ZÓZIMO: campeão mundial com nossa seleção em 1962

                   Zózimo Alves Calazans nasceu dia 19 de junho de 1932, na cidade de Plataforma (BA). Faleceu dia 17 de julho de 1977. Foi um zagueiro elegante que atuou nos anos 40, 50 e 60. Começou sua carreira jogando no São Cristóvão, depois foi para o Bangu do Rio de Janeiro. Aos 16 anos fez um teste na equipe carioca e foi aprovado.  Zózimo era mais que inteligente: andava com elegância, tanto no gramado como na rua.  Ainda hoje é um dos maiores ídolos do clube de Moça Bonita, um clube que já teve grandes jogadores, como por exemplo; Domingos da Guia, Ademir da Guia, Paulo Borges, Fidelis, Jaime, Ocimar, Cabralzinho, Mário Tito, Aladim e tantos outros. Mas infelizmente hoje, o Bangu caiu no ostracismo e está ameaçado até de perder sua sede para uma igreja evangélica. Zózimo permanece como a lembrança de um tempo distante de orgulho em vermelho e branco. 

INÍCIO DE CARREIRA 

                 Corria o ano de 1932 quando ele nasceu. Para os mais desavisados (que somos quase todos nós, simples mortais) era mais um menino, dentre tantos outros. Mas o tempo foi passando e o menino se distinguia dos demais: bom de bola, bom de escola, era a alegria de todos os que com ele tomavam contato. Corria o ano de 1948 quando ele apareceu no São Cristóvão: bom físico, bom nível cultural, talhado para a posição de armador, mistura de pensamento e ação, cabeça e pé em harmonia para um tratamento perfeito que a pelota merecia.

                 Quis o destino (e os nossos dirigentes) que o Bangu passasse a ser o seu lar. Era então o ano de 1950. E o Brasil acordou para a sua genialidade. E seu nome passou a ser uma constante, cada vez que era necessário fazer a escolha dos melhores. Em cada seleção convocada, invariavelmente estava o seu nome. Não mais como armador, mas como quarto zagueiro, posição a que tinha se dedicado. Ao contrário da maioria dos jogadores da época, o seu desenvolvimento não se fazia apenas em relação aos pés: desenvolvia-se culturalmente, ficava tão alegre ao receber uma aprovação nos diversos cursos que frequentava quanto ao receber os aplausos dos torcedores a cada nova boa jogada. Jogava de cabeça erguida como os grandes craques. A bola estava sempre nos seus pés, sob controle. Ele a encarava e sabia sempre o que estava fazendo. Seus companheiros de time entendiam o recado de um simples olhar. Elegante ao andar normalmente pelas ruas, ao enfrentar os adversários e principalmente ao tratar a bola. 

BANGU

                     Na equipe carioca de Moça Bonita, ficou por longos 16 anos, mas apesar da longividade, não conseguiu conquistar nenhum título nesta equipe, mesmo jogando ao lado de grandes craques, como foi aquela equipe do Bangu de 1956, que tinha a seguinte formação; Aparecido, Ladeira, Gavilan, Zózimo e Edson; Mário Tito e Décío Esteves; Dorival, Zizinho, Mário e Nivio.   Porem, com seu jeito clássico de jogar, foi convocado para a seleção brasileira e lá, conquistou os dois únicos títulos que teve em sua carreira, ou seja, os mundiais de 1958 e 1962. Com a camisa do Bangu não conseguiu nenhum titulo nacional, mas foi campeão do Torneio Quadrangular do Rio de Janeiro, em 1957, e do Torneio de Nova Iorque, em 1960, quando o alvirrubro goleou times como Sampdoria (ITA) e Sporting (POR). No entanto, seria para sempre seu maior ídolo.

 SELEÇÃO BRASILEIRA

                     Quando, em 1958, foi convocada a Seleção Brasileira para a disputa da Copa do Mundo, lá estava novamente na lista o seu nome. Zózimo fez 36 partidas com a camisa verde amarela e agradou a todos que o assistiram num campo de futebol. Vestiu a camisa da nossa seleção pela primeira vez em 16 de julho de 1952, quando vencemos a Holanda por 5 a 1 na Olimpíada de Helsinque. A estreia na seleção principal foi na vitória de 3 a 0 sobre o Paraguai, em 1955. Três anos mais tarde, voltaria a vesti-la, agora disputando uma Copa do Mundo. Foi o reserva de Orlando Peçanha, que na época tinha mais experiência. Mas teve a honra de participar do elenco que conquistou o primeiro título mundial para o nosso país. 

                   Em nome de uma ideia que até hoje é alvo de discussões, o técnico Vicente Feola colocou-o no banco de reservas. O titular seria outro, por causa da sua maior vocação para o jogo viril, de combate de corpos, como se o futebol fosse um esporte de trombadas. Talvez os responsáveis pela Seleção Brasileira não conhecessem o filósofo Neném Prancha, que dizia: “Se físico ganhasse jogo, o time dos estivadores seria campeão todos os anos”. Ele voltou campeão do mundo. Mas não realizado. E essa nova etapa do seu caminho para a realização dar-se-ia em 1962, quando foi convocada a Seleção que tentaria o bicampeonato. Dessa vez ele seria o titular absoluto. Jogou todas as partidas. Encheu os olhos do mundo com o seu futebol vistoso, com sua elegância que todos nós já conhecíamos.

                 Neste ano o Brasil formou um verdadeiro esquadrão; Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé (Amarildo) e Zagallo.  Vestindo a camisa verde amarela, Zózimo disputou 36 partidas. Venceu 25, empatou 6 e perdeu 5 vezes. Marcou apenas um gol que foi no dia 15 de abril de 1956, quando o Brasil derrotou a Áustria por 3 a 2, num jogo amistoso realizado em Viena. Os outros dois gols brasileiros foram marcados por Gino e Didi.  Teve uma brilhante passagem pela seleção brasileira, pela qual foi bicampeão mundial 1958/62, venceu também a Taça Bernardo O´Higgins em 1955, a Taça do Atlântico em 1956 e foi tricampeão da Taça Oswaldo Cruz em 1956, 58 e 62.  Sua última partida pela seleção brasileira, aconteceu dia 17 de junho de 1962, dia em que o Brasil derrotou a Checoslováquia por 3 a 1 e sagrou-se bicampeão mundial.

 ÚLTIMOS ANOS DE CARREIRA

 

                   Em 1964, já com a idade avançada, foi negociado com um clube do interior paulista. Na época Zózimo foi jogar na Esportiva de Guaratinguetá, hoje um time extinto, mas que na época tinha um bom time como este que enfrentou o Corinthians no dia 14 de outubro de 1964 pelo campeonato paulista; Acosta, Adilson, Jorge e Zózimo e Henrique; Rúbens e Saulzinho; Roberto, Nenê, Frazão e Beto. Neste dia o Corinthians venceu por 2 a 0, gols de Flávio e Silva cobrando pênalti.  Jogou nesta equipe por mais de três meses, mas em 1965, depois do rebaixamento para a segunda divisão do futebol paulista, voltou para o Rio de Janeiro, onde jogou no Flamengo.  No rubro negro carioca jogou apenas quatro partidas e depois parou por um ano, quando voltou ao futebol e foi para o exterior.

                  Por incrível que pareça aos 36 anos Zózimo foi jogar no Sport Boys do Peru, onde jogou nos anos de 1968 e 1969. Já cansado, decidiu encerrar de vez sua carreira e então retornou ao Brasil. Mas o destino ainda não tinha reservado tudo para Zózimo. A parte mais cruel de sua vida ainda estava por vir. Em 1977, quando já estava com 45 anos e com muita vida pela frente, um trágico acidente roubou a vida daquele que um dia encantou a todos com a arte de jogar futebol.

                Num setor onde o jogador aparecia por saber dar pontapés ou dar chutões para onde o nariz estivesse virado, Zózimo apenas trabalhava com a bola nos pés e jogava de cabeça erguida, mostrando a todos, que sabia o que estava fazendo.  Zózimo Alves Calazans, ou simplesmente Zózimo, um artista que a estrada roubou do cenário nacional, no dia 17 de julho de 1977, aos 45 anos de idade. Por incrível que possa parecer, uma data marcada por muitos episódios ruins, no mundo atual. Foi uma perda irreparável, pois o futebol perdeu um grande jogador, um dos zagueiros mais técnicos que o futebol brasileiro já teve. Jogava de cabeça erguida como os grandes craques. A bola estava sempre nos seus pés, sob controle. Ele a encarava e sabia sempre o que estava fazendo. Seus companheiros de time entendiam o recado de um simples olhar.

 ÚLTIMOS DIAS

                    Nos últimos dias de vida, Zózimo tinha como meta a formação de novos jogadores. Talvez tentasse achar, dentre as centenas de garotos que passavam pelas suas mãos, alguém que tivesse o seu estilo. Talvez ainda não tivesse atentado para o fato de que estava à procura de alguma coisa muito difícil de achar, pois a reunião de tantas qualidades em uma única pessoa não acontece todos os dias: são exceções que a natureza não teria fôlego para fabricar em série. No dia 17 de julho de 1977 o destino o levou, depois de um trágico acidente automobilístico.

                   O mundo ficou menos elegante, o futebol ficou mais vazio e a bola, mais uma vez, chora a sua orfandade. O time do céu ganhou mais um reforço, mais uma estrela a brilhar. E, naquela parte do espaço onde tudo é felicidade, entre arquibancadas de nuvens e gramados de azul celeste, anjos e querubins têm mais um motivo para sorrisos e aplausos: acaba de entrar em campo, com seu futebol elegante e ágil, Zózimo Alves Calazans, um dos zagueiros mais respeitados da história do futebol brasileiro.

 

Em pé: Joel, Ubirajara, Faria, Ananias, Zózimo e Nilton Agachados: Décio, Walter, Beto, Ademir da Guia e Durval

 

Em pé: De Sordi, Dino Sani, Zózimo, Castilho, Mauro e Cacá    –   Agachados: Canhoteiro, Vavá, Almir, Dida e Zagallo

 

 

Em pé: De Sordi, Oreco, Dino Sani, Zózimo, Castilho e Mauro     –    Agachados: Canhoteiro, Moacir, Vavá, Dida e Zagallo

 

Em pé: De Sordi, Zózimo, Zito, Nilton Santos, Castilho e Mauro      –     Agachados: Joel, Moacir, Mazzola, Dida e Zagallo

 

Em pé: Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos e Mauro      –     Agachados: Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo

 

Em pé: Djalma Santos, Bellini, Zózimo, Nilton Santos, Gilmar e Roberto Belangero      –     Agachados: Garrincha, Evaristo de Macedo, Índio, Didi e Joel
Em pé: Djalma Santos, De Sordi, Nilton Santos, Gilmar, Zózimo e Roberto Belangero      –     Agachados: Sabará, Walter Marciano, Gino, Didi e Canhoteiro

 

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