FALCÃO: o Rei de Roma

                 Paulo Roberto Falcão nasceu dia 16 de outubro de 1953, na cidade de Abelardo Luz (SC).  Foi um dos maiores craques na história do futebol brasileiro. Volante habilidoso, capaz de sensacionais lançamentos, inacreditável precisão e perfeito senso tático, ele foi o principal jogador da história do Internacional de Porto Alegre, além de ter sido chamado durante sua vitoriosa temporada na Itália, de “O Rei de Roma”. Filho de um motorista, Bento Falcão, e de uma costureira, Azize, o garoto Paulo Roberto Falcão teve uma infância pobre em Canoas, no Rio Grande do Sul, para onde se mudou logo aos dois anos de idade e desde pequeno já participava de peladas entre os amigos e começava a demonstrar seu amor pelo futebol. Aos 11 anos, para poder se deslocar de ônibus até o campo de treinamento do Internacional, onde começou desde pequeno, ele vendia garrafas vazias, a fim de juntar o dinheiro da passagem.  Já nas categorias de base, Falcão mostrava toda sua habilidade que o consagraria anos depois.

                 Dois anos mais tarde, Falcão levaria o Internacional a seu primeiro título da Copa São Paulo de Juniores, ao bater a Ponte Preta na final. Finalmente, aos 18 anos, Falcão foi profissionalizado no Internacional pelo técnico Dino Sani.  A partir de então, não parou mais de conquistar títulos. Na década de 70, o Internacional conquistou praticamente todos os títulos que disputou, numa época em que a torcida colorada se deliciava com a supremacia do clube sobre o rival Grêmio, que poucas chances tinha naquela época.  Com jogadores de nível de seleção, como por exemplo; Carpeggiani, Figueiroa, Falcão, Marinho Perez, Flávio, Manga, Lula, Escurinho e tantos outros, o Inter teve a melhor fase de sua história. 

                 Nos anos 70, o Internacional conquistou praticamente todos os títulos que disputou. Foi campeão gaúcho em 1970, 71, 72,73, 74, 75, 76 e 78.  E campeão brasileiro em 1975, 76 e 79, sendo que este último marcou história, já que foi conquistado de forma invicta.  O time de 1979 era assim formado; Benitez, João Carlos, Mauro Pastor, Mauro Galvão e Cláudio Mineiro; Falcão, Batista e Mário Sérgio; Valdomiro, Jair e Bira. O técnico era Ênio Andrade.  De todos estes títulos, Falcão participou de cinco campeonatos gaúchos e dos três campeonatos brasileiros. Jogando pelo Internacional de Porto Alegre, Falcão marcou 78 gols.

                Depois de defender o Internacional por 16 anos e conquistando nove títulos importantes, uma vez que também participou da conquista do campeonato gaúcho de 1969 e se tornando o principal jogador do clube em todos os tempos, fizeram com que fosse transferido numa transação milionária para o time da Roma, na Itália. Numa época onde as cifras ainda não eram assustadoras e quase irreais como hoje, a Roma desembolsou US$ 1 milhão para ter o passe do jogador.  Quando chegou à capital italiana, em 1981, Falcão deparou-se com um clima tenso. O clube não conquistava um título nacional desde 1942 e a pressão da torcida era imensa.

                Mas Falcão não se intimidou e tornou-se um dos maiores idolos da história daquele clube.  Logo na sua primeira temporada na Roma, conquistou a Copa da Itália. Dois anos depois, em 1984, viria a consagração, com o título italiano. A euforia tomou conta dos torcedores, que chegaram a denomina-lo de “O Rei de Roma”.  De quebra, no mesmo ano de 1984, Falcão levou a Roma a mais uma conquista da Copa da Itália, consagrando uma equipe que ficou na história do clube.

                Conta-se que sua fama chegou a tal ponto, que até o Vaticano chegou a intervir para sua permanência no clube.  Um cardeal teria levado uma notícia ao Papa João Paulo II dando conta de que Falcão estaria se transferindo para a Inter de Milão. Com a intervenção de Sua Santidade, Falcão permaneceu no clube.  Mas no ano seguinte não teve jeito, Paulo Roberto Falcão realmente sairia do clube italiano e voltaria a jogar no Brasil e, desta vez no São Paulo F.C.   Pela Roma, Falcão disputou 107 partidas e marcou 22 gols.  Já com 32 anos de idade, teve de atuar ao lado dos “Menudos do Morumbi”, como eram chamados na época, ajudando o tricolor a conquistar o Campeonato Paulista de 1985. 

                Quando chegou no Morumbi, Falcão teve de passar um bom tempo no banco de reservas, já que o time de Cilinho estava muito bem armado, com craques como Pita, Muller, Silas, Sidney e Careca. Mas não demorou muito para o lendário treinador tricolor notar a capacidade de Falcão, principalmente pela sua disciplina tática.  Em 1985 o São Paulo sagrou-se campeão paulista com a seguinte formação; Gilmar, Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereira e Nelsinho; Falcão, Márcio Araujo e Silas; Muller, Careca e Sidney.  No São Paulo, onde ficou de 1985 a 86, Falcão atuou em apenas 15 jogos, sendo 9 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. Marcou um único gol. 

                E foi no São Paulo F.C. que Falcão resolveu encerrar sua carreira, aos 33 anos de idade. Em 1991, retornou ao futebol na condição de treinador da seleção brasileira. No comando do Brasil. Falcão disputou 17 jogos, ganhou 6, empatou 7 e perdeu 4. Logo depois de sua saída, entrou Carlos Alberto Parreira, que acabou levando a seleção à conquista da Copa do Mundo dos Estados Unidos em 1994.

SELEÇÃO BRASILEIRA

              Falcão foi convocado pela primeira vez par disputar os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, na Alemanha.  Dez anos mais tarde, lá estava ele novamente vestindo a camisa verde amarela no mundial da Espanha, onde o Brasil formou um grande esquadrão, comandado pelo técnico Tele Santana. Não teve o prazer de ser campeão, mas suas atuações naquele mundial foram ótimas. Falcão marcou 3 gols durante a Copa de 82, inclusive um contra a Itália, empatando o jogo por 2 a 2, na fatídica partida que eliminou o Brasil do mundial.  Até hoje os brasileiros lembram daquele grande time, que era assim formado; Valdir Perez, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Falcão, Toninho Cerezo e Sócrates; Zico, Serginho Chulapa e Eder. 

              Falcão era a peça principal da equipe montada por Telê Santana. Era um voltante inovador, que jogava de cabeça erguida, no melhor modelo de Beckenbauer e Cruyff.  Quatro anos mais tarde, Falcão voltaria a defender as cores do Brasil no mundial do México.  E mais uma vez não conseguiu realizar o sonho de ser campeão mundial, ficando novamente pelo meio do caminho.  Eliminado pela França de Platini, nos pênaltis.  Pela seleção brasileira, Falcão disputou 34 partidas. Venceu 25, empatou 6 e perdeu 3 vezes. Marcou 8 gols com a camisa canarinho.

              Falcão, o maravilhoso craque dos anos 70 e 80, trabalha hoje como empresário e como comentarista esportivo da Rede Globo de Televisão. É também um dos mais importantes colunistas do jornal “Zero Hora” de Porto Alegre.  Como jogador, Falcão sempre teve uma boa visão de jogo, bom chute, extrema elegância, ótimo caráter e habilidade incomum sempre foram os pontos fortes de Falcão, que demonstrava um futebol muito diferenciado. Foi um verdadeiro colecionador de títulos, principalmente no Internacional, clube que sempre amou desde criança. 

              Inclusive para mostrar todo seu amor pelo colorado gaúcho, quando começou a construção do Beira Rio, muitos torcedores contribuíram levando cimento, tijolos, ferro, areia, enfim, formou-se um verdadeiro mutirão. E um desses torcedores que freqüentemente aparecia por lá, levando alguns tijolos para a construção do estádio, era o garoto Paulo Roberto Falcão, que naquele instante, não podia imaginar, que num futuro bem próximo, se tornaria um dos maiores ídolos daquele clube. E na Itália, até hoje é reverenciado pela torcida da Roma, que chegaram a lhe dar o apelido de “O Rei de Roma”, tal foi a importância deste jogador na história daquele clube italiano. 

              E para encerrar sua brilhante carreira, fechou com chave de ouro, com um título paulista jogando pelo Tricolor do Morumbi.  Só nos resta agradecer a Paulo Roberto Falcão, por tudo que ele fez pelo nosso futebol brasileiro, demonstrando sempre um grande caráter e um senso de profissionalismo que realmente nos engrandece e nos orgulha de termos como nosso representante em gramados do exterior.

Em pé: Waldir Perez, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho e Junior    –   Agachados: Sócrates, Toninho Cerezo, Serginho Chulapa, Zico e Eder
Em pé: Márcio Araújo, Oscar, Gilmar Rinaldi, Falcão, Dario Pereira, Nelsinho e Zé Teodoro    –    Agachados: O massagista Hélio Santos, Muller, Silas, Careca e Sidney
Em pé: Pontes, Manga, Claudio, Figueroa, Vacaria e Falcão   –    Agachados: Valdomiro, Escurinho, Sérgio Lima, Paulo César Carpeggiani e Lula
Em pe: Leão, Oscar, Amaral, Falcão, Miranda, Zé Maria e Carlos Alberto Silva   –    Sentados: Careca, Zico, Palhinha, Paulo César Carpegiani e Zenon
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