JUAREZ: campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986

                 Juarez Elisio Davi nasceu dia 28 de julho de 1955, na cidade de Santos (SP). Foi um eficiente zagueiro central. Era daqueles zagueiros tipo Domingos da Guia, ou seja, não dava chutões, sempre saia jogando, muitas vezes até causando frio na barriga do seu torcedor.

                 Foi um dos destaques da equipe da Internacional de Limeira, na conquista do título paulista de 1986. Ao lado do outro zagueiro que também marcou época na equipe limeirense, o gaúcho Bolivar, formou uma grande dupla de zaga. Juarez era o jogador técnico, enquanto Bolivar era na raça e com isto conquistaram os corações da torcida do Leão Paulista.

                 Juarez jogou também no Palmeiras, XV de Piracicaba, Santos, Portuguesa Santista, CEUB do Distrito Federal, Grêmio Maringá, Rio Brando de Americana, Comercial e Operário, ambos do do Mato Grosso do Sul,  Dom Bosco do Mato Grosso, Marcílio Dias de Santa Catarina, Iquique do Chile, Palestino do Chile, Botafogo de Ribeirão Preto, Coritiba e alguns times do nordeste do Brasil, entre eles no Ferroviário do Ceará.

                 Com a camisa do Palmeiras, clube que defendeu entre 1986 e 1987, Juarez fez apenas 14 jogos, sendo 7 vitórias, 5 empates e 2 derrotas. Não marcou nenhum gol com a camisa alviverde. O curioso é que além de Juarez, o Palmeiras contratou outros campeões da Inter de Limeira anos depois, como o ponta direita Tato e o lateral direito João Luis, no entanto, nenhum dos três vingou no time de Parque Antarctica.

CAMPEÃO PAULISTA

                 Em 1986, a Inter surpreendeu os considerados grandes do estado de São Paulo. O time do interior venceu o favorito Palmeiras na final do Paulistão e comemorou o título no estádio do Morumbi.

                 O primeiro jogo da final aconteceu dia 31 de agosto, um domingo de muito frio na capital paulista. O que se viu lá no Morumbi foi 100.000 palmeirenses empurrando o time de Carbone contra o pequeno time do interior. Mas o que se viu naquele domingo nublado, foi uma aula de valentia de Gilberto Costa e de toda retaguarda limeirense que anulou o eficiente ataque palmeirense de Mirandinha, Edmar e Éder, que reencontrou seu ex-time agora como adversário. Resultado, um surpreendente 0 a 0. A Inter de Limeira mostrou que não estava ali para brincadeira e a expectativa ficou para a segunda partida novamente no Morumbi numa quarta a noite.

                A maioria da imprensa paulista e do Brasil esperavam um título alviverde. Jornais, revistas, rádio e TV davam amplo destaque, ao fim do tabu de 10 anos que estava por acabar naquela noite. Mas o que viram, foi algo muito além das expectativas. Neste dia o técnico palmeirense Carbone, mandou a campo os seguintes jogadores; Martorelli, Diogo (Ditinho), Márcio, Amarildo e Denys; Lino (Mendonça), Gérson e Jorginho; Mirandinha, Edmar e Éder Aleixo. Já o time da Inter que era comandada pelo “Seo” Macia, o popular Pepe, jogou neste dia com; Silas, João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e . A arrecadação foi de Cz$ 2.443.610,00 para um público pagante de 68.564 pessoas.

                O jogo, bem diferente do domingo, foi muito mais aberto com ambas as equipes tentando o gol. O Palmeiras desandou a atacar a Inter e o goleiro Silas fazia defesas espetaculares e o time de Limeira se organizava em perigosos e eficientes contra-ataques. Mas o melhor estava guardado para o segundo tempo. Logo aos 5 minutos, em um cruzamento, o artilheiro Kita emendou um sem-pulo e o goleiro palmeirense Martorelli (que desbancou o titular Leão) não alcançou. Inter de Limeira 1 x 0 para o espanto dos milhares de palmeirenses presentes ao Morumbi. O baque foi grande.

                Ninguém do time alviverde esperava um gol da Inter e a equipe do Parque Antártica se perdeu. Quatro minutos depois, numa bobeada monstro, o zagueiro Denys, recuou mal uma bola para Martorelli, o ponteiro direito Tato como um tubarão, se aproveitou e pegou a bola mal atrasada, driblou Martorelli e tocou no fundo da rede. Inter 2 x 0 e o desespero tomou conta do time alviverde. Os ataques passaram a ser descontrolados e sempre paravam nas mãos do goleiro Silas, um dos heróis do jogo. Aos 29 minutos, num cruzamento, o Palmeiras conseguiu diminuir através do zagueiro Amarildo e depois tentou empatar para levar o jogo para a prorrogação, alimentando assim uma esperança ao torcedor palmeirense, que naquele momento não estava acreditando naquilo que estava vendo.

                Mas a experiência de Gilberto Costa e Silas foi decisiva para manter o placar favorável. Dulcídio Vanderlei Boschilla apita, é fim de jogo. E um tabu de 84 anos se quebra. Finalmente um time do interior paulista é campeão com todo o merecimento. O Palmeiras iria amargar ainda mais 7 anos na fila e a Associação Atlética Internacional de Limeira, comandada por jogadores rejeitados por clubes grandes e por jovens valores, mostrou seu talento e entrou definitivamente para a história do futebol brasileiro. 

TRISTEZA

                 Juarez faleceu em 21 de maio de 1997, aos 42 anos de idade, vítima de um acidente de moto. Na época trabalhava com mecânico na cidade de Santos. Assim como Juarez, outro jogador que também foi campeão com a Inter de Limeira naquele ano de 1986, o lateral esquerdo Pecos, também morreu num acidente automobilístico na rodovia Limeira – Piracicaba no dia 24 de novembro de 2007. Um cachorro que atravessava a pista teria dado causa ao acidente. Outro jogador que também fez parte do time de 1986, mesmo atuando somente quatro jogos e que também morreu, foi o lateral Donizete, ele foi assassinado em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

RECORDAÇÃO

                 Juarez ficará eternamente nos corações dos torcedores da Internacional de Limeira pois aquele título paulista de 1986, foi um acontecimento que jamais será esquecido não só pelo torcedor da veterana, como também por todo povo limeirense, pois a Internacional de Limeira, foi o primeiro clube do interior a sagrar-se Campeão Paulista de Futebol. A campanha naquele ano foi tão magnífica, que em 42 jogos, foram 21 vitórias, 14 empates e 7 derrotas. Marcou 59 gols, sofreu apenas 33, sete jogadores foram escolhidos para a Seleção Paulista daquele ano. O centroavante Kita da Internacional, foi o artilheiro do campeonato com 24 gols e a Associação Atlética Internacional recebeu do jornal “A Gazeta Esportiva” a Taça dos Invictos, por ter ficado 17 partidas consecutivas sem perder. Por essa razão, a Internacional foi considerada a “Dinamarca Caipira” em alusão à seleção europeia destaque da Copa do Mundo de 1986.

               Aquela noite de 3 de setembro de 1986, foi de pura emoção. Aqueles que não foram ao Morumbi, ficaram em suas casas, vendo pela televisão, ou grudados no rádio ouvindo Edmundo Silva (a voz metálica do rádio brasileiro), que vibrava junto com o povo limeirense a cada lance da partida, trazendo ao ouvinte a sensação de que ele também estava lá no estádio. E ao final da partida, foi aquela festa que se espalhou por toda a cidade. A Praça Toledo Barros em poucos minutos ficou lotada de torcedores. Carros desfilavam pelas ruas com suas buzinas querendo dizer a todos que éramos campeões. Sem dúvida, foi um dia que entrou para a história do futebol, da cidade de Limeira e em especial de todos os torcedores leoninos, que naquele dia puderam gritar bem alto “É CAMPEÃO”.

Em pé: Silas, João Luis, Bolivar, Juarez, Manguinha, Pecos e Kita    –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Botafogo em 1980  –  Em pé: Pestana (comissão técnica), Peu, Arnaldo, Juarez, Carlucci, Pedrinho e Gasperin   –    Agachados: Boiadeiro, Ronaldo Marques, Raí, Marquinhos e Ari.
Em pé: Silas, Pecos, Juarez, João Luiz, Manguinha, Bolivar e o técnico Pepe    –    Agachados: Tato, Kita, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Silas, Pecos, Juarez, Manguinha, Bolivar e João Luis     –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, Kita, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Moacir, Juarez, Manguinha, Pécos, João Luis e Bolivar    –      Agachados: Kita, Tato, João Batista, Lê e Carlos Silva
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