Luciano Jorge Veloso nasceu dia 13 de setembro de 1948, na cidade de Pesqueira – PE. Começou a carreira no CRB de Alagoas em 1965 e no mesmo ano transferiu-se para o Santa Cruz do Pernambuco, onde jogou por dez anos e nesse período sagrou-se pentacampeão pernambucano de 1969 até 1973. depois passou pelo Sport do Recife e dois anos depois chegou em São Paulo para defender as cores do S. C. Corinthians Paulista, que na época estava num jejum de 22 anos sem um título paulista. Mas com sua chegada e de mais alguns craques, finalmente o sofrimento da Fiel torcida terminou no dia 13 de outubro de 1977, com Luciano fazendo uma grande partida naquele dia memorável e inesquecível para o torcedor corintiano.
Ficou no Parque São Jorge até 1978, depois jogou no Juventus, na Portuguesa, no Náutico e no Central do Pernambuco, onde encerrou sua brilhante carreira de jogador de futebol. Ainda hoje é o segundo maior artilheiro do Santa Cruz com 174 gols em 409 jogos. É o quarto artilheiro de toda história dos Campeonatos Pernambucanos, atrás somente de Baiano, Tará e Fernando Carvalheira.
SANTA CRUZ
Embora pernambucano, o meia começou no CRB, com 17 anos, levado pelo irmão Paulo Veloso. No estado vizinho conquistou o título dos juniores no clube regatiano e, num amistoso de entrega de faixas, contra o Santa Cruz, acabou sendo descoberto. Seu time perdeu por 3×2, mas Luciano fez os gols do CRB, chamando a atenção do técnico tricolor Batista, que, antes da viagem de volta ao Recife, já havia deixado a passagem do meia com o mesmo destino. Poucos dias depois, aquele que ficaria conhecido como “A Maravilha do Arruda”, chegava à capital pernambucana.
O Pentacampeonato do Santa Cruz começa, na verdade, quando o milionário James Thorp assume o departamento de futebol do clube. Além de todo o dinheiro do “inglês”, como era chamado pelos torcedores, mudou-se a forma de ação. No lugar de jogadores medalhões, vindos do Rio e de São Paulo, o clube passou a investir nos jogadores prata-da-casa, valores da região e na estrutura do clube, construindo uma concentração e ampliando o Estádio do Arruda. Entre os garotos, estava o promissor Luciano, vindo do futebol alagoano.
Sua estréia no time da “cobra coral”, como é chamado o clube, aconteceu dia 16 de outubro de 1966, num jogo amistoso contra o Vera Cruz, onde o Santa venceu por 4 a 0. Logo de cara Luciano impressionou a todos com seus passes precisos e lançamentos sob medida, mas encantava também pelos chutes certeiros. Era um armador clássico e que cadenciava bem o jogo. Logo caiu no agrado da torcida e não saiu mais do time.
A conquista do penta começou em 1969. Durante a disputa do estadual de 70, uma grande cheia no Recife provocou a morte de 61 pessoas e inundações nos estádios da capital. Mas, passado o triste episódio, Luciano teve seu valor reconhecido na inclusão de seu nome na lista dos 40 jogadores da Seleção Brasileira para a Copa de 1970, quando conquistamos o Tricampeonato Mundial no México. Mantendo o futebol de muita técnica, no qual, quem corria era a bola, e não o jogador, vieram o tri, 71, e o tetra, em 72, nesse, por sinal, o Santa teve os três goleadores do campeonato; Santana, 15 gols, o próprio Luciano, 13, e Ramon, com 12. Mas foi no Penta que Luciano assumiu a artilharia do estadual – 25 gols. Além desses números, as estatísticas do Santa Cruz nos cinco títulos (69 a 73) impressionam: 101 vitórias, 19 empates, 11 derrotas, 333 gols marcados, 71 sofridos, resultando no saldo positivo de 262.
Tamanho destaque do clube e do jogador Luciano, não passaria em branco no sul do País. O Palmeiras chegou perto de levá-lo, mas Luciano disse aos pretendentes que só sairia por muito dinheiro, “mas muito mesmo.” No Brasileirão de 1973, o Santas Cruz terminou na décima colocação, enquanto que Luciano ficou em quarto lugar na Bola de Prata, da Revista Placar, atrás de feras como Forlan, do São Paulo, Ademir da Guia, do Palmeiras, e Fito, do Bahia. Jogando os Brasileirões, de 71 a 74, pelo Santa Cruz, Luciano marcou 34 gols em 96 jogos. No início de 75, já desgastado após dez anos no Arruda, o então, presidente José Nivaldo, resolveu negociá-lo. A transação com o Sport Recife aconteceu justamente durante o carnaval, a fim de evitar uma revolta da torcida, concentrada na festa anual. O Santa recebeu 600 mil cruzeiros, o qual investiu na compra de vários jogadores.
CORINTHIANS
Luciano foi contratado pelo Corinthians em 1977 e logo que chegou ao Parque São Jorge, recebeu o apelido de Coalhada, devido ao seu cabelo Black Power, que era bem parecido com um dos personagens de Chico Anysio na televisão. Sua estréia com a camisa alvinegra aconteceu dia 23 de janeiro de 1977, quando o Corinthians fez um amistoso contra o Grêmio Maringá daquela cidade do Paraná. O jogo terminou com a vitória do time da casa por 3 a 2. Os gols corintianos foram marcados por Geraldão e Edu. Neste dia o técnico Duque mandou a campo os seguintes jogadores; Tobias, Bellini, Darcy, Zé Eduardo e Claudio Mineiro; Tião, Basílio e Luciano (Lance); Vaguinho (Edu), Geraldão e Romeu.
Uma semana depois o Corinthians fez outro jogo amistoso, desta vez na cidade de Limeira, contra a Internacional. Este jogo entrou para a história, pois foi a inauguração do Estádio Major José Levy Sobrinho, mais conhecido por Limeirão. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 2, com dois gols de Luciano e um de Romeu, enquanto que para a Inter marcaram Carlinhos e Roberto. Neste dia a Internacional de Limeira jogou com; Carlinhos, Silvio (Carlinhos), Belini, Klein e Bauer; Jorge Cruz, Sérgio Moraes (Roberto) e Sérgio Luiz (Varley), Assis, Tião Marino e Marcos. O juiz da partida foi Oscar Scolfaro e neste dia tivemos um público de 10.073 pagantes, o que proporcionou uma arrecadação de Cr$ 452.800,00.
Ainda naquele ano de 1977, Luciano entraria para a história do Corinthians, pois sagrou-se Campeão Paulista, um titulo que o clube de Parque São Jorge não conquistava desde 1954, quando ficou campeão do IV Centenário da cidade de São Paulo. Naquele dia 13 de outubro de 1977, o time mosqueteiro entrou em campo com a seguinte formação; Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. O árbitro era Dulcídio Wanderley Boschilla, que apita o início da partida.
O Corinthians começou levando perigo logo aos 4 minutos, com uma bola na trave de Luciano sobre a meta de Carlos. Aos 16 minutos, o centroavante da macaca, Rui Rey foi expulso, após uma jogada em que ele levou a bola com a mão, o arbitro apitou a falta e Rui se direcionou para o juiz com gestos e palavrões quando foi advertido com o cartão amarelo. Mesmo assim continuou reclamando com o arbitro que o puniu com o cartão vermelho. O jogo é muito disputado e o primeiro tempo termina em 0 a 0. Vem o segundo tempo e a torcida corintiana com o grito de campeão entalado na garganta há mais de 22 anos. Faltavam dez minutos para terminar a partida, quando uma falta na ponta direita deu um novo alento à multidão.
Zé Maria cruzou na área, Wladimir raspou a cabeça e a bola sobrou para Vaguinho, que, de canhota, mandou uma bomba no travessão. No rebote, Wladimir cabeceou mais uma vez, no corpo de Oscar, que impediu o gol. No segundo rebote chega Basílio chutando de uma maneira que parecia haver milhões de pés chutando ao mesmo tempo e a bola foi estufar as redes do goleiro Carlos, que nada pode fazer. A partir daí, começaram as comemorações pela cidade. Foi só o juiz terminar o jogo para que os torcedores invadissem o campo, enquanto milhões festejavam por todo o país.
A última partida de Luciano pelo Corinthians, aconteceu dia 16 de julho de 1978, quando o alvinegro perdeu para o Vasco por 3 a 1 pelo Campeonato Brasileiro. Neste dia o Corinthians jogou com; Jairo, Claudio Mineiro, Moisés, Amaral e Wladimir; Ruço, Ademir Vicente e Palhinha; Vaguinho, Luciano (Rui Rey) e Romeu (Geraldão). Com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, Luciano disputou 70 partidas. Venceu 40, empatou 14 e perdeu 16. Marcou 9 gols.
FINAL DE CARREIRA
Luciano deixou o Corinthians para jogar no Juventus da Mooca em 1978. Na equipe da Rua Javari, ele teve como companheiros o ponta-direita Ataliba, o centroavante Geraldão, o meia César, entre outros. Luciano encerrou a carreira nos anos 80 jogando no futebol pernambucano. Depois que encerrou a carreira como jogador, começou a trabalhar como treinador. Começou sua nova fase como técnico nas divisões de base do Santa Cruz. Em 1993, Luciano comandou o Náutico no vice-campeonato pernambucano, perdendo para o Santa Cruz de virada. Hoje vive em sua cidade natal, onde trabalha como treinador do time de Pesqueira F. C.