Jackson Nascimento nasceu dia 24 de agosto de 1924, na cidade de Paranaguá (PR) o mesmo ano da fundação do Atlético Paranaense, que sempre apresentou em suas fileiras grandes duplas de ataque. Como não lembrar de Sicupira e Nílson Borges nos anos 70, ou ainda de Assis e Washington nos anos 80, ou mesmo de Oséas e Paulo Rink mais recentemente?
Na verdade, essa forja de “homens gol” surgiu bem antes, em 1949, quando Jackson e Cireno foram determinantes na conquista do título estadual e no surgimento do cognome de “Furacão”, adotado carinhosamente na história do clube.
Criado na cidade de Antonina (PR), Jackson debutou no futebol como centro médio da Associação Atlética 29 de Maio. Em seguida, rumou com sua família até Curitiba para estudar no Internato do Liceu Rio Branco, época em que também jogou pelo Glória Esporte Clube.
Aníbal Borges Carneiro, Diretor do Internato do Liceu Rio Branco, também era conselheiro do Clube Atlético Paranaense e amigo pessoal do pai de Jackson. Foi Aníbal que encaminhou o garoto Jackson para os quadros amadores Atlético Paranaense.
Todavia, Jackson ficou doente e voltou para Antonina. Recuperado, defendeu o Clube Atlético Antoninense, onde seu pai, José Tomaz Nascimento, era presidente e também um dos sócios fundadores.
Permaneceu no Atlético Antoninense até o início do ano de 1942, quando retornou para o Atlético Paranaense, passando pelo juvenil e pelo quadro de Aspirantes. Na época, o Atlético Paranaense era formado basicamente por estudantes da elite curitibana, que dividiam o tempo entre os estudos e o futebol.
Habilidoso e bom chutador, Jackson atuava como meia direita e com o passar do tempo foi deslocado para o lado esquerdo do gramado. Seu primeiro contrato profissional com o Atlético foi assinado no início de 1944, o que lhe rendeu pouco mais de 400 cruzeiros por mês.
Campeão Paranaense de 1945, Jackson não tardou para vestir a jaqueta verde do selecionado estadual, mesmo diante da opinião contrária de alguns críticos, que acharam prematura sua inclusão. Mas Jackson se deu bem e continuou no selecionado estadual. Enquanto isso, o Coritiba e o Ferroviário retomaram o domínio regional.
Em 1949, ao lado do companheiro Cireno, Jackson formou uma das melhores duplas ofensivas da história do clube. Naquele ano, nem Coritiba nem Ferroviário foram páreo para brecar o “Furacão” Rubro Negro.
As primeiras propostas para Jackson deixar os gramados do Paraná chegaram do futebol carioca. Flamengo, Botafogo e Fluminense tentaram o seu concurso, mas não lograram êxito.
Paralelamente, além do São Paulo, o Corinthians mostrou interesse e avançou no negócio graças ao goleiro Bino, amigo pessoal de Jackson, que tratou de estabelecer o primeiro convite formal do alvinegro paulista.
Entretanto, essa primeira investida não apresentou progressos entre os dirigentes dos dois clubes. Algum tempo depois, o negócio foi retomado e Jackson concordou em jogar no futebol paulista.
Conforme artigo publicado pelo Jornal Mundo Esportivo de 21 de julho de 1950, os acertos finais com o time do Parque São Jorge foram feitos no final do primeiro semestre de 1950, através do representante alvinegro na cidade de Curitiba, o senhor Ragazi Filho.
Os valores da transferência junto ao Atlético Paranaense foram fixados em 200 mil cruzeiros, além do acerto individual com o jogador envolvendo outras verbas de praxe. Quando os motores do avião Douglas DC4 aumentou o ronco para iniciar os procedimentos de pouso no aeroporto de Congonhas, o coração do rapaz recém formado em Direito bateu acelerado.
Aparentemente, não existia motivo para tamanha inquietação. Jackson já conhecia São Paulo e conhecia vários jogadores do Corinthians, mas não sabia o que esperar de uma torcida apaixonada, distante de um título estadual por quase dez anos.
O goleiro Bino estava no aeroporto e depois de um forte abraço, os amigos tomaram o caminho da Zona Leste da capital paulista. No Parque São Jorge, Jackson foi recebido pelo presidente Alfredo Ignácio Trindade e pelos diretores Manoel dos Santos e João Tortosa.
Ovacionado pela Fiel Torcida como uma grande esperança, Jackson fez jus ao empenho financeiro do clube com a conquista do título estadual de 1951. Mas Jackson, apesar do bom rendimento em várias partidas, não reeditou seus melhores dias.
Sentindo dificuldades em sua adaptação, Jackson amargou o banco de reservas quando o ex-juventino Carbone conquistou um lugar definitivo como titular na meia cancha.
A linha de ataque titular formada por Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário chegou aos 103 gols no paulistão daquela temporada, com Carbone artilheiro do campeonato com 30 gols marcados.
Jackson também participou da excursão do alvinegro em 1952, enfrentando equipes da Turquia, Dinamarca, Suécia e Finlândia, inaugurando inclusive o estádio olímpico de Helsinque. Após uma viagem exaustiva de três dias, o cansado Corinthians fez sua primeira partida em gramados da Turquia e foi derrotado pelo Besiktas por 1×0. Depois, foram 12 vitórias e 3 empates.
Outro bom momento de Jackson no Corinthians aconteceu na disputa da segunda edição da Copa Rio de 1952, quando o alvinegro chegou aos compromissos finais do torneio. O Fluminense venceu o primeiro confronto no dia 30 de julho, pelo placar de 2×0. Com o empate em 2×2 na segunda partida, disputada no dia 2 de agosto, os cariocas ficaram com o título.
2 de agosto de 1952 – Segunda partida das finais da Copa Rio de 1952 – Local: Estádio do Maracanã – Árbitro: Gabriel Tordjaman (França) – Gols: Didi aos 10′ do primeiro tempo; Jackson aos 56′ , Marinho aos 64′ e Souzinha aos 89′ do segundo tempo.
Fluminense: Castilho, Píndaro e Pinheiro (Nestor); Jair, Édson e Bigode; Telê (Róbson), Didi, Marinho, Orlando Pingo de Ouro e Quincas. Técnico: Zezé Moreira. Corinthians: Gylmar; Homero e Olavo; Idário (Sula), Goiano e Julião; Cláudio, Luizinho (Souzinha), Carbone, Jackson e Colombo. Técnico: Rato.
Integrante do elenco bicampeão paulista em 1952, o contrato de Jackson terminou nos últimos meses de 1952. Então, o meio campista paranaense decidiu voltar para Curitiba.
Os diretores do Corinthians ainda tentaram uma renovação contratual, mas Jackson recusou, dividido entre uma promissora carreira na procuradoria federal ou sua volta ao mesmo Atlético Paranaense.
O coração falou mais alto e Jackson reencontrou os caminhos do “Furacão”. Em 1953 foi artilheiro do Campeonato Paranaense com 21 gols marcados.
Encerrou sua carreira como jogador em 1954. É o segundo maior artilheiro da história do Atlético Paranaense com 140 gols marcados, atrás apenas de Sicupira com 157.
Se no Rubro-Negro Jackson deixou sua marca ao marcar 140 gols, no Corinthians disputou 57 jogos e balançou as redes adversárias 35 vezes. Obteve no Timão 34 vitórias, empatou 10 jogos e perdeu 13 duelos.
Fora dos gramados, Jackson fez parte da comissão técnica atleticana em 1958, quando, ao lado de Caju e Pedro S. Guimarães, desenvolveu um bom trabalho e conquistou o título estadual naquela temporada. Trabalhou também como Diretor de Futebol e Diretor de Patrimônio.