TUPÃZINHO: fez parte da primeira academia palmeirense

                 José Ernanes da Rosa nasceu dia 26 de outubro de 1939, na cidade Bagé – RS. Marcou época na Sociedade Esportiva Palmeiras, quando fez parte da “Primeira Academia Palmeirense”, uma época de ouro do time de Parque Antarctica. O time era tão bom, que representou o Brasil num jogo contra o Uruguai em 1965, mais precisamente no dia 7 de setembro, quando foi inaugurado o Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão. Durante a Taça Libertadores da América em 1968, Tupãzinho foi eleito o melhor jogador da competição. O Palmeiras não conquistou o título, ficou vice, perdendo para o Estudiantes de La Plata, mas o atual técnico argentino, Carlos Billardo, que na época era o armador da equipe argentina, disse numa entrevista durante a Copa de 98: “Os maiores jogadores brasileiros que eu vi jogar em minha vida foram; o negro Pelé, o loiro Ademir da Guia e Tupãzinho, aquele que tinha a perna torta igual a do Garrincha”.

INÍCIO DE CARREIRA

               Tupãzinho, que herdou o apelido do pai, Tupã, um dos grandes nomes da história do futebol gaúcho, iniciou a carreira no Bagé para, em seguida, transferir-se ao arqui-rival Guarany, vendido por por 300 mil cruzeiros. Tupãzinho foi o grande destaque do Guarany na temporada de 1962, quando o clube terminou na terceira colocação do Campeonato Gaúcho. Foi uma classificação muito honrosa para aquele pequeno clube gaúcho, uma vez que o Grêmio tinha um time imbatível na época, tanto é, que ficou campeão gaúcho de 1962 até 1968, nem mesmo o Internacional conseguia vencê-lo. Pelo Bagé, Tupãzinho conquistou os títulos: Camp. Citadino de Bagé em 1957 e a Copa Centenário de Bagé em 59.

PALMEIRAS

               No ano de 1963, foi contratado junto ao Palmeiras por 30 milhões de cruzeiros. Na época o alviverde tinha um time extraordinário; Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Vicente e Geraldo Scotto; Tarciso e Ademir da Guia, Servilio, Tupãzinho e Nilo. O técnico era Geninho. A estréia com a camisa esmeraldina aconteceu dia 16 de janeiro de 1963, quando o Palmeiras foi derrotado pelo Sporting Cristal, do Peru. Mas não foi esse resultado ruim na sua estréia que o impediu de se tornar um dos maiores jogadores da história do Palmeiras.  Tanto é, que naquele mesmo ano sagrou-se Campeão do Torneio Pentagonal de Guadalajara e Campeão Paulista, fato que voltou a repetir em 1966, ano da Copa, onde muitos consideraram uma grande injustiça não ter sido convocado. E foi também no ano de 1966, que sagrou-se Campeão da Copa João Havelange.

               Mas foi no ano de 1965, que a carreira de Tupãzinho ficou marcada, assim como marcante ficou a história do Palmeiras. Começou a temporada com o título do Torneio Rio-São Paulo deixando o segundo colocado à 10 pontos de vantagem e obtendo resultados expressivos, como 7×1 no Santos de Pelé, 5×3 sobre o Botafogo no Rio e 5×0 no São Paulo. Realmente foi uma campanha invejável da equipe de Parque Antarctica, pois em 15 jogos que disputou, venceu 9, empatou 3 e perdeu 3. Marcou 21 pontos. O jogo da grande final foi contra o Botafogo no dia 23 de maio de 1965, no velho Pacaembu. Com uma atuação impecável, o Palmeiras venceu por 3 a 0, gols de Tupãzinho aos 14 minutos do primeiro tempo, Ademir da Guia aos 27 e Dario aos 44 do segundo tempo.               

               Ainda neste ano, Tupãzinho ajudou o alviverde a sagrar-se Campeão do Torneio do Centenário do Rio de Janeiro e no mês de setembro Tupã vestiu a camisa da Seleção Brasileira.  Nesse período, o Palmeiras começou a ser batizado de “Academia de Futebol”. A equipe do Palmeiras era tão respeitada a ponto de a antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos) requisitá-la para representar a Seleção Brasileira na inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, no dia 7 de setembro de 1965, em partida amistosa contra o Uruguai. E foi um show de bola dos palmeirenses, com goleada por 3 a 0, gols de Tupãzinho, Rinaldo e Germano, num time formado por Valdir de Moraes (Picasso); Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina (Procópio) e Ferrari; Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario). O técnico era Ernesto Filpo Nuñes e este jogo foi visto por 96.669 pessoas.

               Em 1967, sagrou-se Campeão da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa. A conquista da Taça Brasil foi contra o Náutico, do Recife. Foram necessárias três partidas. Na primeira o jogo foi na Ilha do Retiro, Recife. Este jogo aconteceu dia 20 de dezembro e o Palmeiras venceu por 3 a 1, gols de César, Zequinha e Lula, enquanto que Nino marcou o único tento do Náutico. A segunda partida foi no Pacaembu no dia 27 de dezembro e desta vez o Náutico venceu por 2 a 1. Os gols pernambucanos foram marcados por Fraga e Ladeira, enquanto que Tupãzinho marcou para o Verdão. Neste jogo Servilio e Baldochi do Palmeiras foram expulsos.  A terceira e decisiva partida, foi realizada no Maracanã, Rio de Janeiro e aconteceu no dia 29 de dezembro. Neste dia o Palmeiras jogou com; Perez, Geraldo Scalera, Baldochi, Minuca e Ferrari; Dudu, Zéquinha e Ademir da Guia; Cesar, Tupãzinho e Lula. O técnico era Mário Travaglini.  Logo aos 7 minutos de jogo, Cesar abriu o placar para o Verdão e aos 34 do segundo tempo, Ademir da Guia fechou o placar. Com esta vitória o Palmeiras conquistou seu segundo título brasileiro.

              Ainda no ano de 1967, Tupãzinho foi personagem de uma história muito triste de um goleiro. Tudo aconteceu dia 19 de novembro, quando Palmeiras e Corinthians se enfrentaram pelo segundo turno do Campeonato Paulista. O goleiro corintiano era Barbosinha, que na época vinha se destacando na meta alvinegra. Falavam até em Seleção Brasileira para aquele jovem goleiro. Mas naquela fatídica tarde de domingo, sua carreira, assim como sua vida mudou completamente. O jogo estava bem equilibrado, assim como acontece em todos os clássicos entre Corinthians e Palmeiras. Aos 23 minutos do segundo tempo, aconteceu uma falta contra o Corinthians quase no meio de campo. Tupãzinho que batia muito bem na bola, ajeitou a pelota com muito carinho e bateu. O goleiro alvinegro que na época era chamado de “negro gato” pulou de um lado e a bola foi no outro. Enquanto a torcida palmeirense vibrava com o gol, a torcida corintiana culpava Barbosinha, dizendo que não houve boa vontade do arqueiro. 

              Para complicar a situação daquele jovem goleiro, três minutos depois nova falta no mesmo local. Parecia até replay do lance anterior. Tupãzinho ajeitou a bola e chutou. Mais uma vez a bola foi para um lado e o goleiro para o outro. A torcida alviverde foi a loucura pelo segundo gol marcado, enquanto que a torcida corintiana foi a loucura de raiva com seu goleiro. Tornou-se um homem marcado. Acusado de frangueiro por alguns, de vendido por outros, pois em um dos lances, ficou a impressão de que ele realmente tirou o corpo da frente da bola. Passou a ser marginalizado dentro do clube. Muito pensam que ele nunca mais vestiu a camisa do Corinthians, no entanto, Barbosinha voltou a jogar pelo alvinegro, mas foi apenas por uma única vez, dia 23 de janeiro de 1968, num amistoso contra o Bahia de Feira de Santana, em que o Timão venceu por 7 a 0.

               No ano de 1968, Tupãzinho foi o artilheiro da Taça Libertadores da América com 12 gols. E foi neste ano também, que ele deixou o Palmeiras. Foram cinco anos de muita alegria, tanto para ele, como para a torcida palmeirense. Com a camisa do alviverde disputou 231 partidas. Venceu 136, empatou 44 e perdeu 51. Marcou 122 gols (média de 0,52 por partida), tornando-se o 9º maior artilheiro da história do Palmeiras. Seu último jogo pelo clube ocorreu no dia 10 de fevereiro de 1968, na derrota de 3 a 0 para o Internacional de Porto Alegre, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

FINAL DE CARREIRA

               O final de carreira de Tupãzinho no Palmeiras foi melancólico. Em 1969, passou a trocar o dia pela noite, era avesso aos treinos e o diretor de futebol do Palmeiras, Gimenez Lopes, decidiu trocá-lo pelo lateral esquerdo Zeca junto ao Grêmio de Porto Alegre. No Sul, terra do atacante, pouco jogou. Pior ainda quando quis jogar no Nacional de Manaus em 1970, quando inapelavelmente, teve de encerrar a carreira. Tupã voltou a morar em São Paulo e se fixou na região do Jardim Campos Elíseos. E na roda de amigos sempre lembrava a chegada ao Parque Antártica, sem os dentes da frente, o que resultou no apelido de 1001. Por que 1001? Simples. O quarteto defensivo de sua boca jogava desfalcado dos zagueiros de áreas, e o “time” se defendia só com os laterais. Tupã teve de colocar uma ponte móvel na boca. E esse gaúcho morreu pobre, todavia orgulhoso de ter escrito uma bonita história no futebol. Tupãzinho morreu dia 16 de fevereiro de 1986, aos 46 aos de idade, quando trabalhava em salões de carteado, decorrente de aneurisma cerebral. Tupãzinho foi um jogador com estilo clássico, marcou época e imortalizou-se na galeria dos maiores jogadores da Sociedade Esportiva Palmeiras.

Em pé: Djalma Santos, Peres, Baldochi, Minuca, Dudu e Ferrari     –    Agachados: Dario, Servilio, César, Ademir da Guia e Tupãzinho

Em Pé: Djalma Santos, Valdir, Baldochi, Osmar, Dudu e Ferrar    –    Agachados: Suingue, Tupãzinho, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo
Em pé: Chicão, Eurico, Baldochi, Nelson, Dudu e Ferrari     –    Agachados: César, Tupãzinho, Artime, Ademir da Guia e Serginho
Em Pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Dudu, Djalma Dias e Ferrari     –    Agachados: Julinho, Servilho, Tupãzinho, Ademir Da Guia e Rinaldo

 

 

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