MAJOR JOSÉ LEVY SOBRINHO: dá o seu nome ao Estádio do Limeirão

                   A família LEVY chegou ao Ibicaba, junto com outros imigrantes, no ano de 1857. Era composta de Jacob Levy, natural de Bollendorf, Alemanha, nascido em 1806, sua esposa Bardette Heuman Levy nascida 1809 e cinco filhos, Antônio, Mathias, Maria, Simão e José. Jacob Levy foi colono no Ibicaba até 1871, quando saiu com um saldo de 982$133. Antônio e Mathias  radicaram-se em Pirassununga, Maria casou-se e foi para Campinas. Simão e José trabalharam com os pais no Ibicaba e depois estabeleceram-se na  cidade. Numa publicação de 1884 encontramos o armazém de José Levy & Simão, com selaria e açougue anexos. Simão Levy casou-se com Ana Levy em 1884 e tiveram sete filhos: José Levy Sobrinho (1886), João Carlos Baptista (1890), Martinho (1892), Jacob Emílio (1895), Medina Lydia (1899) e Alberto Simão (1901).

                José Levy casou-se em 1874 com Amália Roland e foram pais de sete filhos: Jacob Levy Neto, Lydia, Maria, Albertina, Humberto, Flamínio e Antônio José. Era comerciante, coronel da guarda Nacional e presidente do diretório do partido Republicano Paulista. José e Simão Levy, associados a Flamínio Ferreira de Camargo em 1889, arremataram em leilão a Fazenda Ibicaba, por 300:000$000. No ano seguinte passou a ser propriedade exclusiva dos Levy.

JOSÉ LEVY SOBRINHO

                Nasceu em Limeira no dia 17 de dezembro de 1884, na residência dos Levy, no quarteirão em frente á atual Escola Estadual Brasil. Filho mais velho de Simão e Ana Levy.  Juntamente com sua família, passam a residir na sede da fazenda Itapema. Fez seus estudos em Petrópolis e em Poços de Caldas, seguindo para a Alemanha onde completou curso de comércio. Regressando para Limeira, assumiu a gerência da Casa Bancária Levy & Irmão.

                Começou na política aos 21 anos como vereador. Foi presidente da Câmara, Vice-prefeito de 1910 e 1913. Nessa gestão trouxe até Limeira a água do Cascalho, que abasteceu a cidade durante 40 anos. Foi presidente do Diretório Municipal do partido Republicano Paulista, Juiz de Paz e suplente de Delegado.

                Casou-se em 1912 com Ana Carolina de Barros (filha do Capitão Manoel de Toledo Barros e bisneta do Barão de Campinas) e tiveram os filhos Manoel Simão e Levy José de Barros Levy. Durante 40 anos residiu e dirigiu a sua propriedade, a Fazenda Itapema. Pioneiro da citricultura paulista, em 1908 mandou vir de fora dois exemplares da laranja Bahia Cabula e foi com as borbulhas dessas plantas que ele constituiu um pomar 17.000 árvores na sua famosa chácara Bahiana. Foram desse pomar as primeiras laranjas exportadas para a Europa em 1926, por iniciativa de seu irmão João Carlos Baptista Levy associado a João Dierberger Júnior. Contribuindo para o fomento da sericicultura, plantou campos de amoreira na Fazenda Itapema, onde teve uma grande criação de bicho-da-seda.

               No auge do ciclo do café, tornaram-se grandes exportadores, através do porto de Santos. Com a crise mundial de 1929, o Major Levy substituiu a lavoura do café pela do algodão. Foi sócio de uma das primeiras fábricas de enxadas, em Jundiaí; explorou uma jazida de mica, em Paraibuna; era sócio da fábrica de Phosphoros Radium, da fábrica e pregos e da serraria de J. Levy & Irmãos; montou em Limeira uma fiação de seda; e teve a Fioseda, indústria de torção de fios, em Cordeirópolis.

              Na revolução de 1932 foi chefe do M.M.D.C. e organizador do Batalhão Limeirense. A convite de Pedro de Toledo foi nomeado presidente da comissão de Produção Agrícola do Estado. Novamente Prefeito Municipal, de maio  de 1938 a abril de 1939, deixou o cargo para assumir como Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio no governo Interventor Adhemar de Barros até maio de 1941. Nessas funções, além de estabelecer bases mais seguras de proteção à laranja e de mandar equipar a Casa da Laranja de Limeira com uma instalação piloto para produção de suco concentrado, incentivou o plantio de milho híbrido e apoiou o programa de abertura de paços artesianos como meio de abastecimento público de água. Também forneceu meias para que o I.P.T montasse uma usina de chumbo em Apiaí.

              Na década de 40 passa para o ciclo da cana-de-açúcar e, consequentemente, a produzir    aguardente. Nos anos 50, iniciou o armazenamento de uma reserva para envelhecimento natural em tonéis de madeira, lançando, assim, um produto especial, denominado Canita. Essa reserva permanece conservada em seus tonéis originais.

             Nas suas múltiplas atividades, o major Levy foi presidente do tiro de Guerra, Provedor da Santa Casa, Provedor da Confraria da Boa Morte, Governador Distrital do Rotary Club, vice-presidente do Partido Republicano Paulista, mentor e benemérito de várias entidades, entre elas o Aero Clube de Limeira, a A.A. Internacional e a Rádio Educadora.

                   Desde muito jovem líder indiscutível, desfrutando de um grande círculo de amigos e seguidores, era chamado de “Major”, ficando assim conhecido como o Major Levy título que lhe foi dado por “sua gente”. Foi um limeirense dedicado à sua terra, comerciante, industrial, pioneiro da citricultura e sericultura, chefe político, homem público de destaque, de nobres atos e real participação na vida da nossa cidade. Faleceu na Fazenda Itapema a 22 de janeiro de 1957.

LIMEIRÃO

                 No final de 1920, início de 1921, a família Levy, que adquirira a propriedade do terreno onde a Inter tinha o seu campo desde o tempo do “Barroquinha”, terreno este que era em declive, resolveu fazer a terraplenagem do mesmo, mandando vir de sua fazenda, dezenas de empregados que com suas carroças e burros, nivelaram o campo que ficou em condições de ser gramado, de se construir os vestiários, as arquibancadas e outros melhoramentos, concluídos ao longo do tempo. Neste campo a Inter ficou 212 jogos sem perder.

               No início da década de 60, o então prefeito Dr. Jurandir Paixão de Campos Freire, depositou nas mãos do presidente da Inter um cheque no valor de quinhentos mil cruzeiros, com o qual o clube adquiriu madeira para a construção da arquibancada do Estádio de Vila Levy, elevando com isto a sua capacidade em 3 mil lugares. Em 1962 a Inter construiu seu estádio e no dia 15 de Setembro daquele ano inaugurou a iluminação do Estádio Levy. A equipe convidada para esta festa foi a Portuguesa de Desportos.

              A Internacional conquistou, em 1966, o direito de disputar a Primeira Divisão de Profissionais, competição que antecedia a Divisão Especial. A partir de então, começou o drama do presidente Benecdito Iaquinta por não ter campo dentro dos padrões exigidos pela Federação Paulista de Futebol. Em 1967, vendo que o estádio não oferecia mais condições para o profissionalismo, Major José Levy Sobrinho doou uma área de 42 mil metros quadrados na antiga chácara Baiana, para que nela fosse edificado um estádio.

             Em sua homenagem, o estádio passou a ter o seu nome, mas ficou conhecido popularmente como Limeirão. A inauguração aconteceu em 30 de Janeiro de 1977, pelo então prefeito Dr. Palmyro Paulo Veronese D´Andréa num jogo contra a equipe do Corinthians, onde a Inter perdeu por 3 a 2. Foi neste jogo também que o Limeirão recebeu seu maior público – 44 mil pessoas estiveram acompanhando esta partida. À época de sua inauguração, foi o segundo maior estádio paulista, atrás somente do Morumbi, na capital. Com a construção de outros estádios maiores em Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, entre outros, o estádio perdeu sua condição de maior do interior.

             A iluminação do Estádio Major José Levy Sobrinho, o Limeirão, aconteceu dia 21 de fevereiro de 1979 e o time escolhido para abrilhantar essa solenidade foi o Atlético Mineiro, que venceu a partida pelo placar de 1 a 0, gol de Paulo Isidoro. A instalação de modernos refletores e outras benfeitorias ocorreram na gestão do prefeito Waldemar Mattos Silveira.

ESTÁDIO MAJOR JOSÉ LEVY SOBRINHO
ESTÁDIO MAJOR JOSÉ LEVY SOBRINHO
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