JOÃO BATISTA: campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986

                João Baptista de Melo nasceu dia 20 de dezembro de 1962, na cidade de São Paulo. Foi um dos heróis da conquista da Associação Atlética Internacional, na conquista do título paulista de 1986, pois foi a primeira equipe do interior do estado de São Paulo a sagrar-se campeã estadual. Jogou também em Portugal no Vitória de Setúbal e já no final de carreira atuou também no Futebol Clube Paços de Ferreira. João Baptista era um médio ofensivo bastante habilidoso, com um finíssimo recorte técnico, astuto e capaz de gerar bastante perigo junto da grande área adversária, sobretudo, servindo, com precisão, os companheiros de equipa em exemplares desmarcações. Obteve grande sucesso na Europa pois sempre foi um jogador disciplinado e de muita técnica, um meio campistas que jogava de cabeça erguida e sempre procurava dar o melhor de si para sua equipe. Era também um jogador muito criativo, com características de organizador e sempre assumia a batuta na condução do jogo. Enfim, foi um jogador como poucos que hoje desfilam pelos gramados brasileiros.

PORTUGUESA DE DESPORTOS

               Antes de se consagrar na Inter de Limeira, João Batista jogava na Portuguesa de Desportos. Aliás, foram inúmeros os jogadores que passaram pela Lusa do Canindé e depois vieram defender as cores do Leão da Paulista. Só para lembrar de alguns, podemos citar; Alexandre Pimenta, Beto Lima, Bolivar, Camargo, Elói e outros. Em  1984, quando João Batista jogava pela Portuguesa, a equipe era assim formada; Moacir, Alves, Cláudio, Leíz e Alberis; Almir, Heriberto, Mendonça e João Batista; Toquinho e Mirandinha. Esta foi a equipe que o técnico Dudu (ex craque do Palmeiras) mandou a campo no dia 29 de julho de 1984 para enfrentar o Corinthians pelo primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano. O jogo terminou com a vitória corintiana por 5 a 1, sendo que foi a Lusa quem abriu o placar através do ponta direita Toquinho, mas o Corinthians virou com dois gols de Dicão, dois gols de Lima e um de Paulo César.

INTERNACIONAL DE LIMEIRA

               Em 1986, no primeiro turno do Campeonato Paulista, o time comandado pelo técnico José Macia, o Pepe não fez feio (ficou em sexto lugar), mas o título do primeiro turno acabou ficando com o Santos. Mesmo assim a Inter de Limeira ficou acima de times tradicionais como São Paulo, Ponte Preta e Guarani. Mas no segundo turno, a história do Campeonato Paulista começou a mudar para sempre. Faltando apenas duas rodadas para terminar o segundo turno, a Internacional já havia assegurado o primeiro lugar assim como na classificação geral (turno e returno).

               Na semifinal enfrentou o Santos F.C. No primeiro jogo na Vila Belmiro, o duelo de campeões dos dois turnos foi favorável ao time de Limeira. Um grande jogo e 2 x 0 na casa do Santos. No segundo jogo com o Limeirão lotado, nova vitória da Inter, agora por 2 x 1 e  classificação para a inédita final, que seria contra o vencedor da outra chave. E o outro classificado era o Palmeiras. Obviamente, o alviverde era o favorito diante da Inter, até porque jamais um time do interior havia ganho um Paulistão, e mais ainda quando as duas finais foram marcadas para o Morumbi (sob a alegação que o estádio do Limeirão não tinha condições para uma final).

               O primeiro jogo aconteceu dia 31 de agosto, um domingo de muito frio na capital paulista. O que se viu lá no Morumbi foi mais de 100.000 palmeirenses empurrando o time de Carbone contra o pequeno time do interior, mas o jogo terminou empatado em 0 a 0. Veio então a segunda partida, aquele que iria decidir o grande campeão paulista de 1986. o time da Inter que era comandada pelo “Seo” Macia, o popular Pepe, jogou neste dia com; Silas, João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista (Alves); Tato, Kita e . A arrecadação foi de Cz$ 2.443.610,00 para um público pagante de 68.564 pessoas.

               Logo aos 5 minutos, em um cruzamento, o artilheiro Kita emendou um sem-pulo e o goleiro palmeirense Martorelli (que desbancou o titular Leão) não alcançou. Inter de Limeira 1 x 0 para o espanto dos milhares de palmeirenses presentes ao Morumbi. O baque foi grande. Quatro minutos depois, numa bobeada monstro, o zagueiro Denys, recuou mal uma bola para Martorelli, o ponteiro direito Tato como um tubarão, se aproveitou e pegou a bola mal atrasada, driblou Martorelli e tocou no fundo da rede. Inter 2 x 0 e o desespero tomou conta do time alviverde.

              O Palmeiras conseguiu diminuir através do zagueiro Amarildo e depois tentou empatar para levar o jogo para a prorrogação, alimentando assim uma esperança ao torcedor palmeirense, que naquele momento não estava acreditando naquilo que estava vendo. Mas a experiência de Gilberto Costa, João Batista e Silas foi decisiva para manter o placar favorável. Dulcídio Vanderlei Boschilla apita, é fim de jogo. E um tabu de 84 anos se quebra. Finalmente um time do interior paulista é campeão com todo o merecimento. João Batista acabou por integrar a seleção do melhor onze da competição efetuada pelos especialistas do conceituado jornal Folha de S. Paulo.

PORTUGAL

               João Batista chegou a Guimarães no mês de Setembro de 1988, juntamente com João Leite e Jorge, outros dois compatriotas que viriam também a reforçar o plantel do Vitoria de Setúbal. Entre aqueles três futebolistas, foi João Batista, que acabou por ter maior sucesso com a camisa do clube português. Essencialmente pela sua técnica, rapidamente tornou-se titular na equipe comandada pelo treinador Geninho, formando um meio-campo de inegável qualidade, composto também por Nascimento, N´Dinga e René.

              Pouco depois de chegar em Portugal, João Batista fez a sua estreia oficial com a camisa do Vitoria SC, no dia 9 de Outubro de 1988, num desafio a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, disputado no Estádio Municipal de Guimarães, contra o GD Chaves. Estávamos, então, na 8ª rodada da principal competição portuguesa. João Batista, fazendo uma exibição auspiciosa, acabou mesmo por ser preponderante na vitória alcançada pela formação da equipe de Guimarães, ao marcar o gol numa magistral cobrança de falta que deu a vitória ao Vitoria SC por 2 a 1.

               Com uma leitura de jogo acima da média e uma capacidade de passe, de fato, invulgar, João Batista tinha outra virtude de grande relevo. Era, com grande sucesso, um especialista na cobrança de bolas paradas. De tal forma que, na verdade, foram vários os gols, alguns bem decisivos e de belo efeito, que apontou ao longo da sua passagem pelo clube português. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão a equipe do Vitoria de Setúbal não foi alem de um mediano 9º lugar na tabela classificativa. João Baptista disputou 25 partidas na competição, onde marcou 6 gols.

               Mas seria na temporada seguinte de 1989/90 que João Baptista viria a realizar a melhor fase vestindo a camisa do Vitoria, não apenas do ponto individual, embora nem sempre fosse titular, mas sobretudo do ponto de vista coletivo, quando a equipe alcançou um brilhante 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Nessa época, sob o comando do brasileiro Paulo Autuori, João Baptista participou em 30 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, tendo marcado 5 gols na competição. No final desta temporada, o brasileiro João Baptista renovou o seu contrato com o Vitoria de Setúbal, para realizar aquela que viria a ser a sua última temporada ao serviço do clube português.

               João Batista terminou a sua ligação ao Vitoria na época de 1991/92 e antes de regressar definitivamente ao Brasil ainda jogou no FC Paços de Ferreira durante duas temporadas. A sua estreia no novo clube ocorreu em 13 de Setembro de 1992, pela 4ª rodada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, disputado no Estádio da Mata Real. Já no decorrer do 2º tempo, João Batista entrou em campo substituindo o veterano Miranda. Como registro, o FC Paços de Ferreira venceu a partida por 2 a 0.

DE VOLTA AO BRASIL

               João Baptista, com 31 anos de idade, decidiu regressar ao Brasil no final da temporada. Aí terminaria a sua carreira de futebolista e abraçaria a função de treinador de futebol. O técnico João Batista, hoje com 51 anos de idade, tem comandado vários clubes da região de S. Paulo ao longo da sua carreira de treinador de futebol onde aplica vários dos ensinamentos que colheu ao longo do seu percurso de futebolista. Teve passagens pelo Campinas FC em 2007, 2008 e 2010, pelo CA Guaçuano em 2008, na 2ª Divisão Paulista.

              Em 2009 esteve três meses à frente do comando do Batatais FC e, mais tarde, ingressou no principal escalão do futebol paulista treinando, num regresso a um clube que representou como jogador, a equipe da AA Internacional de Limeira. Não foi, porém, muito feliz o seu regresso ao clube limeirense, pois não foi capaz de evitar a descida do clube ao segundo escalão do Campeonato Paulista, embora, com o seu ingresso no clube, os resultado alcançados na prova melhoraram significativamente.

               Em 2010, alem da referida passagem pelo Campinas FC, João Baptista treinou ainda as equipes do AD Guarulhos e o Sport Barueri no Campeonato Paulista da 1ª Divisão. Em 2011 voltou a dirigir o Guaçuano, onde conquistou o acesso à Série A-3 do Campeonato Paulista, fato inédito na história daquele clube que foi fundado em 1926. Hoje o mesmo goza de grande prestígio no interior do estado de São Paulo, em virtude de montar grandes equipes e já acumular 3 acessos em pouco tempo de carreira. Obrigado João Batista, por tudo que você já fez e ainda faz pelo futebol brasileiro.

Em pé: Silas, João Luiz, Bolivar, Juarez, Manguinha, Pecos e Kita     –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Em pé: Moacir, Juarez, Manguinha, Pécos, João Luis e Bolivar    –    Agachados: Kita, Tato, João Batista, Lê e Carlos Silva
Em pé: Silas, João Batista, João Luis, Manguinha, Pécos e Alves       –    Agachados: Tato, Eduardo, Paulo César, Carlos Silva e Bolivar

 

Postado em J

Deixe uma resposta