PAULO CÉSAR CAJU -campeão mundial com nossa seleção em 1970

                  Paulo César Lima nasceu dia 16 de junho de 1949, na cidade do Rio de Janeiro.  Paulo César ficou marcado no mundo futebolístico não só pelos seus gols, mas também por sua vida fora das quatro linhas. Nascido numa pequena favela do bairro de Botafogo, foi logo “adotado” por uma família da zona sul. O seu pai adotivo, o ex-técnico de futebol Marinho Rodrigues o levou para treinar no Botafogo, onde iniciou a carreira. Depois da convocação para a Copa de 1970 e o conseqüente título mundial, PC trocou o Botafogo pelo Fluminense. Em 1972, ele foi para o Flamengo, onde foi campeão carioca.

                  Depois da Copa da Alemanha em 74, se transferiu para a França, onde jogou no Olympique de Marselha. Voltou ainda ao Fluminense em 1975, nessa época o tricolor formara um grande time, a chamada “Máquina Tricolor”, com Rivelino, Carlos Alberto Torres, Doval, entre outros.  Jogou no Grêmio, Vasco, Corinthians e retornou ao sul, para ser Campeão Mundial Interclubes em 1983 com o tricolor gaúcho. Depois disso jogou por clubes pequenos da França e Bélgica, quando encerrou sua carreira.

INTELECTUAL

                   Paulo César, na época em que jogou pelo Botafogo, vivia em rodas com jornalistas e intelectuais como Luiz Carlos Barreto, Ibrahim Sued e Carlinhos Niemeyer (dono do Canal 100). Segundo ele era “o único boleiro aceito nessas rodas com artistas e intelectuais”. Em sua passagem pela França se tornou uma pessoa influente, frequentava festas da alta sociedade, regadas a quantidades exorbitantes de bebida. Conheceu esportistas, empresários e designers que possibilitavam o que ele quisesse. Andava com belas mulheres, restaurantes, festas, passeios de iate e lancha.

MARQUETEIRO

                   Em entrevista a revista “ISTO É” PC afirma “Intuitivamente, fui a primeira mistura de bad boy e marqueteiro pessoal, antes dos Romários, Violas, Túlios e Edmundos da vida”. PC teve acesso às principais grifes do mundo. Vestia-se como um europeu e chegou a ser discriminado no meio futebolístico. Ganhou o apelido de Cajú, por ter comprado um carro com a cor dessa fruta com o dinheiro que ganhou na transferência para o Olympique e de ter usado os cabelos descoloridos, para combinar com o carro em suas saídas pela noite carioca.

DROGADO

                  A primeira experiência foi no final da carreira, quando jogava na segunda divisão francesa. Cajú nessa época tinha uma vida noturna intensa, já que jogava ainda apenas para ajudar o amigo Daniel Rechter, que era o procurador da equipe. Segundo ele “com dinheiro no bolso e oportunidade, comecei a beber aos 33 anos. Você sabe que, na França, a coisa começa com um champanhe no café da manhã”. Em 1987, depois da morte do pai adotivo, Cajú sofreu e acabou se entregando ao vício da bebida e da cocaína. “Morava em Copacabana.

                 Levantava cedo e, às nove e meia, dez da manhã, já estava tomando chope na rua Joaquim Nabuco, no Posto Seis. Depois, rumava para a praia de Ipanema, dava uns mergulhos e logo embarcava na batida de maracujá. De tarde, a rapaziada chegava com o produto, a gente ia para o meu apartamento e, aí, era uísque, cerveja, vinho e cheiração de brizola (gíria carioca para cocaína) até o sol raiar”. Cajú chegou a subir o morro e até jogar futebol numa quadra feita especialmente para ele.

AJUDADO

                Afonsinho (ex-jogador e ex-presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol do Rio de Janeiro, hoje é médico), Cláudio Adão (ex-jogador)e a sua mulher Paula foram os responsáveis diretos pela recuperação do jogador. Adão pegava Cajú pela manhã e o entretinha com filmes, conversas e boas lembranças, com um único objetivo de não deixar que as más companhias o procurassem. PC então procurou ajuda de um médico em 2003, depois de uma briga com Cláudio Adão, e, após alguns exames, deu o veredicto: “nessa situação você pode ter um enfarte a qualquer momento”. PC, então, pediu novamente ajuda a Cláudio Adão, que aceitou prontamente.

RECUPERADO

                Hoje Paulo César está limpo, mora em São Paulo, trabalha com marketing e projetos relacionados a jovens jogadores na Global Sports, empresa administrada por Edinho, filho do rei Pelé. É conselheiro do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Paulo César Lima é apenas um exemplo de jogador, que experimentou todas as facetas que o futebol pode apresentar. Jogadores recebem salários altos e, por conseqüência, atraem pessoas mal intencionadas, que não querem saber da amizade deles, e sim do status que os acompanha. Fica o toque para alguns jogadores que estão se perdendo nesse mundo fantasioso da bola.

DESABAFO

               Comi o pão que o diabo amassou durante 17 anos. Depois que parei de jogar, foi uma tortura em minha vida. Vi a morte de perto várias vezes por causa de loucuras sem controle, estourei dois belos imóveis que tinha na Lagoa Rodrigo de Freitas, perdi amigos, perdi qualidade de vida, perdi trabalho na França (que é minha segunda casa) e em Genebra, na Suiça. E quase perdi meu anjo, Ana. Mas sou um ser iluminado, algo raro nesse mundo de drogados e viciados. A virada começou quando fui convidado pela Global Sports, que tinha o Rei Pelé como um dos sócios, para trabalhar em São Paulo. Encarei o desafio e vim com a cara e a coragem para uma cidade que detestava, e cujos moradores me detestavam. Então dei uma entrevista para o programa “Bola da Vez”, da ESPN Brasil, e pela primeira vez abri meu coração sobre meus vícios. Poucas pessoas achavam que eu poderia me recuperar, mas já era. Eu venci e vou continuar vencendo !

JOGADOR DE FUTEBOL

                Foi revelado pelo Botafogo carioca, atuou pelo clube dos fins dos anos 60 ao início dos 70. Em 1967, aos 18 anos, Caju concretizou de vez seu sonho, ao se tornar jogador do time principal do Botafogo e participar de sua primeira temporada no Glorioso. Foi apelidado de Nariz de Ferro e de Urubu Feio. Seu futebol habilidoso e provocador foi chamando a atenção de público futebolístico. Ainda em 1967, Paulo César foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Foi campeão carioca em 1967 e 1968 e Taça Brasil de 1968. Com a perda do título carioca para o Fluminense em 1971, Paulo César foi responsabilizado pela derrota e teve que deixar o Botafogo.

                O motivo da discórdia foi uma jogada que fez em um jogo realizado quando seu clube estava com boa vantagem na tabela, a poucos jogos do fim: Paulo César fez embaixadas diante de seus marcadores, o que foi entendido como uma atitude de desprezo para com os demais adversários do Botafogo, que até então aceitavam a superioridade do time. A partir daí as partidas se tornaram bem mais difíceis, com o time alvinegro perdendo pontos importantes até finalmente ser superado pelo Fluminense, que se sagrou campeão.

                 Em 1972 Paulo César transferiu-se para o Flamengo, time pelo qual jogou até 1974. Na Copa de 70, no México, só entrou em algumas partidas. Na Copa de 74, na Alemanha, foi titular da Seleção Brasileira. Mas só faria um contrato realmente bom quando foi vendido ao Olympique de Marseille, da França, depois da Copa do Mundo de 1974. “Sempre troquei de time por interesses profissionais”, disse à revista Placar em 1979. “E acho que deve ser assim mesmo, pois a carreira é curta. Hoje, minha situação financeira é apenas razoável, ao contrário do que muitos podem pensar.

                 Contrato excepcional mesmo só fiz com o Olympique. Os outros foram apenas bons.” Teve uma primeira passagem pelo Grêmio em 1978 e 1979. Saiu do clube gaúcho e passou ainda por Vasco da Gama e Corinthians, que fez um apelo publicitário aos seus torcedores para arrecadar dinheiro para a contratação. Mas só chegou ao Parque São Jorge em 1981. Disputou somente quatro partidas pelo Timão.  Retornou ao tricolor gaúcho, onde foi campeão do Mundial de Clubes em 1983.

                 Em 2005 foi homenageado pelo Botafogo com o lançamento de uma camisa comemorativa, com seu nome e o número 11 às costas. A partir de maio de 2008, passou a escrever às terças-feiras para o Jornal da Tarde onde prometeu “soltar o verbo”. Paulo César Caju sempre foi um jogador polêmico mas quando queria jogar era um craque. Vestiu a camisa da seleção brasileira 77 vezes e marcou 17 gols.

Bola de Prata de 1972   –   Em pé: Aranha (Remo), Marinho Chagas (Botafogo), Figueroa (Internacional), Beto Bacamarte (Grêmio), Leão (Palmeiras) e Piazza (Cruzeiro)     –     Agachados: Osni (Vitória), Alberi (ABC), Zé Roberto (Coritiba), Ademir da Guia (Palmeiras) e Paulo César Caju (Flamengo)
1968   –   Em pé: Moreira, Félix, Brito, Leônidas, Carlos Roberto e Valtencir    –     Agachados: Nado, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo Cesar
Copa de 1970    –   Em pé: Carlos Alberto; Brito; Piazza; Félix; Clodoaldo; Everaldo e Admildo Chirol    –    Agachados: Jairzinho; Rivelino; Tostão; Pelé; Paulo César Caju
Em pé: Moreira, Félix, Brito, Sebastião Leônidas, Carlos Roberto e Valtencir    –    Agachados: Nado, Gérson, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo Cesar Cajú
Em pé: Paulo Roberto, Mazaropi, Baidek, China, Paulo César e Hugo de León   –    Agachados: Renato Gaúcho, Osvaldo, Tarciso, Paulo César Caju e Mário Sérgio
Em pé: Moreira, Ubirajara, Nei Conceição, Moisés, Leônidas e Valtencir   –    Agachados: Rogério, Paulo César Caju, Ferretti, Nílson Dias e Torino
1973   –   Em pé: Renato, Moreira, Fred, Chiquinho, Liminha e Rodrigues Neto    –    Agachados: Vicentinho, Paulo Cesar, Dario, Doval e Arílson
1973   –   Em pé: Renato, Moreira, Chiquinho, Fred, Liminha e Rodrigues Neto   –   Agachados: Rogério, Paulo Cesar Caju, Dario, Zico e Arilson
1968   –   Em pé: Moreira, Cao, Zé Carlos, Leônidas, Valtencir e Carlos Roberto    –   Agachados: Rogério, Gérson, Roberto, Jairzinho e Paulo César Caju
1981   –   Em pé: Rondinelli, Gomes, Zé Maria, Rafael, Caçapava e Wladimir   –   Agachados: Biro-Biro, Sócrates, Mário, Zenon e Paulo César Caju

Copa de 1974   –   Em pé: Zé Maria, Leão, Marinho Perez, Luiz Pereira, Marinho Chagas e Carpegiani     –     Agachados: Valdomiro, Paulo César Cajú, Jairzinho, Rivelino e Dirceu
1971   –   Em pé: Mura, Ubirajara, Brito, Djalma Dias, Nei Conceição e Valtencir   –    Agachados: Zequinha, Paulo Cesar Caju, Nei Oliveira, Roberto Miranda e Galdino
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