BEZERRA: campeão brasileiro pelo São Paulo F.C. em 1977

                              Juvenal de Souza nasceu dia 5 de setembro de 1949, na cidade Altair (SP). Em 1982 na cidade de Fernandópolis (SP), Bezerra continuava correndo atrás da bola. Distante da fama conquistada nos tempos do Guarani e do São Paulo, a alegria de voltar aos gramados era maior do que qualquer risco envolvido.

                             Conforme publicado pela revista Placar em 10 de setembro de 1982, Bezzera tomou conhecimento sobre um eventual problema de saúde em 1979. Devidamente diagnosticado com Neurocisticercose em 1980, o jogador foi examinado por uma junta médica com os melhores neurocirurgiões da época; Lamartine de Assis, Luís Alberto Bacheschi, Luís Alcides Manreza e Marcel Lefréve.

                             A doença, mantida em sigilo, só foi divulgada quando Bezerra finalmente entendeu a gravidade do problema e aceitou deixar o futebol. Criado no ambiente rural, seu sonho era trabalhar como comerciante de gado, o que justifica o apelido de “Bezerra”.

                             Na juventude, Bezerra gostava da vidinha campestre. Entre colheitas e plantações, o futebol ocupava um importante espaço aos domingos, nos inúmeros campinhos existentes nas fazendas da região. O passatempo da bola ficou mais sério na Associação Atlética Altair, de onde saiu para defender o Guaraçaí e posteriormente o Barretos. No findar de 1970, Bezerra foi contratado pelo Guarani Futebol Clube de Campinas.

                             Atuando sempre pelo lado esquerdo do gramado, Bezerra foi efetivado como lateral-esquerdo, o que não impedia seu aproveitamento como zagueiro em algumas oportunidades. Jogando pelo “Bugre” campineiro, Bezerra participou de grandes formações ao lado de Tobias, Flamarion, Amaral, Washington, Mingo e outros bons valores daquele período.

                              Em fevereiro de 1976 seu passe foi negociado com o São Paulo Futebol Clube. Na temporada seguinte, Bezerra foi um dos nomes importantes no esquema do técnico Rubens Francisco Minelli. Jogando ao lado de Tecão, Bezerra foi campeão brasileiro de 1977 e depois vice-campeão paulista de 1978.

                              Pelo São Paulo, entre 1976 e 1980, Bezerra viveu sua melhor fase no futebol. Ao todo, foram 201 compromissos disputados e 11 gols marcados. Abaixo, os registros da partida decisiva do campeonato brasileiro de 1977, quando Bezerra marcou de penalidade o gol que valeu o título:

                              5 de março de 1978 – Final do campeonato brasileiro – Atlético Mineiro 0(2) x 0(3) São Paulo – Estádio do Mineirão – Árbitro: Arnaldo Cezar Coelho – Tempo normal: 0x0; Prorrogação: 0x0; Penalidades: 3×2 para o São Paulo.

                             São Paulo: Waldir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor; Chicão, Teodoro (Peres) e Darío Pereyra; Viana (Neca), Mirandinha e Zé Sergio. Técnico: Rubens Minelli. Atlético Mineiro: João Leite, Alves, Márcio, Vantuir e Valdemir, Toninho Cerezo, Ângelo e Marcelo (Paulo Isidoro), Serginho, Caio (Joãozinho Paulista) e Ziza. Técnico: Barbatana. Bezerra marcou o último gol da equipe na disputa de pênaltis contra o Atlético Mineiro, que garantiu ao tricolor o título brasileiro de 1977. “Aquela taça foi conquistada com unhas e dentes contra um adversário que terminou o campeonato invicto”.

                              Sua despedida do São Paulo aconteceu em um amistoso contra o Flamengo no Morumbi. Bezerra atuou apenas nos primeiros 45 minutos, ainda amparado por um documento preparado pelo departamento jurídico do clube, o que isentava o São Paulo de qualquer acontecimento em decorrência da moléstia.

                              A situação causava verdadeiro pânico no médico José Carlos Ricci, ainda que garantido por um documento assinado pelo próprio jogador. Depois da inesperada notícia sobre o sério problema de saúde, o renitente Bezerra finalmente acatou o conselho médico. Contudo, em 1982, Bezerra aceitou um convite para defender o Fernandópolis Futebol Clube (SP).

                               Na ocasião, os dirigentes do Fernandópolis não solicitaram nenhum laudo médico antes de firmar compromisso como o jogador, o que também deixava o médico Luís Alcides Manreza bastante preocupado:  “Na medicina não existe o que podemos chamar de “meio termo”. Ou pode ou não pode. E no caso de Bezerra, ele não pode”.

                               Seu irmão, o quarto-zagueiro Joãozinho, que na época jogava pelo Santos, foi simples em seu comentário: “Já cansei de pedir para ele parar, mas não tem jeito. O futebol está no sangue”.

                               Bezerra ainda jogou pelo Uberaba (MG), Barretos (SP) e Olímpia (SP). Depois de deixar o futebol em 1985, Bezerra vive do comércio na cidade de Goiânia (GO). Durante oito anos teve uma ótica, que vendeu para abrir duas lojas de confecção infantil. Casado, tem um casal de filhos. Passados tantos anos, o amor pelo tricolor permaneceu. Sempre que a equipe entra em campo, Bezerra está diante da TV para torcer.

O Guarani em 1973    –     Em pé: Wilson, Tobias, Alberto, Amaral, Flamarion e Bezerra    –     Agachados: Jader, Washington, Clayton, Alfredo e Mingo
Em pé: Waldir Peres, Antenor, Estevam, Getúlio, Bezerra e Chicão     –     Agachados: Zequinha, Neca, Armando, Válter Peres e Edu Bala
Em pé: Waldir Peres, Antenor, Estevam, Chicão, Mário Válter e Bezerra     –     Agachados: Zequinha, Neca, Milton Cruz, Peres e Zé Sérgio
Em pé: Getúlio, Toinho, Antenor, Tecão, Chicão e Bezerra     –     Agachados: Zequinha, Neca, Serginho, Teodoro e Zé Sérgio
Em pé:  Tobias, Wilson Campos, Amaral, Alberto, Flamarion, Bezerra e o diretor Garbelini    –    Agachados: Jader, Washington, Clayton, Alfredo e Mingo
Equipe que disputou a final do Brasileiro de 1977   –   Em pé: Antenor, Tecão, Getúlio, Chicão, Bezerra e Waldir Peres   –     Agachados: Viana, Teodoro, Mirandinha, Darío Pereyra e Zé Sérgio

 

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