José Benedito Tobias nasceu dia 13 de maio de 1949, na cidade de Agudo – SP. Tobias foi um dos heróis do famoso duelo entre Fluminense e Corinthians, válido pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976. O duelo da chamada “Invasão Corintiana“ ao estádio do Maracanã ocorreu no dia 5 de dezembro de 1976 e consagrou o goleiro corintiano na disputa de pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo regulamentar. Tobias pegou dois pênaltis e o Corinthians se classificou para a final daquele nacional. No dia 13 de outubro de 1977, pouco mais de dez meses depois do duelo no Maracanã, Tobias era um dos titulares da equipe que venceu a Associação Atlética Ponte Preta na final do Campeonato Paulista daquele ano, conquista que pôs fim ao jejum de títulos corintianos nesta competição. Permaneceu na equipe de Parque São Jorge até 1980 e encerrou sua carreira em 1986, quando defendia o Bangu do Rio de Janeiro.
INÍCIO DE CARREIRA
Tobias começou jogando no Noroeste de Bauru no início da década de 60, com 14 anos de idade, depois foi defender o Guarani de Campinas, onde ficou por seis anos. Chegou ao Brinco de Ouro para substituir o goleiro Dimas que estava para encerrar a carreira. Foi uma época muito boa de sua carreira, pois o Bugre Campineiro montou um bom time naquela época, que era assim formado; Tobias, Wilson, Amaral, Moacir e Bezerra; Flamarion e Alfredo; Barnabé, Lola, Washington e Mingo. O técnico era José Duarte. Este foi o time que empatou com o Corinthians em 1 a 1 no dia 25 de julho de 1973 pelo Campeonato Paulista. O gol corintiano foi marcado por Vaguinho, enquanto que Luiz Carlos marcou contra para o Guarani.
CORINTHIANS
Tobias chegou ao Parque São Jorge em 1975 e sua estréia com a camisa corintiana, aconteceu dia 9 de novembro, quando enfrentou o Vasco da Gama pelo Campeonato Brasileiro. O jogo terminou com a vitória corintiana por 1 a 0, gol de Cláudio Marques cobrando falta. O jogo foi no Maracanã, o árbitro foi Maurílio José Santiago e neste dia o técnico Milton Buzetto mandou a campo os seguintes jogadores; Tobias, Zé Maria, Ademir, Cláudio Marques e Wladimir; Tião e Helinho; Vaguinho, Ruço, Geraldão (César) e Piau. Depois desse jogo, o Corinthians só voltou a vencer o Vasco em Campeonato Brasileiro, em 1991, mais precisamente no dia 2 de março, com um gol do lateral direito Giba.
INVASÃO CORINTIANA
No ano seguinte que chegou ao Corinthians, Tobias viveu um momento que marcou sua carreira e tudo isto aconteceu no dia 5 de dezembro de 1976, quando o Corinthians enfrentou o Fluminense pela semi-final do Campeonato Brasileiro. O jogo foi no Maracanã em um domingo, às 17:00h. debaixo de muita chuva. Das quase 147 mil pessoas presentes no estádio, calcula-se que cerca de 75 mil eram torcedores corintianos que se deslocaram de São Paulo em direção a capital fluminense, por ônibus, trem, avião ou automóvel particular.
Este dia não sai da memória de Tobias, pois ele entrou para a história do futebol mundial como o dia em que uma legião de fanáticos, ou melhor, de Fiéis, invadiu o Rio de Janeiro em nome de uma paixão por um clube, o S. C. Corinthians Paulista. Já se passaram quase 40 anos, mas até hoje a data é lembrada por torcedores e jornalistas como o dia da “Invasão Corintiana”, quando mais de 75 mil corintianos foram ao Rio para torcer pelo Timão contra o Fluminense, na semifinal do Campeonato Brasileiro, naquele que foi o maior deslocamento popular por causa de um evento esportivo em todos os tempos.
Na época, o Corinthians amargava um jejum de títulos que já chegava aos 22 anos, mas inexplicavelmente sua torcida só crescera nesse tempo. Empolgados com a campanha alvinegra no Campeonato Brasileiro daquele ano, os torcedores corintianos esgotaram os ingressos disponíveis para a torcida do Timão, organizaram uma enorme caravana e dividiram o Maracanã com a torcida do Fluminense para assistir à partida, que foi disputada em grande parte sob uma chuva torrencial, deixando o jogo ainda mais dramático.
Aos 19 minutos, o Fluminense chegou ao gol. Após um rápido contra-ataque, Gil cruzou à meia altura na área corintiana. Carlos Alberto Pintinho se antecipou à marcação de Zé Eduardo e desviou a bola, que entrou no canto direito de Tobias. De tanto insistir, o Corinthians chegou ao gol. Aos 29 minutos, em novo escanteio cobrado por Vaguinho, Neca ganhou disputa de cabeça com Rodrigues Neto. A bola sobrou a meia altura na pequena área e Ruço marcou, de meia-bicicleta, no canto esquerdo do goleiro Renato.
Durante o intervalo de jogo, a chuva se intensificou, mas o árbitro após consultar os jogadores, resolveu que a partida continuaria. O empate persistiu e a decisão foi para os pênaltis. Foi então que surgiu o gigante Tobias no gol alvinegro. O arqueiro corintiano defendeu as cobranças de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres. Somente Doval marcou para a equipe carioca. Por outro lado, Neca, Ruço, Moisés e Zé Maria marcaram para o Corinthians, não havendo necessidade da quinta cobrança. Corinthians 4 a 1 e festa corintiana nas arquibancadas do Maracanã.
Neste dia o Corinthians jogou com; Tobias, Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Ruço, Givanildo (Basílio) e Neca; Vaguinho, Geraldão (Lance) e Romeu. Técnico foi o Duque. O jornal “O Estado de São Paulo” estampou na manhã da Segunda-Feira subsequente a épica vitória do clube paulista – “CORINTIANOS SÓ TRABALHAM NA TERÇA”, em letras garrafais na capa do jornal com a defesa de Tobias, que garantia o Corinthians na Final do brasileiro de 1976.
CAMPEÃO PAULISTA DE 1977
Era o dia 13 de outubro de 1977 e o estádio do Morumbi recebeu um público de quase 90 mil pessoas. Em campo, Corinthians e Ponte Preta. Só seria campeão aquele time que chegasse primeiro aos quatro pontos, ou seja, a que vencesse a partida. Se houvesse empate a partida iria para a prorrogação. Se persistisse o empate seria campeão o time que tivesse mais vitórias durante a competição, que no caso seria o Corinthians com 26 vitórias contra as 23 da Ponte. Neste dia o Corinthians jogou com; Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. O técnico era Osvaldo Brandão, o mesmo que havia conquistado o último título corintiano, em 1954. Já o técnico José Duarte, da Ponte Preta, mandou a campo; Carlos, Jair, Oscar, Polozzi e Angelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rey e Tuta (Parraga).
Aos 36 minutos do segundo tempo, Zé Maria do Corinthians apareceu livre pela direita e tentou cruzar, mas o lateral da Ponte, Angelo, cortou com a mão. Dulcídio apitou falta e o próprio Zé Maria ficou para a cobrança. No chute, Zé Maria levantou para dentro da área, onde Basílio desviou de leve; a bola sobrou para Vaguinho que, de pé esquerdo, chutou a bola no travessão; seguindo a jogada, a bola voltou para Wladimir, que vindo de frente, cabeceou para o zageiro Oscar tirar também de cabeça; na sobra, a bola ficou com Basílio que arrematou de pé direito, á meia altura, no lado esquerdo do goleiro Carlos, onde a bola encontrou as redes.
Era o gol do título, da queda do jejum de conquistas de 22 anos, 8 meses e 7 dias de sofrimento. Mais de 22 anos de bolas chutadas na trave, nas mãos dos goleiros, bolas perdidas pela linha de fundo. Mas naquela noite de 13 de Outubro de 1977, o pé angelical de Basílio apareceu na grande área. Incontáveis chutes se perderam pelas noites de 22 anos. Mas aquele chute de Basílio não foi perdido. A bola passou por Polozzi e bateu na rede da Ponte. Basílio foi para a galera. A torcida foi para o céu. Um gol sofrido. Chorado. Suado. Raçudo. Lindo. Corinthians Campeão!!!.
A última partida de Tobias com a camisa corintiana aconteceu dia 28 de maio de 1978, quando o alvinegro jogou e perdeu para o América do Rio de Janeiro por 1 a 0, gol do zagueiro Alex. Neste dia o técnico Armando Renganeschi do Corinthians mandou a campo os seguintes jogadores; Tobias, Cláudio Mineiro, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço e Adãozinho; Palhinha, Geraldão, Rui Rey e Romeu. Ao todo Tobias atuou pelo clube paulista em 125 partidas (68 vitórias, 28 empates e 29 derrotas) e sofreu 95 gols. Nesse período sagrou-se campeão paulista em 1977. Depois que deixou o Corinthians, Tobias teve ainda passagens por Sport Recife e Fluminense, em 1981, e no Bangu, de 81 a 86, quando encerrou a carreira.
FORA DAS QUATRO LINHAS
Mesmo hoje, após décadas de sua saída do Corinthians, Tobias é lembrado e querido por todos graças aos seus feitos dentro de campo e por sua eterna simpatia e carinho com que atende cada um dos torcedores. Hoje trabalha na secretaria no Ibirapuera. Tem a seleção brasileira de masters com setenta jogadores que jogam no Brasil todo e na Europa. Tem Jairzinho, Bebeto, Cláudio Adão, Marco Antonio, Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Dudu e essa turma toda. Tem também uma ONG em São Paulo onde faz um trabalho com o Zé Maria, Dudu e Geraldão com moradores de rua e adolescente que usam drogas dando condições para eles morarem. Tobias, enquanto jogou pelo Corinthians sofreu 95 gols e mesmo não sendo espetacular, era um goleiro ágil e por conta dessa sua agilidade tinha o apelido de “Gatão”.
Tobias faleceu em 13 de julho de 2024 aos 75 anos, a causa da morte do ex-goleiro não foi divulgada.