CORINTHIANS 3×3 SÃO PAULO – Dia 24 de Maio de 1942

JOGO DE MAIOR PÚBLICO NO PACAEMBU  –  71.280 pessoas

                   Majestoso é, no futebol paulista, o confronto entre São Paulo Futebol Clube e Sport Club Corinthians Paulista. Esse apelido foi dado pelo jornalista Thomaz Mazzoni, do jornal A Gazeta Esportiva. Atualmente é o clássico que reúne o maior número de torcedores no estado de São Paulo, de acordo com as últimas estatísticas. Nesse grande clássico nunca faltou lances polêmicos, grandes jogadas, lindos gols e brigas, muitas brigas.

                  Ao longo dos anos, São Paulo e Corinthians já proporcionaram grandes espetáculos, varias decisões de títulos e jogos marcantes que o torcedor jamais esquecerá. E um desses jogos aconteceu dia 24 de maio de 1942. Era um jogo que não decidia nada, era apenas mais uma rodada do Campeonato Paulista daquele ano.

                    No entanto, foi um jogo muito aguardado e que fez com que milhares de torcedores fossem ao Estádio Municipal do Pacaembu, que havia sido inaugurado dois anos antes, para assistirem aquele espetáculo. Tudo isso porque naquela tarde de domingo, fazia estreia com a camisa Tricolor, o craque Leônidas da Silva.

                     Já sabendo do grande público que iria comparecer ao estádio naquela tarde, comerciantes não perderam tempo e se prepararam muito bem para atender os consumidores . O jogo, disputado no estádio do Pacaembu, acabou empatado em 3 x 3. O público presente foi de 71.280 pessoas, recorde do estádio do Pacaembu, que jamais será superado, mesmo com o tobogã, construído onde existia a lendária “Concha Acústica”.

                    O árbitro da partida foi Jorge de Lima, o Joreca, que viria a ser o técnico do SPFC em 1943, ano em que o Tricolor conquistou um título paulista depois de muitos anos na fila. Horas antes do jogo começar, o estádio já estava completamente lotado. O motivo de tanta gente para assistir este jogo, era a estreia de Leônidas da Silva, a sensação do momento e que o São Paulo contratou junto ao Flamengo do Rio de Janeiro para ajudar a equipe a conquistar um título que há anos o clube tanto almejava.

                    Para esta  partida o técnico Conrado Ross, do São Paulo F.C., mandou a campo os seguintes jogadores; Doutor, Fiorotti e Virgílio; Zaclis, Lola e Silva; Luizinho, Waldemar de Brito, Leônidas da Silva, Teixeirinha e Pardal.

                   Do outro lado, o técnico Rato, escalou a seguinte equipe; Joel, Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão e Dino; Jerônimo, Milani, Servilio, Eduardinho e Hércules.

                   Vale lembrar que neste dia também fazia sua estreia com a camisa corintiana, o ponta esquerda Hércules, que havia sido contratado junto ao Fluminense do Rio de Janeiro.

                   O jogo terminou empatado em 3 a 3. Os gols do Corinthians foram marcados por Jerônimo aos 21 minutos do 1º tempo; e Servílio aos 3 e 43 minutos do 2º tempo. Para o São Paulo marcaram Lola aos 35 minutos do 1º tempo; Luizinho aos 16 e Teixeirinha aos 36 minutos do 2º tempo.

                  Foi um jogo de seis gols e que o torcedor que compareceu ao Pacaembu naquela tarde de domingo saiu satisfeito pelo futebol apresentado pelas duas equipes.

                 Leônidas não teria jogado tão bem aquela partida. Em verdade até participou de jogadas de gols, mas a imprensa e os adversários zombaram do craque com uma piada de que o marcador do craque no jogo, Brandão, teria sido preso pela polícia por ter saído de campo com um diamante no bolso. Isso porque o apelido de Leônidas era “Diamante Negro”. E lá na França, Leônidas era chamado de “Homem Borracha” por ter sido ele o inventor da Bicicleta no futebol.

                   Leônidas revelou posteriormente que, tão enervado que ficou, prometeu nunca mais jogar “mal” contra o Corinthians, e assim fez. Foram 10 vitórias contra cinco derrotas e 11 gols marcados em 19 jogos contra o alvinegro de Parque São Jorge.

                    Leônidas da Silva foi realmente um jogador extraordinário. Artilheiro da Copa de 1938 com 8 gols. Foi contratado pelo São Paulo junto ao Flamengo, em 1942, na transação mais cara da história do futebol sul-americano até então, no valor de 200 contos de rei. Por causa de sua idade e tempo sem jogar, os rivais falavam que, na verdade, o Tricolor tinha comprado um bonde por 200 contos.

                   Leônidas foi anunciado como contratado pelo São Paulo em 1 de abril de 1942. Dia da mentira. Claro que muita gente não acreditou, achando que o fato era brincadeira. Mas na realidade, poucos dias depois, 10 de abril, o craque foi recebido na Estação do Norte (Roosevelt), no Brás, por uma multidão de 10 mil pessoas que o conduziu nos ombros até a sede do clube, na R. Dom José de Barros, no centro.

                   Até mesmo um ditado popular surgiu por causa dessa passeata: Uma senhora idosa, alheia aos acontecimentos, teria questionado com surpresa: “Que acontece? Por que todo esse movimento? Mas será o Benedito”?! (São Benedito).

                   O craque estava há mais de um ano sem disputar partida oficial, e a estreia no Tricolor ainda tardou um pouco. Leônidas passou por um árduo período de regime e treinamento condicionado. A tão esperada estreia se deu em 24 de maio de 1942, em um empate em 3 x 3 contra o Corinthians, que resultou em recorde de público do estádio do Pacaembu até hoje (71.280 pagantes). Recorde este que jamais será quebrado com a diminuição da capacidade de torcedores no estádio.

CORINTHIANS DE 1942  –  Em pé: Agostinho, Chico Preto, Joel, Jango, Brandão e Dino     –    Agachados: Jerônimo, Servilio, Milani, Eduardinho e Hércules
SÃO PAULO F.C. 1942  –  Em pe: Fiorotto, Luizinho, Virgílio, Lola, Silva e Zaclis    –    Agachados: Doutor, Waldemar de Brito, Leônidas da Silva, Teixeirinha e Pardal

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