MANFRINI: brilhou na Ponter Preta e no Fluminense

                  Antonio Manfrini Neto nasceu dia 23 de junho de 1950, no bairro da Moóca, em São Paulo. Jogava como meia-atacante. Em sua carreira, passou por vários clubes, com mais destaque no Fluminense do Rio de Janeiro. A habilidade, o raciocínio veloz, o chute de meia distância, tanto com a perna direita quanto com a esquerda, e os muitos gols tornaram Manfrini um ídolo pelos times que passou. Começou sua carreira na Ponte Preta, onde jogou de 1968 a 1971. Depois foi para o Palmeiras, tendo uma pequena, porem, vitoriosa carreira, atuando em 4 jogos com 4 vitórias conquistadas, e marcando 4 gols pelo alviverde de Parque Antarctica. Depois foi jogar no Rio de Janeiro, no Fluminense em 1973, destacando-se logo no Campeonato Carioca desse mesmo ano, após marcar 13 gols, tornando-se o artilheiro do torneio.

INÍCIO DE CARREIRA

                   Quando criança era chamado em sua casa de Toninho. Menino ainda, fugia de casa para disputar peladas nos campos de várzea dos arredores, mas suas jogadas geniais invariavelmente eram interrompidas pela aproximação do DKW (“decavê”) de seu pai, que, com um simples gesto — o dedo apontando a direção de casa, arrancava Toninho do sonho que era o contato com a bola e o levava de volta à realidade dos estudos. Mesmo depois de Toninho ser convidado para ir jogar no vizinho Juventus, da própria Moóca, sua família ainda encarava o futebol como puro “hobby” de um garoto que estava destinado a só estudar e enfim seguir a carreira do pai, um bem-sucedido empresário do setor gráfico.

                 Mas quando a Ponte Preta, de Campinas, convidou Toninho para se tornar jogador profissional, a família de origem italiana percebeu que a coisa era séria, e que o melhor seria apoiar a decolagem do jogador. Com apenas 16 anos, o jogador estreava como profissional no time titular da Ponte Preta, clube no qual jogou durante cinco anos. E foi na Ponte, que Toninho passou a ser conhecido como Manfrini, e virou craque ao lado de Dicá e Roberto Pinto, sob o comando do técnico Cilinho.

                 A Ponte sempre teve bons times e sempre arrancou pontos preciosos dos chamados times grandes. Isto aconteceu no dia 5 de maio de 1971, quando a “Macaca” derrotou o Corinthians por 1 a 0 em pleno Pacaembu. Neste dia a Ponte Preta jogou com; Wilson, Nelsinho Batista, Samuel, Vicente e Santos; Teodoro e Dicá; Caio, Manfrini, Mosca e Tuta. O técnico era o competente Cilinho.

PALMEIRAS

               Em 1972, aos 22 anos, depois de muito namoro por parte do alviverde de Parque Antarctica, Manfrini foi emprestado ao Palmeiras, a poderosa “Academia”, onde, na reserva, conquista o título de Campeão Brasileiro, além de conviver com o seu maior ídolo no futebol até então, Ademir da Guia. Mas acabou ficando pouco tempo por lá, no entanto, nos quatro jogos que disputou, marcou 4 gols, fazendo assim uma boa média, ou seja, um gol por jogo e o principal, em todos os jogos saiu de campo com a vitória. Fez parte do elenco que sagrou-se campeão brasileiro em 1972.

FLUMINENSE

                Chegou ao clube em 1973, iniciando um intenso caso de amor entre ambas as partes. Manfrini marcou toda a geração de tricolores da gloriosa década de 1970. Era um jogador de muita técnica e habilidade. Logo em seu primeiro ano no Fluminense, marcou 13 gols no campeonato carioca de 1973, sendo dois na vitória de 4 a 2, no Fla x Flu, na final do Campeonato Carioca, no dia 22 de agosto. Neste dia o Fluminense jogou com; Félix; Toninho, Bruñel, Assis e Marco Antônio; Carlos Alberto Pintinho, Kléber e Marquinhos; Dionísio, Manfrini e Lula. Técnico: David Ferreira, o “Duque”.

                 Os gols da partida foram marcados por; Manfrini aos 40′, Toninho aos 45′, Dario aos 70′ e aos 78′, Manfrini aos 80′ e Dionísio aos 82′. Foi uma noite memorável, quando caiu uma chuva torrencial no Rio de Janeiro. Foi “pra lavar a alma”! Esse jogo acabou rendendo alguns apelidos ao Manfrini: “craque da chuva” e Gene Kelly tricolor, em referência ao artista principal do famoso filme “Cantando na Chuva”. Além de conquistar o título de campeão carioca, o jogador conquistou o coração da torcida tricolor. Em 1973, na campanha do campeonato carioca em que o Fluminense realizou 25 jogos, Manfrini disputou 24 partidas, sendo o artilheiro do Fluminense no campeonato.

                Apontado como sucessor de Samarone, Manfrini foi um meia que se firmou como centroavante e fez uma dupla inesquecível com Rivelino, levantando mais um título estadual em 1975 e outra vez terminando a competição como artilheiro. Consagrado como craque e perfeitamente identificado com a torcida tricolor, passa a ser considerado o substituto de Samarone para o Fluminense, e, também, para a Seleção Brasileira, o substituto de Tostão, que tinha abandonado o futebol no ano anterior. Em 1974, Manfrini foi injustamente esquecido pelo técnico Zagallo na convocação para a Copa da Alemanha, o que acabou sendo a maior decepção da carreira do jogador.

               No ano seguinte, 1975, com a chegada de Rivelino, contratado pelo tricolor, Manfrini tem a oportunidade de jogar lado a lado com aquele que era o maior jogador brasileiro, confirmando o que Rivelino já pensava de Manfrini há muitos anos: que era um jogador inteligente, de raciocínio relâmpago, enfim, o parceiro ideal. O Fluminense mais uma vez é Campeão Carioca e Manfrini, mais uma vez, é o artilheiro do time, com 16 gols. No final de 1975, Manfrini é, contra a sua vontade, envolvido num troca-troca com o Botafogo. Segue com Mário Sérgio para que venha para o Fluminense, Dirceu. Na primeira vez em que enfrenta o Fluminense, Manfrini marca o gol de honra da derrota botafoguense por 3×1, e nem tem ânimo para comemorar.

               Na final do Carioca de 1976, Fluminense x Vasco, o agora “botafoguense” Manfrini está na arquibancada do Maracanã, no meio da torcida tricolor. Quando a cabeçada de Doval decreta o bicampeonato do Fluminense na vitória por 1×0, Manfrini vibra como se fosse um simples mortal tricolor, ele que, além disso, já estava para sempre guardado no coração dos torcedores do Fluminense como um dos melhores jogadores da história do clube das Laranjeiras. Com a contratação de Rivelino e Paulo César Cajú, Manfrini, o “Manfra” como é conhecido pelos amigos, fez parte da “Máquina Tricolor”.

               Para Rivelino, foi o parceiro mais inteligente com quem já jogou na carreira. E convenhamos, um elogio desses, vindo de Roberto Rivelino, “não é pra qualquer um”. Até hoje o torcedor do Fluminense guarda na memória aquela equipe maravilhosa de 1975; Félix, Toninho, Edinho, Silveira, e Marco Antonio; Zé Mário e Rivelino; Gil, Kléber, Manfrini e Zé Roberto. Pelo tricolor das Laranjeiras, Manfrini disputou 157 jogos e marcou 61 gols. Foi campeão em 1973 e 1975.

BOTAFOGO

                Ídolo também em General Severiano, Manfrini defendeu o Botafogo até 1979. O Botafogo permaneceu invicto durante 52 jogos entre 1977 e 1979. Marca igualada pelo Flamengo posteriormente, mas jamais superada no Brasil. Zagallo e Danilo Alves comandaram a equipe neste período glorioso, que só foi interrompido pelo Grêmio em jogo realizado no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro. Naquela época o Botafogo tinha a seguinte equipe; Zé Carlos, Beto, Osmar Guarnieri, Wecsley, Renê e Rodrigues Neto; Cremílson e Mendonça; Dé, Manfrini e Paulo César.

FINAL DE CARREIRA

                Em 1980, jogou no Juventus, o mesmo Juventus da Moóca onde tudo havia começado, até encerrar a brilhante carreira de jogador e assumir o que o destino e seu pai há muito lhe haviam reservado: a condição de empresário do setor gráfico. E foi no próprio Juventus que Manfrini encerrou sua carreira de jogador de futebol.  

               Manfrini hoje em dia costuma dizer que sua carreira no futebol teve uma grande decepção, uma grande identificação e um grande amor. A decepção é não ter sido chamado por Zagallo para a Copa do Mundo da Alemanha, em 1974, quando era um dos melhores jogadores do futebol brasileiro daquela época. A identificação é a Ponte Preta, clube no qual Manfrini iniciou a sua carreira profissional e onde aprendeu muito. E o grande amor é o Fluminense, que fez de Manfrini um ídolo, que transformou o jogador numa valiosa página do que há de melhor na história do Fluminense e do futebol brasileiro.

                Hoje Manfrini vive uma vida tranquila ao lado de sua esposa e dos dois filhos. Mora em São Paulo, no bairro onde nasceu e é empresário no ramo gráfico, proprietário da Gráfica Pinhal, que está situada na cidade de Pinhal, que fica a 280 quilômetros da capital paulista. E como diria o “tricolor imortal”, Nelson Rodrigues: “Manfrini o estilista, Manfrini o virtuoso, Manfrini o goleador”. Nós, “jamais te esqueceremos”!!!

Em pé: Félix, Toninho, Carlos Alberto Pintinho, Bruñel, Assis e Marco Antonio   –    Agachados: Marquinhos, Kléber, Dionísio, Manfrini e Lula
1970   –   Em pé: Teodoro, Wilson, Samuel, Dagoberto, Nelsinho Baptista e Santos   –    Agachados: Ditinho, Dicá, Manfrini, Roberto Pinto e Adílson
Em pé: Félix, Toninho, Edinho, Silveira, Zé Mário e Marco Antonio   –    Agachados: Gil, Kléber, Manfrini, Rivelino e Zé Roberto
Em pé: Félix, Toninho, Pintinho, Silveira, Assis e Marco Antônio   –    Agachados: Rubens Galaxie, Kléber, Dionísio, Manfrini e Lula
Em pé: Ubirajara, Miranda, Osmar, Carbone, Nilson Andrade e China   –    Agachados: massagista Toncinho, Mazinho, Ademir, Nilson Dias, Manfrini e Mário Sérgio
Em pé: Teodoro, Wilson, Samuel, Araújo, Nélson e Santos    –   Agachados: Alan, Dicá, Manfrini, Roberto Pinto e Ézio
Em pé: Teodoro, Wilson Quiqueto, Samuel, Henrique, Nelsinho Baptista e Santos    –    Agachados: Alan, Dicá, Manfrini, Roberto Pinto e Ézio

Em pé: Felix, Amauri, Silveira, Zé Mário, Assis e Marco Antônio – Agachados: Gil, Carlos Alberto Pintinho, Manfrini, Rivelino e Paulo César Caju

Em pé: Carlinhos, Toninho, Silveira, Edinho, Zé Mário e Marco Antonio     –     Agachados: Gil, Paulo César Caju, Manfrini, Rivelino e Zé Roberto

 

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