CARECA: brlhou no Guarani, São Paulo e Nápoli da Itália

                  Antonio de Oliveira Filho, nasceu dia 5 de outubro de 1960 na cidade de Araraquara (SP).  Pelo nome poucos o conhecem, mas pelo apelido “Careca”, o mundo inteiro o conhece. Careca foi um dos maiores centroavantes brasileiros de todos os tempos.  O pequeno Antonio só recebeu a alcunha que o distinguiria dos demais jogadores por causa da adoração pelo palhaço Carequinha, ídolo das crianças nas décadas de 60 e 70. Para a sorte do futebol, a bola encantou-o mais do que o circo, e lá foi o aspirante a craque participar da peneira do Guarani. Aprovado, passou a integrar o quadro dos juvenis do clube.

                  Seus gols nas categorias de base chamaram atenção do técnico do profissional, Carlos Alberto Silva, que buscava uma solução para o ataque bugrino na véspera da estréia do Campeonato Brasileiro de 1978.  E assim, foi entregue a camisa número 9 a um garoto de 17 anos cujo apelido era Careca.  Na estréia do Guarani naquela competição, por conseguinte a estréia de Careca no profissional, não foi das melhores, pois perdeu para o Vasco da Gama por 3 a 1, mas naquela tarde, o futebol brasileiro descobriu um talento incomum.

                 Efetivado como titular, Careca brilhou naquele campeonato. Formando o ataque com Renato e Bozó, levou o bugre campineiro às finais contra o Palmeiras. O título foi decidido em 180 minutos, ou seja, em duas partidas.  A primeira foi realizada na capital paulista, e o Guarani venceu por 1 a 0, gol de Zenon. A segunda partida foi realizada no Estádio Brinco de Ouro, no dia 13 de agosto de 1978. Para o Guarani bastava um empate, mas venceu novamente e pelo mesmo placar de 1 a 0, gol de Careca aos 36 minutos de jogo.  Neste dia o Guarani jogou com; Neneca, Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Manguinha e Renato; Capitão, Careca e Bozó.

                Nos anos seguintes, o centroavante continuou a balançar as redes adversárias. Foi vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1982, com 18 gols.  Jogando pelo Guarani, marcou 109 gols e faria muito mais se o São Paulo F.C. não o levasse para o Morumbi.  Quando chegou no tricolor, em 21 de janeiro de 1983, Careca foi eleito pela torcida o substituto do maior ídolo do clube, ninguém menos que Serginho Chulapa, que havia se transferido para o Santos F.C.  Mas, com problemas no joelho, demorou a corresponder às expectativas. A imprensa e a torcida criticavam, cobrando o alto investimento feito. Mal sabiam que anos mais tarde, ele se tornaria um dos maiores artilheiros do clube. Desencantou no Campeonato Paulista de 1985, na equipe que ficou conhecida como “Os Menudos do Cilinho”, que formava uma equipe sensacional; Gilmar, Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereira e Nelsinho; Falcão, Márcio Araújo e Silas; Muller, Careca e Sidney.  Nesse ano, Careca foi o artilheiro da competição com 23 gols e o São Paulo sagrou-se campeão.

                A glória maior, porem, veio no Campeonato Brasileiro do ano seguinte. Foi novamente o goleador máximo, com 25 gols, dentre eles o do empate na prorrogação da final contra seu ex-clube, o Guarani em 3 a 3, quando Careca marcou um gol “espírita”, desses que acontecem um vez e nunca mais, levando a decisão para os pênaltis, onde o tricolor foi mais eficiente e sagrou-se campeão. Este jogo aconteceu dia 25 de fevereiro de 1987 e foi no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas. Pelo São Paulo F.C., Careca marcou 114 gols em três anos que vestiu a camisa do tricolor do Morumbi. Estes gols chamaram a atenção de diversos clubes europeus, entre eles, o Nápoli da Itália.

                Ao chegar no clube italiano, teve a sorte de encontrar um companheiro para ajudar na árdua tarefa de conquistar um título. E que companheiro, Diego Maradona, que era o maior astro do futebol mundial naquele momento, devido a sua maravilhosa participação na Copa de 86, quando a Argentina sagrou-se campeã mundial, graças ao talento daquele magistral jogador.  Careca não teve dificuldades de adaptação ao futebol europeu. No Nápoli, ele encontrou também um grande amigo da seleção brasileira, o volante Alemão, e assim, já se sentindo em casa, levou os torcedores do Nápoli à loucura. Para descrever precisamente o amor entre Careca e os napolitanos, seria preciso escrever um livro. E para compreender melhor o que ele significa para a cidade, nada melhor que observar os números. O jogador marcou 96 gols em 222 partidas que fez com a camisa do Nápoli e, levou a então insignificante equipe, à conquista da Copa da Itália de 1989 e do Scudetto de 1990.

                Se a relação ainda não ficou clara, vamos nos reportar ao seu jogo de despedida, realizado em fevereiro de 1999 no estádio San Paolo.  Mesmo com o time em péssima fase e rebaixado para a Série B do campeonato italiano, cinqüenta mil torcedores lotaram as arquibancadas e, com os olhos mareados, cantaram uma famosa música, carinhosamente feita ao jogador. No entanto a passagem por Nápoles rendeu-lhe, além de carinho e títulos, a amizade com Maradona, amizade esta que dura até os dias de hoje, pois o ex-craque argentino não cansa de dizer: “Para mim, foi o maior de todos”.  Durante o tempo que jogaram juntos, a amizade entre os dois ultrapassou os gramados.

               Um frequentava a casa do outro e, assim, tornaram-se grandes companheiros.  Careca foi decisivo muitas vezes na vida de Maradona, como quando o argentino foi flagrado no exame anti-doping por uso de cocaína. Mas o amigo também soube retribuir a atenção. Quando o Brasil foi eliminado pela própria Argentina nas oitavas de final da Copa do Mundo de 1990, que foi disputada na Itália, Maradona preferiu consola-lo no gramado a comemorar o feito com seus companheiros.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                A química entre Careca e Seleção Brasileira começou muito cedo. Aos 21 anos de idade, foi convocado por Telê Santana para a Copa de 1982, na Espanha, mas não teve sorte e uma contusão o impediu de embarcar. Roberto Dinamite foi chamado para o seu lugar. Depois da fatídica derrota para a Itália por 3 a 2, a qual eliminou o Brasil do mundial, tomou para si a camisa número 9 canarinho. Foi titular na Copa de 86, disputada no México, onde marcou cinco gols. Nas eliminatórias da Copa de 90 fez quatro gols na partida contra a Venezuela, no Morumbi, quebrando o recorde de gols de um só jogador em jogos da competição.  Na Copa de Itália, atrapalhado pelo mal ambiente no grupo, não rendeu o seu máximo. Fez os dois gols da vitória na estréia sobre a Suécia, mas parou por ali. 

               O Brasil e o próprio Careca não souberam aproveitar as inúmeras oportunidades nas oitavas-de-final contra a Argentina e o contra-ataque de Maradona e Canniggia barrou as pretensões da nossa seleção. Careca chegou a participar dos primeiros jogos das eliminatórias para a Copa de 94 que foi disputada nos Estados Unidos, onde o Brasil sagrou-se Tetra Campeão Mundial, mas pediu dispensa ao técnico Carlos Alberto Parreira para cuidar dos problemas físicos. Com a explosão de Romário, nunca mais foi chamado para defender as cores do nosso selecionado.

               Em 1994 foi jogar no Japão, no Kashima Reysol.  Retornou ao Brasil em 1997, para realizar um sonho de infância, ou seja, defender o Santos F.C., seu clube de coração. Era reserva de Macedo na equipe que acabou eliminada nas semifinais do Campeonato Paulista daquele ano. Depois disso, abandonou a carreira de jogador de futebol e resolveu investir em dois empreendimentos: O Campinas Futebol Clube e o Careca Sports Center.  Atualmente Careca mora em Campinas. 

                Durante sua carreira, foi campeão brasileiro em 78 pelo Guarani, campeão paulista em 85 e campeão brasileiro em 86 pelo São Paulo F.C., campeão da Copa da Itália em 89 e campeão italiano em 90 pelo Nápoli e participou de duas Copas do Mundo, em 86 no México e em 90 na Itália.  Careca é considerado um dos melhores atacantes do futebol brasileiro de todos os tempos e, ainda hoje o torcedor são-paulino lembra com saudade daquele time de 1985, onde Careca comandava um ataque irresistível e que deu ao Tricolor do Morumbi, mais um título estadual. Ainda hoje Careca é reverenciado como um dos maiores jogadores que já tiveram a honra de vestir a camisa do São Paulo F.C.

Em pé:  Zé Carlos, Edson, Mauro, Miranda, Gomes e Neneca   –    Agachados: Capitão, Renato, Careca, Zenon e Bozó
Em pé: Márcio Araújo, Oscar, Gilmar Rinaldi, Falcão, Dario Pereira, Nelsinho e Zé Teodoro   –    Agachados: o massagista Hélio Santos, Muller, Silas, Careca e Sidney
Em pé: Sócrates, Josimar, Júlio César, Edinho, Branco e Carlos    –    Agachados: Muller, Júnior, Careca, Alemão, Elzo
SELEÇÃO DE PONTE PRETA E GUARANI NOS ANOS 70 – Em pé: Carlos, Oscar, Miranda, Polozzi, Zé Carlos e Odirlei    –    Agachados: Lúcio, Renato, Careca, Zenon e Tuta
Em pé: Wagner, Zé Carlos, Bernardo, Dario Pereira, Daniel e Zé Teodoro    –     Agachados: Muller, Silas, Careca, Pita e Sidnei
Em pé: Wendell, Jaime, Julio César, Ariovaldo, Edson e Almeida   –    Agachados: Lúcio, Hernani Banana, Careca, Jorge Mendonça e Capitão
Em pé:  Ricardo Rocha, Taffarel, Mauro Galvão, Jorginho, Ricardo Gomes e Branco   –    Agachados: Bebeto, Careca, Silas, Valdo e Dunga
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