PAULO MACHADO DE CARVALHO: o marechal de vitória

                 Paulo Machado de Carvalho nasceu dia 9 de novembro de 1901, na cidade de São Paulo. Era conhecido nacionalmente com o título de “Marechal da Vitória”, por ter sido o chefe da delegação brasileira em duas Copas do Mundo. É considerado o maior responsável “fora de campo” pelas conquistas das Copas de 58 e 62, por isso, o Estádio do Pacaembu, em São Paulo é batizado oficialmente de Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho em sua homenagem. Além disso, foi responsável pela criação de vários veículos de comunicação atuais (tanto no rádio quanto na televisão), sendo o fundador e patrono da Rede Record de Televisão e também da Rádio Sociedade Record, atual Rádio Record, conhecida também como a “Voz de São Paulo” na Revolução Constitucionalista de 1932 e uma das ferramentas fundamentais para o sucesso dos ideais revolucionários. Era formado em Direito, na Faculdade do Largo São Francisco, e depois foi para a Suíça aprimorar seus estudos. Voltou ao Brasil cheio de sonhos, mas sua paixão logo se dirigiu ao rádio, que estava Recém inaugurado no Brasil.

A CARREIRA ESPORTIVA

               Na área esportiva, Paulo Machado foi vice-presidente do São Paulo da Floresta em 1934. Com a falência do time no ano seguinte, seguiu como dirigente no São Paulo, sucessor do São Paulo da Floresta, onde viria a ser presidente, entre 1946 e 1947, e vice-presidente, entre 1955 e 1956. A partir do ano seguinte, assumiu o departamento de futebol, cargo que já tinha ocupado entre 1942 e 1947, e chegou a pagar torcedores para vaiar o time quando jogava mal no primeiro tempo e, no intervalo, mostrava a reação da torcida aos jogadores em busca de “reações heroicas”.

               Ao lado de João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), foi dirigente do futebol brasileiro, tendo sido chefe das delegações campeãs mundiais de 1958 (Suécia) e 1962 (Chile), o que lhe valeu o apelido de “Marechal da Vitória”. Na ocasião da primeira conquista, foi convidado por Havelange e preparou o plano para a Copa desde meados de 1957. “Olha, doutor Paulo”, pediu Havelange. “Preciso de uma seleção que faça o povo esquecer a de 1950, uma seleção vitoriosa, um time campeão. E porque eu preciso de tudo isso é que o quero como seu chefe. Arme tudo como quiser.

               Com carta branca. O plano foi elaborado com a colaboração de jornalistas com experiência no futebol e foi transformado em um livro chamado O Plano Paulo Machado de Carvalho. Nos últimos preparativos, já na Suécia, era vítima constante das brincadeiras de Mané Garrincha, que aparecia com o dedo imitando um revólver e dizia “Doutor Paulo, teje preso”, para, algum tempo depois, voltar e dizer “Teje solto”. Quando o Brasil teve de jogar a final com seu segundo uniforme, azul, Carvalho, para tranqüilizar os jogadores, teria dito que o uniforme lhes daria sorte, pois era da cor do manto de Nossa Senhora Aparecida (Pelé, no entanto, disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 2008 não se lembrar deste fato). Carvalho já tinha fama de supersticioso naquela Copa, por causa do terno marrom.

               Voltando ao Brasil para desfilar em carro aberto com os jogadores, não se cansou de mostrar a taça ao povo. Na viagem ao Chile, para aquela que seria a segunda conquista do Brasil, Paulo mostrou toda sua superstição ao usar o mesmo terno marrom que usava todos os dias “para dar sorte” na Copa anterior, que tinha virado motivo de piada entre os jogadores.

               Em razão das boas campanhas futebolísticas e da brilhante carreira empresarial, recebeu homenagem da prefeitura de São Paulo: o Estádio do Pacaembu leva o seu nome desde 1961, como homenagem prestada pelo então prefeito Prestes Maia. Em 1970 foi eleito para seu último cargo esportivo, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.

ESTÁDIO DE FUTEBOL

               Em 27 de abril de 1940, com a presença do presidente Getúlio Vargas, do interventor Adhemar de Barros e do prefeito Prestes Maia a área deu origem ao Estádio Municipal de São Paulo, hoje batizado de Paulo Machado de Carvalho. Até então, o maior estádio que havia no Brasil, era o de São Januário, que pertence ao Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Mas com a inauguração do Pacaembu, este passou a ser o maior e mais moderno estádio da América do Sul, com capacidade para receber 70 mil pessoas. Posteriormente, o terreno e a administração do estádio foram repassados à prefeitura da cidade.

               O nome Pacaembu veio pelo fato de o estádio estar no bairro que tem esse nome. Porém, em 1961, o Pacaembu ganhou o nome de Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, em homenagem ao homem que comandou, em 1958, a delegação no mundial de futebol na Suécia.

MUSEU

               O Museu Paulo Machado de Carvalho (Museu do Futebol), fica no quinto andar do prédio da Federação Paulista de Futebol. Além de livros, jornais e revistas que servem de campo para pesquisas, o Museu do Futebol possui em seu acervo, entre outros objetos, a camisa número 6 da Seleção Brasileira utilizada por Nilton Santos no jogo da Suécia, em 1958, quando o Brasil venceu pela primeira vez a Copa do Mundo. Possui, ainda, em tamanho e peso naturais, uma réplica da Taça Jules Rimet e as bolas das conquistas dos mundiais de 1958 (Suécia) e 1962 (Chile).

               Como acervo mais recente, existe uma camisa da Seleção, autografada por jogadores que participaram da primeira partida válida pelas Eliminatórias do Mundial de 2006, disputada em setembro de 2003, na Colômbia. Essa camisa foi ofertada ao Dr. Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, que foi chefe da delegação brasileira para aquele jogo.

RÁDIO E TELEVISÃO

               Em 1931, Paulo Machado de Carvalho fundou a Rádio Record e a Associação das Emissoras de São Paulo. O estúdio da Record ficava na Praça da República e, apesar de pequeno, reunia orquestras inteiras para a apresentação de programas musicais.Nos primeiros anos de trabalho, Paulo Machado de Carvalho fez de tudo no rádio: selecionou músicas, arquivou discos, dirigiu programas. Durante a época em que estava na Record, participou da produção do primeiro jornal falado da rádio, comandado por Assis Chateaubriand. Em 1944 adquiriu a Rádio Panamericana, que passou a integrar o Grupo das Emissoras Unidas e em 1965 mudaria seu nome para Jovem Pan.

               No dia 27 de setembro de 1953 Paulo inaugurou a TV Record, realizando um outro sonho que alimentava desde a chegada da televisão ao Brasil três anos antes, em 1950. A emissora entrou no ar com o que tinha de mais moderno à época, com todos os equipamentos importados dos Estados Unidos e entregues no Porto de Santos. Antes da Record havia mais duas emissoras de TV em São Paulo, a TV Tupi e a TV Paulista.

               Como empresário, destacou-se na área de mídia formando um grupo de empresas do setor que incluía TV Record, Rádio Record, Rádio Excelsior, Rádio São Paulo, Rádio Panamericana (Jovem Pan) AM e Rádio Panamericana (Jovem Pan) FM. Algumas dessas emissoras foram vendidas posteriormente, como a Rádio Excelsior, que atualmente pertence às Organizações Globo, utilizando a denominação Central Brasileira de Notícias (CBN).

               Ato pioneiro que levou a assinatura de Paulo Machado de Carvalho foi a transmissão ao vivo do Grande Prêmio de Turfe do Brasil, em 1956, realizado no Rio de Janeiro. Em termos de rádio, em 1946 transformou a Panamericana na primeira emissora dedicada apenas aos esportes. Também inovou ao colocar repórteres atrás dos gols durante as transmissões.

               Em 1989 sua família se viu obrigada a vender a TV e Rádio Record para o empresário Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Na época a emissora também pertencia a Silvio Santos, pois ele havia comprado cerca de metade dela em 1972, tornando-a mais tarde uma espécie de afiliada da TVS (atual SBT) em São Paulo. Com a compra, a emissora foi reerguida e tornou-se uma rede nacional de televisão. Edir Macedo é dono da emissora até hoje. Atualmente, apenas as rádios Jovem Pan AM e FM pertencem à família Machado de Carvalho e são dirigidas por seu filho Antônio Augusto Amaral de Carvalho, conhecido como Tuta.

A FAMÍLIA

               Filho de Antonio Marcelino de Carvalho (12 de junho de 1872 – 14 de fevereiro de 1920), negociante bem-sucedido que chegou à presidência da Associação Comercial de São Paulo, e Brasília Leopoldina Machado de Oliveira, filha do governador do Paraná, Brasílio Augusto Machado de Oliveira, e neta do Brigadeiro José Joaquim Machado de Oliveira. Era irmão de Marcelino de Carvalho, mestre de etiqueta nos anos de 1950, tendo seus livros permanecido clássicos nas décadas seguintes..

               Casou-se em 12 de maio de 1923 com Maria Lucia Chaves do Amaral (1904 – 1985), filha de Erasmo do Amaral e Eponina Pacheco Chaves. Eponina era irmã de Eduardo Pacheco Chaves, filha de Anesia da Silva Prado e neta de Martinho da Silva Prado.

               Paulo Machado de Carvalho, o inesquecível “Marechal da Vitória” de tantas lembranças boas das Copas de 58 e 62, faleceu dia 7 de março de 1992, aos 91 anos de idade. Foi advogado, radialista, um dos maiores empresários da área da comunicação e um dos maiores amantes do futebol brasileiro.

Paulo Machado de Carvalho brincando com Pelé depois do título mundial de 1958
Estádio do Pacaembu que leva o nome de Paulo Machado de Carvalho
Paulo Machado de Carvalho levanta a réplica da Taça Jules Rimet que a Seleção Brasileira conquistou na Copa do Mundo de 1970, no México
Paulo Machado de Carvalho cumprimenta Bellini logo após a conquista do mundial de 1958
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