JAIRZINHO: o furacão da Copa de 70

                Jair Ventura Filho nasceu dia 25 de dezembro de 1944 na cidade do Rio de Janeiro (RJ).   Até hoje, apenas dois homens conseguiram marcar gols em todas as partidas de uma Copa do Mundo. Um deles é o uruguaio Ghiggia, carrasco do Brasil em 1950. O outro é o brasileiro Jairzinho, que, com sete gols em seis jogos, ajudou o Brasil a conquistar o tricampeonato mundial de 1970. O francês Just Fontaine, é o recordista de gols da história da competição, também anotou em todos os jogos em que esteve em campo de um mesmo torneio, mas a França ficou de fora da decisão de 1958, na Suécia. 

              Ao lado de craques que desfrutam, até os dias atuais, de maior reconhecimento como Pelé, Rivelino, Gerson e Tostão, o camisa 7 brasileiro fez história ao marcar mais gols do que todos eles e sair da Copa do Mundo de 70, com o apelido de “Furacão”.  Jairzinho também é um dos maiores craques da história de dois grandes clubes brasileiros: Botafogo do Rio de Janeiro e Cruzeiro de Belo Horizonte.

             No Botafogo, Garrincha fez história com a camisa 7, mas o torcedor do Fogão também tem belíssimas recordações de quando Jairzinho vestia a camisa alvinegra de General Severiano. Foi uma época em que o Botafogo tinha um grande time, como aquele de 1967 em que o ataque era formado por; Rogério, Gérson, Roberto, Jairzinho e Paulo César Caju.  Os primeiros passos de Jairzinho no futebol, aconteceram na década de 50. A família Ventura trocou o município de Duque de Caxias pelo Rio de Janeiro. O endereço escolhido acabou influenciando no futuro de seu membro mais famoso.  Morando na rua General Severiano, nada mais natural que o menino Jair começasse a frequentar o Botafogo, que ficava ao lado de sua casa. 

               Não perdia um treino do Botafogo, só para ficar admirando os dribles de Mane Garrincha. Não demorou muito para que ele fizesse um teste nas categorias de base do glorioso Botafogo e começasse a defender as cores alvinegras.  Em 1966, acabando de sair do juvenil, Jairzinho recebeu uma missão praticamente impossível, ou seja, substituir Garrincha, que havia ido jogar no Corinthians.  No entanto, ao invés de tremer ou decepcionar, o garoto de 19 anos encheu os olhos dos torcedores. Com a mesma camisa 7 às costas, Jairzinho não mostrou o talento de Mané para os dribles desconcertantes, mas seus gols e suas arrancadas também deixaram seu nome na história do clube de General Severiano.

              Se substituir Garrincha no Botafogo já não era tarefa para qualquer um, imagine então ser o substituto do craque na seleção brasileira. Pois foi exatamente o que aconteceu com Jairzinho, no mesmo ano em que estreara nos profissionais do Botafogo.  Mais uma vez, o faro de gol não falhou e, em 1966, na Inglaterra, disputou sua primeira Copa do Mundo, aos 20 anos de idade.  Embora tivéssemos excelentes jogadores naquele mundial, o Brasil não conseguiu passar da primeira fase. O time do mundial de 66 era; Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo; Denílson e Lima; Jairzinho, Silva, Pelé e Paraná. Nosso técnico era Vicente Feola.  Mesmo com o fracasso daquele mundial, Jairzinho permaneceu com seu status inabalado. 

              Na volta para o Brasil, já usando a camisa 10 do Botafogo, o craque levou o Fogão ao bicampeonato estadual em 1967 e 1968.   Na decisão de 68, o Botafogo goleou o Vasco por 4 a 0, com uma exibição primorosa de Jairzinho e Gerson.  Nesse mesmo ano, o Brasil disputou a Copa Roca com a Argentina em dois jogos.  No primeiro jogo, representado por uma seleção carioca, basicamente do Botafogo, o Brasil goleou por 4 a 1 no Maracanã. O quarto gol brasileiro foi marcado por Jairzinho.  O segundo jogo foi realizado no Mineirão, e o Brasil foi representado por jogadores de Minas Gerais. Mais uma vez vencemos os argentinos, agora por 3 a 2.

              Dois anos depois, veio a consagração. O ponta direita foi um dos principais jogadores da melhor seleção brasileira na história das Copas, e deixou o México com o apelido de Furacão, devido às suas arrancadas e chutes fulminantes. Além de Jairzinho, nunca em todos os mundiais, outro jogador conseguiu marcar gols em todas as partidas da competição. Logo na estréia, contra a Checoslováquia, Jairzinho mostrou seu poder de fogo e balançou as redes duas vezes.  Nos outros cinco jogos, Inglaterra, Romênia, Peru, Uruguai e Itália, também foram alvos do Furacão, que marcou sete vezes na competição. A Taça do Mundo era nossa e o planeta inteiro reconhecia o futebol do craque, que naquele mundial, formou um esquadrão que o torcedor brasileiro jamais irá esquecer; Felix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gerson e Rivelino; Jairzinho, Pelé e Tostão.

              Quatro anos depois, Jairzinho fez parte da seleção brasileira que ficou em quarto lugar na Copa da Alemanha e, logo em seguida, deixou o Botafogo. Depois de mais de dez anos defendendo as cores alvinegras, e sendo um dos maiores salários do futebol brasileiro na época, o Furacão trocou General Severiano pela Europa, e foi jogar no Olympique de Marselha, da França, ao lado do também brasileiro Paulo César Caju, ex-companheiro de seleção e Botafogo. A troca acabou não se tornando um bom negócio para Jairzinho e o craque disputou apenas uma temporada pelo time francês. Acusado de agredir um bandeirinha, o Furacão decidiu deixar o Olympique e retornar ao Brasil.  

              Já com 31 anos de idade e com o passe livre nas mãos, o craque assinou contrato com o Cruzeiro de Belo Horizonte. Defendendo a Raposa, Jairzinho foi mais uma vez incomparável.  Na época, ele já era um veterano, mas continuava dando trabalho aos zagueiros.  Em 1976, o craque foi um dos principais nomes no título mais importante da história do time mineiro: A Taça Libertadores da América, conquistada em cima do River Plate da Argentina. Neste ano o time do Cruzeiro era o seguinte;   Raul, Nelinho, Darci Menezes, Piazza e Vanderlei; Moraes e Zé Carlos; Eduardo, Palhinha, Jairzinho e Joãozinho.

              Esta seria a última grande conquista do Furacão, que já estava prestes a se despedir dos gramados.  Assim como acontece com vários craques, Jairzinho demorou a se acostumar com a idéia de abandonar a carreira de jogador. Ao sair do Cruzeiro, o Furacão já não era mais o mesmo e passou a atuar por equipes pequenas do futebol brasileiro e internacional, antes do adeus definitivo.  Fast Clube, do Amazonas, Noroeste de Bauru, Portuguesa da Venezuela, Jorge Wilstermann da Bolívia e o 9 de Outubro do Equador, são clubes que hoje ostentam o orgulho de terem Jairzinho como um dos jogadores de sua história. 

              Retornou ao Botafogo em 1981, para definitivamente encerrar sua carreira, pois foi lá que ele iniciou e lá também queria terminar.  Em 404 partidas que defendeu o time da Estrela Solitária, marcou 191 gols, conquistando o bicampeonato carioca e da Taça Guanabara (1967/68) e dois Torneios Rio-São Paulo (1964 e 1966). Disputou três Copas do Mundo (66, 70 e 74) e foi campeão uma vez (1970).

              Quando se aposentou, tentou iniciar a carreira de treinador, mas não obteve sucesso. Acabou se tornando empresário de jogadores e, mesmo longe dos gramados, ainda deu mais um presente para o futebol brasileiro, em especial ao Cruzeiro, ao descobrir o jogador Ronaldo “o fenômeno” e coloca-lo lá na Toca da Raposa, onde se tornou um jogador mundialmente conhecido em pouco tempo e que hoje é a sensação do momento, vestindo a camisa do Corinthians. 

             Jairzinho foi um jogador de preparo físico invejável, e isto lhe dava condição de dar arrancadas pouco vista em um atacante. Era um artilheiro que marcava gols de todos os jeitos, mas não apenas um trombador, como muitos equivocadamente o chamavam. Possuía, na verdade, técnica de craque. Há mais de 20 anos, Jairzinho se dedica ao trabalho assistencial voltado a impedir que meninos das regiões carentes de Bonsucesso, Campo Grande e Jacarepaguá entrem no mundo do crime e do abandono.

             Ele atua no projeto Salvar Vidas que atende a mais de mil garotos a partir dos 10 anos de idade, através de atividades esportivas. É a forma como procura retribuir as oportunidades que lhe foram dadas. “Também vim de uma classe praticamente abandonada, mas consegui vencer através do esporte” – diz o nosso Furacão.  Jairzinho em toda sua carreira, marcou 292 gols.

Em pé: Carlos Alberto, Sadi, Claudio, Joel, Denilson e Jurandir Agachados: Paulo Borges, Gerson, Jairzinho, Tostão e Edu
Em pé: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo Agachados: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Paulo César Cajú
Em pé: Djalma Santos, Bellini, Manga, Orlando Peçanha, Dudu e Rildo    –    Agachados: Jairzinho, Gérson, Flávio Minuano, Pelé e Paraná
Em pé: Miranda, Brito, Osmar, Marinho Chagas, Cao e Carbone    –     Agachados: Zequinha, Carlos Roberto, Ferreti, Jairzinho e Dirceu
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