SERGINHO CHULAPA: maior artilheiro do São Paulo F.C. com 242 gols

                   Sérgio Bernardino nasceu dia 23 de dezembro de 1953, em São Paulo. As palavras gol e confusão acompanharam de perto os vinte anos da carreira do atacante que era mais conhecido por Serginho Chulapa. Porte físico de 1,88m, perigoso nas bolas altas, dono de uma boa colocação na área e uma canhota eficiente, ele cansou de fazer gols pelas equipes que passou. É ainda hoje o maior artilheiro da história do São Paulo F.C., com 242 gols em pouco mais de oito anos que vestiu a camisa do Tricolor do Morumbi,  deixando para trás;  Gino com 237, Teixeirinha com 183, França com 182 e Müller com 161 gols.  Enfim, podem chama-lo de encrenqueiro, bagunceiro, briguento, mas uma coisa não se discute, era um grande goleador.  Sua carreira começou em 1968, quando foi dispensado dos juvenis da Portuguesa de Desportos. Desanimado foi trabalhar como entregador de leite.        

                   Mas em 1970, participou de uma peneira na Casa Verde. Sua atuação encantou o técnico dos juvenis do São Paulo, que o chamou para jogar em seu time. Sua estréia no elenco profissional do São Paulo foi promovida pelo técnico Telê Santana, em um amistoso contra o Bahia, no dia 6 de junho de 1973. Quatro dias depois, marcou seu primeiro gol como profissional, no empate em 1 a 1 contra o Corinthians. Neste dia o Tricolor jogou com; Sérgio, Nelson, Samuel, Arlindo (Dias) e Gilberto; Teodoro, Pedro Rocha e Zé Carlos; Terto, Toninho Guerreiro e Serginho Chulapa (Paraná).  Serginho marcou aos 9 e Vaguinho empatou aos 13 do primeiro tempo. Naquele mesmo ano de 1973, foi emprestado ao Marília, voltando ao São Paulo no ano seguinte.  Ficou no Morumbi até 1982. Nesse período sagrou-se Campeão Paulista em 1975, 1980 e 1981. Conquistou também o Campeonato Brasileiro de 1977 onde foi o vice artilheiro com 15 gols.

                  Era nome certo para a Copa de 1978 na Argentina, porém, acabou perdendo a chance de jogar quando teve que cumprir um ano de suspensão por agredir um bandeirinha. Tudo aconteceu no dia 12 de fevereiro de 1978, quando o São Paulo enfrentou o Botafogo de Ribeirão Preto, pelo Campeonato Paulista válido ainda pelo ano de 1977.  O São Paulo perdia por 1 a 0, quando Serginho marcou o gol de empate aos 45 minutos do segundo tempo.  No entanto, o árbitro Oscar Scolfaro, anulou o gol, seguindo a indicação de impedimento do bandeirinha Vandevaldo Rangel. 

                  Serginho não pensou duas vezes. Partiu para cima do auxiliar e, segundo a anotação da súmula da partida, “deferiu-lhe um pontapé na perna esquerda, altura da canela, ocasionando um ferimento de aproximadamente uns 10 centímetros, que sangrava abundantemente”. Serginho, contudo, negou a agressão dizendo: “Eu não chutei, não. Eu fiquei muito nervoso, lógico…  Fui pra cima dele para saber porque havia anulado o gol. Aí a torcida do Botafogo começou a jogar pedras e garrafas em mim e nos outros jogadores do São Paulo. Uma delas deve ter atingido o bandeirinha, e ele botou a culpa em mim”. 

                  As imagens da televisão, no entanto, mostravam alguém chutando a canela do auxiliar.  Dia 28 de fevereiro, Serginho foi condenado a uma suspensão de 14 meses, por agressão.  Com isso, ficou de fora do segundo jogo das semifinais e da final do Brasileiro de 1977, em que o São Paulo conquistou o titulo.  A suspensão, entretanto, foi ligeiramente abreviada, e ele voltou aos campos 11 meses depois, ou seja, no dia 28 de janeiro de 1979, quando o São Paulo jogou e perdeu para o Santos por 4 a 1, em pleno Morumbi.  Ao longo do ano de 1979, marcou 28 gols em 55 jogos.

                 Jogou no São Paulo até 1982. Disputou 401 partidas. Venceu 210, empatou 113 e perdeu 78 vezes. Marcou 248 gols e é até hoje o maior artilheiro do clube.  Ainda em 1982, foi convocado para a Copa da Espanha. Foi convocado para ser reserva e acabou se tornando titular, devido a contusão de Careca, que o tirou daquele mundial. Marcou dois gols, um contra a Nova Zelândia e outro contra a Argentina.   Serginho fez parte daquele time que o brasileiro lamenta até hoje por não ter ganho aquela Copa, pois tinha um verdadeiro esquadrão; Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Junior; Falcão, Toninho Cerezo, Sócrates e Zico; Serginho Chulapa e Eder. O técnico era o Mestre Telê Santana. 

                 Fomos eliminados pela Itália, que nos venceu por 3 a 2, numa tarde que Paolo Rossi foi o nosso carrasco. Ao sair do Tricolor, foi jogar no Santos F.C.  O alto valor da aquisição de Serginho junto ao São Paulo enfureceu integrantes da oposição do Santos, que gostariam de contar com um time renovado e reforçado por jovens revelações da época como o atacante Careca, contratado pelo Tricolor com o dinheiro da venda de Serginho, que chegou na Vila Belmiro já experiente, com 29 anos, e por isso mesmo evitou o rótulo de “salvador da pátria”.  Logo se identificou com o clube praiano.  Já no ano seguinte, ou seja, em 1983, conquistou a artilharia do Campeonato Brasileiro e no ano seguinte sagrou-se Campeão Paulista, ao vencer o Corinthians por 1 a 0, no dia 2 de dezembro.

                 O gol do título foi marcado por Serginho aos 27 minutos do segundo tempo.  Com esta derrota, o Corinthians deixou de conquistar o tricampeonato paulista, uma vez que já havia ganho em 1982 e 1983, ambos em cima do Tricolor do Morumbi. Nesta decisão de 84, o Santos jogou com; Rodolfo Rodrigues, Chiquinho, Márcio, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto); Dema, Paulo Isidoro e Humberto; Lima, Serginho e Zé Sérgio (Mário Sérgio). O técnico era Castilho.  Com a camisa do Peixe, marcou 104 gols e junto com o ponta esquerda João Paulo, é um dos dois maiores goleadores da equipe após a Era Pelé.

                Em 1985, foi jogar no Corinthians e sua estréia com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, aconteceu no dia 27 de janeiro, quando o Timão empatou com o Vasco da Gama em 2 a 2 no Morumbi pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. E já na sua estréia deixou sua marca de artilheiro ao marcar um dos dois gols do Timão. O outro foi de Casagrande, enquanto que para o Vasco, os dois gols foram marcados por Cláudio Adão.  Neste dia o Corinthians jogou com; Carlos, Edson, Juninho, De Leon e Wladimir; Biro Biro, Dunga e Paulo César (Arthurzinho); Casagrande, Serginho e João Paulo. O técnico era Jair Picerni. 

                 Ficou no Timão até 1986, e nesse período realizou 38  partidas. Venceu 15, empatou 14 e perdeu 9 vezes. Marcou 14 gols. Depois voltou ao Santos para, na temporada seguinte, se mandar para o Marítimo, de Portugal. Ainda jogou no Santos de 1988 até 1990, depois no Atlético Sorocaba em 1989, Portuguesa Santista em 1991 e São Caetano até 1993, quando encerrou a carreira, que foi marcada por muitos gols, mas por muitas confusões também, como a briga com Mauro num jogo entre Santos e Corinthians,  a agressão ao goleiro Leão, após uma expulsão, e aos repórteres que estavam no campo depois do término do jogo final com o Flamengo em 1983.

                Esta agressão causou ao ex-atacante uma condenação de três anos de prisão, sendo que cumpriu dois em liberdade. Este fato triste na vida de Serginho, acabou arranhando sua imagem na Vila Belmiro.  Mesmo assim, Serginho é uma pessoa carismática e é tratado como grande ídolo na cidade de Santos (SP), onde foi dono do bar “Barril 2000”, próximo ao aquário.

                Também não gostava de fazer viagens longas, sendo assim, quando a tabela marcava jogo em São José do Rio Preto por exemplo, no jogo anterior ele arrumava um jeitinho de ser expulso. Depois que encerrou a carreira como jogador, resolveu assumir o cargo de treinador. Começou como auxiliar técnico no Santos e depois técnico interino, com bons resultados. Todavia, nervoso por uma derrota, se irritou com uma pergunta e agrediu o repórter Gilvan Ribeiro no vestiário, o que praticamente acabou com suas chances de dirigir outros clubes de ponta. Depois da agressão, Serginho disse; “Tenho momentos de explosão, mas quem não os tem? 

                Fui profissional, trabalhador e nunca me preocupei com esse negócio de imagem”.  Serginho fez parte da comissão técnica de Vanderlei Luxemburgo no Santos F.C. em 2004 e entre 2006 e 2007, quando conquistou o campeonato brasileiro e o bicampeonato paulista. Em 94, Serginho dirigiu o Peixe, sem levantar nenhum título. Em agosto de 2008, retornou ao alvinegro praiano para ser o auxiliar de Márcio Fernandes. Nunca foi um técnico tão bom quanto era como jogador, pois a capacidade de balançar as redes adversárias, só se comparava a de arranjar brigas dentro e fora de campo. Apesar do jeito desengonçado, possuía mais técnica que outros jogadores de sua posição como, por exemplo, Oséas e Jardel, centroavantes de também marcaram época em seus clubes.

                Até hoje Serginho é lembrado com muito carinho pelos torcedores são-paulinos e santistas, assim como acontece com Pagão e Toninho Guerreiro, pois conquistou títulos importantes durante o período que vestiu aquelas duas camisas.  Alto, forte, desengonçado e oportunista, era muito difícil de ser marcado. O temperamento explosivo, porém, atrapalhou um pouco a carreira deste jogador, que foi artilheiro por diversas vezes, como por exemplo, no campeonato paulista de 1981, quando marcou 20 gols. Ao longo de sua carreira, conquistou títulos importantes, participou de uma Copa do Mundo (1982) e é até hoje o maior artilheiro da história do São Paulo F.C. com 242 gols.

Em pé: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho e Júnior    –     Agachados: o massagista Nocaute Jack, Sócrates, Toninho Cerezo, Serginho Chulapa, Zico e Éder
Em pé: Waldir Peres, Oscar, Getúlio, Almir, Dario Pereira e Airton     –    Agachados: o massagista Hélio Santos, Paulo César, Renato, Serginho Chulapa, Heriberto e Zé Sérgio
Em pé: Waldir Peres, Airton, Getúlio, Chicão, Marião e Bezerra     –    Agachados: Edu Bala, Teodoro, Serginho Chulapa, Dario Pereira  e Zé Sérgio
Em pé: Waldir Peres, Getúlio, Oscar, Dario Pereira, Almir e Marinho Chagas   –    Agachados: Paulo Cesar, Renato, Serginho Chulapa, Mário Sérgio e Zé Sérgio

   

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