SOLITO: campeão paulista pelo Corinthians em 1982

                             Claudio Roberto Sollito nasceu dia 14 de dezembro de 1956, na cidade de São Paulo. Disciplinado e sobretudo reservado, Solito recebeu uma rígida educação dos avós paternos Dulce e Afonso, que o criaram desde os quatro anos de idade depois da separação dos pais.

                             Talvez, seja esse o maior segredo de sua elogiável perseverança no Parque São Jorge. Afinal, em sua longa labuta pela camisa de titular, Solito teve pela frente nomes consagrados; como Sérgio Valentim, Jairo (ex-Coritiba), Emerson Leão e Carlos (ex-Ponte Preta).

                              O início de sua caminhada no futebol aconteceu em dezembro de 1969, quando chegou ao Corinthians para uma peneira no “Dente de Leite”. Com especial dedicação, o esperançoso Solito continuou batalhando muito nas categorias amadoras, até que em 1975 recebeu suas primeiras oportunidades no elenco principal.

                              Naquela temporada de 1975, o tarimbado Sérgio Valentim começou o certame paulista como titular, até sofrer uma contusão e ser substituído por Luís Antônio, um goleiro que fez muito sucesso no São Bento de Sorocaba. Entretanto, o “grandalhão” Luís Antônio ficou marcado pela Fiel Torcida por sua tão discutida atuação no dia 6 de julho de 1975, na vexatória derrota do Corinthians por 5×1 diante da Portuguesa de Desportos, no Pacaembu.

                              Assim, o técnico Dino Sani foi aos poucos alimentando coragem para escalar o novato Solito. Finalmente, na tarde de 31 de julho de 1975 (na derrota para o Santos por 2×0, no Morumbi), Solito entrou no decorrer da partida no lugar de Luís Antônio.

                              Na partida seguinte, Dino Sani decidiu escalar Solito pela primeira vez como titular. O jovem goleiro foi muito bem no difícil empate em 1×1 diante da Portuguesa de Desportos, no mesmo Morumbi.

3 de agosto de 1975 – Campeonato Paulista – Segundo Turno – Rodada dupla – Estádio do Morumbi – Portuguesa de Desportos 1×1 Corinthians – (Preliminar do jogo Palmeiras x São Paulo) – Árbitro: Armando Marques – Gols: Enéas e Marco Antônio.

Portuguesa de Desportos: Zecão; Cardoso, Mendes, Calegari e Santos; Badeco e Dicá; Antônio Carlos, Wilsinho (Adílson), Tatá e Enéas. Técnico: Otto Glória. Corinthians: Solito; Zé Maria, Laércio, Ademir e Cláudio; Ruço e Basílio (Nílton); Vaguinho, Adílson, Arlindo e Marco Antônio. Técnico: Dino Sani.

                             Todavia, Sérgio Valentim voltou recuperado ao time, ao mesmo tempo em que Dino Sani limpou seu armário no Parque São Jorge, o que obrigou o presidente Vicente Matheus a apostar suas fichas no técnico Milton Buzetto.

                              Como se não bastasse, no início do segundo semestre de 1975, os dirigentes do alvinegro anunciaram o goleiro Tobias, que estava emprestado pelo Guarani de Campinas ao Sport Club do Recife (PE).  E nessa nova realidade, o banco de suplentes ficou pequeno demais depois da chegada do goleiro Jairo. De camarote, Solito assistiu a invasão da Fiel Torcida ao Maracanã em 1976, bem como participou do elenco nas conquistas do título paulista de 1977 e 1979.

                               Em 1980, Solito foi disponibilizado para empréstimo com o objetivo de ganhar experiência. Primeiro passou pelo Clube Náutico Capibaribe (PE) e no ano seguinte voltou ao cenário paulista para defender o Esporte Clube Taubaté. Na verdade, enquanto defendeu o Corinthians, Solito sempre conviveu com pressões e o risco da chegada de um grande nome para assumir o lugar como titular!

                               Abaixo, uma das participações de Solito defendendo o Taubaté no campeonato paulista de 1981. O confronto contra o Santos terminou empatado no Estádio “Joaquinzão”:

30 de agosto de 1981 – Campeonato Paulista – Segundo Turno – Estádio Joaquim de Morais Filho – Joaquinzão – (Taubaté – SP) – Taubaté 0x0 Santos – Árbitro: José de Assis Aragão.

Taubaté: Solito; Aroldo, Alfredo, Cleto e Mariano; Toninho Moura, Toninho Taino e Basílio (Lira); Nenê, Adílson (Mirandinha) e Bentinho. Técnico: Pedro Rocha. Santos: Marolla; Suemar, Márcio, Neto e Paulinho; Toninho Vieira, Nilson Dias (Gilberto Costa) e Elói; Ronaldo, Luisão e João Paulo. Técnico: Coutinho.

                                De volta ao Parque São Jorge, Solito encontrou um verdadeiro “batalhão” de goleiros composto pelo baixinho alagoano César, Rafael Cammarota, Tadeu e o irmão Solitinho (Carlos Alberto Sollito). Solito atingiu o auge de sua passagem pelo Corinthians no período da difundida “Democracia Corintiana”, um movimento que sacudiu o mundo da bola entre 1982 e 1983.

                                 O ano de 1982 foi espetacular para o goleiro Solito, que jogou quase todos os jogos do Campeonato Paulista e participou da grande decisão.  A decisão aconteceu entre Corinthians e São Paulo que fizeram a melhor campanha durante todo campeonato. Era a melhor de quatro pontos, e a primeira partida foi realizada no dia 8 de dezembro (quarta feira a noite), no estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, casa do Tricolor, que recebeu neste dia um público de 23.039 pessoas. O árbitro da partida foi o experiente Romualdo Arppi Filho. O jogo terminou com a vitória corintiana por 1 a 0, gol de Sócrates aos 14 minutos do segundo tempo.

                                Quatro dias depois, as duas equipes voltaram a se encontrar no gramado do Morumbi, que neste dia recebeu um público de 66.851 pagantes. O árbitro para esta partida foi José de Assis Aragão, que expulsou o zagueiro Oscar do São Paulo já no finalzinho da partida. Para este dia o técnico Mário Travaglini do Corinthians  mandou a campo os seguintes jogadores; Solito, Alfinete (Zé Maria), Mauro, Daniel Gonzales e Wladimir; Paulinho, Sócrates e Zenon (Eduardo); Ataliba, Casagrande e Biro Biro. Já o técnico José Poy do Tricolor Paulista escalou a seguinte equipe; Waldir Perez, Getúlio, Oscar, Dario Pereira e Marinho Chagas; Almir, Renato e Everton; Paulo César, Heriberto (Serginho) e Zé Sérgio. Mesmo precisando do empate o time do Corinthians dava uma aula de democracia e de futebol naquele ano.

                               Aos 26 minutos da etapa complementar, após uma jogada de Sócrates (com direito a toque de calcanhar) Biro-Biro invade a área e marca o primeiro gol do Corinthians na partida. O São Paulo precisando da vitória para reverter aquela situação foi todo ao ataque e aos 32 minutos empatou a partida através de Dario Pereira.

                               Mas, cinco minutos depois, numa jogada de contra-ataque a bola é lançada para Biro-Biro dentro da área que finaliza pelo meio das pernas de Waldir Peres. Corinthians 2×1 São Paulo. O time são-paulino entrou em desespero, pois precisava fazer dois gols em apenas oito minutos. Foi todo ao ataque e com isto o Corinthians num contra ataque mortal através de Ataliba, fez seu terceiro gol através de Casagrande aos 41 minutos de jogo.

                                Era o 28º gol do centroavante corintiano naquele campeonato, que desde o início da competição já era o novo ídolo da Fiel Torcida Corintiana. Final da partida, Corinthians 3×1 São Paulo. Corinthians campeão paulista pela 18ª vez e o começo da luta efetiva contra a ditadura militar no Brasil.

                                 Bastava um empate para garantir a Taça, mas a Democracia Corintiana de Sócrates, Casagrande, Wladimir e Zenon queria mais. Em campo o clima de liberdade vivida no clube, onde jogadores e dirigentes participavam juntos das decisões que diziam respeito ao departamento de futebol, se traduziu em um categórico 3 a 1 sobre o São Paulo, que sonhava em conquistar o tricampeonato estadual, mas que teve que se render a superioridade corintiana. E aquele trabalho realizado em 1982 foi tão importante, que no ano seguinte conquistou o bicampeonato paulista, que para tristeza do Tricolor, foi novamente em cima deles a festa corintiana.

                                A permanência no Parque São Jorge durou até o ano de 1986, de onde Solito saiu muito magoado. A revelação foi feita quando o goleiro defendia o Ituano e foi divulgada pela Revista Placar em 9 de dezembro de 1988: “Fui titular apenas durante o Paulistão de 1982. Nunca me deram valor por eu ser Prata da Casa, como foi o caso de Rafael Cammarota, que também não foi valorizado quando começou no Corinthians”.

                              Na sequência de sua carreira, Solito continuou jogando no futebol paulista e defendeu o Paulista Futebol Clube de Jundiaí, o Ituano Futebol Clube e finalmente o Nacional Atlético Clube em 1989. Jogando pelo Corinthians, Solito disputou ao todo 172 partidas; com 86 vitórias 55 empates, 31 derrotas e 154 gols sofridos.  Atualmente Solito tem uma confecção de uniformes no bairro da Casa Verde, na Zona Norte da cidade de São Paulo.

Em pé: Solito, Sócrates, Ataliba, Casagrande, Zenon e Birô-Biro    –    Agachados: Mauro, Daniel Gonzalez, Alfinete, Paulinho e Wladimir
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