FUTEBOL DE VÁRZEA DE LIMEIRA

                     Hoje iremos falar do futebol de várzea de Limeira, mais precisamente do ano de 1957, um ano dourado do futebol limeirense, quando verdadeiros craques desfilavam pelos gramados aqui da então terra da laranja. Mas para falarmos do futebol de várzea, é preciso conhecer sua história, ou seja, de como tudo começou.

                     A história remonta desde à chegada do próprio futebol nesta terra. A primeira pelada que Charles Miller jogou em solo brasileiro foi numa várzea enlameada do Centro. Nas épocas que havia matagais abandonados de mais e asfalto de menos, era a várzea que imperava nos bairros mais afastados de São Paulo e depois no resto do Brasil, já que até quase os anos 50 futebol era coisa de rico no país e rico não gosta de um bando de moleques jogando bola com eles.

                    Conforme o tempo passou e o asfalto foi cobrindo os antigos brejos, o futebol de várzea começou a ser praticado em terrenos baldios e campinhos improvisados, mesmo com o risco de acertar um carro, um pedestre ou uma janela (riscos que existem até hoje em qualquer pelada de rua). Hoje, com a maioria das várzeas já aterradas e as existentes transformadas em aterros clandestinos, o futebol de várzea como conhecemos deixou de existir, perdendo espaço pras quadras públicas infestadas de pessoas alternativas. O termo “Futebol de várzea” hoje virou sinônimo daquela coisa parecida com futebol praticada nos churrascos de domingo, e de preferência bêbado. Apesar de tudo isso, ainda é uma bela diversão com seus amigos naquelas tardes sem nada pra fazer.

                     Mas voltemos ao futebol de várzea de Limeira de 1957. Foi um tempo romântico do nosso futebol, onde o amor pelo clube sempre estava acima de tudo. Não tinha salário, muito menos bicho, departamento médico não existia, o que havia na verdade, era muita vontade de praticar o futebol no final de semana, e depois do jogo reunir os amigos e tomar uma cervejinha, pois na segunda feira todos retornariam ao trabalho, machucados ou não.

                    Aqueles que viveram aquela época de ouro do nosso futebol, certamente relembram com muita saudade, pois o tempo passa muito depressa e só nos deixa aquela lembrança dos amigos que conviveram conosco naqueles domingos de futebol em que a disputa era muito acirrada, mas somente dentro das quatro linhas, pois ao terminar a partida, todos eram amigos.

                    Em 1957, havia inúmeros clubes em nossa cidade, cada qual com seu próprio campo e com sua própria torcida, que acompanhava o time onde quer que ele fosse jogar. É claro que algumas vezes os ânimos se exaltavam e aconteciam alguns desentendimentos, mas tudo faz parte do futebol, pois a partir do momento que o árbitro dá início à partida, todos querem vencer.

                    Clubes daquela época: Independente, Internacional, Estudantes, Guarani, Prada, Duque de Caxias, Ponte Preta, Ripasa, Paulistano, Cruzeiro, Botafogo e Flamengo.  E foi neste ano de 1957, que dois amigos que jogavam no Independente, resolveram fazer um álbum de figurinhas só de jogadores que disputavam o futebol de várzea de Limeira. Estes dois homens eram; Elcio Brigatto e Antônio Álvaro Zenebon. Foi uma ideia brilhante, pois muitos limeirenses procuravam encher seus álbuns, o que não era tão fácil, pois várias delas eram carimbadas, o que dificultava bastante ao colecionador.

                    Muitos faziam questão de encher o álbum mesmo sabendo que não havia prêmio algum, tanto é, que nas primeiras páginas vinha um comunicado com as seguintes palavras: Distintos Colecionadores; Em virtude do alto preço de custo das figurinhas, não nos será possível fornecer prêmios aos que completarem esta coleção, servindo a mesma como título de simples recordação de nosso futebol e de sua gente. Queiram aceitar uma cordial saudação dos organizadores, que esperam merecer apoio dos esportistas de nossa terra, que sempre souberam apoiar iniciativas benéficas para o nosso futebol.

Atenciosamente,

Antonio Alvaro Zenebon

Elcio Brigatto

                      Como dissemos acima, eram inúmeros os craques daquela época, sendo assim, mil desculpas se deixar de citar alguns deles. Mas me lembro muito bem de; Vicente Ragazzo, Élcio Brigatto, Dinho, Petrelli, Doquinha, Polatto, Fagote, Baca, Viganó, Walter Rossi, Bidão, Índio, Bodinho, Charuto, Álvaro Zenebon, Nenão, Ico, Fenga, Marrom, Paulo Azevedo, Toninho Bisca, Peru, Ary Corte, Facco e tantos outros que dignificaram o futebol de Limeira.

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