BOBÔ: campeão brasileiro pelo Bahia em 1988

                 Raimundo Nonato Tavares da Silva nasceu dia 28 de novembro de 1962, na cidade de Senhor do Bonfim – BA. Foi eleito um dos maiores ídolos do Esporte Clube Bahia, principalmente depois do título de campeão brasileiro de 1988 que ele ajudou a equipe baiana conquistar. Foi o líder da equipe comandada por Evaristo de Macedo, que surpreendeu a todos e conquistou o título em cima do Internacional em pleno estádio Beira Rio. Bobô foi ídolo também no Corinthians, no São Paulo e também no Fluminense. “Quem não amou a elegância sutil de Bobô?” O refrão da música de autoria de Caetano Veloso e cantada por Maria Bethânia traduz muito bem o carisma que teve o meia direita do Bahia nos anos 80. Quando deixou o Bahia para jogar no São Paulo, foi uma das maiores transações daquela época, pois o Tricolor Paulista desembolsou 1 milhão de dólares, um valor exorbitante para os padrões da época, principalmente se tratando de uma jovem promessa.

                Raimundo Nonato Tavares da Silva tem esse apelido de Bobô, por causa de sua irmã caçula, Rita, que não conseguia pronunciar seu nome e passou a assim chamá-lo. Bobô, como ficou conhecido, vai ficar para sempre na memória do povo nordestino, já que comandou a segunda conquista de um time da Região no Brasileiro.

ESPORTE CLUBE BAHIA

               Bobô começou sua carreira na Catuense e, em seguida, foi contratado pelo Bahia, clube que defendeu entre 1984 até 1989. Sua melhor fase no Tricolor Baiano foi sem dúvida no ano de 1988, quando ajudou a equipe conquistar o titulo brasileiro, que na época era chamado de Copa União. Os jogos finais contra o Internacional de Porto Alegre foram realizados apenas em 1989, A primeira partida da final foi realizada em 15 de fevereiro de 89. Na ocasião, o Bahia derrotou o Inter por 2 a 1, na Fonte Nova, de virada, com dois gols de quem? Bobô, é claro. O gol colorado foi marcado por Leomir. O segundo jogo foi no dia 19 de fevereiro em Porto Alegre, quando tivemos um empate de 0 a 0. Neste dia o Bahia jogou com; Ronaldo, Tarantini, João Marcelo, Claudir (Newmar) e Paulo Róbson; Paulo Rodrigues, Gil Sergipano, Zé Carlos e Bobô (Osmar); Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo. O árbitro da partida foi Dulcídio Vanderlei Boschilia.

               O Bahia não teve de lutar apenas contra a desconfiança da imprensa brasileira e contra o forte time do Internacional. Precisou superar até mesmo o sobrenatural. Ao entrar no Beira Rio, os jogadores tricolores viram, na porta do vestiário, uma gigantesca macumba. A equipe baiana, porem, não se impressionou com o despacho. O técnico Evaristo Macedo disse “Fazer trabalho contra baiano é perda de tempo”. Pelo Bahia, Bobô foi campeão brasileiro em 1988 e tricampeão baiano 1986/87/88.

SÃO PAULO F.C.

               Em 1989, portanto, após a conquista do Brasileirão pelo Bahia, Bobô teve seu passe negociado com o São Paulo pela soma de U$ 1 milhão. No começo, Bobô rendeu bem no time, fazendo o seu primeiro gol em um clássico contra o Palmeiras, até então invicto no Campeonato. Este jogo aconteceu dia 30 de abril de 1989 e o jogo terminou empatado em 1 a 1. Depois, conquistou um título que parecia impossível. A final foi contra o São José, no dia 2 de julho, quando as duas equipes terminaram empatadas em 0 a 0, porem, como o São Paulo havia vencido a primeira partida por 1 a 0, gol de André Luiz, acabou conquistando o título paulista. Para este jogo do título, o técnico Carlos Alberto Silva mandou a campo os seguintes jogadores; Gilmar, Zé Teodoro, Adilson, Ricardo Rocha e Nelsinho; Vizolli, Bobô e Raí; Mario Tilico, Mazinho Loyola (Paulo Cesar) e Edivaldo.

               No Brasileirão, após má campanha no primeiro turno, Bobô, juntamente com Raí, Mário Tilico e outros, levou o time a final do Brasileirão, sendo derrotado pelo Vasco da Gama. Este jogo aconteceu dia 16 de dezembro de 1989 e o Vasco venceu por 1 a 0, gol de Sorato.

               O rendimento de Bobô no clube paulistano em 1990 ficou muito aquém do esperado, de acordo com a mídia local. Ele assim como outros jogadores, na época, chegava a jogar sem contrato. A má campanha da equipe no Paulistão daquele ano, ao terminar o torneio na 15ª posição, fez com que o jogador acabasse sendo emprestado ao Flamengo. 

FLAMENGO E FLUMINENSE

               No clube da Gávea, Bobô não foi tão feliz, mesmo assim, ajudou o Mengão a conquistar a Copa do Brasil em 1990, quando decidiu o título com o Goiás. Nesse time tinha ainda, Renato Gaúcho, Zinho e Djalminha. Na primeira partida o Flamengo venceu por 1 a 0, gol de Fernando. No segundo jogo realizado dia 7 de novembro no estádio Serra Dourada, houve empate em 0 a 0. Com a camisa do Flamengo, Bobô disputou 25 jogos e marcou 14 gols. Depois que deixou o Flamengo, foi jogar no Fluminense, onde conquistou o titulo da Taça Guanabara em 1991. Sua chegada nas Laranjeiras não foi muito bem vista por um dos dirigentes, que dizia “será que um jogador com este nome Bobô, pode dar certo num clube como o Fluminense?” Foi na época de Aymoré Moreira, ex-treinador da seleção brasileira. Ele achava que Bobô tinha possibilidade de chegar à seleção. O indicou no Rio, mas seu nome era muito estranho, e começaram a questionar. Ficou no Fluminense até o início de 1993.

CORINTHIANS

                 Sua estreia com a camisa do alvinegro aconteceu no dia 13 de março de 1993, quando o Corinthians derrotou a Ponte Preta por 4 a 1 pelo Campeonato Paulista daquele ano. Neste dia o técnico Nelsinho Batista mandou a campo os seguintes jogadores; Ronaldo, Leandro Silva, Marcelo, Ricardo e Elias; Moacir, Ezequiel (Embu), Neto (Bobô) e Paulo Sérgio; Viola e Adil. Os gols corintianos foram marcados por Elias, Paulo Sérgio e Viola (2).

               Pelo Corinthians Bobô marcou somente 5 gols, sendo que o primeiro aconteceu somente no dia 24 de abril, quando o alvinegro venceu o Noroeste de Bauru por 4 a 1. E o último gol foi no dia 24 de julho de 1993, quando o Corinthians empatou com o Botafogo do Rio de Janeiro por 2 a 2. Com a chegada de Rivaldo, Leto e Valber do Mogi Mirim (carrossel caipira), Bobô foi perdendo a posição de titular e também pelo seu futebol lento para os padrões corintianos, algo que o torcedor não gosta, tudo isto fez com que no dia 10 de agosto, contra o próprio Mogi Mirim, ele realizasse sua última partida com a camisa corintiana.

              Ao todo foram 21 jogos, 11 vitórias, 7 empates e 3 derrotas. Não conquistou nenhum título, apenas dois vice, o Paulistão e o Rio São Paulo, ambos vencidos pelo Palmeiras. Ao deixar o Parque São Jorge, foi jogar no Internacional de Porto Alegre, onde ficou campeão gaúcho em 1994. Em 1996, com apenas 34 anos de idade, Bobô vestiu a camisa do Bahia mais uma vez, a fim de encerrar sua carreira no clube em que virara ídolo.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Logo depois que encerrou a carreira, tornou-se comentarista esportivo. Em 2004, ao lado de Charles, Ronaldo (goleiro), Zé Augusto e Sandro (ponta-esquerda), Bobô voltou ao Bahia. Enquanto os primeiros cuidaram das categorias de base do Tricolor, Bobô foi treinador do profissional, conquistando o título da Copa do Nordeste em 2002. Em 2007, assumiu o cargo de diretor geral da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb). Ele esteve presente na festa de aniversário de 89 anos do PCdoB, onde o ex-atleta anunciou sua disposição em filiar-se ao partido, junto com outras lideranças ligadas ao esporte. Voltou ao noticiário depois que sete pessoas morreram no estádio da Fonte Nova por conta do desabamento de parte da arquibancada superior na partida em que o Bahia empatou com o Vila Nova sem gols e garantiu o retorno à Série B do Campeonato Brasileiro.

               Mas nem tudo sempre foi glória para o ex-jogador. Ele revela que foi seu pai quem o incentivou a não largar o futebol depois de uma séria contusão. Quando rompeu os ligamentos ele era muito novo. Quem o incentivou, na verdade, foram os seus pais. Era do interior, queria voltar, tinha só 17 anos para 18, não entendia porque logo com ele. Mas seu pai chamou sua atenção para isso. Foi a figura de um pai mesmo, que o fez pensar que as portas estavam ainda abertas. Deixou o tempo se encarregar. Voltou com muita dificuldade 11 meses depois, mas só voltou a ter lesão no Bahia, quando teve um tempo de recuperação menor.

               Para Bobô, ter passado por grandes clubes do futebol brasileiro, foi algo muito especial em sua carreira. Ele tinha, inclusive, um sentimento muito legal pelo Fluminense. E também torcia pelo Flu, porque seu pai era torcedor fanático do Tricolor das Laranjeiras. Até hoje ele recebe informações, e-mails de torcedores. Se diz um privilegiado e que esse foi o melhor salário que ele poderia receber na carreira. Outro momento de glória em sua carreira, foi ter recebido o troféu “Bola de Prata” da Revista Placar em 1988 e 1989. Tudo isto sem falarmos do título de campeão brasileiro pelo Bahia em 1988, pois todos os jogadores daquela equipe foram eternizados na história dos grandes clubes do país. É um título muito lembrado, pois foi um título inédito para o clube e muito importante para o Nordeste. Até hoje aqueles onze heróis compartilham dessa conquista, pois enalteceram mais ainda o Esporte Clube Bahia a nível nacional.

Em pé: João Marcelo, Ronaldo, Paulo Rodrigues, Tarantini, Paulo Robson e Claudir    –     Agachados Marquinhos, Bobô, Charles, Zé Carlos e Gil
Em pé: Adílson, Gilmar, Vizolli, Ricardo Rocha, Nelsinho e Zé Teodoro    –    Agachados: massagista Hélio Santos, Mário Tilico, Bobô, Ney Bala, Raí e Edivaldo
Em pé: Moacir, Luiz Cláudio, Marcelo, Henrique, Elias e Ronaldo     –   Agachados: Paulo Sérgio, Bobô, Viola, Neto e Edmar
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