HENRIQUE FRADE: terceiro maior artilheiro do Flamento

                    Henrique Frade nasceu dia 3 de agosto de 1934, na cidade de Formiga – MG. Foi um excelente centroavante do Flamengo nos anos 50 e 60, marcou época no rubro negro carioca com sua camisa 9. Jogou no Mengão de 1954 até 1963 e é até hoje o terceiro maior artilheiro do clube da Gávea com 211 gols, atrás somente de Zico e Dida. Para a Copa de 58, mesmo tendo atuado muito pela Seleção em 56 e 57, ele foi o único atacante do Flamengo que não foi convocado por Vicente Feola para a Copa da Suécia. O saudoso treinador levou Joel, Moacir, Dida e Zagallo, mas optou por Mazzolla (Palmeiras) e Vavá (Vasco).

                    Em 1963 foi emprestado ao Nacional do Uruguai, onde sagrou-se campeão uruguaio. Em 1964 foi emprestado à Portuguesa de Desportos, como a Lusa tinha o lateral esquerdo chamado Henrique Pereira, o ex-flamenguista passou a ser chamado de Henrique Frade. Em 1959, o excelente matador Henrique Frade fez o segundo gol do Brasil contra a Inglaterra, no Maracanã, no célebre jogo em que 200 mil pessoas vaiaram Julinho Botelho, que “ousou” entrar no maior estádio do mundo com a camisa 7 de Mané Garrincha. Mas Julinho jogou tanto que transformou as vaias em um dos aplausos mais marcantes do estádio do Maracanã.

FLAMENGO

                     Henrique foi revelado nas categorias de base do Flamengo. Sua estreia na equipe principal aconteceu dia 19 de fevereiro de 1954, quando o Flamengo derrotou o Esperança por 2 a 1, jogo válido pelo campeonato carioca. E já em seu primeiro ano como profissional, sagrou-se campeão carioca. No ano seguinte o Mengão sagrou-se bicampeão carioca com praticamente os mesmos jogadores ao ano anterior, ou seja; Chamorro, Leone e Pavão; Jadir, Luiz Roberto e Jordan; Paulinho, Rubens, Índio (Henrique), Babá e Esquerdinha. O técnico era Fleitas Solich. Este foi o time que derrotou o Corinthians no dia 15 de maio de 1955, jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo. O jogo foi no Maracanã e os gols do time carioca foram anotados por Jordan e Rubens.

                     Vale lembrar que o Corinthians havia conquistado o título paulista do IV Centenário há quatro meses atrás e possuía um grande esquadrão e mesmo assim caiu diante do grande time do Flamengo. Henrique se firmou como titular da equipe com a saída de Índio para o Corinthians e Evaristo para o Barcelona. Formou uma grande dupla de área com Dida, que é o segundo maior artilheiro do Flamengo com 244 gols. Com este título de 1955, o Flamengo conquistou o seu segundo tricampeonato carioca, uma vez que já havia conquistado em 1942/43/44.

                    Seis anos mais tarde, Henrique enfrentou o Corinthians novamente, desta vez num jogo amistoso, onde tivemos a inauguração dos refletores do estádio Alfredo Schurig, mais conhecido por Parque São Jorge. Este jogo aconteceu dia 25 de fevereiro de 1961. O jogo foi contra o Flamengo e os corintianos deram um show de bola. Em noite inspirada, o time alvinegro ganhou de 7×2, com dois árbitros apitando a partida, João Etzel Filho no primeiro tempo, e Armando Marques, na etapa complementar. Neste dia o Corinthians jogou com; Cabeção, Walmir, Olavo, Ari Clemente e Oreco; Benedito e Rafael; Bataglia (Felício), Joaquinzinho, Miranda (Zague) e Neves. O técnico foi João Lima. O Flamengo que tinha um grande time na época jogou aquele dia com; Ari, Joubert, Bolero, Nelsinho e Jordan; Carlinhos e Gerson (Manoelzinho); Luiz Carlos (Moacir), Henrique, Dida e Babá. O técnico foi Fleitas Solich. Os gols corintianos foram marcados por Neves (2), Felício, Bataglia, Miranda, Rafael e Joaquinzinho. Para os cariocas marcaram Gerson e Dida.

                   Henrique voltou a sagrar-se campeão pelo Flamengo em 1961 pelo Torneio Rio-São Paulo e em 1963 pelo Campeonato Carioca. Durante os nove anos que Henrique vestiu a gloriosa camisa do Flamengo, realizou 402 jogos. Venceu 240, empatou 67 e perdeu 95. Marcou 211 gols. Em 1963 foi emprestado ao Nacional do Uruguai e no ano seguinte foi emprestado a Portuguesa de Desportos.

PORTUGUESA

                   Henrique chegou na Lusa em 1964. Como já havia outro Henrique no clube, passou a ser chamado pelo nome completo, Henrique Frade. Na época a Lusa tinha um grande time, inclusive brigou pelo título paulista daquele ano até o final, tanto é que ficou em terceiro lugar, somente quatro pontos atrás do Santos que foi o campeão. Naquele domingo à tarde, com verdadeiro dilúvio caindo na Vila Belmiro, Ivair chegou a sofrer um pênalti escandaloso do lateral direito Ismael, não marcado pelo árbitro Armando Marques.  O lance aconteceu no primeiro tempo, quando o placar ainda estava em branco.  O Santos venceu por 3 a 2 e todos os gols aconteceram no segundo tempo, sendo eles na seguinte ordem: Toninho, Pepe, Ismael (contra), Ditão e Pepe de falta.  Neste dia a Portuguesa que era comandada por Aymoré Moreira, jogou com a seguinte formação: Orlando, Jair Marinho, Ditão, Wilson Silva e Edílson; Pampolini e Nair; Almir, Henrique, Dida e Ivair. Três rodadas antes a Portuguesa havia vencido o Corinthians por 4 a 2, sendo um dos gols de autoria de Henrique cobrando pênalti.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                    Para a Copa do Mundo de 1958, mesmo Henrique tendo atuado muito pela Seleção em 1956 e 1957, ele foi o único atacante do Flamengo que não foi convocado por Vicente Feola. Em 1959, participou de uma partida que entrou para a história do futebol brasileiro, era o dia 13 de maio de 1959, dia em que o Brasil, recém campeão mundial, recebia a Inglaterra para um amistoso no Maracanã. O técnico Vicente Feola deixou Garrincha no banco de reserva e escalou Julinho Botelho com a camisa 7, que ao entrar em campo recebeu uma das maiores vaias que o Maracanã já presenciou. No entanto, cinco minutos de jogo fez jogada na ponta direita e marcou o primeiro. Dez minutos depois deu passe para Henrique fazer o segundo. Final: Brasil 2 a 0. Julinho saiu aplaudido pela mesma torcida que não o queria em campo e, na manhã seguinte, os jornais ingleses anunciavam: “O Brasil agora tem dois Garrinchas”.

                   Ainda pela Seleção Brasileira, Henrique disputou o Sul-americano de 1959, formando dupla com Pelé e ficando com o vice-campeonato invicto – o Brasil empatou na final com a Argentina. Em 1961, num jogo amistoso contra o Paraguai, Henrique marcou um dos gols na vitória brasileira por 3 a 2. O jogo foi no Maracanã dia 29 de junho e os outros dois gols brasileiros foram anotados por Dida e Joel, portanto os três gols foram feitos por jogadores do Flamengo. Com a camisa da nossa seleção, Henrique disputou quatro partidas e marcou dois gols.

FINAL DE CARREIRA

                   No final de 1965, Henrique foi jogar no Atlético Mineiro. Sua estreia aconteceu dia 5 de novembro de 1965, quando o Galo Mineiro derrotou o Renascença de Belo Horizonte por 3 a 0 e sua última partida com a camisa do Atlético aconteceu dia 13 de fevereiro de 1966, quando o Galo perdeu para o Siderúrgica de Minas por 3 a 2. Ao todo Henrique disputou somente 14 partidas pelo clube mineiro e marcou três gols. Depois foi jogar no Formiga da sua cidade natal, onde conquistou o   Campeonato Mineiro do Interior (1ª Divisão) em 1967. Logo em seguida encerrou sua carreira no próprio Formiga.

                  Depois que encerrou a carreira passou a trabalhar como treinador no próprio Formiga em 1968. Era extremamente competente na direção do Formigão, que tinha, dentre outros: Carlos Cobra, Halle, Gilson, Sudaco, Coutinho, Cristóvão (já falecido) e Adnan (emprestado pelo Corinthians) e etc. Dirigiu também o América Mineiro, onde sagrou-se campeão em 1971. Depois trabalhou no Democrata de Governador Valadares e depois passou a trabalhar no Flamengo na parte dos garotos.

TRISTEZA

                 Durante sete anos Henrique sofreu com problemas nas pernas, devido a uma fratura mal calcificada. Realizou seis cirurgias, algumas nos quadris e outras no fêmur. Depois disso passou a ter muitas dificuldades na locomoção e com isto passou a utilizar muletas, as quais as acompanharam até o final de sua vida. As injeções, as infiltrações de antigamente junto com o reumatismo em gota mais um pouco de bebida, acabaram por fragilizar seus ossos e tudo isto fizeram com que ele ficasse muito debilitado. Henrique Frade faleceu dia 15 de maio de 2004, no Rio de Janeiro, onde morava desde 1997. Era viúvo desde 1998 e deixou um casal de filhos e três netos.                                

                 Henrique Frade foi um centroavante de boa técnica, apesar do estilo rompedor. Além disso, era dotado de grande velocidade, coragem e visão de gol. Marcou época no ataque do Flamengo, no qual jogou de 1954 até 1963, ascendendo à condição de titular com a saída de Índio para o Corinthians e de Evaristo para o Barcelona. Fez uma dupla histórica com Dida, até hoje recordada pelos rubro-negros, sendo que no seu período o clube conquistou um bicampeonato 1954/55, uma Taça dos Campeões Estaduais Rio – São Paulo em 1955, um Rio-São Paulo (1961), um Campeonato Carioca (1963) e um Sul-americano extra oficial de clubes (1960).

Em pé: Djalma Santos, Jadir, Waldemar Carabina, Gilmar, Zéquinha e Ari Clemente     –    Agachados: Joel, Dida, Henrique, Chinesinho e Babá
Em pé: Félix, Henrique Pereira, Ditão, Pampolini, Wilson Silva e Cacá     –    Agachados: Neivaldo, Henrique, Dida, Nair e Nilson
Em pé: Joubert, Fernando, Milton, Jadir, Déquinha e Jordan     –     Agachados: Joel, Moacir, Henrique, Dida e Baba
Em pé: Joubert, Fernando, Décio, Vanderlei, Carlinhos e Jordan      –     Agachados: Espanhol, Nelsinho, Henrique, Dida e Gerson
Em pé: Ari, Nelinho, Bolero, Jadir, Joubert e Jordan      –     Agachados: Joel, Gerson, Henrique, Manuelzinho e Babá
Em pé: Djalma Santos, Bellini, Dino Sani, Nilton Santos, Gilmar e Orlando      –    Agachados: Julinho, Didi, Henrique, Pelé e Canhoteiro
Dorval, Didi, Henrique, Pelé e Zagallo
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