ADÍLIO: campeão mundial pelo Flamengo em 1981

                 Adílio de Oliveira Gonçalves nasceu dia 15 de maio de 1956, na cidade do Rio de Janeiro. O estilo clássico, de rara habilidade, que marcou Adílio, é lembrado até hoje. O meia chegou no Flamengo com seis anos de idade e ficou até os 30, sendo titular absoluto do time profissional, de 1977 até 1986. Na época em que ele jogava, o atleta tinha mais amor pela camisa de seu clube do que por qualquer outro motivo e, quando os craques se identificavam com um clube, permaneciam nele por quase toda a carreira, coisa rara nos dias de hoje, daí o motivo de falarem tanto de Marcos, Rogério Ceni e mais alguns.

                 Para Adílio, jogar no Flamengo foi o maior orgulho da sua vida. Não é para menos, foi um dos responsáveis pela maioria dos títulos mais importantes do clube, entre eles, três brasileiros (80, 82 e 83) e a  Taça Libertadores e o Mundial, em 1981. Uma coisa muito importante, foram 24 anos de Flamengo e, só como profissional, conquistou 24 títulos, ou seja, um para cada ano.

FLAMENGO             

                 Desde que chegou ao clube da Gávea com apenas 6 anos de idade, levado pelo amigo Júlio César, outro craque rubro-negro, Adílio usou, em todas as categorias de base, a camisa 10. Quando chegou ao profissional, porém, o número já tinha dono: O Zico era o 10, então, ficou com a 8. Sua  estréia no profissional foi com a 10, pois ele substituiu o Galinho (Zico), que estava machucado. Do grande time do Flamengo da década de 80, do qual ainda fizeram parte Leandro, Andrade, Nunes, Tita, e outros, além da categoria, a união da equipe foi uma marca registrada. Quando se vê, hoje em dia, notícias de desunião no time e de guerra de egos entre as estrelas, a saudade daqueles tempos aperta ainda mais.

               Até hoje aquelas feras são amigos. Adílio por exemplo está sempre com o Júnior, Zico, Rondinelli, Andrade, parece até que formam uma família de verdade. Quando um deles estava cansado, sem gás, os outros corriam por ele. Era união mesmo, pelo Flamengo. E olha que toda hora saíam jogadores para a seleção, como o Zico e o Júnior, principalmente, e o nível do futebol não caía, porque havia muita garra. Idolatrado pelos rubro-negros, Adílio poderia, também, ser um ídolo para todo o país, mas nunca disputou uma Copa do Mundo. O assunto, inclusive, ainda aborrece do ex-craque. É uma mágoa na sua vida.

               Fez apenas dois jogos na seleção brasileira. Em 82, em um amistoso contra a Alemanha, ele foi muito bem na partida, deu o passe para o Júnior marcar um gol, e recebeu nota 10 dos jornais, como o melhor homem em campo. Estava tudo a seu favor, muita gente acreditou que ele estava praticamente garantido na Espanha, e ele mesmo achou que estava a um passo de realizar este sonho. Mas, no momento final, não foi chamado. Adílio tem muitos orgulhos no futebol, só faltou a Copa para que concluísse sua carreira com chave de ouro.

TÍTULOS

               A carreira de Adílio foi uma verdadeira coleção de títulos. Somente pela Taça Guanabara conquistou seis títulos; 1978, 79, 80, 81, 82 e 84. Pela Taça Rio conquistou três títulos; 1983, 85 e 86. Campeão Carioca em; 1978, 79, 81 e 86. Campeão Brasileiro em; 1980, 82, 83 e 87. Foi ainda campeão pela Taça Libertadores da América e Mundial Interclubes em 1981. Todos estes títulos foram importantes em sua carreira, mas o título mundial sem dúvida alguma, foi o que mais marcou sua carreira, assim como para toda a nação rubro-negra carioca.

               Depois de conquistar a Taça Libertadores da América num jogo de muita violência contra o Cobreloa do Chile, com o placar de 2 a 0, sendo que os dois gols foram marcados por Zico, veio o grande jogo que aconteceu dia 13 de dezembro de 1981 em Tóquio.  O adversário era o Liverpool, da Inglaterra. Na época o técnico da equipe carioca era Paulo César Carpegiani, que mandou a campo naquele dia, os seguintes jogadores; Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico; Titã, Nunes e Lico.

               Eles eram os encarregados de levar o clube rubro-negro à conquista do título inédito para a Gávea.  O jogo que parecia ser tão difícil, com o passar do tempo foi ficando cada vez mais fácil. Logo aos 13 minutos de jogo, Nunes marcou o primeiro gol.  Aos 34, Adílio ampliou o placar e ainda no primeiro tempo, aos 41 minutos, Zico marcou o terceiro gol. Com este placar, o time carioca voltou para a segunda etapa só administrando o jogo e levando em banho-maria.

               O time inglês até que tentou, mas acabou reconhecendo a superioridade brasileira e o jogo acabou com a vitória do Flamengo por 3 a 0 e mais um título para o clube carioca e na carreira do craque Adílio. Atuou no Flamengo entre 1975 e 1987, quando teve a oportunidade de vestir a camisa rubro-negra em 615 partidas, o que faz dele o terceiro jogador com maior número de jogos disputados pelo Flamengo.

PEREGRINAÇÃO              

              Depois de sair do Flamengo, em 87, Adílio peregrinou por algumas equipes de menor expressão no Brasil, e no exterior. Mesmo assim, teve momentos de brilho: Quando jogava no Tumbiara, de Goiás, foi fazer um amistoso, no Peru, e acabou com o jogo, marcando um gol e dando o passe para outro. Quando a partida acabou, um dirigente do Alianza Lima o chamou e disse que ele não iria embora, de jeito nenhum. Eles encerraram seu contrato no Brasil e ficou jogando por lá. Jogou mais tarde no Barcelona de Guayaquil, onde sagrou-se campeão em 1989. Depois de passagens pelo futebol Árabe e por outras equipes brasileiras. Já em final de carreira, passou a atuar por times do interior do Rio de Janeiro como o América de Três Rios, o Friburguense e o Barreira, onde encerrou sua carreira em 1995.

TREINADOR               

               Após pendurar as chuteiras, Adílio passou a se dedicar a carreira de treinador. Sua primeira experiência foi a frente do saudita Bahain, logo em seguida assumiu o comando do CFZ, do seu companheiro de outrora Zico. Em 2003 o ex jogador aceitou um convite do Flamengo para assumir o comando das categorias de base. De volta ao seu berço, Adílio desempenhou um trabalho invejável á frente dos garotos rubro-negros. Em quatro anos nos juniores, ele foi tricampeão carioca, bicampeão do Torneio OPG, campeão do Rio-São Paulo e da Taça BH, além de terceiro colocado no Mundial da Malásia. Neste período de trabalho no Flamengo, Adílio teve aquela que talvez tenha sido a sua maior oportunidade na carreira de treinador, quando foi acionado a assumir o time principal no ano de 2006.

               A equipe que havia se mantido bravamente na Série A do Campeonato Brasileiro de 2005, graças aos préstimos de Joel Santana, havia perdido seu comandante e passou a ser treinada por Adílio. A experiência, no entanto, não deu certo. O time de Adílio disputou duas partidas e perdeu ambas para Nova Iguaçu e Cabofriense respectivamente. Depois desta situação, o ex-jogador voltou a treinar a equipe de base, mas em Dezembro de 2008, após uma reformulação no Departamento de Futebol do Flamengo, Adílio foi demitido do comando técnico das divisões de base do clube.

ÍDOLO DE UMA NAÇÃO

                Mesmo tendo encerrado sua carreira há muitos anos, ainda hoje o torcedor do Flamengo guarda na lembrança a figura de Adílio, por tudo que ele fez pelo clube e pelas grandes alegrias que proporcionou à nação flamenguista. Adílio quando estava na área adversária era drible para todo lado, enfileirava zagueiros que para conseguir para-lo tinham que derruba-lo.  Quem o viu jogar, sabe que ele era mestre em conduzir a bola, diziam que ela grudava em seus pés.  Pegava a pelota e só soltava dentro do gol. Alguns técnicos separavam dois zagueiros para marcar Zico, então Adílio fazia a festa. Sem dúvida, Adílio foi uma das estrelas do mundial de interclubes em 1981, jogando ao lado de Zico e Andrade no meio de campo. Ainda hoje o torcedor do Flamengo lembra com saudade daquele meio de campo, pois quem viu eles jogarem, não tem como esquece-los.  Nascido e criado na Cruzada de São Sebastião, no Leblon, Adílio, hoje mora na Ilha do Governador, bairro de classe média do Rio.

                Para os que não tiveram o prazer de ver Adílio dando shows pelos gramados, sejam rubro-negros ou não, há ainda a chance de se ter ideia do que ele era capaz. Hoje em dia, o ex-craque também faz exibições com times de masters, pelo Brasil.  Quando era jogador do Flamengo, Adílio era chamado pelos companheiros pelo apelido de Brown. Ele explica: “Eu adorava as músicas do James Brown. Vivia cantando e dançando igual a ele, na concentração, para animar a rapaziada. Até as roupas eu usava”. Quanto a seleção brasileira, Adílio teve somente duas atuações, contudo, deixou sua marca ao dar um lindo passe para Júnior fazer o gol da vitória brasileira sobre a Alemanha, em uma partida disputada no Maracanã em 1982. Adílio era um jogador de rara habilidade e criatividade, dono de um passe perfeito e adepto a um estilo de jogo clássico. Quem teve a felicidade de vê-lo jogar, certamente foi um privilegiado.

                Adílio um dos maiores ídolos do Flamengo e terceiro jogador que mais vestiu a camisa rubro-negra na história foi diagnosticado com câncer de pâncreas, motivo que o levou a ser internado em um hospital particular no Rio de Janeiro. O ex-jogador faleceu em 5 de agosto de 2024.

Seleção Carioca de 1978    –   Em pé: o técnico Cláudio Coutinho, Toninho, Leão, Abel, Alex, Júnior e Paulo César Carpegiani   –    Agachados: Dé, Adílio, Mendonça, Zico e Guina
Em pé: Roberto, Rondinelli, Carlos Alberto Torres, Júnior, Vanderlei Luxemburgo e Merica    –    Agachados: Tita, Adílio, Kalu, Dendê e Luís Paulo
Em pé: Carlos Alberto, Raul, Rondinelli, Figueiredo, Leandro, Mozer, Marinho, Júnior e Cantarelli   –    Agachados: um jogador encoberto, Chiquinho, Tita, Adílio, Ronaldo Marques, Zico e Baroninho
1978   –   Em pé: Rondinelli, Cantareli, Dequinha, Ramirez, Júnior e Merica    –    Agachados: Júnior Brasília, Adílio, Radar, Paulo César Carpegiani e Tita
Em pé: Raul Plassmann, Marinho, Rondinelli, Andrade, Júnior e Carlos Alberto   –    Agachados: Chiquinho, Adílio, Nunes, Zico e Baroninho

 

Postado em A

Deixe uma resposta