TOSTÃO: campeão mundial com nossa seleção em 1970

                     Eduardo Gonçalves de Andrade nasceu dia 25 de janeiro de 1947 em Belo Horizonte (MG). Seu apelido surgiu quando tinha 14 anos de idade e jogava suas peladas no conjunto IAPI, no bairro de São Cristóvão, em Belo Horizonte.  Ele sempre jogava nos meios de adultos e, devido a sua pequena estatura, era sempre comparado a menor moeda que circulava naquele tempo; Tostão.

CRUZEIRO

                    Atacante de grande visão de jogo. Atuava não como um centroavante rompedor, ou de área, mas abrindo espaço para os demais, principalmente durante a seleção. Em clubes, atuava mais no estilo de Pelé, jogando pelo meio e buscando jogo. Tostão era um gênio que reunia as três virtudes básicas de um craque: habilidade, criatividade e versatilidade. Foi um goleador implacável, o maior da história do Cruzeiro.  Sua carreira começou em 1962, quando estava treinando nos juvenis do Cruzeiro, mas pediu o cancelamento de sua inscrição para a disputa do Campeonato Mineiro para transferir-se para o América, também de Minas Gerais.  O  Cruzeiro  não  gostou  da  atitude do América, e acusou seu rival de aliciamento, e o caso foi parar no Conselho Superior da Federação Mineira, que decidiu sem efeito a sua inscrição liberando a sua transferência.

                  Felício Brandi, presidente do Cruzeiro na época, inconformado, recorreu até se esgotarem as chances judiciais para ter o craque de volta. Em março de 1963, o América concordou em vender o passe do jogador por 1,5 milhão de cruzeiros. Na época, Felício Brandi garantiu ao garoto de 16 anos um contrato profissional. Incrédulo, o presidente do América, José Vaz Oliveira, declarou com ironia que Brandi estava jogando um lance arriscado. Mas, Brandi sabia o que estava fazendo e no Cruzeiro Tostão foi o maior jogador da história do clube, tornando-se o primeiro atleta de um clube mineiro a disputar uma Copa do Mundo, a de 1966 na Inglaterra.

                  Tostão era um gênio, seus voleios de fora da área e o seu posicionamento para os arremates, lhe garantiram o recorde de 249 gols com a camisa do Cruzeiro, sendo até hoje o maior artilheiro da história do clube. Não é apenas considerado o maior jogador do Cruzeiro pelos seus feitos em campo, mas pela sua importância para o clube. A sua participação na Copa da Inglaterra e o título de Campeão Brasileiro (Taça Brasil), ambos em 1966, deram ao Cruzeiro aquilo que faltava para que o clube se consolidasse no cenário do futebol: um caráter internacional.  Durante os nove anos que defendeu o Cruzeiro, foi pentacampeão mineiro entre 1965 e 1969 e conquistou a artilharia da competição em todos esses anos, com exceção de 1965.

                  Entretanto, a genialidade de Tostão foi notada pela primeira vez, depois de uma histórica goleada do Cruzeiro sobre o imbatível Santos de Pelé por 6 a 2, num jogo memorável que projetou Tostão e o Cruzeiro para o mundo.  Naquela época o Santos tinha um esquadrão fabuloso, onde jogavam; Lima, Zito, Mengalvio, Edu, Pelé & Cia. No entanto, o Cruzeiro também tinha jogadores sensacionais, como; Raul, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes e o craque que assombrou o mundo com seu talento, Tostão.  Com essa vitória espetacular conquistada no Mineirão, o time mineiro viajou com mais confiança para São Paulo, onde aconteceria a segunda partida no dia 7 de dezembro, mesmo sabendo que seria um jogo muito difícil, pois os jogadores santistas estavam com seu orgulho ferido, porque nunca tinham sido goleados e queriam devolver a humilhante derrota. E foi nesse jogo, que Tostão viveu seu grande momento, seu jogo inesquecível.

                 Começou o jogo e o Santos foi todo para o ataque, era uma correria infernal. O primeiro tempo terminou com o placar de 2 a 0 para o Peixe, gols de Pelé e Toninho Guerreiro. A imprensa já começava a perguntar aos dirigentes santistas, quando seria a terceira partida, aquela que realmente decidiria o campeão.  Tostão e seus companheiros conversaram muito durante o intervalo e voltaram diferentes.  No início do segundo tempo, pênalti a favor do Cruzeiro.  Mas para surpresa de todos, Tostão desperdiçou. Quando todos pensavam que o craque mineiro se abateria com aquilo, aconteceu o inverso, ele se superou e foi tomado pela fúria, pois tinha que corrigir o erro. E não demorou muito, Tostão cobrando uma falta, marca o primeiro gol mineiro.

                 Logo depois, Dirceu Lopes empatou a partida.  O Santos parecia nocauteado com aquele empate e não esboçou nenhuma reação e, o terceiro gol veio para coroar uma reação sensacional e fechar com chave de ouro uma campanha maravilhosa.  Depois de driblar vários adversários, Tostão entregou a bola limpinha para Natal apenas empurrar para as redes santista. Até hoje, Tostão não esquece aquele jogo realizado no Pacaembu. Para ele, foi o jogo de sua vida.  Neste dia o Cruzeiro jogou com; Raul, Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Wilson Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Edvaldo e Hilton Oliveira.  O técnico era Airton Moreira.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Ainda em 1966, Tostão foi convocado para disputar o mundial da Inglaterra, onde fez um gol na derrota para a Hungria por 3 a 1.  No ano seguinte, o Cruzeiro foi disputar a Taça Libertadores da América e aproveitou para fazer alguns amistosos nos Estados Unidos. Como dava prioridade a Taça Libertadores, nos amistosos o Cruzeiro colocava o time reserva. No entanto, os americanos exigiram a presença de Tostão em campo.  Alguns anos se passaram e Tostão mais uma vez estava vestindo a gloriosa camisa verde amarela, desta vez no mundial do México, onde foi um dos principais jogadores brasileiros naquela inesquecível conquista do tri. No entanto, no começo a coisa não foi nada fácil para o nosso mineirinho de ouro, pois foi colocado na reserva. Mas Pelé, Gerson e Rivelino, todos queriam Tostão como titular. Então Zagallo deu uma chance, Tostão foi muito bem e acabou sendo o titular absoluto daquela seleção que o brasileiro jamais esquecerá.

                 Neste mundial, Tostão marcou dois gols, ambos contra o Peru na vitória por 4 a 2. Depois da conquista da Copa de 70, o ídolo cruzeirense viveu sua fase de astro mundial sendo requisitado em todos os continentes. No Uruguai e na Venezuela, em 1971, recebeu atenção especial dos serviços de inteligência daqueles países que temiam que o craque sofresse um sequestro por parte de guerrilheiros de extrema esquerda. Nos países da Ásia, onde o Cruzeiro atuou no começo de 1972, out-doors expostos nas principais ruas das cidades anunciavam a presença de Tostão, como o “White King” (o Rei Branco do Futebol). Tostão dividia o seu papel de jogador e relações públicas do time. Era uma celebridade internacional.

VASCO DA GAMA  

Em abril de 1972, Tostão transferiu-se para o Vasco da Gama, na maior transação envolvendo clubes brasileiros até aquela época. Depois de um ano no Vasco, Tostão voltou a sentir os problemas crônicos na vista, consequência de um descolamento na retina que sofrera em 1969 ao levar uma bolada do zagueiro Ditão, do Corinthians, que quase o tirou da Copa de 70. Tostão, que vinha correndo em busca da bola, foi acertado em cheio no olho esquerdo.  À princípio, pensou-se que o jogador tinha sofrido um corte no supercílio, enquanto era atendido na beira do gramado. Mas não era nada disso. A bola tinha deslocado a retina de Tostão que, sob a ameaça de cegueira, teve de viajar às pressas até Houston, nos Estados Unidos, onde teve de ser operado.  Voltou a jogar, entretanto, seu medo devido à bolada e sua desilusão no meio futebolístico fizeram com que ele abandonasse o futebol menos de um ano depois, no dia 12 de setembro de 1973. Seu desligamento precoce do clube carioca lhe custou até mesmo um processo dos dirigentes vascaínos.

FINAL DE CARREIRA 

                 A verdade, entretanto, era que Tostão precisava de um tempo para sua recuperação, muito mais moral do que física. Afastou-se de tudo e imediatamente depois, no mesmo mês de seu afastamento, ingressou na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, onde doutorou-se em psicanálise cinco anos mais tarde.  Com a camisa da seleção brasileira, Tostão realizou 65 partidas e marcou 36 gols, entre 1966 e 1972. Dizem que quando Tostão abandonou o futebol, ele teria destruído todos os seus troféus. Viveu escondido nos cantos de Minas Gerais e injuriando um esporte que o tornou mundialmente conhecido. Mas em 1990 voltou à mídia, tornando-se comentarista esportivo e escrevendo para os principais jornais do país.

                Tostão foi campeão da Taça Brasil em 1966, campeão mineiro em 1965, 66, 67, 68 e 69. Campeão da Copa Rio Branco em 1967 e da Copa do Mundo de 1970. Foi o artilheiro da Taça de Prata em 1970 com 12 gols, do campeonato mineiro de 1966 com 18 gols e de 1967 e 68 com 20 gols. Realmente foi um jogador que conquistou o torcedor brasileiro, tanto pela sua genialidade como jogador de futebol, como também pelo seu jeitinho mineiro, que cativou a todos nós.

Em pé: Djalma Santos, Piazza, Sadi, Cláudio, Joel e Jurandir      –      Agachados: Paulo Borges, Tostão, César, Rivelino e Edu
Em pé: Zé Carlos, Neco, Darci Menezes, Pedro Paulo, Procópio e Raul      –     Agachados: Natal, Evaldo, Tostão, Dirceu Lopes e Rodrigues
Em pé: Carlos Alberto, Brito, Piazza, Félix, Clodoaldo e Everaldo      –      Agachados: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Paulo César Cajú
Em pé: Carlos Alberto, Sadi, Cláudio, Joel, Denilson e Jurandir      –      Agachados: Paulo Borges,Gerson, Jairzinho, Tostão e Edu
Em pé: Djalma Santos, Bellini, Manga, Edson, Fontana e Dudu      –     Agachados: Nado, Fefeu, Alcindo, Tostão e Edu
Em pé: Andrada, Renê, Paulo César, Alcir, Miguel e Eberval     –     Agachados: Marco Antônio, Roberto Dinamite, Tostão, Silva e Gilson Nunes

                       

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