BRÁULIO: conquistou vários títulos pelo Internacional / RS

                      Bráulio Barbosa de Lima nasceu na cidade de Porto Alegre (RS), em 4 de agosto de 1948. Em certa ocasião, o técnico do Internacional Daltro Menezes declarou para uma rádio de Belo Horizonte que tinha em seu elenco um jogador tão bom quanto o craque Tostão. Mais do que depressa, o hábil repórter disparou: “Ué, então coloque ele para joga”!

                     Meio-campista de rara habilidade, Bráulio era aclamado como o “Garoto de Ouro”, um dos grandes controladores de bola do cenário gaúcho. Para alguns, no entanto, Bráulio não passava de um mero enganador, talvez mais interessado em ostentar badaladas roupas de grife ao lado de seu Ford Corcel amarelo.

                     Talentoso e pouco inclinado em trombar desnecessariamente com os zagueiros, o jovem Bráulio acabou pagando muito caro pela injusta fama de que era um sujeito incapaz de suportar uma boa briga. Conforme publicado pela revista Placar em 20 de setembro de 1974, Bráulio foi mais uma vítima dos “Mandarins”, um grupo seleto de conselheiros, jornalistas e torcedores que ficaram notabilizados pela forte dedicação na construção do Beira Rio.

                      Paralelamente, os “Mandarins” não se conformavam com o domínio gremista na década de 1960, o que custou muito “pano pra manga” nos bastidores do clube. Nos tempos de estudante do Colégio Rui Barbosa, o menino peralta matava aulas para assistir treinos do Internacional, ao mesmo tempo em que imaginava ser um novo Larry. O sonho finalmente foi materializado quando Bráulio foi encaminhado ao quadro Infantil do Internacional.

                      E não demorou para surpreender. Em pouco tempo, o rapazola já contava com uma espécie de “Fã-Clube”. Em 1964 já atuava pelo time juvenil e formava uma boa dupla ao lado do amigo Chorinho. Em 1965 assinou seu primeiro compromisso profissional recebendo 500,00 cruzeiros de luvas, mais salários mensais de 90,00 cruzeiros. Nos anos seguintes, Bráulio foi eleito como o “Craque do Ano” no Rio Grande do Sul.

                      Considerado um verdadeiro “diamante” pelo treinador Oswaldo Rolla, suas brilhantes atuações movimentavam a exigente imprensa esportiva gaúcha; como aconteceu em um amistoso contra o poderoso Cruzeiro, quando fez os experientes Procópio e Willian baterem cabeça.

                      Simultaneamente ao grande entusiasmo pela inauguração do Estádio Beira Rio em 1969, as críticas ao futebol de Bráulio esquentaram naquele período. Então, o “Garoto de Ouro” foi parar no banco de reservas. Alguns integrantes do grupo dos “Mandarins” eram jornalistas influentes, que não poupavam Bráulio em suas colunas ou nas análises pela Rádio Guaíba.

                      Mas Bráulio voltou por cima na memorável conquista do título gaúcho de 1969. Dessa forma, seu futebol refinado calou os “Mandarins”, que não encontraram mais o apoio do presidente Carlos Stechmann. Depois do esperado afastamento dos “críticos de plantão”, tudo melhorou e o Internacional contou novamente com uma grande equipe no início da década de 1970.

                      E Bráulio, surpreso, voltou para o banco de reservas no time comandado por Daltro Menezes, que se defendia da ira da torcida pela ausência do talentoso meio-campista. O treinador afirmava que preferia escalar Sérgio Galocha para ajudar o “tanque” Claudiomiro em sua luta contra os fechados sistemas defensivos do interior gaúcho.

                      Mas, a forte pressão da torcida não calava! Como era possível Bráulio não jogar? Então, Daltro Menezes prontamente mudou o discurso! O treinador afirmava que os “diamantes” só deveriam ser usados em ocasiões muito especiais, ao mesmo tempo em que não percebia qualquer sentido em escalar Bráulio para tomar pernadas dos beques.

                      Com o clima pesado no Beira Rio, Sérgio Galocha foi o primeiro a deixar o clube para defender por empréstimo o Clube de Regatas do Flamengo (RJ). Enquanto isso, também começaram os rumores sobre uma possível troca de Bráulio com o artilheiro argentino Doval.

                     Ainda naquele período, o “Garoto de Ouro” também foi sondado pelo Corinthians e por muito pouco não desembarcou no Parque São Jorge em 1971. Campeão gaúcho nas edições de 1969, 1970, 1971, 1972 e 1973, além do vice-campeonato do Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967 e 1968, Bráulio queria jogar e sua condição no banco de reservas o prejudicava bastante, inclusive nas renovações de contrato.

                     Até que em 1973, sem qualquer acordo financeiro para uma possível renovação contratual, a novela de Bráulio com o Internacional chegou ao final. Com o acerto financeiro com o Coritiba Foot Ball Club (PR). Bráulio embarcou entusiasmado para a capital paranaense ao encontro do técnico Elba de Pádua Lima, o Tim.

                       Pouco depois de uma temporada, Bráulio rumou feliz para o futebol carioca. No América (RJ), Bráulio fez parte do esquadrão que conquistou a Taça Guanabara de 1974, em uma das últimas formações de destaque na história do clube. Bráulio permaneceu jogando pelo América até 1976, ano em que uma crise financeira o colocou no caminho do Botafogo de Futebol e Regatas (RJ).

                       No time da “Estrela Solitária” Bráulio continuou até 1978. Em seguida voltou novamente ao Coritiba para ser campeão paranaense em 1979. E nos últimos capítulos de sua extensa e rica caminhada, Bráulio defendeu o Club Universidad do Chile. Conseguiu o vice-campeonato nacional de 1980, antes de decidir encerrar definitivamente sua trajetória no findar de 1981.

1967 – Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luiz Carlos, Élton e Lauricio    –     Agachados: Carlitos, Bráulio, Sérgio Galocha, Lambari e Dorinho
Em pé: Bibiano Pontes, Schneider, Figueroa, Jorge Andrade, Tovar e Édson Madureira   –    Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Paulo César Carpegiani e Volmir
1973 – Em pé: Pontes, Schneider, Cláudio, Figueroa, Tovar e Jorge Andrade  –    Agachados: Arlem, Bráulio, Manoel, Carpegiani e Djair
Em pé: Schneider, Sadi, Pontes, Scala, Elton e Laurício     –    Agachados: Carlitos, Bráulio, Claudiomiro, Tovar e Dorinho
Em pé: Gainete, Bibiano Pontes, Jorge Andrade, Hermínio, Carbone e Edson Madureira – Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Tovar e Dorinho
1970 – Em pé: Perivaldo, Zé Carlos, Luizinho, Rodrigues Neto, Renê e Osmar   –   Agachados: Gil, Mendonça, Nílson Dias, Bráulio e Paulo César Caju
América do Rio em 1975   –    Em pé: Orlando Lelé, Zecão, Geraldo, Alex, Álvaro e Ivo  –    Agachados: Neco, Bráulio, Renato, Expedito e Gílson Nunes
1968 – Em pé: Gainete, Sadi, Scala, Luis Carlos, Tovar e Laurício   –    Agachados: Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro, Dorinho e Canhoto
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