PARDAL: Aniversariante do dia 2 de Setembro

               Lino Mancilla nasceu dia 22 de setembro de 1916, na cidade de Pelotas – RS. Foi um grande jogador do São Paulo F.C. na década de 40. Formou um ataque que o torcedor do Tricolor jamais esquecerá; Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Pardal. Conquistou três títulos paulista pelo São Paulo, 1943, 1945 e 1946, uma época de ouro do Tricolor do Morumbi. A história começa em 1938, quando  o São Paulo funde-se ao Estudantes, que tinha diversos bons jogadores, entre eles Pedrosa, o goleiro que deu nome a diversos torneios nacionais importantes, como o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Anos depois o São Paulo adquire um campo no Canindé (onde fica a atual Portuguesa de Desportos) e solidifica um mínimo de estrutura. Mas faltam jogadores para ter um time competitivo. São contratados: Rui e Noronha, do Vasco, Luizinho, Gijo e Zezé Procópio, do Palmeiras, Remo chega de Minas e Pardal do Rio Grande do Sul, e mais alguns jogadores das bases vão compondo a nova equipe. Mas ainda é pouco. E em abril de 1942 chega aquele que se tornaria o primeiro grande ídolo da história tricolor: Leônidas da Silva.

TÍTULO DE 1943

               Desde 1937 o Paulistão sempre ficava entre Corinthians ou Palmeiras, o que gerou a piada de que, para decidir quem seria o campeão, bastava jogar cara ou coroa, já que só havia duas possibilidades. Um dirigente são-paulino questionou a piada, perguntando quando, nesse caso, o São Paulo seria o campeão. Lhe responderam que o São Paulo só seria campeão Paulista, quebrando a hegemonia quando a moedinha caísse em pé. Ao fim do campeonato, com o título São Paulino, a diretoria tricolor fez uma carreata, tendo um carro alegórico com uma moeda de pé.

               Este campeonato foi equilibrado desde o início. O São Paulo perde para o Ypiranga logo na segunda rodada (1×2), e a seguir empata com Portuguesa e Juventus (ambos por 1×1) e perde o clássico com o Corinthians (1×2), resultados que derrubam o técnico Conrado Ross. Foi quando Paulo Machado de Carvalho resolveu contratar o português radicado Jorge de Lima, o Joréca, funcionário da FPF, além de jornalista e radialista era também um ex-árbitro, que quando apitava jogo do São Paulo vivia prejudicando o tricolor. E o novo fôlego dá resultado logo nas primeiras partidas: 6×1 no Santos, 8×1 na Portuguesa Santista e vitória no clássico com o Palmeiras: 2×1. Em uma goleada de 9×0 na Portuguesa Santista, na rua Javari, Sastre, pouco afeito a marcar gols, deixa 6 só nesta partida para entrar para a história: recordista de gols em uma partida pelo São Paulo. Com uma sequência de 12 vitórias, o São Paulo chega à última rodada necessitando apenas de um empate.

               Última partida do campeonato e o São Paulo iria enfrentar o Palmeiras. O Corinthians havia goleado a Portuguesa Santista na véspera por 6×1 e aguardava o resultado do Choque-Rei decisivo. Ao São Paulo um empate bastava, mas a vitória palmeirense obrigaria à realização de um torneio-desempate com o Trio de Ferro. A torcida comparece em massa no Pacaembu: 42.143 torcedores. E presenciaram um grande jogo. Este jogo aconteceu dia 3 de outubro de 1943, o estádio era o Pacaembu, que havia sido inaugurado há 3 anos apenas. O árbitro da partida foi Carlos de Oliveira Monteiro, mais conhecido por Tijolo. Para esta partida o técnico Joreca do São Paulo mandou a campo os seguintes jogadores; King, Piolim, Virgílio, Zarzur e Noronha; Zezé Procópio e Remo; Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva e Pardal. Já o técnico Del Débbio do Palmeiras escalou a seguinte equipe; Oberdan Catani, Junqueira e Osvaldo; Brandão, Og Moreira e Dacunto; Caxambu, Gonzales, Cabeção, Villadoniga e Canhotinho.

               Logo aos 6 minutos de jogo, Sastre sofre um carrinho do zagueiro Junqueira e tem uma contusão séria. Mas o veterano não se abate e não aceita a recomendação da comissão técnica de sair do jogo (na época não era possível fazer substituições e com sua saída o Tricolor ficaria com 10 homens em campo). E mesmo jogando recuado e debilitado comanda as ações tricolores e contagia seus companheiros com sua garra e determinação. Uma partida carregada de emoção e cheia de lances de pura beleza e plasticidade…  ok,  pode ser um exagero,  mas não foi exagero o destaque que os goleiros King do São Paulo e Oberdan do Palmeiras receberam, considerados os melhores em campo. E quando goleiro é o melhor em campo é sinal que não teve gol… e os atacantes não podem ser acusados de falta de empenho. E o jogo terminou empatado em 0 a 0 e com este empate, o São Paulo sagrou-se Campeão Paulista de 1943, ou seja, a moeda caiu em pé.

TÍTULO DE 1945

               O título Paulista de 1945 foi calmo e tranquilo. De ponta a ponta, como um verdadeiro time grande, enterrando definitivamente as “esperanças” Palmeirenses e Corintianas, de que era mais fácil uma moeda cair em pé, do que o São Paulo ser campeão. O São Paulo só foi perder o primeiro ponto na sexta rodada do primeiro turno (um empate com o Santos) – enquanto seus concorrentes mais diretos o fizeram já na segunda rodada ( o Corinthians perdeu para o Juventus por 1×0 e o Palmeiras empatou com a Portuguesa em 0x0). Depois, até ser campeão, o Tricolor perdeu apenas mais dois pontos (derrota para o Corinthians na quarta rodada do segundo turno, quando os Corintianos já estavam com seis pontos perdidos).

              Garantiu o título na ante-penúltima rodada, com uma suada vitória sobre o Ipiranga por 3×2, já que o adversário ficou na frente do placar por duas vezes, 1×0 e 2×1. Título ganho, já despreocupado, empatou com o Palmeiras na penúltima rodada para terminar o campeonato com 4 pontos perdidos, cinco a menos que o Corinthians, o segundo colocado. O campeonato de 1945 foi a consagração de alguns craques do S.P.F.C., como Virgílio e Zezé Procópio, este um dos “monstros sagrados” daquela época. No campeonato de 1945, o São Paulo aplicou uma goleada histórica no Clube Atlético Jabaquara por 12×1, com quatro gols de Leônidas da Silva, quatro de Remo, três de Teixeirinha e um de Bárrios.

TÍTULO DE 1946

               O São Paulo ganhou este título de maneira invicta, mas a luta foi bem mais árdua do que no ano anterior, já que o Corinthians ficou no páreo o tempo todo. Na Sexta rodada, São Paulo e Corinthians se enfrentaram, depois de terem obtido cinco vitórias cada um. Deu São Paulo, 2×1. Ao término do primeiro turno (dez rodadas), os dois estavam empatados novamente: o São Paulo havia empatado com a Portuguesa e Palmeiras e o Corinthians os havia vencido. O segundo turno foi quase uma repetição do primeiro. Quando se enfrentaram, na sétima rodada, São Paulo e Corinthians estavam com apenas dois pontos perdidos. Deu São Paulo novamente e outra vez por 2×1.

             Na rodada seguinte, a ante-penúltima da competição, o São Paulo empatou com a Portuguesa (como no primeiro turno) e o Corinthians ganhou. Três pontos perdidos para o São Paulo, quatro para o Corinthians. A última rodada foi emocionante: O jogo do Corinthians seria fácil, contra time pequeno, e o do São Paulo seria frente ao Palmeiras, com o qual o Tricolor havia empatado no primeiro turno e eternamente tradicional. O Palmeiras não tinha mais chances de ganhar o título, mas e daí… Queria ter o gosto de empurrar o São Paulo para o abismo, gosto que seria semelhante se o adversário fosse o Corinthians.

               Foi um jogão, uma grande final, mesmo naquelas circunstâncias. Este jogo aconteceu no Estádio Municipal do Pacaembu, no dia 10 de Novembro de 1946. O Palmeiras tinha tudo para atrapalhar o Tricolor, mas não conseguiu. Ganhamos por 1×0, gol de Renganeschi, que  estava em campo só para fazer número. Mal o marcavam porque estava machucado, mancando muito (naquela época não era permitido fazer substituições). Após os 38 minutos do segundo tempo, Bauer foi cruzar e a bola, como que guiada pelos deuses do futebol, tomou o rumo do gol. O goleiro Oberdan ainda conseguiu voltar e, num salto, prensou a bola na trave. Ela caiu mansa, quicando. Renganeschi, mancando muito e, esquecido, mas valente, arrancou inesperadamente e, esforço total, como se fosse a bola de sua vida, tocou- a para o gol. Inesquecível. Uma curiosidade, este foi o único gol de Renganeschi em toda sua carreira, no entanto, foi um gol que entrou para historia.

LINO MANCILLA

               Pardal era um jogador forte, atarracado, “parrudo”, na gíria de hoje. Tinha um fortíssimo chute e por causa dele chegava a ser um ponta diferente para os padrões da época: entrava pelo meio em diagonal para chutar em gol – e fazia muitos – numa fase em que ponta era quase só assistente, quase nunca artilheiro. De todo modo, Pardal também sabia driblar pelo lado esquerdo e cruzar da linha de fundo. Seus cruzamentos, aliás, eram fortíssimos. Meio gol para Leônidas, principalmente, naquele ataque inesquecível da primeira fase do Esquadrão de Aço, de 1943 a 1946: Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal. “Inesquecível” até para quem não os viu jogar, mas ouviu suas histórias.

               Já com mais de 100 anos de idade, o célebre ponta esquerda do São Paulo, mora na rua Hípia, na Mooca, e adora curtir seus bisnetos e o programa Silvio Santos. Pelo Tricolor disputou 109 partidas. Venceu 69, empatou 23 e perdeu 17. Marcou 53 gols, mesmo numa época em que os pontas nunca eram artilheiros, pois sua missão era de apenas ir a linda de fundo e cruzar para que o centroavante entrasse de frente para cabecear ao gol. Pelo São Paulo, conquistou os três primeiros títulos paulista da história do clube, nos anos de 1943, 1945 e 1946.

Em pé: Zarzur, Piolim, King, Renganeschi, Zezé Procópio e Noronha     –    Agachados: Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Pardal
Em pé: Piolim, Zarzur, King, Zezé Procópio, Noronha e Florindo   –    Agachados: Luizinho, Sastre, Anito, Remo e Pardal
Em pé: Piolim, Ruy, Zezé Procópio, King, Florindo e Noronha    –   Agachados: Bárrios, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Pardal
Em pé: Técnico Joréca, Piolim, Florindo, King, Zezé Procópio, Zarzur e Noronha    –   Agachados: Bárrios, Sastre, Leônidas da Silva, Remo e Pardal

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