CÁSSIO: brlhou no Corinthians, Juventus e na Bélgica

                  José Cássio da Silva nasceu dia 24 de dezembro de 1935 no bairro de Belenzinho, na capital paulista. Começou sua carreira jogando no Ypiranga da capital paulista, onde jogou de 1950 até 1955. Depois foi jogar no Juventus da Moóca, em São Paulo, onde ficou de 1957 até 1961. Depois foi para o Corinthians, ficando por lá de 1962 ate 1963. Depois foi para Portuguesa de Desportos de 1963 até 1964 e depois foi jogar na Bélgica, onde encerrou a carreira e reside em Bruxelas desde 1969 e lá está aposentado pelo Banco do Brasil. É casado e tem duas filhas e até hoje continua jogando com veteranos suas peladas semanais no Parc du Heysel, em Bruxelas.

JUVENTUS

                Cássio jogou no clube da Moóca por quatro anos e nesse período fez jogos memoráveis, pois o Juventus tinha um grande time naquela época. Sem dúvida o jogo mais importante e que ficou marcado na história do futebol e é lembrado até hoje, pois foi nesse jogo que Pelé marcou o seu gol mais bonito de toda sua carreira, foi o jogo do dia 2 de agosto de 1959, contra o Santos na Rua Javari, Era um domingo a tarde e o jogo começou às quinze horas, porque o estádio da Rua Javari nunca teve iluminação própria e lá os jogos precisavam terminar antes que escurecesse. Com a presença de Pelé em campo, já era esperado um grande público, o que se confirmou.

                 Para esse jogo o Juventus jogou com; Mão de Onça, Julinho, Homero, Pando e Clovis; Lima e Cássio; Lanzoninho, Zeola, Buzzone e Rodrigues. Enquanto que o Santos jogou com; Manga, Ramiro, Pavão, Mourão e Formiga; Zito e Jair da Rosa Pinto; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.  O Peixe já vencia o Moleque Travesso por 3 a 0, mas a torcida juventina insistia em pegar no pé do camisa 10 santista, tentando, inibi-lo com vaias e palavrões.

                 Realmente Pelé naquele dia não estava jogando bem, fazia uma partida lenta, apesar de já ter feito dois gols até aquele momento. A torcida então começou a provocá-lo com vários xingamentos e gozações. De repente, Pelé olha para a torcida do Juventus e faz um sinal como quem pede para esperar, foi como despertar uma fera, logo depois saiu o magnífico gol, aquela obra de arte que somente um Rei é capaz de fazer.

                  Já eram transcorridos 36 minutos da etapa final, quando Pelé recebe a bola da ponta direita passada por Dorval. Na entrada da área ele se livra da marcação de Julinho jogando a bola sobre ele e corre para pegá-la mais a frente, fazendo uma jogada que ficou conhecida como “chapéu”. Pelé prossegue com ela, em seguida vem Homero a quem dá outro chapéu e segue com a pelota na direção de Clóvis a quem também dá outro chapéu, até ficar frente à frente com o goleiro Mão de Onça, que também leva um chapéu e só tem tempo de olhar pra trás e ver Pelé com absoluta tranquilidade, esperar a descida da bola para com uma cabeçada, segura e bem calculada, enviá-la ao fundo das redes. Foi de tal forma sensacional o gol, que os jogadores do Juventus foram cumprimentar o atacante santista. Em seguida vieram os aplausos da torcida juventina, porque todos perceberam que algo extraordinário havia acontecido.

                   Era um gol fora do comum, uma verdadeira obra de arte que nunca mais se repetiria. Segundo a própria avaliação de Pelé, este foi o gol mais bonito de toda sua carreira. Foi uma sequência de quatro chapéus sem deixar a bola cair. O goleiro foi o último a ser chapelado. Pelé não esquece a cena em que logo após marcar o gol, partiu para cima da torcida do Juventus dando soco no ar e xingando os caras dizendo “vaiem agora seus f.d.p.”  E assim nasceu o famoso “soco no ar”, uma marca registrada de Pelé nas comemorações de seus gols.

                     O fato teve um lado até engraçado. Tinha chovido bastante de manhã e havia uma poça d’água na pequena área. O goleiro Mão de Onça pegou só barro. Ele ficou com a cara sobre a lama. E a torcida?, pensam que fizeram algum quebra quebra como fazem hoje, não, o estádio inteiro, amigos e inimigos de pé, aplaudiram e gritaram o nome de Pelé por quase 10 minutos, só digo que quando Messi conseguir fazer isso, ele vai estar chegando perto de Pelé.

CORINTHIANS

                        Cássio chegou ao Corinthians em 1962, vindo do Juventus. Etrou no Corinthians em 27 de fevereiro de 1962. Em seu primeiro jogo pelo Timão, o Corinthians empatou com o São Paulo em 1 a 1, em partida válida pelo Torneio Rio-São Paulo daquele ano. Na ocasião, o jogador de 26 anos começou a partida entre os titulares e marcou o gol corintiano no Pacaembu.  Naquele ano, ele poderia ter sido o responsável pela quebra do famoso tabu contra o Santos em Campeonatos Paulistas (que durou 11 anos). No dia 5 de novembro, no Parque São Jorge, o Timão recebeu o Santos em jogo válido pelo segundo turno do Paulistão. Aírton Vieira de Moraes, o Sansão, apitou o embate.

                         Aos 16 minutos de partida, Cássio abriu o placar. A torcida alvinegra ficou em polvorosa, achando que o tabu acabaria e fez a festa. Mas o Santos tinha Pelé. Após ser acertado por um peixe morto vindo das arquibancadas, o camisa 10 resolveu não dar tal alegria para a torcida do Timão. Aos 21 minutos, Pelé deu um belo passe para Coutinho empatar a partida e aos 35 Pelé marcou o dele e decretou a continuidade do tabu. Final de jogo Santos 2×1 Corinthians.

                         Neste dia o Corinthians jogou com; Aldo, Augusto, Eduardo, Ari Clemente e Oreco; Amaro e Cássio, Bataglia, Silva, Nei e Lima. O técnico foi Fleitas Solich. Do outro lado o Santos jogou com; Gilmar; Lima, Olavo, Dalmo e Calvet, Zito e Mengalvio;  Dorval, Coutinho; Pelé e Pepe.
O técnico foi  Luiz Alonso Perez o popular Lula. Pelo Corinthians Cassio realizou 53 partidas, venceu 33, empatou 10 e perdeu 10. Marcou 10 gols e conquistou a Taça São Paulo de 1962.

OUTROS CLUBES

                          Depois que deixou o Corinthians, Cássio jogou na Portuguesa de Desportos de 1963 até 1964 e depois foi jogar na Bélgica, onde encerrou a carreira.

Em Pé: Augusto, Oreco, Cabeção, Cássio, Eduardo e Ari Clemente     –    Agachados: Bataglia, Silva, Nei, Rafael e Ferreirinha
Em pé: Riogo, Mão de Onça, Clóvis, Homero, Lima e Pando     –      Agachados: Lanzoninho, Zeola, Buzzone, Cássio e Rodrigues Tatu
1959 – Em pé: Riogo, Milton Buzzeto, Lima, Pando, Homero e Mão de Onça     –    Agachados: Amaral, Zeola, Orlando, Cássio e Torres
Em pé: Riogo, Clóvis Nori, Mão de Onça, Lima, Homero, Pando e Elias Pássaro   –    Agachados: Zeola, Palico, Buzzone, Cássio e Lanzoninho 
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