DOVAL: campeão pelo Flamengo e Fluminense

                       Narciso Horácio Doval, também conhecido como “El Loco”, nasceu em Buenos Aires no dia 4 de janeiro de 1944. Sua trajetória como jogador foi iniciada aos 18 anos, quando foi encaminhado para os quadros amadores do C.A. San Lorenzo de Almagro, em novembro de 1962.

                        E bastaram apenas dois anos para que Doval fosse aproveitado na equipe principal, surpreendendo por sua desenvoltura, habilidade e sobretudo pela coragem, sendo considerado pela crônica esportiva como uma das grandes revelações do futebol argentino.

                        Doval ganhou fama rapidamente jogando inicialmente como ponteiro direito e não demorou muito tempo para ter seu nome lembrado nas convocações do selecionado argentino. Porém, sua permanência na seleção não foi muito longa. Acusado de assédio por uma aeromoça, Doval sofreu muito com os desdobramentos do caso que lhe rendeu uma suspensão por parte da Federação Argentina, apesar da insistente alegação de inocência por parte do jogador.

                        Em 1968, Doval e o famoso técnico brasileiro Elba de Pádua Lima (Tim), trabalharam juntos no San Lorenzo. E foi dessa convivência que surgiu o convite para que Doval fosse jogador do Flamengo.

                        Cansado das polêmicas envolvendo seu nome e do truncado futebol praticado na Argentina, Doval aproveitou quando Tim assumiu o Flamengo em 1969 e aceitou o convite. A negociação com os diretores do San Lorenzo até que não foi algo complicado.

                       Assim, Doval fez suas malas e desembarcou no Rio de Janeiro. Durante o trajeto para o bairro da Gávea, o argentino não tirou os olhos da praia. Abriu sua camisa, tirou os óculos escuros e leu os jornais colocados no banco do táxi, encontrando rapidamente seu nome nas colunas de esporte.

                       Em 1970, depois da chegada do “homão”, apelido que os jogadores davam ao técnico Yustrich, começaram novamente os problemas de Doval. Yustrich marcou uma reunião com o jogador em sua salinha e foi logo ditando regras sem parar. Mandou Doval cortar o cabelo, trocar o estilo das roupas e parar de andar de motocicleta.

                       Além de tudo isso, Yustrich ainda recomendou que Doval fosse mais responsável em suas aventuras na praia. O reflexo de tantas imposições foi uma frase forte, desferida um tanto precipitadamente pelo atacante argentino:

– … Yustrich está acabando com meu futebol e com meu prazer pelo Rio de Janeiro… Ou o Yustrich vai embora ou vou eu…

                       Doval, que nunca se preocupou com reformas de contratos, já que o assunto era tratado pelo amigo e conselheiro Jorge Helal, lembrou que tinha uma carta do Flamengo que garantia sua liberação por motivos de ordem pessoal.

                       O documento, muito bem guardado, também tinha validade para o clube e isentava verbas rescisórias para os dois lados envolvidos. Com essa carta em mãos Doval foi embora. Em 1971 acertou seu retorno por empréstimo ao Huracan, fazendo uma boa temporada no Campeonato Argentino.

                       Doval só voltou ao Flamengo em 1972, quando o comando técnico já era de Zagallo. Foi um ano vitorioso! O craque caiu definitivamente nas graças da torcida ao participar da conquista do Campeonato Carioca e do Torneio do Povo.

                       Naquela época, o artilheiro argentino começou sua amizade com o ainda garoto Zico, que dava seus primeiros passos na carreira. Inicialmente, Zico e Doval revezavam no ataque do Flamengo. Depois, formaram uma dupla que rendeu bons resultados, principalmente para o próprio Doval, que recebia conselhos do garoto Zico.

                       Em troca, o argentino cavava faltas para Zico fazer os gols na entrada da área. No entanto, o gosto pela boemia e o fim de tarde nas praias eram muito mais fortes do que os conselhos de Zico.

                       Depois da conquista do estadual em 1974, Doval recebeu convites para jogar no futebol Francês. Porém, sua identificação com o Rio de Janeiro já era bem maior do que os valores expressivos que tentavam levá-lo para jogar na Europa.

                       Em 1976 Doval foi negociado com o Fluminense, apesar da indignação da torcida do Flamengo, que protestou na sede do clube.

                       Com 32 anos de idade, foi envolvido no verdadeiro “troca-troca” proposto pelo presidente Francisco Horta, que ofereceu ao Flamengo os jogadores Toninho baiano, Roberto e Zé Roberto. Para variar, Doval fez questão de incluir na negociação uma carta liberatória, nos mesmo moldes que salvaram sua pele no Flamengo.

                       Junto ao lateral Rodrigues Neto e ao goleiro Renato, Doval desembarcou nas Laranjeiras para ser campeão carioca de 1976, em uma final emocionante contra o Vasco da Gama.

Doval foi o autor do gol do título quando faltavam apenas dois minutos para o encerramento da prorrogação.

                       Defendeu o Fluminense até 1978 quando foi para o San Lorenzo novamente. Encerrou sua carreira jogando nos Estados Unidos, no Cleveland Cobras.

                       Narciso Horácio Doval faleceu em 12 de outubro de 1991, quando saia de uma casa noturna, vitimado por uma parada cardíaca com apenas 47 anos de idade.

Em pé: Renato, Carlos Alberto Pintinho, Carlos Alberto Torres, Edinho, Rubens Galaxe e Rodrigues Neto     Agachados: Búfalo Gil, Kléber, Doval, Rivellino e Dirceu.

Em pé: Onça, Ubirajara, Washington, Reyes, Zanata e Paulo Henrique     –     Agachados: Doval, Liminha, Ney Oliveira, Fio Maravilha e Caldeira
Em pé: Murilo, Domingues, Onça, Jaime Valente, Carlinhos e Paulo Henrique   –   Agachados: Zélio, Liminha, Doval, Dionísio e Luis Henrique
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