Adhemar Bianchini de Carvalho nasceu no município de Cordeiro (RJ), em 28 de setembro de 1940. Em 1965, o América do México queria contar com o talento de Bianchini do Bangu. No entanto, uma reviravolta na negociação fez com que Bianchini fosse para o Botafogo, enquanto o promissor Arlindo assinava sua transferência para o futebol mexicano. Dessa forma, os torcedores do Botafogo não sabiam ao certo se bravejavam pela saída de Arlindo ou comemoravam pela contratação de Bianchini.
O certo é que o Bangu não queria vender Bianchini ao Botafogo, mas ficou de olho no peixe e esqueceu o gato! Estudante de Contabilidade e trabalhando como padeiro, o jovem Bianchini inicialmente ganhou fama nas fileiras do Cordeiro Futebol Clube (RJ).
Encaminhado em 1960 ao Bangu Atlético Clube (RJ), Bianchini recebeu suas primeiras oportunidades no time principal durante o certame carioca de 1960, ocasião em que o elenco considerado titular disputava o Torneio de Nova York. Em 1961, Bianchini participou de uma longa excursão internacional, quando inclusive marcou 2 gols na derrota para o Barcelona por 4×3.
A cansativa excursão pela Europa e América do Norte durou 111 dias e rendeu aos cofres do Bangu a quantia de 13 milhões de cruzeiros. Lapidado por treinadores renomados como Gradim, Yustrich e Zizinho, Bianchini esperou por outra chance até 1963, quando foi aproveitado por Elba de Pádua Lima (Tim).
E naquela temporada de 1963, o Bangu esbanjou categoria em boa parte do Campeonato Carioca. Os rapazes de Moça Bonita jogavam um futebol de encher os olhos e eram fortes candidatos ao título.
Inexplicavelmente, o time caiu de produção nas últimas rodadas do segundo turno e o título foi para o espaço. A derrocada começou com um inesperado empate diante do América, partida realizada em 1 de dezembro, no Maracanã.
O Bangu vencia o América por 2×0 com gols de Bianchini, mas Fernando Cônsul também marcou 2 vezes e o duelo terminou empatado. Depois, pressionado na tabela, o Bangu enfrentou o Fluminense no dia 8 de dezembro.
Em prélio muito disputado, o quadro das Laranjeiras vencia por 2×1 e o time de “Moça Bonita” pressionava em busca do gol de empate. Até o lance em que Zózimo cometeu penalidade ao cortar um cruzamento com a mão.
Com 3×1 no marcador e faltando pouco para terminar o jogo, o Bangu perdeu o fôlego e o Fluminense tocou a bola para fazer o relógio andar:
8 de dezembro de 1963 – Campeonato carioca – Bangu 1×3 Fluminense – Estádio do Maracanã – Árbitro: Armando Marques – Gols: Bianchini aos 21’, Evaldo aos 30’ e Oldair aos 40’ e 81’.
Bangu: Ubirajara; Élcio, Mário Tito, Zózimo e Newton; Romeu e Roberto Pinto; Paulo Borges, Bianchini, Parada e Alencar. Fluminense: Castilho; Carlos Alberto Torres, Procópio, Dari e Altair; Oldair e Joaquinzinho; Edinho, Evaldo, Manuel e Escurinho.
Terminado o campeonato, o Flamengo ficou com o caneco de 1963. Restou para Bianchini a artilharia da competição, com 18 gols marcados. Baixada a poeira de 1963, o título no Torneio Início do Campeonato Carioca de 1964 manteve a agremiação de “Moça Bonita” em evidência.
Mas a busca pelo tão sonhado título carioca esbarrou novamente no caminho do Fluminense, que no dia 20 de dezembro de 1964 venceu o confronto decisivo pelo mesmo placar de 3×1 e ficou com a taça. Foi a última participação de Bianchini com a camisa do Bangu. Ao todo foram 152 jogos disputados com 77 vitórias, 38 empates, 37 derrotas e 81 gols marcados.
Depois do aborrecimento por mais um campeonato perdido, o presidente do Bangu Euzébio Gonçalves de Andrade e Silva entrou em 1965 rebatendo outra investida do Botafogo sobre Bianchini. Para Euzébio Gonçalves de Andrade e Silva, vender Bianchini ao Botafogo era algo impensável. Foi quando apareceu o interesse do América do México, que topou pagar 55 mil dólares pelos direitos do atacante alvirrubro.
O negócio com o América do México até que caminhava bem, mas o empresário Cacildo Oses trabalhou pelos interesses do Botafogo ao colocar o promissor Arlindo dos Santos Cruz na mira dos mexicanos.
Com a contratação de Arlindo pelo América do México, o astuto empresário movimentou novamente os bastidores. Assim Bianchini finalmente foi apresentado em General Severiano. Bianchini acertou com o Botafogo para receber 10 milhões de luvas e 200 mil cruzeiros por mês, além de uma gratificação de 3 milhões oferecidas pelo mesmo empresário.
Pelo time da “Estrela Solitária”, Bianchini faturou o Torneio Rio-São Paulo de 1966, além de ser lembrado no escrete canarinho em 1965. Foram apenas 3 partidas com 2 vitórias e 1 empate. Transferido para o Club de Regatas Vasco da Gama em 1966, Bianchini continuou em São Januário até ser emprestado ao Clube Atlético Mineiro em 1967.
Seu último time no cenário carioca foi o Clube de Regatas do Flamengo. Foram apenas 16 jogos; com 5 vitórias, 5 empates, 6 derrotas e 5 gols marcados. Bianchini jogou também pelo Sport Club do Recife (PE), Red Star (França) e Puebla (México), até encerrar a carreira em 1971, no São José Esporte Clube (SP).
Longe dos gramados, Bianchini trabalhou como comerciante em Cordeiro (RJ). A fama conquistada no futebol o ajudou posteriormente na carreira política, quando foi eleito vereador em sua cidade natal. Adhemar Bianchini de Carvalho faleceu no município de Nova Friburgo (RJ), em 27 de outubro de 2005.