LIMA: um autêntico ponta esquerda

               Eduardo Teixeira Lima nasceu dia 31 de outubro de 1944, na cidade de Serra Dourada – BA. Foi um ponta esquerda que encantou os torcedores que amam o futebol arte, o futebol pra frente, daqueles pontas que driblam, vão até a linha de fundo e fazem o cruzamento na cabeça do centroavante fazer o gol. Teve a honra de vestir camisas de grandes clubes, não só do Brasil, como também de outros países. Surgiu no aspirantes do Corinthians juntamente com Rivelino e Barbosinha, numa época em que o torcedor corintiano chegava mais cedo ao Parque São Jorge ou ao Pacaembu, só para ver os aspirantes do alvinegro jogar e jogo dava para perceber que o futuro daqueles três jovens seria promissor e que num curto espaço de tempo, estariam jogando no time de cima e dando muitas alegrias a Fiel Torcida Corintiana. Qual o torcedor alvinegro que não se lembra daquele time de 1963; Barbosinha, Neco, Cláudio, Mendes e Gilberto; Edson Cegonha e Rivelino; Sérgio, Manoelzinho, Osmar e Lima. Este foi o time campeão paulista de aspirantes daquele ano.

CORINTHIANS

               Lima chegou bem jovem ao Parque São Jorge e começou jogando nos aspirantes, uma época em que os torcedores faziam questão de chegar mais cedo ao estádio, pois sempre tinha um bom jogo para assistir e também porque viam seus futuros craques despontando para o sucesso. Mesmo ainda muito jovem, Lima foi escalado para o time principal no dia 5 de agosto de 1962, quando o Corinthians enfrentou o Juventus pelo primeiro turno do Campeonato Paulista. O jogo foi no Parque São Jorge e neste dia o técnico Fleitas Solich mandou a campo os seguintes jogadores; Cabeção, Augusto, Eduardo, Ari Clemente e Oreco; Cássio e Rafael; Manoelzinho, Silva, Nei e Lima. E já em sua primeira partida, Lima não desapontou o treinador que tanto confiou em seu futebol, pois o jogo terminou empatado em 1 a 1 e o gol corintiano foi de Lima aos 22 minutos do primeiro tempo. O gol do Moleque travesso foi de Joaquinzinho, que havia jogado no Corinthians de 1959 à 1961.

               Por algum tempo, Lima ficou alternando entre o aspirante e o time de cima, mas sempre que era chamado, correspondia a expectativa, tanto do treinador, quanto da torcida. Ficou no Parque São Jorge até 1965, depois foi emprestado ao Millionários de Bogotá, onde ficou até 1968. Ainda neste ano foi jogar no Boca Juniors da Argentina. Lima durou pouco mais de um mês no clube argentino, atuando seis vezes de março a abril em partidas do Metropolitano.

               Jogando pelo Boca Juniors onde não foi campeão, o máximo que conseguiu foi ser escalado para o elenco titular do hipotético time de jogadores negros, em uma seção de curiosidades da enciclopédia do centenário do clube: Walter Ormeño (peruano); Luis Perea (colombiano), Domingos da Guia (brasileiro), Julio Meléndez (peruano) e Jorginho Paulista (brasileiro); Orlando Medina (uruguaio), General Viana (uruguaio) e Carlos Gómez Sánchez (peruano); Maurinho (brasileiro), Paulo Valentim (brasileiro e ele (brasileiro).

               Em 1969 o Corinthians fazia um excelente Campeonato Paulista, na primeira partida venceu a Portuguesa Santista por 2 a 0, gols de Benê e Paulo Borges. Depois venceu o São Bento de Sorocaba por 4 a 0, o São Paulo por 4 a 2, o XV de Piracicaba por 5 a 0, enfim, o time estava embalado e era mais um ano em que o torcedor corintiano tinha muita esperança de que o famoso jejum de títulos fosse acabar. E o time continuava vencendo. Passou pela Portuguesa de Desportos por 3 a 2, pelo Palmeiras por 2 a 0, pelo Santos também por 2 a 0 e por todos os adversários que enfrentou no primeiro turno. Dia 23 de abril começou o segundo turno e o Corinthians continuava irresistível, venceu a Portuguesa Santista por 3 a 1 em plena Vila Belmiro.

               Mas, viria pela frente um adversário duríssimo e que iria acabar com aquela alegria da Fiel Torcida Corintiana. Um dia após a segunda rodada do segundo turno, dois craques vieram a falecer num acidente automobilístico, Lidu e Eduardo e com isto o time perdeu o entusiasmo e acabou ficando mais um ano sem conquistar o tão sonhado titulo paulista. Com a morte do ponta esquerda Eduardo,  Lima retornou ao Corinthians e sua reestreia com a camisa corintiana foi no dia 24 de setembro, quando o Corinthians enfrentou o Cruzeiro de Belo Horizonte no Pacaembu pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Neste dia tivemos dois fatos que ficaram marcados.

               O primeiro foi a inauguração do tradicional placar do estádio, onde eram escritos apenas as iniciais de cada clube (SCCP x CEC) ou seja, Sport Clube Corinthians Paulista x Cruzeiro Esporte Clube, do qual torcedores dos anos 60 e 70 ainda devem se lembrar. O segundo fato que ficou marcado naquela partida, foi um acontecimento triste. Num lance em que Ditão estourou uma bola dividida e, involuntariamente, atingiu o rosto de Tostão. Ali, houve o mais famoso deslocamento de retina da história do futebol do mundo.  O craque mineiro quase teve sua brilhante carreira interrompida, o que deixou Ditão profundamente triste, embora não tivesse culpa alguma. Depois daquele dia, começaram os problemas que levariam Tostão a encerrar sua brilhante carreira prematuramente, aos 26 anos, em 1973.

              Mas antes disso, ainda conquistou o mundial do México, formando um ataque avassalador com; Jairzinho, Tostão, Pele e Rivelino. Mas naquele jogo contra o Cruzeiro, o Corinthians jogou com; Lula, Polaco, Ditão, Luiz Carlos e Miranda; Dirceu Alves (Tião) e Rivelino; Paulo Borges, Ivair, Lima e Suingue (Benê). O técnico era Dino Sani. O jogo terminou com a vitória corintiana por 2 a 0, gols de Suingue cobrando pênalti aos 30 minutos da primeira etapa e Lima aos 45 do segundo tempo. Mais uma vez Lima deixou sua marca de artilheiro, assim como foi no dia de sua estreia com a camisa alvinegra em 1962.

               Lima ficou no Corinthians até 1970 e sua última partida foi no dia 11 de novembro, quando o alvinegro enfrentou o Grêmio pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. O jogo foi no Estádio Olímpico em Porto Alegre e o jogo terminou com a vitória gremista por 1 a 0, gol de Loivo aos 13 minutos do primeiro tempo. Neste dia o técnico Aymoré Moreira mandou a campo os seguintes jogadores; Ado, Zé Maria, Ditão, Luiz Carlos e Fogueira; Dirceu Alves (Tião) e Suingue; Paulo Borges, Ivair, Mirandinha e Aladim (Lima). Com a camisa do Corinthians, Lima disputou 170 partidas. Venceu 77, perdeu 49 e empatou 44. Marcou 32 gols. 

CRUZEIRO   

               Depois que deixou o Corinthians, Lima foi jogar no Cruzeiro de Belo Horizonte. Chegando lá encontrou um grande time, que era comandado por Orlando Fantoni. E foi no dia 21 de agosto de 1971, que Lima enfrentou seu ex-clube, o Corinthians, aquele onde iniciou sua carreira. O jogo foi no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu e terminou empatado em 0 a 0. Neste dia o Cruzeiro jogou com; Hélio, Pedro Paulo, Perfumo, Piazza e Vanderlei; Zé Carlos e Dirceu Lopes; Roberto Batata (Natal), Tostão, Evaldo e Lima (Palhinha).

               Por pouco que Lima não foi campeão brasileiro em 1974, quando o time da Raposa decidiu o título com o Vasco da Gama. Os dois clubes fizeram a mesma campanha no turno final e a CBD marcou uma decisão extra entre as duas equipes para decidir o título, que seria numa partida única no Mineirão, já que o Cruzeiro havia feito melhor campanha em todas as outras fases da competição. Mas o clube foi vítima da maior armação já vista em nosso futebol. A partida foi transferida para o Maracanã. O time jogava por um empate para sagrar-se campeão. Quando o Vasco vencia a partida por 2 x 1, o ponta direita Baiano cruzou uma bola da lateral e Zé Carlos marcou, de cabeça, o gol de empate que daria o título ao Cruzeiro.  Inexplicavelmente, o árbitro Armando Marques (sempre ele) anulou o gol, que poderia ser o mais importante de Zé Carlos com a camisa cruzeirense.

               Neste ano de 1974, o Cruzeiro tinha um grande time; Vitor, Nelinho, Perfumo, Procópio e Vanderlei; Zé Carlos de Dirceu Lopes; Eduardo, Palhinha, Cândido e Lima. A perda do título naquela circunstância colocou em dúvida a idoneidade das competições nacionais que tiveram origem no Robertão. Os títulos que Lima não conquistou no Corinthians, obteria no Cruzeiro: integrou o tricampeão mineiro de 1972 a 1974. Com a camisa cruzeirense, Lima disputou 206 jogos.

FINAL DE CARREIRA

               Depois que deixou o Cruzeiro, foi jogar no estado do Pernambuco, mais precisamente no Náutico e posteriormente no Sport Recife, onde permaneceu por dois anos. E já em final de carreira, foi jogar no O´Higgins do Chile, onde acabou ficando por seis anos e por lá encerrou sua carreira. Hoje Lima mora no alto da Vila Maria, zona norte da capital paulista, e foi dono da Di Biaggio, uma pizzaria que fica na rua Antenor Navarro, no Jardim Brasil, no bairro do Tatuapé, zona leste da capital paulista e também trabalhou como professor de futebol em escolinhas da Prefeitura. Lima tem três filhos, um deles colombiano, tem também dois netos. Gostava muito de frequentar a Praia Grande, onde tinha uma casa no bairro do Boqueirão. Lima foi homenageado duas vezes pelo Millionários de Bogotá, clube da Colômbia que ele defendeu em 1965 e foi vice campeão nacional.

Em pé: Valmir, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente    –     Agachados: Marcos, Manoelzinho, Nei, Bazani e Lima
Em pé: Augusto, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente    –     Agachados: Marcos, Davi, Nei, Bazani e Lima
Em pé: Oswaldo Cunha, Barbosinha, Luis Carlos, Ditão, Edson Cegonha e Maciel      –    Agachados: Bataglia, Tales, Flávio, Rivelino e Lima
Em pé: Luís Carlos, Suingue, Ditão, Mendes, Ado e Miranda    –     Agachados: Paulo Borges, Mirandinha, Rivelino, Lima e Ivair
Em pé: Ado, Pedro Rodrigues, Miranda, Luis Carlos, Ditão e Tião     –     Agachados: Ivair, Suingue, Lima, Benê e Rivelino
Em pé: Zé Carlos, Nelinho, Procópio, Vitor, Perfumo e Vanderlei     –    Agachados: Eduardo, Palhinha, Valdo, Dirceu Lopes e Lima
Em pé: Augusto, Oreco, Amaro, Eduardo, Ari Clemente e Heitor   –    Agachados: Davi, Nei, Silva, Ferreirinha e Lima

Em pé: Neco, Claudio, Mendes, Edson Cegonha, Barbosinha e Gilberto     –     Agachados: Sergio Echigo, Manoelzinho, Osmar, Rivelino e Lima
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