FORMIGA: campeão pelo Santos F.C. como jogador e como treinador

                   Francisco Ferreira de Aguiar nasceu dia 11 de novembro de 1930, na cidade de Araxá–MG. Firmou-se jogando como volante, com hora ou outra indo para a zaga. Seu clube mais marcante como jogador e como treinador foi justamente o Santos Futebol Clube, ficando por lá por cerca de 10 anos, de meados da década de 50 (aonde ganhou o título paulista de 1955, ajudando o time a quebrar um jejum de 20 anos na competição) até o decorrer dos anos 60, fazendo parte do esquadrão de Pelé, que ganhou quase tudo o que disputou no período. Conhecido por sua competência e talento no setor defensivo, Formiga chegou a ser convocado algumas vezes para a Seleção Brasileira e até hoje é lembrado como um dos grandes atletas da história do alvinegro praiano. Já como treinador, ganhou justamente seu primeiro título, o Campeonato Paulista de 1978, no clube que o consagrou, a primeira conquista importante do time depois da saída de Pelé.

                  Formiga jogou no Santos na década de 50 e foi bicampeão paulista em 1955 / 56. O título de 55 foi muito comemorado pela torcida santista, pois desde 1935 o Peixe não conquistava este título. Foi um ano em que o Santos formou um grande esquadrão e realmente mereceu o título. Neste ano o time peixeiro era formado por; Manga, Helvio, Ivan, Ramiro e Formiga; Urubatão e Vasconcelos; Tite, Del Vecchio, Pagão e Pépe. No ano seguinte o time foi quase o mesmo, entraram somente Jair da Rosa Pinto e Vasconcelos.  O técnico destas e outras conquistas foi Luiz Alonso Perez, mais conhecido por Lula.

PALMEIRAS

               Depois de sagrar-se bicampeão paulista pelo Santos, no ano seguinte Formiga foi jogar no Palmeiras, e por lá ficou dois anos, sendo que em 1958, o alviverde já começava a formar um grande esquadrão; Valdir, Valdemar Carabina e Jorge, Zéquinha, Formiga e Geraldo Scotto; Julinho, Nardo, Parada, Enio Andrade e Chinesinho. O técnico era Osvaldo Brandão. Mas neste ano, o Santos tinha um time imbatível, tanto é, que o artilheiro do Paulistão daquele ano foi Pelé com 58 gols, uma marca que dificilmente será quebrada.

SANTOS

               Como diz o ditado, o bom filho à casa retorna. E foi isto que aconteceu com Formiga. Depois de passar dois anos no Parque Antarctica, retornou à Vila Belmiro e passou a integrar um dos maiores times da história do Santos F. C.  No entanto, o Palmeiras que já não conquistava um titulo há nove anos, ou seja, desde 1950, formou em 1959 um time que pudesse enfrentar de igual para igual o time praiano. Com isto tivemos naquele ano, uma final que entrou para história do futebol brasileiro. E foi já no dia 5 de janeiro, uma terça feira, que Santos e Palmeiras entraram no Estádio Municipal do Pacaembu para começarem a decidir mais um título paulista. O árbitro era o austríaco Stefan Walter Glanz. Foi um jogo de muita técnica, onde os dois treinadores prepararam suas equipes como se fosse um jogo de xadrez. De um lado, Lula e do outro Osvaldo Brandão, dois técnicos que já faleceram, mas que deixaram muita saudade por tudo que fizeram pelo nosso futebol.

              Começa a partida e aos 22 minutos, Pelé abre o placar. Festa na torcida do Peixe. Mas, aos 34 minutos, Zequinha empata a partida ainda no primeiro tempo.  E este seria o placar final. Veio então a segunda partida e esta aconteceu dois dias depois, ou seja, dia 7 de janeiro, uma quinta feira.  O palco era o mesmo, o velho Pacaembu, que mais uma vez recebeu um grande público. O árbitro da partida foi Catão Montez Junior. Começou a partida e aos 25 minutos Pépe cobrando pênalti abriu o placar. Final do primeiro tempo.  Logo aos 3 minutos do segundo tempo, o zagueiro santista Getúlio, marcou contra. Dois minutos depois, Chinesinho virou o placar, mas aos 35 minutos, Pepe empatou novamente a partida. E assim terminava mais uma vez empatada aquela decisão, 2 a 2, num jogo em que os goleiros Laércio e Valdir tiveram muito trabalho. E a grande decisão ficava para o dia 10 de janeiro de 1960, um domingo de muito sol e calor na capital paulista.  Pela qualidade dos dois times e pela dificuldade em saber quem seria o campeão daquele ano, a imprensa passou a chamar de Super Campeonato.

              E finalmente chegou o grande dia, lá estavam mais uma vez frente a frente, Santos e Palmeiras para realizarem um jogo que entraria para a história. O Santos era o atual campeão, enquanto que o Palmeiras já estava há nove anos com o grito de campeão entalado na garganta. O palco daquele espetáculo era novamente o Estádio Municipal do Pacaembu, que neste dia recebeu um público de 37.023 pessoas, que proporcionou uma arrecadação de Cr$ 3.076.375,00. O árbitro da partida foi Anacleto Pietrobon e neste dia o técnico Lula mandou a campo os seguintes jogadores; Laércio, Urubatão, Getúlio, Dalmo, Formiga, Zito, Dorval, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Sem dúvida alguma, um time que impunha muito respeito a qualquer adversário.

             Já pelo Palmeiras, o técnico Osvaldo Brandão mandou a campo os seguintes jogadores; Valdir, Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar, Geraldo Scotto, Zequinha, Chinesinho, Julinho Botelho, Américo, Nardo e Romeiro. Realmente duas máquinas de jogar futebol. Dos 22 jogadores, 13 já haviam vestido a camisa da seleção brasileira. Quem teve a felicidade de ver estes monstros sagrados jogarem, pode dizer que é um privilegiado, pois eram jogadores de alto nível, coisa que nos dias de hoje não vemos mais. E o mais importante, jogavam por amor a camisa, pois o que ganhavam não chega nem perto de muitos jogadores de quinta categoria dos dias de hoje.  São estes jogadores de hoje, que nos fazem sermos saudosistas.

              Finalmente a bola rolou no gramado do Pacaembu e o Santos parecia querer decidir logo no começo do jogo, tanto é, que aos 14 minutos de jogo Pelé abriu o placar. A torcida santista foi ao delírio, que só parou aos 43 minutos, quando Julinho empatou a partida. Final do primeiro tempo e tudo igual no placar. Quando menos a confiante torcida peixeira esperava, aos três minutos da etapa final, falta para o Palmeiras, de meia-distância. Romeiro batia forte e de três dedos, com um veneno incrível. E aquela batida de falta tornou-se imortal: por cima da barreira, a bola foi no ângulo do ex-palmeirense Laércio, que nem se mexeu. Golaço que garantiu a vitória por 2 a 1 e que rendeu inflamada invasão do gramado do Pacaembu pela torcida palmeirense ao término do jogo. Palmeiras era o grande campeão de 1959. Mas nos três próximos anos, o Santos de Formiga conquistou o título paulista e em 1962 e 1963 sagrou-se bicampeão da Taça Libertadores e do Mundial de Clubes.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Pela Seleção Brasileira, Formiga realizou 19 jogos. Venceu 14, empatou 4 e perdeu uma vez. Disputou a Copa América de 1956 e 1959 e conquistou a Taça Bernardo O´Higgins em 1955 e 59, também a Taça Oswaldo Cruz em 1955 e 56 e ainda a Taça do Atlântico em 1956.

TREINADOR

               Já como treinador, ganhou justamente seu primeiro título, o Campeonato Paulista de 1978, no clube que o consagrou, a primeira conquista importante do time depois da saída de Pelé. Formiga ficou conhecido como o comandante do time denominado de “Meninos da Vila”, devido à juventude do elenco, que contava com futuros craques, como Pita, Juary, Nilton Batata e Aílton Lira. No início dos anos 80 trocou de time e foi contratado pelo São Paulo Futebol Clube, aonde pôde administrar um grande esquadrão, à época chamado de “Máquina Tricolor”, contando com uma verdadeira seleção, Waldir Peres, Getúlio, Oscar, Dario Pereira e Marinho Chagas; Almir, Heriberto e Renato; Paulo César Capeta, Serginho Chulapa e Mário Sérgio.

              Com o time ganhou o Paulistão de 1981. No ano seguinte, após ter sido surpreendentemente eliminado pelo Guarani de Careca no Campeonato Brasileiro, saiu do clube, indo parar no então iniciante futebol da Arábia Saudita. Dirigiu o Tricolor em 70 jogos. Obteve 41 vitórias, 10 empates e 19 derrotas. Voltou tempos depois ao Brasil, e no fim da década pôde mais uma vez mostrar o seu talento, bastante subestimado por sinal, ao treinar o Corinthians, em meio ao estadual de 1987. O time passava por uma grande crise, terminando o primeiro turno num vexatório penúltimo lugar. Pois Formiga conseguiu reerguer a equipe, a ponto dela brigar fortemente pelo título, chegando à final mas sendo derrotado pelo São Paulo.

              Foi campeão mineiro pelo América-MG em 1993. Nos anos 90, após amargar um certo ostracismo ao treinar times de segunda e terceira divisão, como a Catanduvense e o Palestra de São Bernardo, foi convidado pela diretoria do Santos para novamente trabalhar na equipe. Entre outros de seus feitos, pode se creditar o fato de ter descoberto a nova sensação do futebol brasileiro, Robinho, principal craque nos dois Campeonatos Brasileiros ganhos pelo clube, em 2002 e 2004.

               Em campo, o jogador Formiga sempre apresentou soberania e muita classe. Com a bola nos pés, não era do tipo dar chutão pra frente como outros zagueiros. Ainda na década de 1950, Formiga foi considerado o melhor jogador da posição nos campeonatos, até que chegou a ser grande promessa na equipe da Seleção Brasileira. Formiga faleceu dia 22 de maio de 2012.

Em pé: Anibal, Waldemar Carabina, Zéquinha, Jorge, Formiga e Geraldo Scotto     –    Agachados: Julinho, Paulinho, Nardo, Enio Andrade e Chinesinho
Em pé: Dalmo, Zito, Urubatão, Formiga, Getúlio e Laércio    –    Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe
Em pé: Zito, Olavo, Formiga, Getúlio, Zé Carlos e Gilmar     –    Agachados: Julinho, Pelé, Servilio, Chinesinho e Pepe

 

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