Athiê Jorge Cury nasceu dia 1 de agosto de 1904, na cidade de Itú – SP. Ficou famoso por ter sido o presidente do Santos na época de ouro da equipe santista, onde ganhou praticamente tudo que disputou, pois tinha na época o melhor time do planeta, com Pelé no auge de sua carreira. No entanto, ele também foi jogador do Santos de 1927 a 1934, onde jogou como goleiro. Na época o time do Santos era assim formado; Athiê, Aristides e Meira; Alfredo, Júlio e Roberto; Omar, Camarão, Feitiço, Strauss e Evangelista. Esta foi a equipe que enfrentou o Corinthians no dia 18 de maio de 1930. O jogo terminou com a vitória corintiana por 2 a 0. Neste jogo o árbitro abandonou o campo devido as inúmeras ofensas que recebeu por parte dos jogadores santistas por causa da marcação de um pênalti, que ocasionou o segundo gol corintiano, marcado pelo zagueiro Grané. Este jogo foi no Parque São Jorge.
Athiê foi um goleiro fenomenal. Esteve na lista dos grandes goleiros do Brasil do passado. Como Tufy, Hugo de Moraes, Casemiro, Dionísio, Marcos, Primo, entre outros. Athiê durante muitos anos fez defesas sensacionais. Ao todo Athiê disputou 171 partidas com a camisa santista e sofreu 289 gols. Dez anos depois que encerrou a carreira como jogador profissional, assumiu o cargo de Diretor de Esportes e logo depois a presidência do alvinegro praiano, onde permaneceu no cargo por 26 anos, ou seja, até 1971, na famosa “era Pelé” onde o Santos foi eleito pela FIFA “O Melhor Clube das Américas do Século XX” e venceu inúmeros títulos importantes, como a Taça Libertadores da América e o Mundial de Clubes de 1962 e 1963 incluindo diversos títulos estaduais, nacionais e internacionais e o Santos se tornou um dos clubes mais famosos do mundo durante sua administração e recebeu notável admiração dos mais famosos jornalistas esportivos da época.
Athiê na Vila Belmiro não surgiu de supetão como presidente. Foi galgando conhecimentos para consolidar sua posição de presidente com a desejada proeminência. Recebeu um mau legado. O clube tinha muitas dívidas. Seu patrimônio estava relegado ao maior risco de escuro e o time apresentava péssimas performances. Ele foi recompondo a parte econômica financeira. Tratou de apresentar um plano para grandes obras e procurou com afinco dar ao quadro de futebol um lugar de destaque.
Foi na sua gestão que o Santos atingiu destaque internacional, além de se revelar uma das maiores equipes do futebol da história, que contava com craques magistrais em diferentes épocas, como Pelé, Pépe, Gilmar, Coutinho, Zito, Carlos Alberto, entre muitos outros. Os títulos conquistados pelo Peixe durante a administração de Athié Jorge Coury foram: Campeonato Paulista em 1955/56, 1958, 1960/61/62, 1964/65, 1967/68/69; Mundial Interclubes em 1962/63; Taça Libertadores da América em 1962/63; Taça Brasil em 1961/62/63/64/65; Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1968 e Torneio-Rio São Paulo em 1959, 1963/64 e 1966.
Sempre foi um personagem simples. E de grande visão futebolística. Assinou a contratação de grandes jogadores como Formiga, Tite, Pagão, Zito, Dorval, Dalmo, Coutinho e Mengálvio. Sem falar de Pelé, o maior de todos. Ela sabia das coisas, o grande time que ele formou em 1955, já vinha da base (aspirantes) que junto com alguns mais velhos ganharam o primeiro titulo vinte anos depois de dividir o titulo com a Portuguesa (1935).
Em 1955, o primeiro fruto do trabalho. O Santos comemorou o título paulista com uma vitória por 2 a 1 sobre o Taubaté. Este jogo aconteceu dia 15 de janeiro de 1956, na Vila Belmiro. Os gols foram assinalados por Alvaro e Pepe, enquanto que Bertô marcou para a equipe do Vale do Paraíba. Neste dia o Santos jogou com; Manga, Hélvio e Feijó; Ramiro, Formiga e Urubatão; Tite, Negri, Alvaro, Del Vecchio e Pepe. O técnico foi Luiz Alonso Peres, o popular Lula.
Depois veio o bicampeonato em 1956, em cima do poderoso São Paulo vencendo a final por 4 x 2, no dia 3 de janeiro de 1957. O jogo foi no Pacaembu, que recebeu um público de 51.600 espectadores. Para esta partida o técnico Lula mandou a campo os seguintes jogadores; Manga, Wilson e Feijó; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Del Vechio e Pepe. Os gols foram marcados por, Del Vecchio (2), Tite e Feijó, enquanto que Zézinho marcou os dois gols do Tricolor. No inicio de 1957 veio Pelé e a coisa melhorou mais ainda, pois com a ascensão de Pelé, choviam convites para o Santos excursionar por toda parte do mundo, e assim dessa maneira, a situação financeira do clube que não era nada boa, melhorasse consideravelmente.
Um dos acontecimentos mais triste durante sua gestão, aconteceu dia 20 de setembro de 1964, quando jogavam na Vila Belmiro, Santos e Corinthians pelo Campeonato Paulista. A partida foi interrompida aos 6 minutos e 20 segundos do primeiro tempo, quando uma parte da arquibancada desabou, deixando inúmeros torcedores feridos. Toda a equipe do PS Municipal e da Santa Casa de Santos foi mobilizada para atender as 181 vitimas do acidente ocorrido no Estadio Urbano Caldeira. Essas pessoas formaram um verdadeiro “bolo humano”, que se ampliou cada vez mais com a correria registrada nas gerais. O acidente não teve maiores proporções graças à pronta intervenção por parte dos elementos da Guarda-Civil, Força Publica, Policia Marítima e até mesmo da Policia do Exercito.
O arbitro Armando Marques impressionou-se muito com o acidente. Quando começou a correria de torcedores e a fila de feridos em direção ao vestiário, ele ficou estático, com os olhos presos no chão, sem falar. Em seus aposentos ele desabafou todo seu nervosismo com o presidente Athiê Jorge Cury, que tentava acalma-lo e convencer os dirigentes santistas a marcarem um outro jogo em outra data. Depois de ficar uns 10 minutos em seus aposentos, o árbitro voltou novamente para o gramado, a fim de examinar a parte do alambrado que fora derrubada pelos populares.
Correu-a de ponta a ponta, protegido por um contingente de policiais e definiu-se por um cancelamento da partida, pois não havia mais clima para uma partida de futebol. Uma nova partida foi marcada para o dia 30 de setembro, desta vez no estádio do Pacaembu e o jogo terminou empatado em 1 a 1, gols de Flávio e Pelé. O publico pagante que esteve naquela tarde em Vila Belmiro foi recorde, com 32.986 pessoas. A arrecadação de Cr$ 19.397.600,00 também foi recorde.
Athiê Jorge Cury jamais será esquecido pela torcida alvinegra, especialmente aqueles que acompanharam Pelé reinar absoluto nos gramados. É apontado por muitos como peça chave para o clube ter conquistado todos os títulos possíveis e imagináveis entre a metade dos anos 50 e o final dos anos 60. Foi vereador, deputado estadual e teve importante passagem na Câmara Federal, onde se aposentou da política em 1982. Athiê Jorge Cury morreu na cidade de Santos, dia 1 de dezembro de 1992.