LOPES: conquistou vários títulos pelo Corinthians

                José dos Santos Lopes nasceu dia 1 de novembro de 1910, na cidade de Batatais – SP. Juntamente com Brandão e Jaú, Lopes foi um dos três primeiros jogadores da história do Corinthians que disputaram uma Copa do Mundo (1938). Se prestarmos atenção no distintivo do Batatais Futebol Clube, vamos notar que há três estrelas, acontece que o clube costuma colocar uma estrela para cada jogador da cidade que disputou uma Copa do Mundo. Os outros dois são: o zagueiro Baldochi, que disputou a Copa de 70 e o goleiro Batatais, que disputou a Copa de 38.

               Lopes que nasceu dois meses exatos depois da fundação do Corinthians, jogou no alvinegro de Parque São Jorge de 1932 até 1941 e nesse período sagrou-se campeão paulista em 1937, 38, 39 e 41. Ao todo disputou 133 partidas. Venceu 78, empatou 18 e perdeu 37. Marcou 35 gols. O interessante é que Lopes foi indicado ao Corinthians por um padre de Ribeirão Preto, cujo nome é Assis de Barros, um corintiano fanático. E o padre realmente entendia de futebol, pois Lopes foi um extraordinário jogador.

BATATAIS F.C.

               Zéca Lopes, como era conhecido em sua cidade natal, era o terceiro dos 8 filhos de Arthur Lopes de Oliveira e Luiza Borges. De família humilde e pobre, desde muito cedo teve que trabalhar para ajudar no sustento da casa. Trabalhou desde os 9 anos como servente de pedreiro com o pai e outro irmão. Geralmente trabalhavam em fazendas para onde se locomoviam a pé. Apesar de trabalhar duro, no pesado, sempre teve grande inclinação para jogar bola, o que fazia muito bem. Mas seu espírito inquieto não ficava só nisso, tinha sonhos de progresso. Com 15 anos de idade, construiu sua primeira casinha de adobe e madeira roliça. E a fama de bom de bola crescia. Jogava em Batatais e nas cidades vizinhas.

              José dos Santos Lopes, ou Zéca Lopes, começou sua carreira no Batatais Futebol Clube. Foi um dos principais jogadores do “Quadro de Ouro” que na década de 30 era uma das melhores equipes de todo o interior paulista. Um bom exemplo disto foi no começo do ano de 1930. Dia 19 de janeiro, goleou o Jaboticabal F.C. por 4 a 0. Menos de um mês, mais precisamente dia 9 de fevereiro, era a vez do Corinthians conhecer a força da equipe interiorana. Na realidade, o time do Corinthians chegou na cidade com a denominação de Selecionado Metro Goldwyn Mayer e jogou com a seguinte equipe; Tuffy, Grané, Del Débbio, Leone, Nerino, Munhoz, Pinheiro, Aparício, Gambinha, Rato e De Maria. Foi com esta equipe que o Corinthians havia conquistado o título paulista de 1929, há exatos dois meses atrás. Do outro lado a equipe do Batatais jogou com; Paulino, Romão, Cativeiro, Neca, Orlando, Nicolau, Zéca Lopes, Joãozinho, Carlito, Chapa e Coelho. O jogo terminou com a vitória do Batatais por 2 a 1.

CORINTHIANS

Um dia, o Cônego Barros, de Ribeirão Preto, um grande corintiano e profundo conhecedor de futebol, propiciou sua ida para o Corinthians Paulista. Nessa época ele jogava no Comercial de Ribeirão Preto, onde teve uma curta passagem. O padre custeou sua ida para o Corinthians até mandando fazer o seu primeiro terno e sapatos. Chegou ao Corinthians após conseguir driblar os diretores do São Paulo que teimavam em desvia-lo para seu time. Já no treino foi escalado para jogar no domingo seguinte. Foi um sucesso. Sua estreia com a camisa corintiana aconteceu dia 12 de junho de 1932, quando o alvinegro foi derrotado pelo Ypiranga por 3 a 1.

              O jogo foi válido pelo Campeonato Paulista e foi disputado no Parque São Jorge. Neste dia o técnico do Corinthians, José de Carlo, mandou a campo a seguinte equipe; Benevenuto, Grané e Jaú; Nerino, Guimarães e Valão; Lopes, Uvire, Carlito, Tony e Staffen. Seu primeiro gol pelo Corinthians aconteceu dia 26 de junho, quando venceu a Portuguesa de Desportos por 2 a 0. Neste ano o Corinthians não fez um bom campeonato e ficou em 5º lugar.

               E foi no ano de 1937, que Lopes conquistava seu primeiro título paulista. Era o primeiro título na era profissional. Em uma espécie de final antecipada com o Palestra Itália, o Corinthians venceu por 1 a 0, gol de Teleco. No ano seguinte veio o bicampeonato e de forma invicta. Na última rodada jogaram Corinthians x São Paulo. Devido a Copa do Mundo de 38, o Campeonato Paulista se arrastou até 1939. Era o dia 23 de abril de 1939, quando tivemos o último jogo do campeonato. O São Paulo abriu o placar através de Mendes ainda no primeiro tempo. Logo no início da segunda etapa, caiu um verdadeiro dilúvio em São Paulo e a partida foi interrompida. Dois dias depois tivemos o restante do tempo de jogo e foi aí que o Corinthians empatou a partida através de Carlito e com este empate o alvinegro conquistou o 10º título paulista e o 3º bicampeonato.

               Dia 30 de dezembro de 1939, o Sport Club Corinthians Paulista conquistou o seu Tri Campeonato Paulista, ou melhor, o seu terceiro tricampeonato fato histórico até os dias de hoje. A campanha do Timão foi espetacular, não foi de forma invicta como no ano anterior mais foi brilhante, em 20 partidas o Corinthians só sofreu uma derrota. A Final do Campeonato Paulista de 1939 foi realizada no Parque São Jorge e o Corinthians goleou o Santos por 4 x 1, com dois gols de Teléco e dois de Carlinhos. Em 1940, Lopes não chegou a colocar a faixa de campeão, mas no ano seguinte com uma campanha brilhante, o Corinthians chegou ao 12º título paulista da sua história, o primeiro organizado pela Federação Paulista de Futebol, também foi o primeiro título do Corinthians no Pacaembu.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Lopes foi  convocado para disputar a Copa de 1938. Lá jogando impressionou o publico que queria que ele ficasse por lá. Na Copa de 1938 o Brasil foi o 3º colocado. Até então, foi a melhor colocação do Brasil que disputava a Copa do Mundo. Foi convocado mais uma vez pela Seleção para disputar a Copa Roca, na Argentina. Voltando ao Brasil continuou no Corinthians, sendo seu time do coração, até que em uma de suas férias veio à Batatais e foi fazer um jogo beneficente em uma fazenda, onde machucou o joelho e não pôde mais jogar. Foi um período difícil para quem estava no auge da carreira. Depois que encerrou a carreira, Lopes se dedicou a uma das suas paixões, fazer casas.

              Com o dinheiro ganho na carreira ele construiu dezenas de casas que eram alugadas a um custo muito baixo às famílias pobres da cidade. Nos anos 60 ele construiu uma série de sobradinhos de dois andares que formaram a Vila Lopes, um dos bairros mais tradicionais da cidade. Assim ele investiu tudo que ganhou no futebol e foi criando sua família com o apoio de sua dedicada esposa. Pela seleção, Lopes disputou sete jogos, sendo duas vitórias, um empate e quatro derrotas.

LEMBRANÇAS
Dia 1º de novembro de 2010, Zeca Lopes estaria completando 100 anos. Com uma história de amor ao futebol, à família e à sua terra, Zeca Lopes foi o primeiro corintiano numa Copa do Mundo, isso em 1938. Para marcar a data, os seus familiares e a Prefeitura de Batatais prepararam um evento para homenageá-lo. Na oportunidade houve a inauguração do monumento em sua homenagem. O monumento tem dois metros de diâmetro e está justamente no bairro que foi idealizado por Zeca Lopes. Muito caridoso e alegre, gostava de recordar o passado. Zeca Lopes foi um ídolo para Batatais, dizia sempre sorrindo que “o coração nunca envelhece”.

               Já com 85 anos, dava todas as manhãs sua voltinha e percorria a cidade. Vaidoso, gostava de usar ternos e chapéu, tudo minuciosamente escolhido. Torcia com ardor pelo Brasil, em todos os sentidos, principalmente no futebol. Aos jovens deixou a seguinte mensagem “Vocês serão os homens que guiarão o mundo de amanhã, sejam honestos, persistentes e humanos. Aproveitem as experiências dos mais velhos e façam um mundo melhor para seus filhos”.

               Paredes, tetos, cortinas. Para onde se olha há cores, muitas cores, com a predominância do verde-e-amarelo. Assim é a casa da família do ex-jogador da seleção brasileira José dos Santos Lopes, o batataense Zeca Lopes, que defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1938. A família restaurou a pintura original da casa para passar a Copa do Mundo de 2006 “no clima”. “Sempre mantivemos a pintura que o meu pai chamava de futurista”, disse a professora Benedita Lopes Barbiere, uma dos quatro filhos de Lopes. Benedita é quem cuida das lembranças do pai. A casa em que mora é a mesma em que Lopes viveu até o fim da vida.

                O sobrado na esquina das ruas Prefeito José Ferreira e Coronel Joaquim Marques, no Bairro Riachuelo, é uma espécie de museu, onde estão arquivados objetos, fotos, revistas, jornais, medalhas, condecorações e outras recordações de Lopes. As principais estão logo no hall de entrada da casa, onde o “cartão de visita” é um quadro com o retrato de Lopes. Uma taça de cristal, trazida do hotel francês em que a seleção ficou hospedada em 1938, e uma medalha de ouro oferecida a Lopes pelo Estado de Pernambuco são as recordações preferidas de Benedita. “O cálice, ele trouxe da França e guardo com orgulho. A medalha é um dos únicos objetos que não coloco em exposições, pois ele deu de presente a uma de minhas irmãs e tem muito valor afetivo”, afirmou Benedita. “Esta medalha, papai recebeu quando o navio a vapor em que eles viajaram chegou a Pernambuco”, completou.

               Ela conta que a ideia da pintura da casa aflorou no pai após a volta dele do mundial de 38. “Como ele havia viajado, conhecido muitos lugares diferentes, voltou com essa ideia”, comentou Benedita. Para enfatizar a decoração escolhida pelo ex-craque, Benedita trocou inclusive as cortinas da sala em que o pai costumava assistir televisão. Agora são todas em verde e amarelo, intercaladas. Tecidos que, durante o dia, filtram a luz do sol e fazem com que a sala de TV fique “bem brasileira”.  José dos Santos Lopes, o Zéca Lopes faleceu dia 28 de agosto de 1996, vítima de problemas cardíacos.

SELEÇÃO BRASILEIRA    –   OBS: Esta foto é raríssima, pois a Seleção Brasileira jogou com o uniforme da Seleção Paulista e colaram o simbolo da bandeira brasileira como distintivo. Em pé: Domingos da Guia, Jurandir, Zezé Procópio, Alcides, Dino e Lopes Agachados: de óculos é Fredenreich, (dois desconhecidos) Leônidas da Silva, Perácio e Hércules

Em pé: Jango, Agostinho, Cyro, Chico Preto, Dino e Brandão    –   Agachados: Lopes, Servilio, Teléco, Joane e Carlinhos

 

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