AMARILDO: campeão mundial com nossa seleção em 1962

                     Amarildo Tavares Silveira nasceu dia 29 de julho de 1940, em Campos (RJ). Foi um meia esquerda de muita habilidade. Artilheiro desde os juvenis, quando começou sua carreira no Goitacaz do Rio de Janeiro, onde deu seus primeiros passos no mundo do futebol. Depois passou dois anos no Flamengo até finalmente explodir no Botafogo, onde formou um grande time com craques a nível de seleção. O time botafoguense da época era; Manga, Joel, Zé Maria, Nilton Santos e Rildo; Airton e Didi; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Com este time, o Fogão foi bicampeão carioca de 1961 e 1962. Cinco desses jogadores, jogaram na Copa do Chile, um mundial que Amarildo se consagrou no mundo do futebol, pois simplesmente substituiu Pelé e deu conta do recado, ajudando dessa maneira, a nossa seleção, a conquistar o bicampeonato mundial.  Amarildo era o reserva direto de Pelé. Todos achavam que ele iria somente esquentar o banco, pois não havia nenhuma possibilidade de entrar no time comandado por Aymoré Moreira.

                   No entanto, como no mundo do futebol tudo é possível, aconteceu o inesperado. No segundo jogo de nossa seleção, contra a Checoslováquia, Pelé teve um estiramento muscular e precisou sair de campo. E lá estava Amarildo, pronto para agarrar aquela oportunidade. A partida terminou empatada em zero a zero.  O nosso próximo adversário seria a Espanha, no dia 6 de junho, na cidade Viña del Mar. O dia amanheceu ensolarado, o povo chileno andava entusiasmado pelas ruas, ansioso para testemunhar o confronto entre Brasil e a Fúria Espanhola no estádio Sausalito. O departamento médico da nossa seleção confirmou que Pelé estava fora não só daquela partida, como também do resto daquele mundial.  A desconfiança começou a rondar a concentração da nossa seleção, que defendia o título mundial conquistado na Suécia em 1958.

                  No primeiro treinamento após o empate contra a Checoslováquia, o técnico Aymoré Moreira não teve dúvidas e entregou o colete de titular para o garoto Amarildo, de apenas 21 anos.  Aymoré Moreira conversou com Amarildo, e pediu para que fizesse aquilo que fazia no Botafogo, ou seja, os gols que o Brasil tanto precisava.  Independente do resultado do confronto com a Fúria, a vida do garoto Amarildo mudaria completamente. Uma derrota poderia comprometer a carreira do promissor meia esquerda do Botafogo, que seria obrigado a conviver com o trauma para o resto da vida. A simplicidade do pedido do treinador antes do jogo, contrastava com a complexidade da missão do jogador. 

                  Amarildo cumpriu a risca as ordens do treinador e entrou na história justamente por conseguir preencher o lugar do insubstituível camisa 10.  Foi uma das partidas mais dramáticas de nossa seleção de todos os mundiais, quando enfrentamos a fabulosa seleção espanhola.  A Espanha abriu o placar ainda no primeiro tempo e sustentaram o placar até os últimos quinze minutos. Mas se não tínhamos Pelé em campo, tínhamos Amarildo em seu lugar que empatou a partida chutando com violência e sem ângulo, inclusive o goleiro espanhol esperava na verdade um cruzamento, no entanto, Amarildo muito inteligente, chutou em gol, após boa jogada de Zagallo. 

                 Já no finalzinho da partida, Amarildo marcou o segundo gol brasileiro, com uma cabeçada certeira num cruzamento preciso de Garrincha. Com estes dois gols, o Brasil venceu por 2 a 1 e deu um grande passo para chegarmos a mais um título mundial.  Amarildo ainda hoje fala com muito carinho daquela partida e diz; “Os grandes momentos da minha vida foram conseguidos com a camisa da seleção brasileira. Não poderei nunca mais esquecer os dois gols contra a Espanha no mundial de 62, que nos classificaram para as quartas de final”.

                Depois de vencermos a Inglaterra por 3 a 1 e os donos da casa, o Chile por 4 a 2, fomos a final contra a Checoslováquia, que já havíamos enfrentado na segunda partida daquele mundial.  E lá estava novamente o garoto Amarildo, que mais uma vez balançou as redes adversárias. Depois também marcaram para o Brasil, Zito e Vavá e assim vencemos aquela partida por 3 a 1, sagrando bicampeão mundial.  Na partida final, o Brasil jogou com; Gilmar, Djalma Santos, Mauro Ramos de Oliveira, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Amarildo, Vavá e Zagallo.  Depois daquela brilhante participação no mundial, vários clubes europeus começaram a namorar Amarildo, até que finalmente acabou deixando General Severiano para defender as cores do poderoso Milan da Itália, onde jogou durante nove temporadas.  Lá, ele conseguiu sua independência financeira e, conquistou o scudetto de 1969 pela Fiorentina. Antes de retornar ao Brasil, ele ainda vestiu a camisa da Roma.

                Em 1963, na decisão do mundial de clubes entre Santos e Milan, Amarildo fazia parte daquele célebre ataque rubro-negro, ao lado de Mora, Lodetti, Mazzola e Gianni Rivera.  No primeiro confronto realizado dia 16 de outubro no estádio San Siro na cidade de Milão, o time italiano levou a melhor, vencendo por 4 a 2, com dois gols de Pelé para o Santos, enquanto que para o Milan, Amarildo marcou dois gols e Trapattoni e Mora marcaram os outros dois. A segunda partida foi disputada no Brasil, mais precisamente no Maracanã, pois a Vila Belmiro não se enquadrava naquilo que a FIFA exigia e para evitar a torcida contrária de corintianos, palmeirenses e são-paulinos, também não quis jogar no Pacaembu, e assim o Santos venceu por 4 a 2. Na terceira e decisiva partida, o Santos venceu novamente, agora pelo placar de 1 a 0, gol de Dalmo cobrando pênalti. Neste dia 16 de novembro de 1963, o Milan entrou novamente no gramado do Maracanã com a seguinte escalação; Balzarini, Belagalli, Maldini, Trebbi, Trapattoni e Benitez, Lodetti e Mora, Mazzola, Amarildo e Fortunato. 

                Três anos depois, Amarildo ainda fez parte da lista dos 47 jogadores convocados por Vicente Feola, para disputar o mundial de 66 na Inglaterra, no entanto, foi cortado as vésperas do embarque. Para este mundial, o Brasil contava com os seguintes atacantes: Garrincha, Jairzinho, Alcindo, Silva, Pelé, Tostão, Edu e Paraná. Já no fim de sua carreira, Amarildo ainda teve uma curta passagem pelo Vasco da Gama, quando operou o joelho esquerdo e tentou se readaptar ao futebol brasileiro. Mas sua volta aos gramados foi precipitada, o que provocou complicações que o levaram a encerrar sua carreira em 1974, quando fez parte do elenco vascaíno que conquistou o campeonato brasileiro daquele ano. Desiludido com o futebol brasileiro, ele resolveu retornar à Europa aos 34 anos. Dizendo que não precisava mais do futebol para viver, não tinha mais interesse em ficar no Brasil, por isso retornou à Itália, onde tinha grandes amizades.  Ainda chegou a trabalhar como treinador após o final da carreira.

                Dos quase 20 anos como jogador, Amarildo sempre foi um profissional competente e nunca faltou a um treinamento, por isso, conseguiu sempre o respeito de todos e com isto, acabou aproveitando bem o que o futebol lhe rendeu. Atualmente sua família vive em Florença, na Itália. Casado com uma italiana de nome Fiamma, tem três filhos, sendo duas mulheres e um homem e também três netos. Uma de suas filhas nasceu no Brasil e chama-se Jennifer e a outra, nasceu em Nápoles, na Itália, e chama-se Katiutcha. O filho nasceu em Florença, na Itália e se chama Rildo, porque na Itália só chamavam Amarildo de Rildo. Por isso, ele achou melhor colocar o nome de Rildo em seu filho.  Após residir por muitos anos em Florença, na Itália, retornou ao Brasil em maio de 2007. Voltou com a intenção de trabalhar como técnico de futebol, no entanto, ao ver que aquele futebol alegre e bonito que se praticava na época que jogava no Botafogo não existia mais, acabou desistindo, pois o que ele viu, foi um futebol força, correria e técnica quase zero.

                Até janeiro de 2008, Amarildo ainda estava inconformado com o nosso futebol, por isso não se empenhou em trabalhar em algum clube, embora tenha um currículo invejável, pois é um técnico internacional com passagens múltiplas por times do mundo árabe e por equipes de divisões inferiores da Itália. Amarildo foi figura muito importante na Copa do Mundo de 1962, na qual substituiu o “Rei”, contundido, participando de quatro jogos e marcando três gols: dois diante da Espanha e um contra a Checoslováquia, na final da Copa.

Em pé: Garrincha, Nilton Santos, De Sordi, Jurandir, Aldemar, Zagallo, Benê e o Preparador Físico Paulo Amaral      –     Agachados: Valdir, Jair Marinho, Zéquinha, Rildo, Amarildo, Germano e Gilmar
Em pé: Joel, Manga, Nilton Santos, Zé Maria, Airton e Rildo    –     Agachados: Garrincha, Leônidas, Quarentinha, Amarildo e Zagallo
Final da Copa de 1962   –   Em pé: Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro –      –     Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo
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