RUI REI: campeão paulista pelo Corinthians em 1979

                        Rui Rei de Araujo nasceu dia 17 de janeiro de 1953, na cidade do Rio de Janeiro. Quando foi expulso de campo pelo árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia, todo e qualquer torcedor, independente do time, tinha uma opinião formada: Rui Rei estava vendido!

                         Para outros, o árbitro é que estava vendido e por isso expulsou Rui Rei. Mas Dulcídio era um sujeito ancorado em um verniz de integridade, um rótulo acima de qualquer suspeita. Além de árbitro, Dulcídio foi Guarda Civil, Sargento da Polícia Militar, Escriturário do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) e fez parte dos quadros da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar).

                         O futebol de Rui Rei foi descoberto no início da década de 1970, pelo olheiro Dominguinhos (ex-atacante do Flamengo) na comunidade da Cruzada de São Sebastião, entre os bairros de Ipanema e do Leblon. Levado ao Clube de Regatas do Flamengo, o rapazola Rui Rei começou nas categorias amadoras do próprio clube.

                         Ambiente muito competitivo e repleto de grandes talentos, o jovem centroavante atuou em apenas 20 compromissos e marcou 7 gols. Integrante do elenco campeão carioca de 1974, Rui Rei não alimentava grandes esperanças de ser aproveitado na Gávea. Passou rapidamente pela Associação Atlética Ponte Preta em 1975, até surgir o interesse da Associação Portuguesa de Desportos.

                          Na Lusa, uma passagem apenas razoável. Rui Rei não conseguiu manter uma regularidade suficiente para se firmar entre os titulares. No início da temporada de 1977, o atacante retornou ao Moisés Lucarelli, onde viveu uma grande fase no melhor time da história da “Macaca”.

                          Rui Rei foi o autor do gol da virada campineira na segunda partida das finais do campeonato paulista de 1977. O centroavante pegou um rebote na grande área e com um toque de “biquinho” venceu o goleiro Jairo. 

                          Nos primeiros minutos da terceira, decisiva e polêmica partida, Rui Rei ofendeu moralmente o árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia, que bastante irritado não perdeu tempo e colocou o atacante para tomar banho mais cedo.

                          Mas toda essa polêmica não terminou com o jogo. No vestiário, Rui Rei teve sua conduta repreendida pelos companheiros, enquanto que em Campinas seu carro e sua casa foram apedrejados. Marginalizado pela torcida da Ponte Preta e temendo pela integridade da família, Rui Rei foi passar um tempo no Rio de Janeiro.

                          E a ligação de Rui Rei com o Corinthians foi além da noite de 13 de outubro de 1977. Meses depois, no findar de janeiro de 1978, o centroavante foi anunciado como o novo reforço do presidente Vicente Matheus. 

                           E Vanderlei Paiva, meio campista da Ponte Preta, colocou seu ponto de vista em uma reportagem publicada pela revista Placar em 3 de fevereiro de 1978:

– Pegou mal essa história… Eu sinceramente duvido de tudo o que estão dizendo sobre o Rui. Mas ser contratado pelo Corinthians, justo pelo Corinthians?

                           O que se sabe é que o presidente da Ponte Preta, Lauro Morais, aceitou vender o passe de Rui Rei, que apareceu no Moisés Lucarelli com um cheque gordo de 1 milhão de cruzeiros. Teoricamente falando, Lauro Morais vendeu os direitos federativos para o próprio jogador, sem saber ao certo qual o clube que estava na jogada. 

                           Durante muito tempo, Vicente Matheus tentou justificar os motivos da contratação de Rui Rei. Desnecessário dizer que o assunto envolvendo o suposto suborno do centroavante esquentou novamente. E Matheus, sempre que entrevistado, respondia com o mesmo discurso lacônico e previamente preparado: Quem seria burro de gastar um dinheirão desses para comprar um jogador desonesto?

                           Na mesma reportagem da revista Placar de 3 de fevereiro de 1978, Vicente Matheus afirmou ter sido procurado por Rui Rei, que na ocasião se sentia perseguido e queria uma nova oportunidade. Abatido com os comentários da imprensa, Rui Rei temia pelo futuro, apesar de uma proposta concreta do Toluca do México, que topava desembolsar 700 mil cruzeiros de luvas e um salário mensal de 40 mil.

                           Vicente Matheus pensou e lembrou do caso de Roberto Rivelino, o craque que foi responsabilizado individualmente pela derrota para o Palmeiras em 1974, quando o próprio Matheus, pressionado, vendeu o “Reizinho do Parque” para o Fluminense.

                            Então, Matheus achou justo oferecer uma nova oportunidade ao atacante: O rapaz precisa continuar e desenvolver sua profissão. Afinal, onde estão as provas? No Corinthians, Rui Rei disputou o campeonato paulista de 1978. Não se firmou como o grande titular da camisa 9 como era esperado. No ano seguinte foi campeão paulista justamente diante da mesma Ponte Preta.

                            Jogando no time do Parque São Jorge, Rui Rei realizou um total de 77 partidas com 30 vitórias, 28 empates, 19 derrotas e 21 gols marcados. Posteriormente ainda retornou ao Corinthians em 1981. O centroavante defendeu ainda o América (RJ), Botafogo (RJ), Portuguesa (RJ), São Cristóvão (RJ), Taubaté (SP), Rio Negro (AM), Tolima da Colômbia, Bilbao da Espanha e o Nova Cidade (RJ) em 1989, quando encerrou sua carreira. Algumas fontes registram ainda uma breve passagem pelo Fortaleza (CE).

Em pé: Jairo, Luis Cláudio, Amaral, Ademir Gonçalves, Nobre e Wladimir   –    Agachados: Vaguinho, Palhinha, Rui Rei, Sócrates e Romeu
1977. Em pé: Odirlei, Dicá, Oscar, Polozzi, Eugênio, Wilson Zanon, Júlio, Wanderley Paiva e Angelo   –    Agachados: Luiz Sérgio (Massagista), Lúcio, Jair Picerni, Tuta, Carlos, Rui Rei, Afrânio e Parraga
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