Renato Portaluppi nasceu dia 9 de setembro de 1963, na cidade de Guaporé – RS. Habilidoso, atrevido e polêmico. Renato Portaluppi sempre foi conhecido por seus dribles fantásticos, tanto quanto por seu temperamento forte. Para os gremistas, no entanto, ele sempre será lembrado como o herói do Campeonato Mundial, quando foi responsável pelos dois gols na vitória sobre o Hamburgo, e acabou eleito o melhor jogador da partida. Renato começou sua carreira no Clube Esportivo de Bento Gonçalves, onde morou durante toda sua infância e juventude. Mais tarde, foi contratado pelo Grêmio, clube que o projetou para o Brasil e para o mundo, após as conquistas da Taça Libertadores da América e do Mundial Interclubes, em 1983. Na decisão do Mundial Interclubes, em Tóquio, Renato fez os dois gols da vitória do Grêmio por 2 a 1 sobre o Hamburgo, da Alemanha.
GRÊMIO
Quando o jovem Renato Portaluppi chegou a Porto Alegre em meados de 1980, para treinar entre os juniores da equipe do Grêmio, não sabia dimensionar o que aquela drástica mudança acarretaria em sua vida. Inicialmente assustado, cogitou até mesmo retornar para sua pacata cidade natal, Guaporé, mas preferiu encarar o desafio de permanecer na capital gaúcha, onde daria o passo inicial para uma brilhante e conturbada carreira como jogador de futebol. O acesso ao profissionalismo ocorreu somente em 1982, mas Renato acabou passando boa parte da temporada no banco de reservas da equipe, por escolha do técnico Ênio Andrade, que acabaria saindo do clube antes do fim daquele ano. Já o ano de 1983 pode ser considerado o ano da consagração de Renato. No meio da temporada, o título da Libertadores, ao derrotar o Peñarol, do Uruguai. Com a conquista, o Grêmio carimbou seu passaporte para disputar, em Tóquio, a decisão do Mundial Interclubes, onde a sua carreira deslanchou definitivamente.
O adversário do Grêmio na decisão do Mundial Interclubes chegava àquela decisão muito bem qualificado. Na decisão da Liga dos Campeões da Europa daquele ano, o Hamburgo conseguiu despachar a Juventus, da Itália, que contava com jogadores como Zoff, Paolo Rossi e Michel Platini. A esperança gremista estava depositada no recém-contratado Mário Sérgio e no zagueiro uruguaio De León, mas o técnico Valdir Espinosa sabia que o jovem ponta-direita do Tricolor gaúcho não decepcionaria seus companheiros em um jogo de tamanha importância. E Renato realmente não decepcionou nenhum gremista.
Aos 33 minutos do primeiro tempo, o jovem de Guaporé marcou o primeiro gol para a equipe brasileira. O jogo seguiu com alguns lances de perigo e dava a impressão de que terminaria com o placar inalterado, até que, aos 41 minutos da segunda etapa, o zagueiro Schroeder empatou a partida, levando-a para a prorrogação. E foi no tempo extra que novamente Renato mostrou sua estrela. Aos três minutos do primeiro tempo Caio fez um passe em profundidade para ele, que avançou pelo meio, deu um corte pela esquerda em Shroeder e chutou forte e rasteiro para vencer o goleiro Stein e dar números finais ao jogo.
SELEÇÃO BRASILEIRA
As boas atuações e o bicampeonato estadual pelo Grêmio em 1985 e 1986 fizeram com que as convocações de Renato Gaúcho para a seleção brasileira fossem inevitáveis. Em toda sua carreira, o polêmico jogador vestiu por 42 vezes a camisa do Brasil, seja em amistosos ou jogos oficiais. Contudo, o período em que Renato mais ficou em evidência ocorreu às vésperas da Copa do Mundo de 1986. O técnico da seleção para o Mundial era novamente Telê Santana, conhecido pela rigidez e controle sobre seus jogadores.
Durante a preparação os atletas permaneciam num forte regime de concentração, com raras folgas. Em uma delas, ficou determinado que todos deveriam retornar até certo horário. No entanto, Renato Gaúcho e o lateral-direito Leandro não cumpriram a determinação de Telê e retornaram com várias horas de atraso. Além da falha, pesou o fato de ambos serem reincidentes e a comissão técnica decidiu cortá-los a fim de evitar que outros jogadores se sentissem no direito de cometer o mesmo erro. Dias antes do ocorrido, Telê chegou a afirmar que Leandro era “o melhor jogador do mundo em sua posição”, o que leva a crer que sua decisão não foi fácil.
Renato Gaúcho revoltou-se e chegou a afirmar que “outros jogadores fizeram o mesmo, mas pularam o muro da concentração. O Leandro e eu ao menos entramos pela porta da frente e assumimos nosso erro”. A partir da decisão tomada, Renato Gaúcho criou uma grande mágoa em relação a Telê Santana. No ano seguinte, em 1987, o jogador pôde ir à forra. Jogando pelo Flamengo, na semi-final da Copa União daquele ano, desclassificou o Atlético-MG, treinado por Telê, e fez um gol de placa. No final do jogo, ainda comentou que “deu vontade de comemorar jogando minha camisa na cara dele”.
Em 1989, após uma passagem conturbada pela Roma, da Itália, Renato voltou ao Flamengo, dirigido desta vez por Telê Santana. Os dois não se falavam. No ano seguinte, em uma partida contra o Corinthians, o treinador o substitui. O jogador, ao chegar no vestiário, grita para todos os lados: “Ou ele ou eu”. Telê foi demitido e o Flamengo foi campeão da Copa do Brasil naquele ano. Em 1995, finalmente a reconciliação. Renato atuava pelo Fluminense e Telê comandava o São Paulo, onde pôde espantar sua fama de pé-frio. Antes de um jogo entre as duas equipes o jogador se dirigiu ao treinador e o cumprimentou, selando a paz entre ambos depois de quase dez anos de atritos.
O FAMOSO GOL DE BARRIGA
O Fluminense amargava um jejum de dez anos sem títulos estaduais em 1995. Nesse período perdeu duas finais e, quando chegou à terceira, o favorito à conquista era o Flamengo, de Romário e Sávio. De maneira surpreendente, o Flu abriu logo 2 a 0 no primeiro tempo da decisão, com gols do próprio Renato e Leonardo. Aparentemente o título já estava garantido. Contudo, o Mengo iniciou uma reação e conseguiu empatar a partida aos 32 minutos da segunda etapa. O medo tomou conta da torcida tricolor enquanto a massa flamenguista não parava de empurrar sua equipe. Até que a três minutos do apito final Aílton recebeu a bola na linha de fundo, cortou para um lado, repetiu o drible e chutou para o meio da área, numa mistura de chute e cruzamento. Renato estava posicionado no lugar certo e, meio sem jeito, colocou a barriga na bola, empurrando-a para o fundo do gol. Era a glória e o Fluzão tornava-se campeão novamente.
FIM DE CARREIRA
Acostumado a badalações e a chamar a atenção do público em geral e da imprensa em todos os clubes por onde passou, Renato Gaúcho teve um final de carreira contraditório: discreto, sem maiores estardalhaços e num modesto clube. Na verdade, Renato aposentou-se duas vezes. A primeira, em 1998, quando ainda jogava pelo Flamengo. Em meio a várias contusões e a uma promessa de tornar-se diretor-técnico do clube, foi prolongando sua permanência no rubro-negro, até que decidiu parar de vez com o futebol e a rotina de treinos e concentrações.
Quando ninguém mais esperava ver Renato Gaúcho em campo como profissional, eis que logo no início de 1999 a diretoria do Bangu anuncia que contratou o jogador. Tratava-se de uma jogada de marketing: o clube havia conquistado os títulos carioca de 1933 e 1966 e, de acordo com os números, 33 anos depois a conquista se repetiria. Mal realizou algumas partidas, Renato contundiu-se e, decepcionado e cansado da rotina de jogador profissional, aposentou-se oficialmente aos 36 anos, depois de passar por oito clubes e ganhar praticamente todos os títulos que um jogador pode obter. Após encerrar sua carreira como jogador, tornou-se treinador.
Passou por Madureira, Fluminense e Vasco da Gama, antes de voltar ao Fluminense. Nesse clube conseguiu chegar à final da Taça Libertadores da América, em 2008, e foi campeão da Copa do Brasil, em 2007. Em agosto de 2008, já desgastado com a torcida e diretoria após fraco desempenho no campeonato brasileiro, foi demitido. No mês seguinte Renato foi contratado pelo Vasco da Gama, retornando ao clube que treinou entre os anos de 2005 e 2007, porém, o Vasco foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro sob o seu comando. Como jogador sempre foi polêmico, mas por onde passou conquistou títulos, por isso, ainda hoje ele é muito querido pelo torcedor brasileiro.