

                Dos tempos de Botafogo, Rogério guarda um histórico de glórias e poucas derrotas. Uma das marcantes foi para o Flamengo no dia 31 de maio de 1969, por 2 a 1, no eternizado “jogo do urubu”. Na década de 60, torcedores flamenguistas eram chamados de urubus pelos rivais. Motivo: a maioria era afrodescendente e pobre. Assim, um grupo de rubro-negros levou a ave escondida para o Estádio do Maracanã e, ao soltá-la, ela debandou para o setor dos torcedores botafoguenses, naquele confronto em 1969. Pronto. A partir daí o Flamengo adotou o símbolo do urubu.

               Entre os principais títulos que Rogério conquisou como jogador estão os de campeão da Taça Brasil de 1968 e o bicampeonato Carioca e da Taça Guanabara, em 1967 e 1968, todos estes pelo Botafogo, onde disputou 197 partidas e marcou 27 gols. Na década de 60, o Botafogo formou dois ataques que marcaram época, ou seja, Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo e anos depois com Rogério, Gerson, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo César Caju. Foram duas épocas marcantes no Botafogo. O time sempre esteve presente nas Copas do Mundo, com os jogadores se destacando muito. Entre 1958 e 1962, havia uma Base muito boa do Botafogo e em 70 também, além da Comissão Técnica, oferecendo bastante à Seleção Brasileira. O último jogo de Rogério com a camisa do Fogão, aconteceu dia 27 de maio de 1976, quando perdeu para o Americano por 2 a 1, num jogo amistoso realizado no Estádio Godofredo Cruz.

SANTOS F.C.

               No início de 1971, Rogério foi emprestado ao Santos, numa troca com o lateral direito Carlos Alberto Torres, para disputar o Campeonato Paulista. Na época o Santos tinha o seguinte time; Cejas, Lima, Ramos Delgado, Marçal e Turcão; Clodoaldo e Nenê; Rogério, Ferreti, Pelé e Edu. Foi este o time que empatou com o Corinthians em 3 a 3 dia 20 de junho de 1971 pelo Campeonato Paulista. Marcaram para o Peixe, Rogério, Pelé e Ferreti. Para o alvinegro de Parque São Jorge marcaram Mirandinha (2) e Marçal contra. Vale lembrar que o Santos vencia o jogo por três a zero.

               Quem levou Rogério para o Santos foi o ex-técnico Antoninho, que fez um grande esforço para que isso acontecesse, pois sempre gostou do seu futebol. Com a equipe santista Rogério fez várias excursões à Europa, teve a honra de jogar ao lado de Pelé, que naquele ano anunciou que não mais jogaria pela Seleção Brasileira, o que provocou uma grande campanha para que isso não acontecesse, mas foi tudo em vão, pois o Rei já estava decidido. Infelizmente Rogério ficou no alvinegro praiano por quatro meses somente, depois foi jogar no Flamengo.

FLAMENGO

               Sua estréia com a camisa do Mengão aconteceu dia 7 de agosto de 1971, quando o Flamengo foi derrotado pelo Sport do Recife por 1 a 0. Mas ainda neste ano sagrou-se campeão da Taça Presidente Médici. Junto com Rogério, foram também vários que estavam no Botafogo, ou seja, o técnico Zagallo, os jogadores Moreira, Roberto Miranda e Paulo Cesar Caju e o preparador físico Admildo Chirol. Nessa época começavam também na equipe principal Zico, Junior e Doval, com isto, o Flamengo sagrou-se campeão carioca em 1972 num jogo contra o Fluminense. O ataque do Mengão neste dia foi; Rogério, Liminha, Doval, Caio Cambalhota e Paulo Cesar Caju. Ainda neste ano, o Flamengo conquistou a Taça Guanabara, o Torneio Internacional de Verão, o Torneio do Povo e a Taça Sesquicentenário da Independência do Brasil. A última partida com a camisa do Flamengo foi dia 12 de dezembro de 1973, na vitória sobre o Olaria por 2 a 1.

               Disputou 117 partidas e marcou 9 gols. Em 1974, retornou ao Botafogo. Aí já pegou a fase do Paulo Amaral, que retornava. Estava entrando em forma novamente e achou que não dava mais pra continuar insistindo, sua cabeça estava a frente do seu corpo, não acompanhava o que queria fazer, sentindo que seria forçar demais sua natureza, resolveu não insistir e entrar em outras área que já tinha desejo, o que foi uma decisão acertada. E assim dessa maneira, resolveu encerrar sua carreira de jogador de futebol, partindo para os estudos e fazer coisas que sempre teve vontade.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Quando parou de jogar futebol, Rogério sentia a necessidade de entrar pra faculdade, estudar Direito e posteriormente entrar para o campo da Filosofia, fazendo Pós-Graduação, se formando como Mestre de Filosofia na PUC de São Paulo. E tudo isto se realizou, pois sempre foi uma pessoa que gostou de estudar. Hoje ele está a frente da Fundação Mokiti Okada, desenvolvendo todo o tipo de atividade educacional e artística, além de todas as formas de manifestação relacionadas à saúde, meio ambiente e comida natural sem agrotóxicos. A Fundação é bem ampla, pegando parta da atividade humana, com uma filosofia própria, respeitando a verdade da lei da natureza, algo muito interessante e até inédito, pois não está apenas teorizando, mas pragmatizando.

               Iniciou também o curso de Teologia na Faculdade Messiânica, a qual está revivendo o Festival da Record, com os 40 anos de fundação da Mokiti Okada, criaram o Festival da Canção Arte da Natureza, colocando mais de 300 canções sobre este tema, com artistas consagrados, que estão participando, com uma premiação também bem interessante, intercalando com o show do Jair Rodrigues com os seus filhos, o Jairzinho e a Luciana Mello, homenageando o Jair por ser o grande vencedor do Festival.

               Diferentemente dos companheiros que preferem prosseguir no futebol em outras funções, Rogério cursou direito e foi advogar. Depois enfrentou o duro golpe da perda do filho com cinco dias de vida. Claro que a cabeça entrou em parafuso, e ele só se reencontrou após ingresso na Igreja Messiânica, cuja doutrina é vida mais espiritualista. E de simples membro atingiu o posto de pastor, identificado como reverendo Rogério Hetmanek. Ele ensina, nos sermões, o conceito de Meishu-Same, que “quando alguém morre e tem muito apego a este mundo, se reencarna mais cedo. Mas isso não traz bons resultados, porque no mundo espiritual a purificação é mais rigorosa e, quanto mais tempo o espírito lá permanecer, mais será purificado”. Pois é, as pessoas mudam. Se há 37 anos Rogério repetia nos microfones a obrigatória introdução “ouvintes, meus cumprimentos”, hoje, como palestrante em universidade e currículo de quem publicou o livro O Patriarca, seu vocabulário faz inveja aos mais cultos dos boleiros.

Em pé: Ubirajara Alcântara, Aloísio, Fred, Reys, Liminha e Paulo Henrique     –    Agachados: Rogério, Samarone, Eduardo, Zico e Rodrigues Neto
Em pé: Moreira, Ubirajara, Nei Conceição, Moisés, Leônidas e Valtencir      –    Agachados: Rogério, Paulo César Caju, Ferreti, Nilson Dias e Torino
Em pé: Moreira, Ramos Delgado, Cejas, Marçal e Rildo     –     Agachados: Pelé, Clodoaldo e Nenê     –    Sentados: Rogério, Ferreti e Edu

Em pé: Moreira, Cao, Zé Carlos, Leônidas, Valtencir e Carlos Roberto    –    Agachados: Rogério, Gerson, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo César Caju
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